30 de junho de 2011

Mais dos mesmos

Hoje falarei mais dos mesmos assuntos, recorrentes neste blog. A diferença – e que diferença – é que abordarei os mesmos assuntos através da visão de terceiros. Pincei textos na rede e na imprensa e transcrevo trechos, intercalando comentários pessoais.

Começo pelo Supremo Tribunal Federal, para iniciar bem por cima, eis que se trata da mais alta corte de justiça do país.

Com a palavra Miriam Leitão:


“O país chegou a um ponto estranho da nossa democracia em que onze pessoas decidem sobre assuntos aleatórios, substituem o congresso, confirmam ou negam decisões do chefe do executivo, submetem os estados, criam despesas públicas, interferem na vida privada. Na condições de oráculos da vida cotidiana, política e econômica eles deixam o país dependurado em algumas questões e são definitivos e outras. Já se sabe agora, graça a eles, que o órgão sexual é um “plus”,* mas não se sabe se o imposto reduzido graças a incentivos fiscais já concedidos será um plus no passivo das empresas ou não.”

Digo eu:


Comentei e citei a frase, uma das mais idiotas que já ouvi (acompanhei, via TV, a sessão do STF) e li, reproduzida na imprensa, de que “O órgão sexual é um plus, um bônus, um regalo da natureza (frase completa). Quanto a questão da composição do STF ser de apenas onze ministros, não vejo qualquer anormalidade, haja vista que nos Estados Unidos o Tribunal equivalente conta com nove juízes. A grande diferença é que muitas das questões que aqui chegam a até a mais alta corte, lá jamais ultrapassariam os limites de cortes regionias, quem sabe, municipais. Outra enorme diferença é que no Brasil, os ministros vivem na chamada mídia, dando entrevistas e manifestando aqui e acolá opinião sobre os mais variados temas. E têm os holofotes e câmeras de TV para se exibirem. E como alguns gostam. Nos USA são honoráveis juízes, austeros,  low profile, de ilibada conduta e notável saber jurídico, mesmo.

Com a palavra Joaquim Ferreira dos Santos:

“Cesare Battisti conseguiu visto de residência no Brasil, mas periga não vir ao Rio. A Câmara votará projeto que o declara persona non grata.”

Digo eu:

Fantástico e surpreendente . Estou surpreso, pois jamais pensei que a Câmara do Rio de Janeiro fosse capaz de uma iniciativa deste quilate. Torço fervorosamente para que seja aprovado. E torço mais ainda para que esta medida seja copiada pelo país afora, de sorte a que todas as Assembléia Legislativas ou que outras Câmaras Municipais aprovem lei ou moção declarando Battisti persona non grata em seus territórios.

Assim corrigiríamos a decisão mais vergonhosa adotada no STF (pior do que referendar o confisco da poupança na era Collor).

Digo mais, se estivesse nestas redes sociais e tivesse menos quarenta anos, estaria tentando insuflar participantes a que organizássemos passeatas contra o STF e a favor da extradição do assassino italiano. Segundo o próprio STF, em decisão unânime, ao julgar o caso da chamada passeata da maconha, é absolutamente livre a manifestação do pensamento não podendo ser tolhida pelas autoridades públicas. Ora, assim sendo, uma marcha contra o STF é absolutamente legal. E a favor da extradição muito mais ainda.

Estou decepcionado com a camorra. Se tivessem um mínimo de dignidade, amor à pátria e respeito como cidadãos italianos, saberiam resolver este caso. Os israelenses poderiam ensinar algumas coisas.

Com a palavra Luiz Antônio Simas**:

"Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto.


Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".


"Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. "


"Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens."


"Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil."

Digo eu:

Já publiquei post sob o título Afrodescendentezinho da Beija-Flor, rechaçando o exagero do politicamente correto.

Com a palavra Miriam Rita Moro Mine***:

“No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade."
"Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha".


Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".


"Um bom exemplo do erro grosseiro seria: A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta."

 
"Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".

Digo eu:

Também já abordei esta bobagem da presidente Dilma, aludindo, inclusive, uma bela matéria do João Ubaldo Ribeiro, na qual afirmava que ela quer ser presidente mas certamente não quer ser governanta. Se ela quer ser referida como governante da nação, não pode pretender inventar ser presidenta.

Ninguém disse:

As mochilas são uma praga a ser combatida.

Digo eu:

Esta minha implicância com os mochileiros encontra resistência no seio da família, como já disse.

Ma não desistirei enquanto não ver todos os mal educados portadores de mochilas, tendo que usar colar cervical, tomar muitos analgésicos para combater dores provenientes de artroses, bicos de papagaio e hérnias de disco.

Hoje encontrei um que deveria estar com complexo ou as necessidades de um caracol. Levava nas cotas todo o apartamento. Era um mochila enorme, onde transportava, um 4 quartos (sendo 3 suites), varanda e 3 vagas na garage.

Ele, muito grande (gordo) e a mochila, acabaram com a capacidade do elevador. Há anos bastavam os bolsos das calças e camisas; depois vieram as pochetes; e agora as mochilas. Como estas pessoas viviam ao tempo das pochetes?


* Foi o ministro/relator Carlos Ayres Britto, do  STF


** Luiz Antônio Simas - Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio.


***Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná

29 de junho de 2011

Cidadão do mundo

Faz pouco tempo, o Ricardo Wagner, meu primo e colaborador deste blog, teve publicado um post, no qual abordou os aspectos de cidadania e nacionalidade.

Ontem li uma noticia de que apenas um acertador de uma destas loterias amealhou mais de 70 milhões.

Juntando os assuntos, diria que se rico fosse, ou ficasse assim num instante, viraria, com certeza, cidadão do mundo. Não se trata de rejeitar a nacionalidade brasileira, mas sim adotar muitas outras pelo mundo afora.

Para começo de conversa, acompanharia o sol. Muita gente quer sombra e água fresca; eu quero sol e água gelada. O sol é elemento fundamental em minha vida. É responsável pelo humor, pela disposição, pelo meu prazer de viver.

Tirante este fato, de pretender ir e ficar onde o sol estivesse brilhando, alguns outros locais, por esta ou por aquela razão, mereceriam minha estada por algum tempo.


Vejamos. Gostaria de estar em Londres quando da realização do Torneio de Tênis de Wimbledon, o mais antigo (é de 1877), o mais elegante, o mais charmoso, o de maior prestígio e o mais tradicional, menos por ser o mais antigo, mas por manter regras rígidas que fazem toda a diferença. Por exemplo, o branco ainda é exigido dos competidores.

O público, educado e elegante ajuda a compor todo um clima de prazer em estar presente.


Passaria uma temporada, melhor, temporadas, em épocas aleatórias, na Borgogna. Além das belezas naturais da região, com suas são encostas suaves e do verde de sua vegetação, tem os famosos - com toda justiça – vinhos.

A Borgonha é uma das regiões mais encantadoras da Europa. A região combina uma beleza única com vinicultura, gastronomia e arquitetura medieval.

Fazendo de Dijon, sua capital, o ponto de referência, iria visitar os inúmeros Domaines. E provar os diferentes rótulos que são produzidos por lá.






Não vou me arvorar em descrever castas e vinhos, pois esta érea é do Carlos Frederico, mas vou frisar que esta é a terra do Romanée-Conti, e a Pinot Noir é a principal uva da região. Este vinho fez a cabeça do ex-presidente Lula, lembram? Ele até amenizou o discurso.





Indo em direção a cidade de Lyon, eu passaria pela grande região de Beaujolais, lindíssima, mas bem diferente do restante da Borgogna, com grande presença da uva Gamay, e que construiu a fama de produzir vinhos populares de grande frescor, cítricos agradáveis. Todo mundo conhece, pelo menos de nome, o Beaujolais Nouveau, que os experts rejeitam, mas que tem um grande apelo promocinal.

Meu próximo destino poderia ser, se verão, a Costa Amalfitana, um trecho de 60 km do litoral da Campânia, entre Sorrento e Salerno, servido por uma estrada costeira que é uma passarela estreitíssima, esculpida, em boa parte, no precipício.   E  naquelas escarpas existem belas residências.                                                                     

Fica a apenas 56 km de Nápoles e a 280 km de Roma, no sul da Itália. A rota da Costa Almafitana, oferece uma vista repleta de penhascos verdes debruçados sobre um mar indescritível. Muita gente bonita, de toda a Europa e também da América do Norte.


 Estava na Borgogna e poderia ter ficado na França para ir até Cannes uma   cidade    do sul do país, situada à beira do mar Mediterrâneo, na Costa Azul (Côte d'Azur).

Mas não era a época do famoso festival de cinema, o mais célebre do mundo, que reune astros e estrelas de toda parte.  Então deixaria para ir quando do festival que se realiza anualmente.

Desta vez não sairia da França para depois voltar. Iria passar uns dias no vale do rio Loire (pronuncia-se luárr) que é conhecido e marcado por seus belos castelos - Amboise, Chambord, Villandry e Chenonceau, entre outros - e conhecido como o Jardim da França e o Berço da Língua Francesa. Na região ficam as cidades históricas de Amboise, Angers, Blois, Chinon, Nantes, Orléans e Tours, segundo meu catálogo.

Os castelos são mais de trezentos e, atualmente, servem como propriedade privada e habitação; alguns abrem suas portas para visitas turísticas, enquanto outros são exploradas como hotéis ou albergues.

Certamente me hospedaria num deles.

É lógico que existem centenas de outros lugares e eventos pelo mundo que eu visitaria ou aos quais compareceria. Mas deixo por conta da imaginação de cada um fazer seu próprio roteiro. Lembre-se que você ganhou na loteria.

Não pode fazer como o português que ganhou uma bolada e quando lhe perguntaram quais eram seus planos, respondeu que queria uma casa com piscina, onde ficaria até às 8 horas da manhã e só lá pelas 10 horas é que pegaria seu primeiro carreto.

28 de junho de 2011

Dresden e Coventry, horror e mistério

Por
Ricardo W Carrano
Greenville - Carolina do Sul - EUA


Estive lendo os posts sobre a sua infancia, na verdade fizeram eu me lembrar da minha própria , quando li seu comentário sobre o bombardeio de Dresden na Alemanha*, já bem no fim da Segunda Guerra aparentemente desnecessário do ponto de vista militar.
O que escrevo se trata de algo que é possível e verossímil, mas não é efetivamente comprovado, e nem acredito que admitido pelos Britanicos ao longo das decadas. Mas para os que leem e estudam o assunto, faz sentido. Portanto, sugiro que o post seja tomado apenas por curiosidade ou possibilidade histórica. Gostaria também de declarar que o post não pretende dar razão a nenhum dos ‘lados’ nem tenta justificar atrocidades potencialmente cometidas por vingança.

Como você sabe os Alemães após derrotarem a França, em 1940, e iniciaram sua campanha contra a Inglaterra, que foi planejada para primeiramente, atravez de bombardeios aéreos constantes, debilitar as não só defesas inglesas como o moral do povo Britânico; e que deveria ter tido como consequência a invasão das ilhas Britanicas pelos nazistas, no que teria se chamado Operação Leão Marinho, fazendo alusão a necessaria travessia do Canal da Mancha.

Nesta épica campanha de defesa aérea, a chamada Batalha da Inglaterra, muitos acontecimentos inusitados e terriveis como só uma guerra destas pode proporcionar ocorreram, sendo que um destes foi o de que num certo momento a inteligência Britânica acreditava já ter conseguido “quebrar” o código que a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) usava para transmissão de ordens de ataque, podendo assim antecipar para onde os bombardeiros alemães voavam. A decodificação ainda estava em testes quando interceptaram uma mensagem ordenando um “raid” sobre a cidade de Coventry, que era uma cidade industrial e produzia armamentos.

Isto foi imediatemente comunicado ao Alto Comando e a Churchill. E a decisão tomada foi de que se por acaso evacuasem a cidade e esperassem os alemães poderiam dar ao inimigo a ideia que teriam quebrado seu código (ainda em teste) ou que haveria vazamento de informações, deixando portanto os habitantes de Coventry sem qualquer defesa.

Bombardeiros alemães Junkers 111

Os nazistas arrazaram com a cidade. Usando bombas incendiarias, criaram um inferno de fogo e explosões causando milhares de mortes e prejuizos incalculaveis.

Acredita-se que após saber do horror de Coventry, e de saber também que a partir desse infame morticinio os pilotos nazistas passaram a ser referir em tom de deboche a qualquer alvo acertado em cheio e com grande poder destrutivo como “Conventrated” em ingles, que Churchill ficou furioso e jurou vingança impiedosa aos nazistas.

Dresden antes dos bombardeios


Dresden destruída em 1945


 Quase cinco anos depois, no dia 13 de fevereiro de 1945,    Dresden foi impiedosamente bombardeada. Um “raid” triplo em 3 levas, duas a noite pelos Britanicos e uma ao amanhecer do dia 14 pelos aviões americanos.





É fato que Dresden era uma cidade histórica, um centro cultural, e não possuia na época unidades militares, fábricas de armamento ou instalações afins. Na verdade possuia hostipais militares e uma espécie de centro ou concentração de refugiados que vinham de outras áreas da Alemanha castigadas pela Guerra, justamente por considerar-se que os Aliados não necessitariam de grandes esforços para ocupar Dresden. A cidade que teria se declarado cidade aberta aos aliados, o que quer dizer que não haveria resistência a sua ocupação. Os aliados alegam que se tratava de um centro de comunicações.

Bombardeiros ingleses Lancaster


 Portanto pelo fato de estar aparentememente superpopulada, o número de mortes foi altíssimo, e na verdade dificil de se determinar com exatidão, fala se que despejaram 3000 bombas incendiarias, so no primeiro ataque Britanico, e que o centro da cidade se transformou literalmente num inferno, tal como Coventry, no entanto com um número de mortes muito maior. As estimativas variam de 35.000 até 150.000 pessoas, alguns juraram que foi mais.




Bem, não me cabe julgar ou tentar estabelecer justificativas para nenhum desses atos hediondos, mas é que como dizem: “A historia sempre é escrita pelos vencedores”,  e essa é uma grande controvérsia, que se mantém viva até hoje.

Afinal essa não teria sido a  única “punição” que os Alemães e Japoneses teriam sofrido no fim da Segunda Guerra.


* O Autor do texto se refere ao publicado em  http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/06/infancia-quase-normal-na-decada-de-1940.html

Fotos: Google imagens

27 de junho de 2011

Bacalhau com broa


Pedindo desculpas pela falha editorial, no post  a seguir  http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/06/restaurantes-portugueses-na-cidade-do.html , publico hoje a receita completa e correta do famoso bacalhau com broa:
Ingredientes para 4 pessoas:

500gr de migas de bacalhau previamente demolhadas
2 cebolas grandes
6 batatas médias
2 dentes de alho
azeite q.b.
1 folha de louro
sal e pimenta
miolo de broa q.b.

Preparação:
Corte a cebola em rodelas finas e leve-as a alourar em azeite juntamente com o alho picado e a folha de louro.
Quando a cebola começar a querer alourar, junte o bacalhau escorrido e deixe cozinhar 15 minutos, mexendo de vez em quando. Tempere com pimenta e sal, se necessário.
Entretanto descasque as batatas e corte-as em rodelas com cerca de 0.3 mm de espessura.
Leve-as a fritar em óleo quente, sem as deixar ficar demasiadamente louras. Escorra-as em papel absorvente.

Comece então a montar a travessa: coloque na base de um prato de servir que possa ir ao forno as batatas fritas cobrindo todo o fundo. Por cima coloque a cebolada do bacalhau e cubra tudo com uma boa camada de miolo de broa esfarelado. Regue com um fio de azeite e leve a forno quente (200ºC) até a camada da broa estar lourinha.

Sirva com uma salada verde!

Na receita anteriormente publicada faltou um dos ingredientes que dão nome ao prato: a BROA. Pior seria se eu tivesse esquecido do bacalhau, não é?

D. Tonho
Se não der certo a elaboração conforme a receita, vá até a cidade do Porto.

Tudo obtido na internet, receita e imagens.

O abacateiro

 
red - rhode
 Nosso quintal foi palco de galinheiro, de horta e de jardim; de pomar jamais. No galinheiro foram criadas  as raças, leghorn (brancas) e rhode island red (vermelhas), como já narrei aqui faz muito tempo, em dezembro de 2009.
white - leghorn


Quando horta, plantávamos tomates de dois tipos, um deles chamado garrafinha - o outro não lembro como chamávamos - além de couve, alface, quiabo e berinjela.

Entretanto, sem que tivessemos um árvore sequer, comiamos muito abacate. E que abacates: grandes e deliciosos; bonitos por natureza, com licença do Jorge Benjor.

Todo ano, sem falhar, o abacateiro plantado no terreno da casa cujo final do terreno fazia divisa com o nosso quintal, dava frutos. O dito abacateiro era grande e alguns de seus galhos, ultrapassavam os limites decretado pelo muro de alvenaria, e invadiam nosso espaço aéreo.
abacateiro

Assim, era possível colher abacates com facilidade, até porque os galhos vergavam e abaixavam sob o peso dos enormes frutos. Era só, quando muito, utilizar um banquinho apara alcança-los sempre respeitando a linha vertical imaginária de nosso quintal.

Interessante que as safras eram tão generosas que alguns tios que moravam no Rio de Janeiro, quando vinham nos visitar levavam abacates para casa, como se tivessem ido visitar o sitio de um parente. Vejam que, embora gostássemos dos abacates, que saboreávamos, em geral, cortados ao meio e retirado o caroço, enchendo a cavidade com açúcar e limão, ainda asim sobrava para dar. Comíamos também batido com leite. Pois é, como disse, apesar de gostarmos muito e comermos muito, ainda assim eram suficientes par dar aos tios visitantes.

O que eu imaginava tratar-se apenas de uma boa relação de vizinhança, posto que nunca houve questionamento por parte da dona do abacateiro, não obstante, ainda, as turras com que eu vivia com o filho dela, chamado Paulo, na verdade, e hoje sei disso, era um direito assegurado por lei, no caso o Código Civil, ao regulamentar a questão dos frutos pendentes. Mas quem recisava de leis, se havia o bom senso a presidir as relações de vizinhança? Se tinhamos que suportar as folhas que caiam em nosso quintal, porque os galhos invadiam  nosso espaço aéreo, parecia óbvio que os frutos destes galhos nos pertenciam.

guacamole

Nunca fizemos guacamole por falta absoluta de informação sobre esta iguaria da cozinha mexicana.

guacamole


26 de junho de 2011

São João, o sedutor

Não sou eu que afirmo, constam do cancioneiro popular português, alguns versinhos que nos dão conta de que João Baptista arrastava as asas para as moçoilas. Segundo os registros do Cancioneiro Português, dos três santos: Santo António, S. João e S. Pedro, cujas datas comemorativas ocorrem neste mês de junho, São João é o santo menos confiável, por causa da fama de sedutor. Os versos a seguir estão publicados na revista Ponto de Encontro, de julho de 2001 (Porto - PT).

                                                        "São João fora bom santo
                                                          se não fora tão gaiato
                                                     levava as moças para a fonte
                                                        iam três e vinham quatro."

E ainda estes outros:

                                                      "Até os mouros na Mourama
                                                            festejam o São João
                                                      Quando os mouros o festejam
                                                          que fará quem é cristão."

São João era primo de Jesus e ganhou o nome de "baptista" porque “baptizava” as pessoas no rio Jordão, derramando-lhes água sobre as cabeças. Grande crítico da política romana era adorado pelo povo e odiado pelo Rei Herodes, que o mandou decapitar, a pedido da sua enteada, Salomé. O dia 24 de Junho foi consagrado a S. João pois acredita-se que ele nasceu nesta data.

A comemoração do seu nascimento é das mais ricas do calendário litúrgico, sendo um dos   santos mais festejados no Brasil, principalmente no Nordeste, onde se dá o nome de “festas juninas” à celebração deste e de mais dois santos, quais sejam, Santo Antonio e São Pedro. A dedicação popular a São João, entretanto, segundo consta, nem sempre foi do agrado da Igreja, visto ser demasiado alegre para um santo que viveu tão afastado das coisas do mundo.

Batata doce

 
Macaxeira
                       











As festas em louvor de São João são de inspiração bastante pagã. Com efeito, estas festas lembram as solisticiais romanas, sobretudo se compararmos as danças em redor das fogueiras, com queima de ervas aromáticas.


F.C. do Porto
Lembro das festas que assisti, na cidade do Porto, no ano de 2004, quando foi comemorado, além do nascimento do santo padroeiro da cidade, no dia 24 de junho, a conquista, pelo F.C do Porto, do título de campeão da Liga dos Campeões da Europa, a mais importante do calendário europeu.


Numa homenagem aos portugueses, em especial aos tripeiros que, vez por outra, acessam este blog comento um pouco a respeito destas comemorações na Invicta.

Manjerico

As ruas mais centrais, na noite de 24 de junho e até ao nascer do sol do dia seguinte, ficam tomadas pelo povo, e aparecem à venda as ervas santas e plantas aromáticas com evidente predominância do manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa; e também o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira.



Comemoração no Porto

                                           


Fotos: Google imagens

Mulheres bonitas, nos campos de futebol

A Copa do Mundo de futebol feminino começa hoje, domingo, na Alemanha. São 16 seleções, com 336 jogadoras inscritas. A parte técnica será analisada quando a bola rolar, mas desde já podemos saber quais são as que mais chamam a atenção no quesito beleza. E que saúde, não?
A exemplo do que acontece no tênis, o futebol feminino também tem sua galeria de belas mulheres, eficientes no esporte.
Heather MITTS - USA

Ellyse PERRY - Austrália
 
Erika Santos - Brasil

Jonelle FILIGNO - Canadá

Kaylyn KYLE - Canadá

Amy RODRIGUEZ - USA

Alex MORGAN - USA


Eniola ALUKO - Inglaterra

Marita LUND - Noruega

Josefine OQVIST - Suécia

Hope SOLO - USA
 Que vençam as melhores, no campo de jogo, não as mais bonitas.

Imagens: fotos colhidas na internet, em Globo.com

25 de junho de 2011

O nacionalismo visto com olhos de imigrante

Por
Ricardo W Carrano
Greenville - Carolina do Sul - EUA


O que escrevo abaixo, é m apanhado ou compilação de ideias, conversas e opiniões não somente minhas mas de pessoas que experimentam situações semelhantes a minha, depois de passar 12 anos morando nos EUA, trabalhando e conhecendo gente de diversos paises (EUA, França, Canadá, India, Mexico, Alemanha, Brasil...dentre outros).  Lembro que ficava em conflito comigo mesmo preocupado quanto ao fato de achar que por eu viver nos EUA, por opção própria (motivos profissionais e principios pessoais) , alguns não me considerarem um patriota brasileiro. Assim descobri até certo ponto sem espanto, que pessoas que conheci, viveram e vivem situação semelhante dentro de suas nacionalidades e origens, que assim descrevo:

Nacionalista irracional ou ufanista eu deixei de ser, porque todos os povos têm coisas boas e ruins. Se um pais não tem uma visão do que é e do que foi e do quer ser, o discurso nacionalista torna-se demagógico, e dá margem para que existam governantes ruins até mesmo que ditadores assumam o poder. Exemplos atuais: Brasil, EUA, Italia, Venezuela, Espanha, Coreia do Norte, Grecia, dentre outros. Portanto isso é que nem o lema do Salgueiro : “Nem melhor, nem pior, apenas diferente”.


Tornei-me, a meu ver, mais cidadão brasileiro quando pude observar por uma ótica externa o que o Brasil é, a imagem que transmite e a postura perante os problemas. Felizmente nos dias de hoje essa imagem melhorou um pouco, mas ainda não é a melhor possível. O brasileiro ainda acha que quase tudo que acontece no mundo tem que se resolver como no Brasil. Ainda está aparentemente mais preocupado com o que acontece por exemplo no Iraque do que com o assaltante que rouba diariamente na sua vizinhança. A maioria da população não tem a visão que citei, por isso, não possuindo uma memória cívica não tem como projetar o que espera do pais, tem apenas como repetir que nem um papagaio o que a mídia paga por interesses “especiais”  lhe mostra diariamente na TV.

Debates pré-eleitorais no Brasil
Tornei-me, a meu ver,  um bom cidadão americano quando pude entender uma espécie de reverso da moeda quanto aos EUA, por exemplo: no dia 11 de setembro de 2001, o mundo ficou ao lado do pais, mas bastou que os governantes, usassem um ataque terrorista criminoso, e o sofrimento real de centenas de pessoas, como pretexto para uma agenda de interesses “especiais”, sem levar em conta o interesse principal da nação, para que um processo desmedido de desgaste econômico e político se instalasse por aqui, o que ocorreu inicialmente com o aval do próprio povo que julgou estar o governo imbuído dos principios formadores da nação, de modo a defende-la de uma ameaça. Assim o povo deu um cheque em branco ao governo que em troca lhe deu crédito bancário facil e barato, enquanto sacrificava a imagem e os filhos da nação, perante a ela própria e o mundo.

Convenção democrática nos EUA
Por esses e outros motivos,é até mesmo irônico, talvez até patético o fato de eu que posso votar para Presidente em ambos os paises, pois tenho dupla nacionalidade, e me recuso a ir tanto ao consulado brasileiro para faze-lo, mesmo que morasse perto, como também, recuso-me a comparecer as urnas nas eleições americanas. Sou adepto do voto livre, vota quem quer, e não considerava nenhum dos candidatos sinceros, preparados e capazes de governar, equacionar e priorizar os problemas de ambos os paises. Considero os politicos das democracias ocidentais meros agentes servidores dos interesses especiais aos quais me referi, assim sendo, como diria o Capitão Nascimento: “Virei estatística”.

Hoje acredito que esta experiência me transmitiu uma visão crítica e uma capacidade diferente para comparar. Portanto a visão crítica de ambos os países que se desenvolve diariamente não me torna menos patriota, muito pelo contrário. Apenas traz uma legitimidade para meus atos e comentários; assim sendo digo:

Interesses Nacionais: No Brasil o que assistimos são os interesses de um partido e sua ideologia, se sobrepujarem aos interesses de uma nação. E vejam, não é uma multinacional americana que esta indo contra os interesses do Brasil. Aqueles que se compactuam com os interesses desse partido devem achar isso normal. Nos EUA, vemos a crise e recessão dos ultimos 4 anos que não é resolvida ou ao menos equacionada pela incompetência e inépcia dos governantes, em adotar uma política de austeridade com gastos publicos, como também de criar ou melhorar incentivos a inicitiva privada. Simplesmente colocaram o pais num impasse e num momento de estagnação que infelizemente deve durar vários anos porque sua propria agenda é’ mais importante que isso tudo.

Com base numa máxima de Getulio Vargas, digo que o governo sempre vai nos dar a sua versão e nunca os fatos, portanto não tem a minha autorização de cidadão pagador de impostos para me pedir nada em nome da Pátria. O que somos como pessoa, profissional, e cidadão idealista é vai atender aos interesses Pátria de seu desenvolvimento e progresso, e esses quase nunca estarão em comum com os interesses reais do governo.

Para terminar: Gostria citar Sun Tzu, estrategista militar chines que viveu aproximadamente uns 500 anos antes de Cristo, autor de “A Arte da Guerra” : “Aquele que conhece seu inimigo e se conhece a si mesmo poderá entrar em qualquer batalha sem medo”. É por isso que acredito que o principal inimigo de uma nação, pode não estar fora da nação, e sim dentro dela. Assim temos que nos perguntar : O que nós brasileiros e americanos queremos ? Que legado vamos deixar as gerações futuras? Como é que queremos ser vistos pela historia?

24 de junho de 2011

Terreno baldio: quaradouro, campo de futebol e arraial junino

Tinha o tal terreno defronte as casas na vila onde morei, que fazia às vezes de quarador (coradouro) de roupas, para as donas de casa e, também, de campo de futebol para garotada.

Nem todas as casas tinham este terreno vago bem defronte, só as 6 última. Isto porque , de um certo ponto para frente, até a entrada da vila, havia uma enorme construção, que ao que tudo indicava, seria um reservatório de água, para abastecer a indústria que ali se instalaria.

Nós aparávamos o capim que insistia em crescer e arrancávamos os pés de caruru invasores, de sorte a podermos jogar futebol, com no máximo seis para cada lado, dadas as dimensões do campo.

Para nivelar um pouco o terreno colocávamos areia da praia, que conforme já comentei em entrada anterior era ali pertinho, antes do aterro e seu conseqüente desaparecimento.
baliza de futebol

 Construímos as balizas, que pelas mesmas óbvias razões (tamanho do campo) não tinham as dimensões oficiais: eram menores.




Certo dia, a arbitrariedade e violência policial se fizeram presentes. Brigaram o Danilson e o Quincas. O primeiro, morador da vila, e o Quincas morador da vizinha Vila Pereira Carneiro, mas que tinha um tio policial que morava numa das casas da nossa vila.

Parece, eu não presenciei, que o Danilson levou a melhor numa briga. Vai daí que no dia seguinte as balizas aparecerem serradas, pondo fim prematuro ao nosso estádio. Violência policial.

Este mesmo policial, conhecidíssimo na cidade, já protaganizara um episódio de violência desnecessária, espancando um pobre coitado que à noite espreitava pelas janelas as pessoas dormindo. Era doente mental. Alguém vira e comentou que um homem espionava pelas vidraças das janelas. O tal policial ficou na espreita, uma noite, e surpreendeu o voyeur aplicando-lhe uma surra monumental. A maioria dos moradores condenou o procedimento achando um exagero.

Este episódio, que tem mais de 60 anos, revela que a truculência da polícia está no DNA da instituição.

Além de servir como campo de futebol, a área disponível foi utiliazada, durante dois anos consecutivos, como arraial de festa junina, com direito a enorme fogueira que queimava a noite toda, e pela manhã do dia seguinte ainda possuía brasas ótimas para assar batata doce, inhame e aimpim, que comíamos com melado de cana.

bandeirinhas

 A vila ficava toda embandeirada (cada família se encarregava de fabricar um determinado número de bandeirinhas) e com lanternas (tipo japonesas).

Arcos de bambu cortados nas touceiras existentes no morro da Penha, decoravam a vila desde sua entrada. A madeira para a fogueira também era oriunda do morro, cortada com alguma antecedência, para secar um pouco. Dentro da fogueira, armada naquele estilo clássico, colocávamos pedaços de tábuas, galhos secos e outro restos de madeira que queimavam facilmente, ajudando a manter a chama que acabava por atingir os troncos da armação da fogueira.
fogueira e balão



fogueira
Sim, soltávamos fogos e balões. Não havia a consciência do perigo representado pelos balões e ninguém reclamava da poluição sonora, e sequer pelo risco de queimadura, provocados pelos fogos. Eram poucos fogos e balões, porque todos pertencíamos a classe média baixa e o dinheiro era curto para estas extravagâncias.


Um ano que não sei precisar, o espaço livre, que era quaradouro e campo de futebol, serviu como circo. Ao ar livre, pois a cabana que fizemos com lençóis e colchas velhas, foi utilizada para os artistas do espetáculo, no caso os meninos e meninas que lá morávamos. Ensaiamos alguns números, basicamente palhaçadas e malabarismos. A barra construída servia como “trapézio” de um único ponto, onde um dos meninos se exibia fazendo acrobacias. Os pais pagavam "ingresso".

Para mim, tudo isto acabou aos 12 anos, porque mudamos dalí, mas para todas as crianças acabou definitivamente com o “progresso”. Rua São Diogo asfaltada, trânsito de ônibus, morro favelizado, vegetação devastada, geração ficou adulta, casou e mudou; e seu filhos não puderam mais jogar pelada na rua como fazíamos nos finais de tarde, antes do banho que precedia a chegada do pai e o jantar.

Partida de 10,  em 5 vira. Se você não tem, hoje, mais de 40 anos não sabe do que estou falando. Azar seu!


Imagens obtidas no Google.