Juntou a
fome com a vontade de comer. Meu pai ingressou numa família que era bastante
unida e se reunia com frequência, e religiosamente em datas especiais.
Ele,
festeiro, num dos encontros familiares sugeriu a criação de um clube. A adesão
foi imediata e todos os presentes aprovaram. Das palavras a ação, iniciaram de imediato a discussão para
escolha do nome que o clube teria. Por sugestão de minha mãe escolheram o óbvio
“Clube da Família”.
Minha formatura no ginasial. Estou no centro tendo de um lado meus pais e do outro meus padrinhos |
Alguns dos membros da família. Os de pé são falecidos. O blogueiro é o segundo da direita para esquerda, agachado. |
Ficavam faltando os estatutos. Sim, o clube teria
estatutos. Meu primo Wilson (filho da Arminda) ficou com a
incumbência de minutar.
Dando um
passo para a formalização, lavraram uma ata desta reunião que não estava
agendada para discussão de tal tema, que surgiu espontaneamente no curso do
encontro familiar.
E haveria um livro de atas. Que já foi utilizado na reunião seguinte, a primeira do clube já constituído. Foto abaixo.
Na eleição do presidente deu a lógica. Seria Fernando Carrano, meu pai, que foi quem sugeriu o clube e era quem tinha mais experiência nesta coisa. Mas a presidente de honra, quem mais poderia ser senão a vovó Ana. Foi aclamada !
Basicamente
as normas estabeleciam que haveria um almoço mensal, que seria realizado num
domingo, alternadamente, na casa de um dos sócios (membros do clube). O
primeiro a patrocinar o almoço foi escolhido e ficou combinado que os subsequentes
seriam decididos por sorteio.
E haveria um livro de atas. Que já foi utilizado na reunião seguinte, a primeira do clube já constituído. Foto abaixo.
Na eleição do presidente deu a lógica. Seria Fernando Carrano, meu pai, que foi quem sugeriu o clube e era quem tinha mais experiência nesta coisa. Mas a presidente de honra, quem mais poderia ser senão a vovó Ana. Foi aclamada !
Livro de atas |
Não seria
obrigatório, mas sendo possível cada mulher levaria um mimo para ser sorteado.
Aquele que
faltasse, sem justificativa (e alertando previamente) pagaria uma multa.
Estas
eventuais multas, e mais a mensalidade módica estabelecida (vejam a ficha de controle), eram revertidas
para ajudar nas despesas da reunião natalina.
O cerne da
família era minha avó, mas a casa dela, pequena, não comportava a família que a
esta altura já estava acrescida de cinco genros, uma nora, e alguns netos.
Então os
primeiros natais de que me recordo foram realizados na casa da filha mais velha
(minha tia) – Arminda.
Gente do céu!
Muito vinho de garrafão. Como Manoel, marido da Arminda, tinha um armazém de secos
& molhados, recebia vinho em toneis e os colocava em garrafões para consumo
doméstico.
O bacalhau,
como não poderia deixar de ser, era a peça de resistência da ceia (minha avó e
os anfitriões eram portugueses). Muito azeite, azeitonas, batatas, couve, ovos
cozidos, um arroz feito com iscas de bacalhau, e nem lembro mais o quê,
compunham o cardápio.
Depois, mais
tarde, retiradas as sobras e os pratos e talheres utilizados, a mesa era ocupada com as tradicionais rabanadas (de
vinho e de leite), as castanhas portuguesas, figos, passas, ameixas, frutas
cristalizadas, e os que eu chamava de “coquinhos” – nozes, avelãs e amêndoas.
O clube não
durou muito, por razões tão diversas e tão comuns, que é difícil identificar o
fato gerador principal.
O casal
Manoel e Arminda tinha dois filhos: Jorge e Wilson. Por causa do mais velho eu me chamo Jorge. Mas
ai é outro capítulo.
Notas do editor:
1) as fotos são dos arquivos da família, que estiveram sob guarda da Ana Maria até pouco tempo. Estão agora em meu poder. Assim como os rascunhos das atas e o livro onde eram lavradas.
2) A moeda circulante era o cruzeiro (Cr$). A mensalidade era de Cr$ 100,00 como pode-se ver na ficha de controle do tesoureiro.
3) Eram admitidos como sócios os casados, os solteiros entravam como dependentes. Três de meus primos já eram casados.
4) Só considerando os filhos da avó Ana, eram sete casais.
5) Os estatutos permitiam a inclusão de sócios não diretamente ligados a avó Ana, desde que ligados diretamente por parentesco a um dos sócios fundadores.
Notas do editor:
1) as fotos são dos arquivos da família, que estiveram sob guarda da Ana Maria até pouco tempo. Estão agora em meu poder. Assim como os rascunhos das atas e o livro onde eram lavradas.
2) A moeda circulante era o cruzeiro (Cr$). A mensalidade era de Cr$ 100,00 como pode-se ver na ficha de controle do tesoureiro.
3) Eram admitidos como sócios os casados, os solteiros entravam como dependentes. Três de meus primos já eram casados.
4) Só considerando os filhos da avó Ana, eram sete casais.
5) Os estatutos permitiam a inclusão de sócios não diretamente ligados a avó Ana, desde que ligados diretamente por parentesco a um dos sócios fundadores.
Um comentário:
Minhas primeiras lembranças de Natal, são as da Rua Paula Brito. Para mim, sem crianças da minha idade para brincar, a maior distração era comer. Lembro com especial nitidez as rabanadas de vinho e os bolinhos de banana. Hummm!
A tia Arminda fazia aniversário no dia 25 de dezembro, motivo pelo qual a festa era sempre na casa dela.
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