30 de abril de 2020

Capitis deminutio


Das aula de Direito Romano e de História Geral, guardo lembrança do conceito expresso  no título.

E lembro agora por causa do novo ministro  da Justiça, ontem empossado.

Tremendamente evangélico
André Mendonça assume com uma redução de capacidade, de autoridade, em relação ao Sergio Moro, seu antecessor, porque este ultimo indicou o Diretor da Polícia Federal, para que o presidente da República nomeasse.

Já Mendonça foi empossado depois da escolha do Diretor da PF. O Diretor da Polícia Federal, escolhido e nomeado por Bolsonaro só não tomou posse porque o STF barrou a indicação.

Se o presidente defende a autonomia da Polícia Federal, que é órgão do Estado, encarregado de investigação e inquérito inclusive sigiloso, deveria para não haver quebra de hierarquia, consultar ao Ministro da Justiça sobre que nome este gostaria de ver à frente da polícia judiciária.

Sim, como gosta de reafirmar Bolsonaro, é dele a competência para nomear, o que não exclui a cortesia, a elegância, de consultar seu ministro responsável pela área da segurança pública.

Por que fez isto com Moro? Porque o buraco era mais embaixo?

29 de abril de 2020

God save the king



"God save our gracious king
Long live our   noble king
God save the king"


Estes são os primeiros versos do hino do Reino Unido. Por absoluta falta de imaginação, aproprio-me deles para saldar o nosso Rei.

Nosso não. Ele reina e reinará no planeta, absoluto. Ninguém mínima e intelectualmente honesto discordará que Pelé foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. E que não aparecerá outro por muitos séculos.


Quando escrevi "nosso" referia-me a nós vascaínos. Perdem tempo com discussões estéreis. Quem foi melhor, Romário? Roberto? Edmundo? Ademir Menezes? Danilo?

Com 16 anos











Claro que o melhor jogador que envergou nossa vitoriosa camisa foi o Pelé. E a vestiu com orgulho e paixão, porque o clube estava, como está até hoje, em seu coração.

Mencionei Danilo, conhecido como "príncipe", que até deu nome a um corte de cabelo nos anos 1940 e 1950. Ora, com que então temos toda a realeza em São Januário.


Equipe em 1957
Pelé era pouco mais que um menino quando, em 1957, jogando pelo clube pelo qual torcia, marcou três dos seis gols que o Vasco impingiu ao Belenenses, de Portugal, na esmagadora vitória por 6X1, na disputa da Taça Morumbi, conforme registram as imagens abaixo. A narração é de Waldir Amaral.

Notem que há 63 anos o gênio apelidado Pelé criou a cavadinha, como criou outras sensacionais jogadas e dribles. Mais de mil gols na carreira. Vários títulos mundiais.

Assistam:





Sorry periferia, não levem a mal urubuzada.

Liberdade é poder voar


CORUJA





ÁGUIA





FLAMINGO






GAIVOTA





CEGONHA






GAVIÃO





FALCÃO






PELICANO




TUIUIÚ



28 de abril de 2020

Nostalgia de ontem



Uma das postagens mais visitadas e comentadas neste blog, com mais de cem comentários,  é encontrável em :
http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/06/regressao-de-memoria-como-nostalgia-nao.html

Alude a locais e casos ocorridos há muitos anos. Até do século passado.

Agora, a regressão que faço e a nostalgia que passo a relatar é relativa a locais e fatos de ontem, nada além de dois meses passados. E parece que foram na idade média.

Aos domingos encontrar com filhos, caminhar no calçadão, e/ou assistir concerto da OSN-UFF (http://www.centrodeartes.uff.br/osn/),  e depois assistir jogos da Premier League.

Mencionei domingos e omiti os dias anteriores, entre segundas e sexta-feiras, nos quais vivia uma rotina de muitos anos. Acordar, tomar banho, café matinal, vestir roupa adequada (paleto e gravata) e ir para o escritório onde sempre chegava antes das 9:00 h.

Tenho saudades até do moroso, desrespeitoso e estressante Judiciário. Para você ver o que um vírus é capaz de provocar  na gente, se não levar a óbito.

A gente podia, ao final do expediente, fazer uma happy hour acompanhado de companheiros e companheiras. 




A gente podia, acreditem, sair para cortar o cabelo, comprar o pão da fornada das 15:00 horas, fazer pilates ou yoga.

Deste vírus acho que escaparemos, e para preencher o tempo ocioso a que estamos condenados, fico conjecturando, meio no estilo do sonho do Riva, que seres nos substituirão aqui no controle do planeta.

Escavações nos provam que a Terra (não tinha este nome) foi habitada por serem enormes, alguns ferozes, antes do bicho homem  evoluir e dominar os demais.


Mas estes serem gigantescos (alguns deles), aos quais chamamos genericamente de dinossauros, não obstante suas forças foram impotentes diante de uma fato natural e desapareceram da face do planeta.


Nas minhas conjecturas, sem espeque de whisky ou outro alcoólico, matuto se um vírus, uma bactéria, não virá nos dizimar futuramente.


Elas podem estar se aperfeiçoando, tonando-se cada vez menos conhecidas, ficando mais resistentes, com mutações velozes,


Já ensaiaram peste bubônica, febre amarela, gripe asiática, dengue e derivados. Onde chegarão?


Eliminada a raça humana, quais seriam os candidatos, já existentes no planeta (sem contar alienígenas), que poderiam nos suceder, pelo QI, pelas habilidades que já possuem?


Falam do golfinho, falam do chimpanzé, falam do papagaio e até dos corvos, que são inteligentes. Mas estão muito atrasados na minha opinião, embora louve-lhes a perspicácia.


Apostaria mais em seres que destituídos de emoções, ancorados nos algorítmos, na inteligência artificial, acabarão por tirar proveio de uma pandemia provocada por um vírus, e tomar nossos lugares no comando.



Nota: Sonho do Riva, citado:
https://jorgecarrano.blogspot.com/2020/04/um-sonho-estranho.html

25 de abril de 2020

UM SONHO ESTRANHO







Por 
RIVA







Uma das mais belas canções do portifólio/cancioneiro (está certo, Profª Rachel?) nacional, na minha opinião de músico amador.

San Vicente

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

E eu acordei também de um sonho estranho. Virei para o lado, e perguntei para a Matriarca Vascaína :
- Você está sabendo alguma coisa de uma pandemia ?
- Pandemia ? Do que você está falando ?
- Ué, pandemia, uma baita pandemia arrasando tudo e todos !
- Eu falei ontem pra você que já estava na terceira dose de whisky, está aí o resultado, pesadelos !!
- Mas caraca, foi tão real ... já estava há 40 dias sem trabalhar ...
- Onde você comprou esse whisky ?
- Não pode ser pesadelo, você tem certeza de que não está tentando me acalmar ? Já tinha morrido mais de 200.000 pessoas no  mundo todo, e aqui no Brasil ....
- CHEGA !! Vou ligar agora para o supermercado. Quem te mandou o whisky ? Foi o Francisquinho ?
- Amor, não é possível, foi real demais. Olha, me ouve, deixa eu contar, depois você fala, taokey ?
- Ninguém trabalhava mais, todos em casa, pra sair na rua só de máscara, serviços de delivery de quase tudo, carteiro não estava passando, e .......
- E o meu Pilates ?
- Você fazia pelo computador, on line com a Mariana.
- A coisa está séria mesmo .... vou ligar para o Dr. Ricardo.
- Para com isso, é sério, foi muito real. Os hospitais lotados, sem equipamento pra atender todo mundo, e pior, não sabiam que remédio usar nas pessoas .......
- Dr. Ricardo ? Sim, sou eu, o Riva não está bem não, Acordou de um sonho estranho, falou de uma pandemia e de uma porção de fatos acontecendo aqui e no mundo, eu falei com ele ontem que estava exagerando no whisky ...... Como ? Não entendi .... Como ? Mas, mas .....
- O que o Dr. Ricardo te falou, o que houve ?
- Deixa eu sentar ......... ele disse que também teve o mesmo sonho estranho que você, exatamente as mesmas coisas !
- Viu !!! Te falei, e você me sacaneando !!! E agora ? É verdade ou não é ????
- Vamos ligar a TV, na GLOBO de preferência, porque notícia ruim é ali mesmo.

Sentaram em frente à TV, nervosos, e sintonizaram na GLOBO :

ATENÇÃO ... daqui a 10 minutos, em cadeia nacional, teremos o pronunciamento do Senhor Presidente da República Rodrigo Maia, comunicando a extinção da pandemia do coronavírus no Brasil. A Sra. Ministra da Saúde, Jandira Fegalli também se pronunciará sobre o mesmo tema, e a Ministra da Fazenda Sra. Gleisi Hoffman abordará suas informações sobre a economia.

- Riva, cadê seu whisky, preciso de uma dose dupla !
- Traz a garrafa pra cá !



24 de abril de 2020

Dando razão ao meu sogro


A contragosto, vejo-me na contingência de dar razão ao meu sogro, que sempre defendeu a tese de que um ladrão é menos nocivo do que um burro.

Meu sogro teve pequenos negócios e consequentemente teve empregados.

O exemplo que ele dava, e já narrei em outro momento neste blog, era o seguinte:

Você tem uma horta plantada com algumas verduras e o local está cercado com mourões  e arame.

Um burro é seduzido por aquelas hortaliças frescas e o que faz para ter acesso a elas? Derruba a cerca invade o terreno e enquanto come vorazmente vai pisoteando os canteiros ao lado e atrás de si.

E faz pior porque ao ir embora saciado, ao invés de procurar sair por onde entrou, derruba outro trecho da cerca.

Prejuízo enorme.

Já o ladrão o que faz? Pula sua cerca, colhe uns tantos pés de couve e alface e pula de volta para ir embora com o  fruto de seu saque.

Prejuízo menor.

Qual a razão desta  minha revelação?

Pagamos um preço alto para retirar ladrões do poder. Ou seja, o PT e toda a corja de saqueadores da coisa pública. Votamos em Bolsonaro como alternativa. Não por seus méritos mas pela opção de saneamento.

Mas colocamos um burro, melhor, uma ameba, no poder. Fizemos boa escolha?

Olha gente, não fora pelo fato que mais me assombrava, que era ver o Brasil caminhando para uma ditadura do proletariado, um socialismo caboclo, porque eram (como ainda são) patentes o aparelhamento do estado, das universidades públicas, da imprensa, do judiciário e até mesmo de parte da igreja, diria que fizemos uma enorme besteira ao apear o PT do poder e nele colocar esta anta.

Colocou, neste episódio da saída de Sergio Moro, o papel de pai acima dos interesses da nação.

E se alguém ainda tem dúvida por, hipoteticamente, admitir que um pai sempre zela por seus filhos, pergunto porque ele não criou os filhos na trilha do bem, do cumprimento dos deveres, da decência?

Se assim tivesse agido não teria que agora acobertar a todo custo as besteiras perpetradas pelos filhos.

Impeachment será pouco, interdição judicial seria mais adequado. O cara é incapaz para a prática de atos da vida civil, perdeu por completo, se um dia teve, suas funções cognitivas, é um caso de insanidade mental. Não, já me corrijo, de burrice extrema.

“Domar o cavalo já foi um erro”





A frase do título atribuída por Paulo Francis a Thomas Stearns Eliot, é perfeita e acabada.

Se os homens tivessem permanecido em suas aldeias, comunas, cavernas, cidades ou comunidade de origem, não precisaríamos agora criar barreiras sanitárias.

Sim, temos uma pandemia porque o homem com seu espírito de aventura, sua inquietude, resolveu conquistar o planeta e mais tarde o universo, indo para a lua e outros planetas.

A pé as jornadas eram muito longas e exaustivas. A cavalo seriam mais rápidas e menos dolorosas.

Os cavalos, mantido o prenome, transformaram-se em unidade de medida de potência - o cavalo-vapor - pelas mãos dos homens. Daí para mísseis e foguetes espaciais foi um pulo.

Agora vivemos num mundo globalizado, para o bem e para o mal.

Uma simples máscara se transformou num enorme problema de abastecimento a nível planetário porque no mundo interligado com acordos bilaterais e plurilaterais de comercio, um negócio chamado economia de escala faz com que se a produção de um determinado item num mesmo país (no caso de meu exemplo), resulte num custo unitário de, digamos R$ 0,3 centavos.

Quem também produzia deixou de fazê-lo porque seus custos estavam na casa de R$ 0,5 centavos por peça. Então, por que fabricar se é possível comprar, no mercado internacional, por R$ 0,3?

Em outros ligares o custo de fabricação era ainda maior e como havia a oportunidade de comprar a R$ 0,3 centavos, porque abrir fábrica, comprar matéria prima, contratar pessoal?

As compras foram se concentrando num mesmo país (no caso do exemplo) e em consequência neste país os custos puderam até baixar mais pelo volume que passaram a produzir, a tal economia de escala propiciou.

Se no país onde se concentra a fabricação a mão-de-obra é farta, e utilizada com característica de escravidão, tanto melhor.

Tudo por causa da globalização, tudo porque alguém teve a ideia, lá no passado, de domar o cavalo, transformando-o num meio de transporte.

T.S. Eliot, se realmente escreveu ou proferiu a frase-título, segundo Paulo Francis, foi sábio, perfeito.

Confiram, por favor, na rede mundial, desde a citação do Francis até o Eliot. 

23 de abril de 2020

SALVE JORGE !



Pela primeira vez, em muitos anos, não fui e não irei a pequena igreja de São Jorge, no centro do Niterói.

Durante um bom período costumava ir à tarde para acompanhar a procissão. Depois passei a ir pela manhã fazer minhas orações, basicamente de agradecimento, e dar por encerrada minha visita anual.

Foi boa a iniciativa de colocar altar na curta rua onde está localizada a igreja, para que um maior número de fieis possa acompanhar as missas. 

Antes disso as pessoas tinham que tentar entrar disputando exíguos espaços com centenas de outros devotos.

Devotos de várias crenças, incluindo as de raiz africana, e não apenas os católicos.

Escrevi que faço uma visita anual ao pequeno templo, mas não mencionei que carrego ao pescoço  um cordão com pequena imagem do santo guerreiro.

E tenho em minha casa, bem como no escritório, imagens de meu protetor. E na mente e coração desde sempre.

22 de abril de 2020

SOLIDARIEDADE


O que chama a atenção neste esforço de professores, alunos e ex-alunos  da UFF,  e voluntários e voluntárias anonimas, não é a escala do produzido.

Grandioso aqui é o espírito de solidariedade. O empenho em ajudar quem realmente está precisando neste momento, principalmente o pessoal que está na linha de frente da batalha contra a Covid-19.

Parabéns a todos quantos de forma espontânea se dispõe a dedicar tempo aos menos protegidos, mais vulneráveis.

Coordenação e narração do prof. Ricardo Carrano e um batalhão de colaboradores fora do foco da câmera.


21 de abril de 2020

OITENTÃO


No 21 de abril de 1940, portanto há 80 anos, às 09:45h, segundo o registro de nascimento (certidão), um ensolarado domingo, segundo relato de minha mãe quando eu já era um menino, foi cortado o cordão umbilical que me deu vida independente.

Quem seccionou foi uma parteira conhecida no bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro, assistida por minha avó materna, de nome Ana, natural de Viseu, em Portugal.

O nome Jorge já estava escolhido e definido, se fosse um menino, porquanto na época não existiam recursos de imagens que permitissem conhecer o sexo do nascituro.

Por pouco não nasci no dia consagrado ao Santo Guerreiro, como talvez fosse desejo de meu pai.

Quando já estava com 3 anos de idade, meus pais mudaram para Niterói. E foi aqui, no salão do Dirceu, na Rua Silva Jardim que pela vez primeira cortei o cabelo. A foto abaixo mostra a moda então vigente de deixar mesmo os meninos com cabelos cumpridos.


Ao 3 anos
Nem sonhando, dormindo ou acordado, vi-me com oitenta anos. Estranho, muito estranho chegar a esta idade provecta sem ter planos, projetos para tal momento.

As funções cognitivas, senão intactas, estão razoavelmente preservadas. E a memória, mal grado o AIT (para um médico) ou AVC (para outro), há exatos dez anos, portanto em 2010.

Plantei árvore, casei e vivo com a mesma mulher há 55 anos, tenho dois filhos e dois netos. Poupei a humanidade de cometer um livro, embora vontade não tenha faltado. 


Casamento há 55 anos
Portanto, cumpri as missões básicas aceitas para nossa passagem por aqui, no mundo dos vivos. Colaborei para a reservação da espécie, e também do reino vegetal.

Hoje, não fora a Covid-19, estaria reunido com minha família, e eventualmente com alguns amigos, em torno de uma paella.

Como não é recomendável, apreciei uma especialmente encomendada (delivery) em restaurante especializado em peixes e frutos do mar, pela nora Erika e filho Ricardo, em companhia de minha mulher.



O espumante tinha em casa, salvado do réveillon.



Brindo à rainha Elizabeth II, aniversariante do dia, almejando atingir a idade dela com a mesma desenvoltura física e mental.

Let's make a toast to our birthday. Tim tim!

19 de abril de 2020

O que é o blues?

Um dos gigantes do blues explica e justifica o blues. Escolhi este bluesman em homenagem a Alessandra, amiga, seguidora e colaboradora deste blog, por causa da gaita de boca, que segundo relatou há algum tempo era seu instrumento musical preferido. Ou ainda é.

Muitas pessoas se perguntam: ‘o que é o blues?’ Eu ouço um monte de gente dizendo ‘o blues, o blues’, mas eu vou te dizer o que o blues é. Quando você não tem nenhum dinheiro, você tem o blues. Quando você não tem dinheiro para pagar o aluguel de casa, você ainda tem o blues. Muitos povos gritam 'Eu não gosto de nenhum blues’, mas quando você não tem nenhum dinheiro, e não pode pagar o seu aluguel de casa e não pode comprá-lo sem comida, você tem a maldita certeza que tem o blues. Se você não tem nenhum dinheiro você tem o blues, porque você está pensando mal. Isso mesmo. Toda vez que você está pensando mal, você está pensando sobre o blues ” – Howlin‘ Wolf.


Ouçam-no abaixo:




https://www.youtube.com/watch?v=OpKB6OZ_B4c


E também Sonny Boy Williamson, meu predileto na execução da gaita de boca no blues.




https://www.youtube.com/watch?v=2VNIcEsNrRs

18 de abril de 2020

Ó dúvida cruel


Durante anos achei que a interpretação do Ray Charles para a música "Rainy Night in Georgia" seria imbatível.

Até que em minhas pesquisas achei o Brook Benton, um pouco menos conhecido no Brasil ... e no mundo.

Mas ouvindo a intepretação do Brook na mesma canção, assaltou-me uma enorme dúvida.

Qual seria a melhor?

Ajudem-me e decidir.








16 de abril de 2020

MAHATMA





Você que não fala, não escreve e não lê em sânscrito, vai precisar de tradução do título de hoje.

Quer dizer, pouco mais ou menos, salvo engano, “alma grande”.

O único Mahatma que ouvi falar, e não foi pouco, foi o Gandhi. Era pacifista, líder de grande papel na independência da Índia.

A Índia tornou-se independente do Império Britânico, em 15 de agosto de 1947. Eu tinha 7 anos de idade e ouvi, lembro bem, a respeito, no "Repórter Esso", noticiário radiofônico de grande credibilidade, que tinha como slogan “o primeiro a dar  as últimas”.

Levei boa parte de minha infância ouvindo os nomes de Nehru, que foi o primeiro-ministro  (educado em Cambridge) do novo país, independente desde 15 de agosto de 1947, até sua morte, em 27 de maio de 1964.

E um pouco menos o nome de Ali Jinnah, líder do movimento de criação do estado do Paquistão, porque ainda de lambuja, a independência da Índia resultou na criação deste estado, predominantemente mulçumano.

Assistam ao filme, é muito interessante conhecer a história da criação de dois países que, por sinal, tinham populações (todos vivendo na Índia) com grandes rivalidades e diferenças, sobretudo religiosas, que ainda guardam.

Ou seja, Nehru e Jinnah eram amigos e parceiros e aliados até a página cinco. Enquanto se opunham à soberania do Reino Unido sobre a Índia.

Ali Jinnah
Nehru com Gandhi









Este introito é para sugerir aos que não assistiram, ainda, ao filme “O último Vice-Rei” disponível no Netflix.




A gente se distrai e ao mesmo tempo aprende um pouco de história, mais ou menos recente. Inclusive bastidores do poder.




O verdadeiro Lord Mountbatten abaixo, foi o último vice-rei.



14 de abril de 2020

E pur si muove






Nos tempos em que senhoras pudicas, recatadas, eram maioria nas cidades interioranas, época em que o vigário fazia parte do triunvirato que dirigia as pequenas cidades, juntamente com o prefeito e o delgado, ocorreu em uma delas um fato que viralizou de boca em boca e chegou aos nossos ouvidos na década de 1950.

De boca em boca porque a internet não era nem sonho. Nem Flash Gordon tinha tal instrumento eletrônico.

Mas a história então contada era de que um sujeito destes assanhados, que se engraça com as mulheres alheias, andava pelas ruas com seu calhambeque que ostentava no para-choque a frase: “eu quero é rosetar”.

Rosetar tinha o significado de sacanagem.

Bem, o comitê das senhoras católicas resolveu agir para acabar com aquela pouca vergonha.

Procurado, o prefeito alegou não ter poderes para proibir. O cara pagava seus impostos, era proprietário do veículo e a frase não era ofensiva. Talvez pudesse pedir a ele que, em nome da moral e bons costumes, apagasse a frase propagandista.

O delegado, por sua vez, foi na mesma linha alegando que não havia injúria ou calúnia, que quando muito era um tanto o quanto de mau gosto e feria a suscetibilidade de alguns poucos.

Não tinha poderes para coibir. Mas iria conversar e ponderar com o saliente.

O padre, solicitado a fazer alguma coisa, no sermão dominical censurou o paroquiano (católico de comungar) além de no ato de confissão do mesmo introduzir uma penitência pela frase chocante.

Com tanta pressão, o gajo resolveu substituir a frase do para-choque, nele colocando: “continuo querendo”.

Por que narrei agora esta história, se não verdadeira, uma boa piada na época?

Por causa da reação, não provada, porque não documentada, de Galileu Galilei ao se retirar do recinto onde fora pressionado pelos membros da inquisição a abjurar sua tese de que o sol era fixo, ficava no centro do mundo, e ao redor dele a Terra se movia.

Galileu, como sabem, corroborava a tese heliocêntrica defendida por Nicolau Copérnico.

E qual teria sido, segundo alguns historiadores, a reação de Galileu?

Murmurar, como um desabafo, para poucos ouvidos, a frase do titulo: “No entanto, se move.

O "E pur si muove", corresponde ao "Continuo querendo" do assanhado da pequena cidade.



Notas:
1) Não há provas de que Galileu tenha proferido esta frase, que entrou para a história e resiste à passagem do tempo. Assim como não há de que De Gaulle tenha dito que o Brasil não é um país sério.
2)  Rosetar, intransitivo, na língua culta significa pagodear, brincar, folgar. Mas entre nós, plebe ignara , tem o sentido de safadeza, sacanagem.
3) Não se espantem com a ignorância dos membros da inquisição. Ainda hoje, século XXI, tem ”cientista” que acredita que a Terra é plana.
4)  A Igreja (você viu?), não abriu mão de uma palha em favor das vítimas do vírus. O Papa se isolar e rezar solitariamente poderá ser um exemplo, mas  a ajuda material, cadê?