31 de agosto de 2014

Tartarugas, e agora também os botos

Em fevereiro do ano passado relatei uma caminhada, no calçadão de Icarai/Flechas, quando constatei duas coisas curiosas. 
(http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/02/caminhada-na-praia-com-pombos-e.html)

A primeira, a grande quantidade de pombos, na areia, em busca de alimentação. Parece que as pessoas, agora mais conscientes, resolveram parar de alimentar os pombos nas praças e nos peitoris das janelas.

A solução, ou uma delas, encontrada por esta ave de vida urbana, foi procurar o litoral em busca de alimentos (sedimentos, pequenos resíduos) trazidos pelas ondas e depositados nas areias.

A segundo, mais surpreendente, foi a existência de tartarugas vivendo nesta baia poluída. O habitat fica num ponto próximo à Pedra de Itapuca, no trecho em que o calçadão se alarga, bem na divisa entre as praias João Caetano (Flechas) e Av.Jornalista Alberto F. Torres (Icarai).

No local existem bancos de madeira onde é possível pegar um solzinho e apreciar a baia, tendo o Rio de Janeiro como pano de fundo. Se a manhã está clara, como são as de outono, divisa-se perfeitamente os contornos dos prédios e dá para ver nitidamente os morros do Rio. Pão de Açúcar e Corcovado inclusive.

No domingo passado sentamos, eu e Wanda, alguns minutos  para apreciar a paisagem. Havia um sol bonito. E não é que estavam lá as tartarugas. Ou seja, não foi um caso isolado e episódico a presença delas bem ali, quase junto ao calçadão, há pouco mais de um ano.


Pedra do Índio
E não se trata de um indivíduo da espécie. São vários. Diferentemente da garça, branquinha, que vive isolada na Pedra do Índio um pouco mais adiante no sentido Flechas/Icarai, ou, para os mais antigos moradores da cidade, no sentido do Canto do Rio.

Os mais jovens pensam que Canto do Rio é apenas o clube da cidade que até já disputou o campeonato carioca de futebol. Mas na verdade o finzinho da Praia de Icaraí, quando a faixa de areia é interrompida pois esbarra no morro onde existe a Estrada Fróes, em direção a São Francisco, que já perdeu o Saco faz tampo, aquele trecho onde já houve até um bar funcionando entre as duas pistas, como se fosse uma ilha, chama-se Canto do Rio.

Havia um bonde que circulava com este nome. Era uma linha que, como todas as demais, iniciava seu percurso na Praça Araribóia, então denominada Praça Martim Afonso e percorria toda a orla de Icarai.
Boto saltando
Este episódio, do último domingo, passaria em branco, inclusive porque já escrevi sobre as tartarugas que estão ali, vez ou outra erguendo as cabeças acima da linha do mar, se hoje não tivesse sido publicada uma matéria, nos jornais diários, sobre a volta dos botos à Baia da Guanabara.


Simpáticos golfinhos, de volta à Guanabara

Como sabem os botos são na verdade golfinhos. Dóceis e sociáveis, que adoravam acompanhar  as barcas e lanchas que faziam  a travessia  Rio- Niterói, em priscas eras, quando eu, morador de Niterói, trabalhava do outra lado da baia.

Pedra de Itrapuca
Se você mora em Niterói e tem o hábito de caminhar, vale dar uma parada mais longa no trecho que mencionei e ficar admirando as tartarugas (elas ficam bem próximas a maior pedra existente naquele local, antes da Itapuca). Tem banco para sentar se lhe aprouver.

E de quebra, se calhar, o que é bastante comum também, irá apreciar os assaltos das tainhas, que alcançam mais de 30 cm, acima do mar.

O que dizer sobre o programa de despoluição da Guanabara, quando vemos nos telejornais aquela imensa quantidade de detritos, objetos em geral, plásticos,  e esgoto despejado em quantidade assustadora?

Se os botos e as tartarugas, além das cocorocas fisgadas pelos pescadores amadores de Icaraí estão sobrevivendo aos 18.400 litros de esgoto não tratado, despejados por segundo na baia,  imaginem se realmente o programa fosse levado a sério e as pessoas que moram nas margens dos rios que desembocam na baia deixassem de despejar seus lixos nos riachos.

Aconteceria aqui o que os londrinos conseguiram com o Tâmisa, que de esgoto a céu aberto, durante muito tempo, agora abriga mais de uma centena de espécies de peixes, inclusive salmão, que como sabemos é muito sensível à poluição.


Tâmisa com a Torre de Londres
Sessões do Parlamento inglês chagaram a ser suspensas em virtude do fedor que o rio exalava, no século XIX.

Depois de ler matéria sobre poluição na Baia de Guanabara e ver foto reveladora de um cenário de sujeira, num local denominado "Buraco do Boi", fui ao Google para localizar onde fica o tal trecho da baia, em Niterói, e encontrei a foto que ilustra  a matéria. Ei-la abaixo:
(foto de Custódio Coimbra, em https://www.google.com.br/search?q=buraco+do+boi+em+niter%C3%B3i&newwindow=1&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=yM4AVJCBD8O1ogSNnYDYAQ&ved=0CCsQsAQ&biw=1242&bih=567)



As Olimpíadas estão chegando (2016) e esperemos que as provas que serão realizadas na Baia de Guanabara não sejam motivo de mais uma vergonha nacional, frente ao resto do mundo.

Imagens: Google

30 de agosto de 2014

Filmes: gosto, e pronto!


Por
Ana Maria Carrano







Quando Deus criou o mundo, quis “causar”. Não bastava uma espécie de cada animal, nem uma diferente em cada continente. Verificando no Google, vi que existem cerca de 2900 espécies de cobras, e 17 ou 18 de pinguins. Pra que, não sei. Só Ele sabe.

Não sei se foram esboços de um mesmo tema, ou rascunhos como dizem ser o caso dos humanos, mas ele caprichou nas cores, tamanhos e principalmente tendências e aptidões que vieram a criar outras tantas particularidades.

Sendo assim, somos todos diferentes, mesmo que oriundos do mesmo núcleo familiar.

Esse preâmbulo é para deixar claro que respeito o gosto alheio, assim como gosto que respeitem o meu.

Para cada um  que não gosta de filmes de arte, existe alguém, como eu, que rejeita comédias tipo pastelão.

Minha relação com o cinema é antiga. Na verdade, sou idosa o bastante para ter assistido, no cinema, a filmes sem falas. Era o chamado “Cinema mudo”. Foram poucos (que assisti), visto que já existiam muitas películas com vozes. Eram protagonizados por Carlitos, o Gordo e o Magro, Shirley Temple e um menininho que não lembro o nome. Não citei os Três Patetas, porque nunca gostei deles.

Minha mãe nos levava ao Cinema  Rio Branco onde existiam sessões duplas e contínuas, em geral “bang bangs”. Segundo me contaram, desde os 2 anos de idade eu era levada para a plateia e, aparentemente prestava atenção ao que se passava na tela. Acho que veio daí o meu encanto pela sétima arte, embora não me considere uma cinéfila.


Oscarito e Grande Otelo
Não só as vozes foram as novidades que conheci durante minha jornada neste planeta. Passei pelo cinema nacional da Atlântica que nos deixou filmes interessantíssimos; por Mazzaropi e sua ingenuidade;  pelo cinema italiano de Visconti, Fellini, Rossellini e Passolli; pelo francês de Besson, Godard, Truffaut, Resnais; até chegarmos ao cinema americano que atraiu todos os diretores e atores do resto do mundo e produziu, com sua tecnologia películas geniais.

Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos disse em uma poesia :
“...Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma ideia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.
Sim, como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser...”
(Fragmento de "Passagem das Horas" - Álvaro de Campos, 22-5-1916)

E sou bem assim com minhas preferências com relação a filmes, livros e músicas. Gosto, e pronto. Às vezes por me lembrar dum momento de vida, outras por recordar pessoas ou apenas pelo tema intrigante.

Dentre os inúmeros que assisti destaco os seguintes:

Amor, sublime amor  -  Sissi  -   Fantasia da Disney  -  A dama e o vagabundo  -  Flash dance  -  Thelma e Louise  -  Doutor Jivago -  Nosso amor de ontem  -  2001 Uma odisseia no espaço  -  Antes de partir  -  Um crime de mestre  -  O rato que ruge  -  A vida dos outros  -  Minha vida em outra vida  -  Gran Torino  -  As 5 pessoas que devemos encontrar  antes de morrer  -  Perfume de mulher.

Em grande parte dos citados, me marcaram também as trilhas ou pelo menos o tema musical.
Quem não se recorda das músicas de Leonard Bernstein,  em Amor sublime amor; do Tema de Lara do Dr. Jivago; as obras clássicas de 2001 e Fantasia e mesmo, a vibrante Maniac de Flash dance.

Não é o caso de Verão de 42, cujo enredo não me agradou, mas o tema (do mesmo nome) é a música que eu gostaria que me acompanhasse na última jornada.

Faz tempo que não entro em cinemas. Um ano, aproximadamente, graças ao meu comodismo, e ao fato que podemos locar ou simplesmente baixar filmes no pc e assistir no conforto de nossos lares.

Sair, só para olhar o céu, respirar ar puro e encontrar amigos e jogar conversa fora. Situação essa que me propicia, muitas vezes, histórias mais interessantes.

29 de agosto de 2014

Filmes que apreciei - 1




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)









Desenhos animados e comédias

Não vou a cinema faz décadas. Acho que a última vez que entrei num foi em 1997, quando a família toda foi a Orlando e eu entrei em várias salas. Tenho a impressão de que as vezes que eu entrei em cinema tradicional em minha vida inteira se conta nos dedos de pés e mãos.

Isso não quer dizer que eu não tenha assistido filmes. Pra que existiu vídeo-cassete? E depois DVD? E agora BluRay? Prezo o conforto e ultimamente o recurso de “home theater” me fez ter experiências realmente satisfatórias em casa.

Hmmm... Nem vem. Quem conheceu meus home-theaters na cobertura de Icaraí e na casa de Friburgo, há de reconhecer que, com as janelas fechadas, escurinho de cinema e um som maiúsculo, dava pra ter uma experiência audiovisual muito prazerosa. Infelizmente, apesar de continuar com um som de primeira qualidade e TV de 55” no apartamento para o qual me mudei recentemente, não dá mais para explodir a sala sem que chamem o síndico - ou a polícia!

Meus gêneros preferidos são primários. Detesto cinema de arte e filmes difíceis. Vou elencá-los, não por ordem de importância, pois não há:

- desenhos animados e filmes infantis
- comédias
- ficção científica
- eróticos
- demais gêneros
                       
Nesse post tratarei dos dois primeiros gêneros, depois seguirão mais 2 textos abordando os demais.

1) Desenhos animados e filmes infantis

É até hoje um de meus gêneros preferidos. Desde criança, na TV eu adorava cartoons, principalmente Tom & Jerry, Turma do Pernalonga, Bip-Bip, Pica Pau, The Flintstones, Os Jetsons... Rolei de rir com Pernalonga, teve uma vez que a plateia parou de olhar a tela e procurou o louco que explodia em gargalhadas homéricas na sala de projeção: eu!

Quando pude comprar em fita (e depois DVD) eu montei minha cinemateca com inúmeros clássicos, não só os da Disney, mas também longas metragens mais recentes recheados de efeitos especiais como as séries Shrek, Era do Gelo, Madagascar, Toy Story, etc. Infelizmente todos que estavam em fitas VHS sofreram com o famoso desapego, que temos de praticar quando o espaço se torna escasso.  

Elegeria como meu preferido de todos os tempos  “Os 101 Dálmatas”, lançado originalmente por aqui como “A Guerra dos Dálmatas”. Cheguei a assisti-lo no cinema, numa época em que eu ainda ia de vez em quando às salas de projeção. Sua versão com atores de carne e osso eu não acho tão boa... Eu simplesmente sou apaixonado pelos personagens do desenho animado.



Gostaria de destacar alguns títulos que eu adoro, como “Fievel, um conto americano”, “Ratatouille”, “A Era do Gelo 1” (para mim o melhor de todos da série), “A Dama e o Vagabundo”, além de “Branca de Neve”, esse pelo realismo relacionado à época em que foi realizado. Deixei de fora inúmeros longas em desenho que gostei porque senão teria de elencar umas 2 dúzias.




Em termos de filmes infantis sem serem cartoons, fico com “Roger Rabbit” e “A História sem Fim”, que os críticos dizem ser uma estória para crianças que apenas adultos entendem... A cena do cavalo Artax sendo tragado pela areia movediça apesar da argumentação desesperada de Atreyu para que ele não se entregasse à tristeza e à falta de esperança é de arrepiar.
 
A morte de Artax - A História sem Fim

2) Comédias

Eu tenho uma relação de amor e ódio com comédias, porque em geral a graça se baseia em alguém ser ridicularizado. A melhor que assisti até hoje em termos de me fazer rir à primeira vista foi “Loucademia de Polícia 1”. Se não fosse em casa (VHS), teria passado mal com a cena do discurso no púlpito. Em sendo em casa, dei um “pause” e fui me recuperar das gargalhadas. Estranhamente hoje em dia esse filme não me diz nada...

Uma que achei o máximo foi “Assassinato por Morte”, que juntou vários astros numa só paródia de Agatha Christie. Alec Guinness como mordomo cego foi impagável, dentre outras gags do filme (com David Niven, Peter Sellers, James Coco, Truman Capote, Elsa Lanchester, etc). Só fera!


Cena de "Assassinato por morte"

Outra preferência foi “All of me” ou “Um espírito baixou em mim” com Lily Tomlin e Steve Martin, que fez o papel de meio homem meia mulher. Hilária a cena dele fazendo xixi!

Gostei também de “O Professor Aloprado” com Eddy Murphy em seus múltiplos personagens, fruto de moderníssima técnica de digitalização.

Não sei onde se encaixa Woody Allen, mas “Noivo Neurótico Noiva Nervosa” (Annie Hall) e “Sonhos de um sedutor” (Play it again, Sam) me agradaram muito, e eu os classifico como comédias, apesar de outros filmes de Woody Allen não o serem (de todo). Sim, eu gosto de Woody Allen como diretor, sem entrar em detalhes sobre o que se fala de sua polêmica vida particular.

Woody Allen
Jerry Lewis me fazia rir (só de olhar sua cara, independente do enredo) mas não Peter Sellers. É a tal coisa de fazer graça às custas de ser ridículo. “The Party” (Um convidado bem trapalhão) cai nessa classe. “Muito além do Jardim” (também com Peter Sellers) eu considero intragável!

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Créditos:
Imagem do filme História sem Fim:
http://www.hipismoeco.com.br/blog/morte-cavalo-filme-historia-sem-fim/
Nesse link você assiste à cena toda.

Cena de Assassinato por Morte:
http://filmgabwithwerthandwise.blogspot.com.br/2011/04/april-gabs-day.html


Demais fotos extraídas do Google, digitando o nome do filme.

28 de agosto de 2014

Legião estrangeira

A situação econômica do Brasil não é invejável, mas confrontada com o cenário de outros países sul-americanos, estamos menos mal.

E como as receitas dos clubes melhoraram muito nos dois últimos anos, em especial por conta das cotas televisivas, passou a ser possível a contratação de jogadores no mercado internacional, principalmente em nosso continente.

Haja vista a invasão de jogadores estrangeiros que integram os elencos de clubes brasileiros. Não só dos chamados grandes, mas também de alguns com baixo orçamento.

Até o modesto Icasa, do Ceará, tem o nigeriano Henry Kanu, alto, forte e veloz em seu ataque.

Acho que o recorde atual de estrangeiros numa mesma temporada pertence ao Palmeiras. Além do técnico - argentino - conta com 7  estrangeiros em seu elenco. E está na lanterna do campeonato na série “A”. Se cair, e corre este risco, será a terceira vez em sua bonita história centenária.

Mas quero chegar ao Vasco. Houve épocas nas quais meu clube recorria a jogadores estrangeiros para seu time de futebol, apenas para solucionar problemas pontuais.

Os mais antigos, dos quais guardo alguma lembrança, foram o bom zagueiro Rafagnelli (argentino), quando eu era ainda apenas um menino começando a torcer pelo clube.

Anos mais tarde teve o paraguaio Silvio Parodi, ponteiro esquerdo de potente chute. Assim como paraguaio era o goleiro Victor González que também atuou alguns anos no time principal.

Já que falo dos paraguaios vale citar o lateral direito Irrazábal, no passado, e agora temos no time, embora como reserva o volante Aranda.

Além de bons jogadores, ou pelo menos medianos, tivemos alguns folclóricos, como o americano  Cobe Jones e o peruano Yotún, ambos laterais esquerdos, já neste século.

Vasco em 1989, com Quinõnez e sua cabeleira
Até do Equador andamos importando jogadores. Um deles - Quiñonez - com vasta cabeleira, era um zagueiro alto e forte. Só. Não era grande coisa tecnicamente. E recentemente tivemos experiência com o atacante Tenório.

Se revelamos, no Brasil, o argentino Conca, em compensação tivemos um outro portenho, o tal de Chaparro, perna-de-pau que poucas oportunidades teve na equipe.

Andrada
O goleiro Andrada, o que levou o milésimo gol de Pelé, é argentino também. 

Outro argentino que fez história no clube (não vi jogar) e até colaborou para o vocabulário esportivo brasileiro,  foi o atacante Bernardo Gandulla. Foi por causa de sua impetuosidade, seu empenho indo sempre pegar as bolas que deixavam o campo de jogo que surgiu a expressão, a palavra “gandula” já incorporada  ao nosso idioma. O pegador de bolas fora para repor em jogo.


O pegador de bolas fora para repor em jogo.


Contratamos em sérvio, bom de bola, chamado Petkovic´ e um montenegrino que dizia ser goleiro chamado Tadic´. Durante um período histórico o Pet e o Tadic tiveram a mesma nacionalidade: eram iugoslavos.

Pet, alias, foi um traidor pois que protagonizou o gol, ao final da partida, cobrando falta,  que deu o titulo ao Flamengo, tirando o pão da boca do Vasco que já quase comemorava a vitória , aos 43 minutos.

Antigamente, os estrangeiros que vestiram a camisa do Vasco eram poucos e nunca concentrados numa mesma  geração, mesmo elenco.

Os técnicos dos quais me lembro foram Filpo Nuñes (argentino) e Ondino Vieira (uruguaio).

Na fase decadente em que se encontra o clube, temos cinco estrangeiros, uma legião, no elenco: os uruguaios Martin Silva e Maxi Rodríguez, o paraguaio Aranda, o colombiano Montoya e o argentino Guizãzú.

De onde menos se espera é que não acontece nada mesmo, como já disse alguém.

Os demais clubes de maiores torcidas no Rio, como Fluminense, Botafogo e Flamengo, também têm jogadores estrangeiros em seus elencos.

Isso ajuda a provar que o futebol brasileiro já não é o mesmo, está em baixa.

E a equivocada política de exportar jovens talentos, ainda aos 15, 16 ou 17 anos de idade e importar, repatriando, veteranos em final de carreira (Robinho, Kaka, Zé Carlos, Lucio, Eduardo da Silva, Pato e outros menos votados) deixa exposta  a má administração  do futebol no Brasil.


Nota do editor/autor: nos links a seguir mais informações sobre estrangeiros no Vasco.



27 de agosto de 2014

O carteiro, as cartas e nós




Por
Alessandra Tappes








Quem nunca teve a visita esperada de um carteiro? A inesperada também?

Eu tive um carteiro na vida. Um carteiro que foi responsável por todas as cartas mais importantes que já tive. Seu Rocha. Aquele sotaque dizia que era do nordeste. Seus cabelos brancos entregavam que logo seria substituído. A simpatia era única e pitoresca e bem presente toda vez que entregava animado as minhas cartas.

Ele apontava esquina da Rua Alexandrino da Silveira Bueno, do velho Cambuci, balançando as cartas em mãos e quando me via na janela abria um sorriso que logo me dizia que tinha carta pra mim.

Aquele sinal de Seu Rocha fazia com que eu “voasse” do 3º andar pro térreo em frações de segundos. Ele tinha em suas mãos algo q era meu, só meu. Ele tinha um tesouro que eu guardo há 7 chaves pelo menos há 30 anos...

Abria com cuidado pra não perder nenhuma palavra que pudesse escapulir ou tentar fugir do conteúdo do envelope. Não eram notícias sobre o tempo, correspondências bancárias ou malas diretas de propagandas que chegavam. Seu Rocha me trazia cartas.

Mas não eram cartas de amor e nem simplesmente cartas. Eram as cartas. As tão esperadas cartas.  Esperadas por mim claro e também por uma legião de “ amigas-colegas” que adoravam lê-las. Eu ficava toda feliz, pois só eu recebia as cartas. Embora dividisse a leitura e a alegria com as meninas, não dava pra dividir a amizade ali contida.

Lembro que seu Rocha entrou na minha vida em meados de 1988. Tinha 17 anos. Ela já era Seu Rocha. Seu Rocha viu uma amizade nascer. Viu minha amizade por correspondência tomar cor, ter cheiro, ter conteúdo, por uns 10, 15 anos, creio eu.

O destino das cartas era o meu, claro. São Paulo. Quem as remetia era ele. Vitor Hugo. Um amigo, colega de colégio, de perua escolar nos anos 70, em plena Porto Alegre. Íamos de perua para mesma escola. Nada mais que isso. Eu tinha 9 anos, ele também até 20 de outubro. Depois desse dia se tornava “mais velho” do que eu. Era assim que ele dizia.

Em dezembro de 1983 quando Queen lançava um de seus maiores sucessos “Radio Ga Ga”, esbarramos pela primeira vez depois da minha mudança pra São Paulo em 1980. Mas em dezembro de 1986 foi que realmente conversamos pela primeira vez, nos conhecemos. Tínhamos amigas em comum. Tinha uma praça no meio, um teatro ao vivo acontecendo naquela noite de verão e a amiga em comum me apresentando a todos os seus amigos como a “amiga de São Paulo que veio passar as férias aqui”. Eu me sentia um bicho. Era tímida que só. Isso fazia minhas bochechas pegarem fogo toda vez que Laudi me apresentasse dessa forma.

E assim cheguei ao Vitor, “lembra dele? Irmã da Daiane, que mora ali na frente do mercado, na rua da praça, aquela ali, a Candido José de Godoy (claro q ela não sabia nem o nome certo e número da casa e detalhe: quase todas as ruas principais davam na praça...)”  e seguia a via sacra da Laudi e Aline me apresentando aos amigos de “infância” do Parque dos Maias.

Gravei na mente aquele momento único. Do reencontro e do lançamento. Toda vez que ouço a canção, me vem à lembrança daquela maravilhosa época e do encontro inusitado.

De malas prontas e endereços anotados, me despedia de Porto Alegre diferente.  Aquelas férias mudaram minha vida pra sempre. Ali começava uma amizade que garantiu o emprego de seu Rocha pelos 10 anos seguintes, pelo menos. E as mais doces recordações que carrego em minha vida.

O remetente das cartas.

Vitor Hugo. Vitor Hugo Fernandes Dandi. Carinhosamente chamado por mim de Vitinho.

Chinelos arrastando pelo chão. Cabelos ondulados e compridos, (tinha cabelos naquela época!) bochechas gordas, óculos na face, mas um dom inesperado para um garoto de sua idade. A escrita. Respondia as minhas cartas com tamanha vida que eu chegava a ouvir seu espirro quando ele descrevia em cartas seu resfriado. Sentia o frio que ele descrevia nas linhas a lápis e as pressas a caminho da faculdade. Sentia o cheiro do mate que tomava ao fim da tarde na companhia de seu Salvador, seu pai.

Vitor começou no mundo das cartas aos 17 anos e eu aos 16.

Foram 15 anos de correspondências trocadas, somadas em torno de 150 cartas. Claro que bem mais minhas do que dele. Mas pra um guri 50 cartas foi um numero inigualável, imbatível, digamos que um recorde insuperável.
Entre uma carta e outra, livros de presente, a maioria compradas em sebo. Eu levei a sério o conselho dado por Helene Hanff no seu livro “84 Charing Cross Road Nunca te vi, sempre te amei” cartões postais, cartões de aniversário, Natal, telegramas surpresas, trufas de chocolates (por sedex é claro!) tudo aquilo que o correio oferecia, trocávamos. O telefone entrou no meio tempos depois, acho que uns 2 anos depois.
Era caro, usava pela empresa, vinha descontado em folha os poucos minutos de alegria que dividíamos. Em casa podíamos nos falar nos sábados a noite, pois o interurbano era mais barato e depois das 21 hs. Sem falar que minha mãe ficava sempre em volta garantindo que não estávamos planejando uma fuga...   
Dividíamos letras. E juntas faziam um sucesso tremendo. Mais que cartas líamos. Entre os traçados, eu lia e mandava meus livros prediletos. Papilon  e Banco  de Henri Charrière (o livro que foi considerado seu segmento) um dos melhores livro q eu já li, inclusive estou relendo, Nunca te Vi eSempre te AmeiFeliz Ano velho de Marcelo Rubens Paiva O  menino do óculos de aro de metal, o alquimistaDiário de Dany e Diário de Ana Maria de Michel Quoist (comprei recentemente para meu filho e todo adolescente deveria ler) entre outros livros e o meu diário...que segundo sua avó Dona Marfisa “ andava  por todos os cantos, com o livro embaixo do braço, feito Bíblia” era assim que ela me descrevia quando eu ligava perguntado se Vitor estava em casa....
Um trecho de uma das cartas de Vitor:



As cartas não foram substituídas por emails não. Elas não foram substituídas. Não tinha nada que as substituíssem. Nada mesmo. Nem por outras cartas. Elas tiveram seu tempo.

Nos dias de hoje, com essa tal de inclusão digital, raro a pessoa que não tenha um celular, uma conta de email ou facebook. Se Saddam Russein e Osama Bin Laden fossem vivos, certamente teriam facebook.

Mas mesmo com tanta facilidade ofertada nas pontas dos dedos, não usamos nada que venha substituir a façanha das escritas.

Tenho cartas que são só minhas. Tenho marcas. Mas não tenho cicatrizes. Tenho história a contar. Tenho música, tenho lembranças vivas dentro de mim e escritas. Tenho o doce sabor da uma amizade infantil que preencheu meus dias por muito tempo. E sei que não são só minhas, as lembranças. Mas as cartas são...

Queen – Radio Ga Ga

26 de agosto de 2014

BRASIL S.A.

Em 15 de agosto, retrucando, respeitosamente, um comentário do amigo Freddy, publicado no post “Gente ruim  não morre” 
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/08/gente-ruim-nao-morre.html?showComment=1408144130578#c4959875831711400265

falei do preparo profissional e aparato intelectual do empresário Ermirio de Moraes, que aprendi a respeitar tanto quando trabalhando em grupo econômico concorrente (Matarazzo), como por suas ideias e ações empresariais e sociais.

O comentário que fiz, abaixo reproduzido em parte, não menciona que ele foi derrotado nas eleições para o governo paulista em 1986. Sabem para quem?  Orestes Quercia.

Viram como nem sempre o melhor vence? Alias, dificilmente vence. Melhor ainda, segundo os orientais, em lenda, nunca vence, pois o melhor deve ser “convencido” a aceitar a função importante.

Eis o trecho do comentário:

Juro que não é implicância, caro Freddy, mas no meu modesto entender seu ponto de vista não se sustenta. Desde quando o melhor tem que liderar pesquisa e vencer o pleito?
Poderia dar o exemplo de Antônio Ermírio de Moraes, rejeitado pelos paulistas. Ele, um dos melhores e mais bem preparados administradores. Empresário respeitado pela qualificação e pela postura ética. Homem estudioso e que certamente faria um governo calcado no mérito de sua equipe e não na politicagem.

Neste último dimingo, anteontem, faleceu Antonio Ermírio de Moraes.


Leiam em :  http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/08/aos-86-anos-morre-antonio-ermirio-de-moraes.html

E as homenagens em:
http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/08/veja-repercussao-da-morte-de-antonio-ermirio-de-moraes.html

Nota do editor: o titulo do post é também o de uma das 3 peças teatrais escritas e produzidas por Ermirio de Moraes.

25 de agosto de 2014

Dandelion Wine




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Prólogo

Quando a gente viaja, principalmente em excursões, costumamos fazer amigos. Vez por outra, com sorte como já aconteceu conosco, uma verdadeira turminha. Legal como a que fizemos uma vez no Chile e com a qual, de Puerto Montt até o aeroporto Ezeiza (passando por Puerto Varas, Peulla e Bariloche), quando nos separamos já em Buenos Aires, saímos juntos o tempo todo. Saudades.

Mas a experiência nos mostrou que, mesmo tentando manter contato, trocando cartas ou  e-mails (como era na época), a gente acaba nunca mais se encontrando. As exceções são isso mesmo: exceções.

Bandas que viajam em turnês pelo mundo também se sentem mais ou menos assim. Tanto em relação a pessoas que os recebem e tratam da estadia, da montagem, dos passeios pela cidade, como também pelos fãs, fugaz interação de 1 a 2 horas, em média.

Poucas vezes as bandas voltam às cidades e palcos mundo afora, de modo que se torna quase que uma verdade absoluta que o que vêem e encontram e se relacionam em cada local onde tocam, raramente vai se repetir. Mas acontece, e aí a chance de reencontros é grande.

Intermezzo

Blackmore’s Night é uma banda que nasceu da interação de Ritchie Blackmore e Candice Night, uma bela história de amor que temos de fazer força para não invejar (é feio isso) e assim sendo eu sempre desejo mentalmente a ambos que curtam muito esse conto de fadas. Como disse um fã num comentário, que eu endosso: Ritchie Blackmore é o músico de rock mais feliz do mundo, a nos guiarmos pelo que vemos nas resenhas e concertos.

Ritchie Blackmore & Candice Night

Ritchie foi o guitarrista da famosa banda de rock pesado dos anos 70 Deep Purple, e por longo tempo considerado um dos 10 melhores guitarristas do mundo (cenário rock). Tocava para dezenas, centenas de milhares de espectadores fascinados e angariou legiões de fãs. Saído do Deep Purple, montou o Rainbow que durou algum tempo também, no entanto sem o esmagador sucesso do Deep Purple.


Ritchie Blackmore

Candice Night era uma bela modelo que tinha 18 anos quando encontrou pela primeira vez Ritchie num jogo de futebol entre bandas e ela, fã do Rainbow, o procurou para um autógrafo. Era 1989 e ele tinha 44 anos. Conversaram um pouco, inicialmente apenas como uma fã extasiada com seu ídolo e ele como um quarentão frente a frente com uma linda jovem que o admirava. Logo descobriram que tinham muito em comum, como o gosto por história medieval, renascença, castelos, filosofia, etc.

Candice Night

Tornaram-se amigos, começaram a sair em 1991, foram morar juntos em 1994.
Candice, que cantava e compunha, foi sendo inserida como coadjuvante eventual no Rainbow mas logo resolveram formar o Blackmore’s Night em 1997, grupo de folk rock com acentos medievais. Foram morar num castelo, acabaram se casando formalmente em 2008 e hoje têm um casal de filhos: Autumn e Rory.

Os antigos fãs do Ritchie Blackmore roqueiro estranharam a mudança de estilo, acharam que ele se deixara enrabichar pela beleza de Candice e que ia acabar se cansando. O fato é que o tempo passa e ele parece feliz em agora encarar pequenas plateias de algumas centenas de pessoas, permitindo sua esposa ficar sob os holofotes e ele apenas dedilhando sua guitarra . Seu mundo mudou e ele parece ter encontrado o caminho da real felicidade.  

Continuam ambos focados nos interesses básicos que os aproximaram, que incluem elementos marcantes de história e cultura medieval. Sempre que podem, nas suas turnês tocam e até se hospedam em castelos, se houver chance. A decoração do palco e suas roupas são medievais, usam eventualmente instrumentos antigos autênticos e os fãs que comparecerem ao show vestidos a caráter têm lugar garantido nas primeiras fileiras.

Não é o tema deste post, mas vale dizer que Blackmore’s Night tem hoje uma extensa discografia, incluindo CD’s e DVD’s. O YouTube dá acesso a músicas variadas, ao vivo e em estúdio, clipes, eventos da TV alemã e até a concertos inteiros, incluindo um não-oficial, bastante antigo (gravado em 1997-8). O mais recente DVD foi lançado em 2012 e no momento estão em turnê de divulgação do último CD Dancer and the Moon.


Blackmore’s Night, formação de 2014

 Dandelion

Por conta do sentimento descrito no prólogo, a dupla Blackmore / Night compôs uma linda e singela canção chamada “Dandelion Wine”. Pessoas que se vêem e se separam por terem se conhecido em viagens - e no caso deles, turnês. Se, quem sabe, um dia acontecer o ansiado reencontro, regozijarão passando uma tarde relembrando os velhos tempos, como se conheceram, o que fizeram juntos. 

Enquanto não acontece, revendo álbuns antigos e fotos amareladas, suspiram por esse reencontro erguendo um brinde aos amigos distantes acompanhados de uma ou duas taças de vinho Dandelion (receita caseira à base da flor do dente-de-leão).

Link de “Dandelion Wine”, versão estúdio com letra
https://www.youtube.com/watch?v=NvlnP3y_QQ4

Link de “Wind in the Willows / Dandelion Wine”, singela versão tocada em 2006
https://www.youtube.com/watch?v=MDmAuYKYFLo

Link para o último DVD "A Knight in York" (concerto integral)
https://www.youtube.com/watch?v=tnqzUuZRbmo
Neste concerto, eles tocam Dandelion Wine logo após receberem sinal do teatro de que o tempo havia se esgotado (por volta de 1:19:00 de show).  

Dandelion (dente-de-leão)


DANDELION WINE
Tradução adaptada do Google Translator

Onde está o tempo passado... parece ter voado tão rápido...
Num momento você está se divertindo, no próximo se tornou passado
Dias se transformam em tempos idos
Velhos amigos encontram seu próprio caminho
Até o momento de vocês partirem... desejei que pudessem ficar...

Então isto aqui é pra vocês, pra todos os nossos amigos
Com certeza nos encontraremos novamente
Não fiquem muito tempo longe desta vez
Vamos levantar um copo, talvez dois
E estaremos pensando em vocês
Até que nossos caminhos se cruzem novamente...
Quem sabe da próxima vez...

Vamos rir das memórias, e conversar toda a tarde
Vamos lembrar dos momentos que nos deixam cedo demais
Vamos sorrir para as imagens ainda persistentes em nossas mentes
Quando se está recordando, tudo que se precisa é de tempo...

Revendo fotografias desbotadas, um charme dos livros antigos
Flores prensadas e sonhos que tivemos, nossa impressão digital no tempo
O primeiro momento em que nos conhecemos,
Quando seus olhos encontraram os meus...
Lembro-me dos verões de vinho Dandelion...

Então isto aqui é pra vocês, pra todos os nossos amigos
Com certeza nos encontraremos novamente
Não fiquem muito tempo longe desta vez
Vamos levantar um copo, talvez dois
E estaremos pensando em vocês
Até que nossos caminhos se cruzem novamente...
Quem sabe da próxima vez...

Blackmore's Night