31 de janeiro de 2013

Sei que é pecado, mas invejo


Foram dois ótimos jogos, realizados em dois ótimos estádios, com lotação total de torcedores,  em duas ótimas cidades europeias.

Pena que realizadas no mesmo horário, o que me levou a ficar pulando de um canal da ESPN para o outro.

Ambos os jogos terminaram empatados.

Em Madrid, no Santiago Bernabeu, estádio do Real Madrid, o time da casa empatou em 1x1 com seu maior rival e melhor equipe de futebol  atualmente, o Barcelona.

Santiago Bernabeu

Em campo os dois melhores jogadores em atividade no mundo, não foram os mais importantes protagonistas do ótimo jogo. O coletivo superou o talento individual de Messi, de um lado, e de Cristiano Ronaldo, de outro.

Mais de 80 mil pessoas torceram e aplaudiram  seus times do coração. O resultado foi justo, e mostrou que as duas equipes, de diferentes estilos, sempre que se  enfrentam e se enfrentaram, nos últimos três anos, ofereceram bom espetáculo de futebol, com arte e combatividade.

No outro canal, com transmissão diretamente de Londres, jogavam o Arsenal e o Liverpool.

Sessenta mil pessoas, lotação total do Emirates Stadium, do Arsenal, assistiram ao ótimo jogo, que terminou empatado em 2x2.

Estádio do Arsenal, em obras
Torço pelo Arsenal desde os 9 anos de idade, como já contei aqui no blog várias vezes. Em 1949, o Arsenal, então considerado um dos times mais importantes do mundo, esteve no Brasil, disputando alguns amistosos.

Uma destas partidas foi contra o Vasco, que então venceu por 1x0, goal do Nestor. Já era torcedor do Vasco e fiquei fã do Arsenal pela repercussão de seu prestígio. O uniforme era bonito e sua origem, numa fábrica de armamentos, me impressionaram.

Bem, também tenho enorme simpatia pelo Real Madrid, adquirida em época mais recente, ao tempo em que lá jogavam Puskas, Di Stefano, Kopa e Gento. Que ataque fenomenal. Puskas e Di Stefano estão e estarão ainda por muito tempo na lista dos melhores jogadores de todos os tempos.

Di Stefano, argentino, como Maradona e Messi.

Enquanto aconteciam aqueles dois jogos na Europa, no Brasil, no Rio de Janeiro, o Botafogo, que já teve Nilton Santos, Garrincha, Gerson e Didi, entre outros, jogava em Moça Bonita, num pasto.

Não há como sustentar que temos o melhor futebol do mundo.

30 de janeiro de 2013

Vendem-se ideias

















Nota do Autor: como viram há um enorme vazio de idéias.

29 de janeiro de 2013

Humorista, uma profissão em extinção







Por
Carlos Frederico March
(Freddy)







Estranharam o título? Pois não deviam. Já riram alguma vez de alguma piada que não focasse o defeito de alguém, uma característica negativa, uma gafe, uma situação ridícula qualquer? Pois bem, estamos na era do politicamente correto. Você pode ser processado pela parte/classe atingida pela piada a cada frase ou gesto que disser ou fizer (sim, eis aí uma área promissora: direito).

Ary Leite

Um dos personagens mais engraçados de programa de TV de décadas atrás era o Caqui, interpretado pelo falecido Ary leite. Eu chegava a passar mal de tanto rir com as engasgadas dele.




Hoje em dia é impensável levar à telona uma piada em cima de um defeito de fala que aflige milhares de pessoas, apesar de corrigível com fonoaudiologia.

Eu tive um colega gago no Liceu, época do ginásio. Mas ele era um gago assumido, simpático e humorista! E desenhava como ninguém, parece que seu caminho foi a Escola de Belas Artes.

Já imaginaram uma piada contada por um gago? A gente não sabia se ria da piada (que em geral era boa), se dele contando, ou da conjugação de ambos os fatores, que ele gerenciava com maestria! Impagável!

Jamais me esquecerei de charge desenhada por essa figuraça, representando o povo de São Gonçalo saindo de um ônibus para curtir a praia de Icaraí, já naquela época poluída.

Havia algumas línguas negras na areia, pra quem ainda lembra dos despejos de esgoto não tratados. Pois bem, tinha frango com farofa, um pão de forma semienterrado na areia, mas o mais hilariante era um negrinho (quero dizer, um afrodescendente) sendo chutado pra fora do ônibus por um amigo e, sorriso que era só dentes, voando todo arreganhado em direção à areia escaldante. Essa charge seria impublicável hoje.

O Agildo Ribeiro tem um texto, que ouvi há muitos anos, numa fita cassete, em que imita um perneta num motel. Como assim sacanear um perneta? Que culpa tem o coitado de ter perdido sua perna e ter de andar pra lá e pra cá (totok, totok, totok) pra satisfazer os caprichos da dondoca antes dela se dar?

Como fazer piadas - sem ser devidamente processado - sobre o orelha de abano, o fanho, o caolho, o negão (o afrodescendente avantajado), o albino, o índio, o anão, o favelado, a empregadinha gostosa, a bichona delirante? Como representar hoje o dentista tarado, como o Jô Soares costumava fazer para deleite de todos, sem ter a classe médica, o movimento feminista e os advogados (de novo eles) em cima de você?

Sobre o gordão ainda pode, idem aposentados, políticos, funcionários de empresas ligadas direta ou indiretamente ao governo, ou seja, tudo que for tema de críticas do momento. Isso faz de mim um alvo completo: ex-empregado da Embratel, aposentado e gordo...

Sobre política, ainda sobra muito assunto, tanto no humor falado como em charges ou cartuns. O dia que a credibilidade se instalar na coisa pública, que tivermos governo, congresso e senado íntegros e confiáveis, acho que secará o manancial de temas permitidos à prática do humor e nem a memória nos restará, dado que será considerado politicamente incorreto até relembrar (em texto ou vídeo) as piadas do passado.

Foto (Google): www.famososquepartiram.com

28 de janeiro de 2013

Vendem-se frases


Sei lá, tenho a sensação de que já houve alguém falando de vender frases feitas. Se já houve, espero que tenham sido outras as frases, e não estas que coloco à venda agora.

Tenho para muitas ocasiões, formais e informais, ambientes onde o protocolo impera e outros mais descontraídos. Algumas são citações clássicas de pensadores, filósofos, escritores, gênios reconhecidos.

Tenho um elenco de frases aplicáveis a várias situações, ou seja, para início de uma conversa, assim como também para encerrar um encontro. Exemplos:
Para início de conversa pode-se usar desde o simplíssimo “está quente hoje, não?” ou outra muito usada se o caso for paquera “não te conheço de algum lugar?”

Exemplos para por fim a um encontro de negócios, pode ser “bem, tudo combinado e nada resolvido”. Ou “vamos manter contato então”.

As frases em idioma estrangeiro por vezes são mais apreciadas e valorizadas. Tenho algumas. Algumas delas podem ser utilizadas abreviadamente ou na forma completa. É o caso de “désolé” que poderia ser “Je suis désolé”.

Há frases em latim e grego, todavia a  venda destas, pela internet, tem um inconveniente: a pronuncia. Assim sugiro o Skype, que tem a vantagem de se poder mostrar até o biquinho que deve ser feito para certas sílabas.

Frases de Johann Goethe e William Shakespere podem produzir bom efeito, mas é preciso ver se o ambiente e principalmente o interlocutor tem ideia de quem se trata e o contexto. Vejamos o caso de Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe vossa vã filosofia”. É muito usada  já traduzida, mas cai melhor se a citação for em ingles: “There are more things in heaven and Earth, Horatio, than it has dreamed of in your philosophy”.

Tome cuidado de suprimir o Horácio, ou substituir pelo nome de seu interlocutor. A menos que ele se chame Horacio. Mas aí já é sorte sua.

Tem uma em português, que não quer dizer a mesma coisa, mas pode ser utilizada eventualmente: "Não acredito em bruxas, mas que elas existem existem".

Algumas frases históricas estão com preços promocionais, seja na versão original, seja na versão traduzida. Vejam exemplos: Veni, vidi, vici", ou "Vim, vi e venci". Também de Julio Cesar, imperador romano, tem "Tu quoque, Brute", modelo simples, ou completo "Tu quoque, Brute, fili mi". Ou seja, "Até tu Brutus, meu filho".

Algumas frases estão a custo zero, para atrair consumidor, para outras que são onerosas. As seguintes estão sendo distribuídas como cortesia: "Futebol é uma caixinha de surpresas" ; "Ri melhor quem ri por último" ou  "O sol nasce par todos".

Esta última, no formato supracitado é grátis, mas com uma pitada de humor e ironia já tem preço fixado. Poderia ser assim, por exemplo: "O sol nasce para todos, mas a sombra só para os mais espertos"

Estou em falta de frases juvenis, uma especialidade no mundo das frases feitas. Tenho ponta de estoque, por exemplo "Irado, cara!"

Num velório, você tanto pode dizer “Descanse em paz”, como esnobar em latim Requiescat in pace” , ou em italiano “Riposi in pace” , ou em ingles “Rest in peace”. Tenho em outros idiomas (preço sob consulta).

Se for escrever use o acrônimo RIP, que se aplica em latim, inglês e italiano.

Frases com expressões sujas, palavrões, baixo calão, são mais baratas mas só podem ser usadas no Maracanã ou no "buteco" da esquina.

Havendo interessados, numa próxima oportunidade apresento outras frases disponíveis para pronta entrega. Bem, aceito encomendas também.

Também compro frases surradas, fora de uso e politicamente incorretas. Retiro no local. Pago a vista.

27 de janeiro de 2013

Mensagem otimista



Sábado nublado durante minha caminhada matinal. Agora, 10:30 min, o sol ameaça dar o ar de sua graça, mas é aquele meio mentiroso, sem a força e o vigor que o caracterizam, pelo menos nos verões do Rio de Janeiro.

Como há duas semanas, por exemplo.

Estou aqui diante do teclado sem saber exatamente sobre o que cometerei o texto de hoje. E só estou aqui a matutar, sem um alvo definido, porque o Carlos March, nosso Freddy, em e-mail mencionou que seria interessante eu ter um “estoque” de posts, para as épocas em que faltem ou o tempo ou a inspiração.

Ele mesmo prometeu contribuir para tal fim. Foi uma boa ideia, na medida em que acostumamo-nos a ter diariamente algo novo para debater ou simplesmente palpitar.

Agora eis um problema em potencial que me ocorre. Quando irei publicar este post? Dependendo do assunto que eu eleja pode ser que fique prejudicado por fato novo sobre ele (tema), que o contexto se altera completamente e corro o trisco de cair no ridículo ou alvo de chacotas.

Querem um exemplo? Digamos que eu resolva mandar uma mensagem para Renata, uma das filhas do Freddy, vascaína convicta, que segundo ele está meio apreensiva com as possibilidades do Vasco nesta temporada. Acha que o fantasma da segunda divisão ronda São Januário.

Bem, neste instante tenho meus motivos para mandar uma mensagem otimista, positiva, mas vai que perdemos o jogo de logo mais (sábado, dia 26) contra o Resende.

As três vitórias até agora conquistada no ano (estamos invictos), duas pelo campeonato regional e um partida internacional contra o Ajax, da Holanda, ficarão esquecidas.

Ainda assim arrisco. Alias, reitero que nosso time, Renata, não fará vexame em nenhuma das competições deste ano. Podemos até não conquistar títulos mas vergonha e sustos não passaremos. Digo mais, mesmo um vice, que para nós acaba sendo alvo de gozações dos urubus, cairia bem diante deste cenário de falta de dinheiro.

Se o Douglas não for vendido, temos a melhor zaga do Rio de Janeiro, formada por este jovem com ótimo potencial e o Dedé, que já é uma realidade e unanimidade.

Dê um crédito de confiança ao Cristiano Koeler, que está gerenciando o clube, e ao grupo de jogadores que se dispuseram permanecer, malgrado os atrasos de salários, e também aqueles que vieram e aceitaram envergar a camisa do Gigante da Colina neste momento de dificuldades.

26 de janeiro de 2013

Boeing 787 - Sonho ou Pesadelo?






Por
Carlos Frederico March
(Freddy)












Boeing 787 Dreamliner

Eu gosto de aviação. Os leitores mais assíduos hão de lembrar texto postado por mim nesse acolhedor espaço no dia 12/11/2011. Para refrescar a memória, podem consultar 
Sim, eu acho avião uma coisa linda, mas confesso ter um pouco de receio de voar neles. Já houve época em que desenvolvi síndrome de pânico mas tinha de viajar na marra, era a trabalho! Hoje em dia apenas me mantenho esperançoso de que nada ocorra. Uma boa preparação psicológica e uns remedinhos antes ajudam.

Vamos considerar as longas viagens. EUA, Canadá, Europa em geral... Oceania nem pensar, não é? Mas 9 a 11 horas dentro de um avião é corriqueiro quando se trata de, por exemplo, visitar New York, Londres ou Paris. Em classe turística é um sofrimento e tanto, principalmente em voo noturno. Já encarei DC-10 com 5 bancos na fila central, mas escapei de ficar no meio com desconhecidos dormindo em torno... Parece que nos Jumbos também é assim, ainda não voei neles.

Fora o desconforto, as filas em banheiro, mais aquele mix de cheiros que sempre fica no salão, eu ainda eventualmente sofro de um mal que não tem planejamento que resolva: falta de ar! Eu já penei com ela num voo de 9 horas dentro de um McDonnell MD- 11... Enquanto acordado, respirando forte, tudo bem. Quando começava a adormecer e o ritmo respiratório baixava, eu sentia o ataque de falta de ar e acordava! E a coisa se repetia...

Pergunta daqui, pergunta dali, um comissário me explicou que a pressão atmosférica num MD-11, que voa extremamente alto, é muito baixa, idem a umidade relativa do ar. O comandante escolhe manter a pressão baixa para proteger o avião em detrimento do conforto dos passageiros. Alguns, ele confessou, sentem essa falta de ar. Há macetes, como tomar muita água e passar a noite com um lenço úmido junto ao nariz, ou enrolado no pescoço. Que suplício!

Não me acontece apenas em voos longos. Outro dia mesmo sofri ataque semelhante num mero voo entre Caldas Novas e Rio de Janeiro, num AirBus A319. Consultei o monitor LCD que nesse dia disponibilizava dados de posição, altitude e velocidade, e vi que estávamos a quase 12.000m de altura! Por isso o comandante deve ter ajustado a pressão interna bem baixa. Mal começou o procedimento de descida, a falta de ar desapareceu.

Entra o Boeing 787, cognominado Dreamliner! Minha enorme expectativa quanto a esse avião é que seu projeto prevê ajuste da pressão interna em índices muito maiores que a das demais aeronaves atuais que voam em grandes altitudes. Em vez de simular uma altitude de 2.400m (quem segue futebol sabe como é jogar em La Paz, na Bolívia), ele simula algo em torno de 1.700 a 1.800m, que é tipo um Campos do Jordão-SP.

Estaria, portanto, resolvido o meu maior problema, que é a permanência em baixa pressão por longo tempo! Sem contar a espaçosa cabine, poltronas mais largas mesmo em classe turística, bins para bagagem excelentes, etc.

Só que todo projeto pioneiro sofre... Para ser mais econômico, o 787 empregou materiais de última geração, mais leves, e abusou do uso de energia elétrica fornecida por baterias de íon-lítio. Explico: a energia elétrica necessária ao funcionamento dos sistemas num avião comum é gerada em sua maior parte pelas próprias turbinas, consumindo combustível. O uso de baterias de altíssima capacidade, carregadas em solo, evitaria o gasto de combustível em voo. Muito inteligente.

Porém, os acidentes começaram a acontecer. Baterias pegaram fogo sem que houvesse excesso de energia - projeto inadequado das mesmas? Houve vazamento de combustível - será que negligenciaram a segurança em prol da redução de peso, com tubulação mais frágil e leve?

O setor mundial de produção de aeronaves está vidrado no drama da Boeing, já que se esse projeto der certo todos o seguirão. 20% de economia de combustível não é pouca coisa num mercado altamente competitivo. A AirBus já tem o seu projeto quase pronto,
o A350XWB. Quase um clone, guardadas diferenças estéticas, do B787.



AirBus A350XWB
Para mim, um humilde usuário com problemas respiratórios começando a incomodar pelo envelhecimento, a torcida para que resolvam logo isso é imensa! O Boeing 787 Dreamliner é, como o nome diz, um avião de sonho! Não gostaria que se transformasse num pesadelo!

25 de janeiro de 2013

Мари́я Ю́рьевна Шара́пова


Musa atropelada em Melbourne.

A musa do blog, que vinha fantástica no Aberto da Austrália, não tendo perdido em set sequer até a semifinal, acabou derrotada pela chinesa Na Li, em pouco mais de uma hora de jogo, num duplo 6X2.


Na vitória

Na derrota
Saque potente


Não a teremos na tela da TV, dentro de quadra, fazendo a final do primeiro grand slam do ano, mas podemos admira-la aqui no blog. Inclusive na derrota.


24 de janeiro de 2013

Diálogos improváveis, possíveis e reais

Por
Gusmão
(rodneygusmao@yahoo.com)



Com a liberação da mulher, elas passaram, nos últimos 20 anos, a tomar a iniciativa. E coisas impensáveis na minha juventude estão acontecendo.

Vejam estas situações:
Um senhor, grisalho e circunspecto, dirige-se ao caixa  destinado às prioridades de atendimento, no banco, e dá-se o seguinte diálogo.
Cliente: - Bom dia, quero sacar R$ 10.000,00
Caixa: - Tudo isso? Vai viajar?
Cliente (que embora de aparência sisuda era um brincalhão, chateado com a indiscreta e  invasiva pergunta): - Não, vou gastar tudo com jogo, bebida e mulher.
Caixa: - Já tem a mulher?

Exagerei? Acredite que não. Leia este outro diálogo, numa loja que conserta gravatas, num Shopping de São Paulo:

Cliente:-  Quando ficarão prontas?
Atendente: - Dentro de cinco dias. (Vale explicar que eles abrem as gravatas, retiram o miolo, lavam e passam, recolocam o miolo e tornam a costurar o adereço. Ficam como novas. Se estão fora de moda porque são muito largas, eles diminuem a largura).
Cliente: - Pego com você mesmo?
Atendente: - É comigo mesmo. Eu largo às 22 horas.
Cliente (meio na galhofa): - E vai ser na minha casa ou na sua?
Atendente (só meio na galhofa): - Eu prefiro motel.

E este outro, no verão carioca de 1987:

Vindo, de carro, de um Congresso  no Hotel Nacional, ele estava muito elegante em seu terno cinza, camisa azul e gravata de seda na cor vinho. Como fazia calor e o sol brilhava intensamente, às 11:30 h daquela manhã, estava usando seu ray-ban. 

Fecha o sinal em plena praia de Ipanema (ou seria Leblon?). A mulher, vistosa, atraente em seus aparentes 25 anos, de sandália e trajando canga, com o belo colo à mostra, que aguardava para atravessar, olha fixamente para ele e comenta:
Ipanemense: - Você sabe que é bonito, não é?
Ele (se achando atraente): - Mas morrendo de calor.
Ipanemense: - Estaciona e vem mergulhar comigo. Vou te passar um bronzeado e um hidratante.

O sinal abriu para ele, que engatou a primeira e saiu sem se despedir, lançando apenas seu melhor e encabulado sorriso. Ela ficou aguardando, no meio-fio, que fechasse de novo o sinal, para poder chegar até a praia. 

Na linha improvável, impossível ou real, você escolhe tentando adivinhar:
Ele atende: - Sim!
A voz feminina: - Quero falar com o Sr. Jorge
Ele: - Quem quer falar com ele?
Ela: - Meu nome é Gabriela e sou do banco “Jurosescorchantes”.
Ele (de saco cheio de telemarketing): - O Jorge não está, foi levar um saco de carvão na esquina. Quer deixar recado?
Longo silêncio:-  Huuuuummmmmm
Ela (de novo):-  Quem está falando, por favor?
Ele:  É o Manuel dono da quitanda.
Ela: - Obrigado. Desculpe! 

23 de janeiro de 2013

Western, far west e cowboy


A gente simplificava tudo chamando de bang-bang. Ou faroeste.

Pois é, este era um gênero de filme cinematográfico muito em voga (expressão da época) nas décadas de 1940, 1950 e início da de 1960.


Logo, se você não tem 60 anos ou mais não alcançou o auge deste gênero que consagrou diretores e atores. Pode até ter assistido a alguns dos clássicos produzidos antigamente, mas já tão distanciados das histórias reais de bandoleiros, assaltantes de trens e bancos, ladrões de gado e outros aspectos do velho oeste americano, tais como os conflitos entre a cavalaria do exército e os índios (cheyennes, sioux, etc) que fica difícil entender alguns comportamentos e atitudes.

Mais recentemente foram produzidos, e até premiados com Oscars, filmes do gênero, tais como Dança com Lobos e Os imperdoáveis, mas não despertaram nenhum impacto maior junto ao público.

Os westerns eram muito populares. E alguns se tornaram clássicos, a ponto de um deles, intitulado “Rastros de ódio”, haver sido incluído pela revista britânica "Sight&Sound”, entre os 10 melhores filmes de todos os tempos. A cada 10 anos esta revista divulga esta lista e, como esperado, acontecem algumas mudanças.

 Este “Rastros de ódio” é de 1956 e foi dirigido por um dos mais festejados diretores de cinema, em especial de bang-bang: John Ford.

Antes de mencionar outros clássicos dos filmes de cowboys, quero dizer duas palavras sobre “Os imperdoáveis”, que já mencionei lá no alto. Trata-se de um filme de e com Clint Eastwood, que é do ramo. Foi neste gênero que deu os primeiros passos na carreira de ator, inclusive estrelando os chamados “westerns spaghettis”porque produzidos por estúdios italianos. Três destes westerns são muito populares e exibidos reiteradamente em canais por assinatura. São do diretor Sergio Leone e têm os seguintes títulos em português: “Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares a mais” e “Três homens em conflito”.

Pois bem, este filme do Clint, “Os imperdoáveis”, lançado inteiramente fora de época, abocanhou 4 oscares, das 9 indicações que recebeu. E Clint levou o de melhor diretor. Ah! E ganhou o de melhor filme. O que significa... nada. O filme é bom e ponto. Nem sempre o Oscar quer dizer, pelo menos para mim, grande coisa ou represente uma importante credencial.

Veja por exemplo o filme, também laureado com o Oscar e também classificado como faroeste chamado “Dança com lobos”, que é uma chatice só,  na minha opinião.

Minha lista preferencial do gênero inclui os seguintes títulos, não necessariamente na ordem de preferência, mas de memorização:
- Ao brutos também amam (Shane)
- O homem que matou o facínora (The man who shot Liberty Valance)
- Meu ódio será tua herança ( The wild bunch)
- Matar ou morrer (High noon)
- Rastros de ódio (The searchers)
- Os imperdoáveis (Unforgiven)



Alguns outros, anteriores ao meu nascimento em 1940, também são festejados e considerados clássicos, como por exemplo “No tempo das diligências” (Stagecoach), do famoso John Ford, com John Wayne  como Ringo Kid,  mas aí já é apelação do blogueiro pretender falar deles. 

N. do A: sobre índios e suas lutas contra os brancos, visitem o site: http://www.infopedia.pt/$os-americanos-e-os-indios-no-faroeste-dos

22 de janeiro de 2013

Dois dedos de prosa


“Cogito, ergo sum” disse Descartes*; digo eu, não estou no Faceboook, logo não existo. Recebo com frequência e-mails informando que fulano ou beltrana estão me convidando  para entrar na citada rede social. Várias pessoas já propuseram serem minhas amigas. Num mundo virtual.

Mas se não dou conta das obrigações do mundo real, como vou entrar em outro com tantos apelos, tantas expectativas, tantas indagações  e comprometimentos?

Ademais, ainda estou cogitando se entro, ou não, no Orkut, que me disseram há três  anos ser fundamental para convívio num mundo moderno. Alguém aí lembra do Orkut?

O índice de rejeição de pedidos de vistos a brasileiros, segundo levantamento das autoridades americanas, está em 3,8%. Quando atingirmos 3% do total de pedidos, os brasileiros seremos dispensados do tal famigerado visto. Seremos tratados como os cidadãos de 37 outros países, que estão dispensados porque o índice de rejeição é inferior a 3%.

Quem mudou? Mudaram os americanos ou mudamos nós, para que este índice, que era de 13,2% há seis anos, caísse tanto?

Segundo VEJA, em março o governo lançará o programa “Inglês sem Fronteiras”, voltado inicialmente para universitários da rede pública. Todos receberão uma senha para acesso a um sistema de ensino a distância. Estudantes de escolas particulares, com ótimas notas (ENEM), também terão direito. Depois virão os estudantes do ensino médio da rede pública.

Estas duas notícias acima, somadas, levam-me a seguinte delirante opinião: ou viramos o 51º Estado americano, ou dominaremos os USA transformando-os em colônia brasileira no hemisfério norte. (risos por favor).

O verdadeiro agente secreto inglês – Ian Fleming -  terá sua vida levada para as telas numa minissérie em 4 capítulos. Produção, of course, inglesa. O Criador teve vida com as mesmas aventuras da Criatura (James Bond), cercado de belas mulheres e tomando seu Martini seco?

O Brasil é o 18º colocado no ranking da FIFA. Nunca antes na história deste país tal sucedeu. Fomos eliminados sumariamente do Sul-americano sub-20, num grupo com Equador e Peru.
Sou de uma época em que o Equador e mesmo o Peru, não ganhavam nem o par ou impar contra o Brasil. Vergonha.

Os 4 grandes do Rio venceram na primeira rodada, sem tomar goals. Estão bem ou são os pequeno que conseguiram piorar ainda mais?

Sabem qual foi o total de público, somados, vejam bem, somados os torcedores presentes aos 4 jogos dos grandes?  18 mil pessoas.

Na terceira divisão inglesa, terceira divisão,  repito, esta é a média de público em cada jogo. E os estádios onde disputadas as partidas têm gramados decentes. A desculpa aqui é que o sol é inclemente. Lá não tem sol abrasador mas tem neve que queima também. A diferença é o cuidado, respeito ao público, responsabilidade dos dirigentes.


O Hospital de Clínicas de Niterói, está ampliando suas instalações e atendimento. Depois de arrendar o prédio do antigo Centro Educacional, agora adquiriu o prédio do Diário Oficial, na rua Marquês de Olinda.

Tomara que a expansão física seja acompanhada de excelência no atendimento. Niterói está muito mal servido de hospitais confiáveis. Alguém aí já notou o que aconteceu com o outrora conceituado Hospital Santa Cruz?

A internet tem virtudes. Uma delas foi permitir que amigos meus de diferentes épocas, fases e lugares mantivessem contato via e-mail, permitindo botar em dia as aventuras e desventuras de cada um de nós nos últimos 50  anos, durante os quais não sabíamos uns dos outros.

Vejam as épocas e lugares:
- Carlos Augusto Lopes Filho,  Irapuam Paula Lima de Assumpção e Ricardo Augusto dos Anjos, ex-liceistas (décadas de 50 e 60)
- Esther Maria Lucio Bittencourt e Alódio Moledo Santos, ex-colegas do programa radiofônico “O Estudante em Foco na rádio Federal – ZYP 40  (década de 1960)
- Elizabeth Ré de Paiva, Geraldo Moreira Barbosa e Fernando da Costa Guimarães, ex-colegas na Cia. Fiat Lux, de Fósforos de Segurança ( décadas de 60 e 70).

Todos os citados estavam sumidos nas brumas do tempo, alguns há meio século. Ei-los agora conversando comigo via e-mails.


Como falei em apenas dois dedos de prosa, encerro com dois comentários que registro para mim mesmo (checarei no futuro se minha bola de cristal está boa): o Vasco, com todas as dificuldades financeiras, fará um campeonato nacional digno. Não cai para a 2ª divisão, o que nesta situação atual já será um feito. A outra previsão é de que o Dunga vai se dar bem como treinador do Internacional.



* “Dubio, ergo cogito, ergo sum” esta é a frase completa de René Descartes, matemático e filósofo francês.

21 de janeiro de 2013

Violência contra a Mulher na Índia




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Eu conheço muito pouco da Índia, dos hábitos de sua sociedade e da sua religiosidade, digamos que apenas os estereótipos mais difundidos.


Monges budistas esmolando (foto: UOL)

Rituais hindus no Rio Ganges (foto: UOL)
As recentes notícias começaram, contudo, a abrir um pouco mais o cenário interno daquele imenso país para o mundo. É uma vergonha.

Eu pensava que a prática de abortar fetos e matar recém nascidos quando do sexo feminino fosse exclusiva da China, por conta de programas governamentais que praticamente obrigam os casais a terem apenas um descendente. Como lá também a situação da mulher é muito inferior, principalmente no interior do país, a maioria dos casais resolve optar por ter filhos homens.

Para minha surpresa, isso também acontece na Índia. O resultado é que hoje em dia já há predominância percentual do número de homens na população, situação simplesmente contrária à Natureza.

Não bastasse desprezá-las, o mundo agora vem tomando consciência de que lá elas são perseguidas e agredidas sexualmente por bandos e isso acontece há muito tempo, com conivência (mesmo que velada) das autoridades e da polícia. Uma consideração a fazer é que essas autoridades e policiais são em esmagadora maioria homens e, portanto, educados sob a ótica da discriminação.

De minha parte, tenho a testemunhar que venho agindo no meu âmbito de atuação pela inserção cada vez maior da mulher na sociedade. A revolução sexual e de costumes dos anos 60 estava sedimentando nos anos 70 quando comecei a gerenciar a operação e manutenção do Centro de Telex do Rio de Janeiro, na Embratel, mas ainda havia polêmicas. Afirmava-se que os postos técnicos não eram adequados a mulheres. As justificativas eram diversas, indo da dificuldade de elegê-las para plantões noturnos ao fato delas engravidarem, reduzindo sua capacidade funcional nas duras lidas diárias junto aos equipamentos de telecomunicações, para não falar das licenças que a lei preconiza.

Agi imediatamente em defesa delas: fui dos primeiros chefes a aceitar transferência interna de moças e, em seleção de pessoal externo (rara na época por política governamental do setor), a optar pela escolha de mulher em vez de homem. Nunca me arrependi, pode ter sido até coincidência mas todas as técnicas e engenheiras que tive foram excelentes e dedicadas profissionais. Casaram? Sim. Ficaram grávidas? Algumas sim, sem problemas. A vida segue.

Admiro mulheres nas artes, especialmente na música. Apreciador que sou de rock pesado e heavy metal, minha surpresa foi descobrir que na Europa continental apareceu a partir da década de 90 uma vertente desses gêneros que implica na presença de mulheres na linha de frente (em inglês: female fronted metal). Tornei-me fã e divulgador dessas bandas. Luto por sua ascensão num cenário onde os homens (incluindo a maioria da plateia) predominam e discriminam.

Epica (foto de divulgação da banda)

Gosto tanto de mulher que Deus foi justo e me agraciou com duas lindas filhas. Eu não saberia criar filhos homens, ao menos assim penso. Na encolha torço pela vinda de netas, dado que até hoje ainda não me vejo tratando com guris. Pode ser que esteja confessando nas entrelinhas que concordo que os homens deveriam ser criados de uma forma mais rude.

Isso seria um paradoxo. Mas não. Eu tenho uma opinião muito bem formada de que os homens têm uma constituição física, mental e emocional diversa das mulheres, de sorte que são, de fato, diferentes. Isso não implica que os ache superiores ou inferiores. Apenas diferentes.

Penso que na sociedade homens e mulheres têm de conviver lado a lado, complementando-se e aproveitando ao máximo suas características naturais. Assim como não concordo com o machismo que alija as mulheres do poder ou das decisões, também não concordo com o feminismo radical, no qual os papéis são absolutamente iguais. Não vejo como.

Isto posto, tomei conhecimento com extrema indignação dos fatos divulgados de estupro habitual, com ou sem morte, de mulheres na Índia. Clamo por levante popular de âmbito mundial em defesa delas, para que essa vergonha seja de tal maneira explicitada que as autoridades daquele país cumpram efetivamente as leis (que parecem existir de fato) e punam com rigor exemplar os recalcitrantes. A Humanidade assim exige.

20 de janeiro de 2013

O Judiciário e suas interferências

É inimaginável, numa sociedade civilizada, viver sem um poder Judiciário. Com efeito, não há organização social que resista sem arcabouço de normas de comportamento, disposição de direitos e deveres.

A normatização é fundamental e sem um órgão com poder coercitivo, teríamos a lei do mais forte, o império da selvageria. As normas morais e éticas não bastam porque não há sanção quando violadas. Não são exigíveis.

Certo, sempre se pode evitar a proximidade com aquele que não tem escrúpulos de natureza moral, mas a sociedade, como um todo, não tem como reprimi-lo.

O poder judiciário é hierarquizado. Temos as diferentes instâncias, que têm suas competências estabelecidas na Constituição Federal, e em cada grau de jurisdição como regra geral, em razão do lugar, em razão da matéria ou em razão da pessoa.

Exemplificando, se o imóvel está localizado em Niterói, as ações a ele relacionadas devem ser propostas na comarca de Niterói.  Se você pretende entrar com reclamação contra seu empregador, deve procurar a Justiça do Trabalho e, finalmente, se a hipótese é levar a julgamento em parlamentar federal ou o presidente da República, o foro competente será o STF.

Temos aí, grosso modo, exemplos de competência em razão do lugar, da matéria e da pessoa.

No topo da pirâmide do Judiciário, pirâmide esta formada por juízes e tribunais estaduais e federais, está o Supremo Tribunal Federal. O STF, nas sábias palavras de Rui Barbosa, tem o direito de errar por último.

Sim, porque é impensável  um órgão julgador que seja infalível (porque composto por pessoas), mesmo sendo este órgão a mais alta corte de justiça do país.

Bem, dito isto penso haver deixado claro que não sou contra o poder judiciário. Nem pensar.

Todavia, algumas decisões do Judiciário me incomodam sobremaneira, porque  por vezes são interferências na vontade da maioria das pessoas.

Teria vários exemplos mas vou me fixar em dois apenas.

Você mora num prédio que tem um regulamento que não permite aos moradores a posse de animais. Mas chega um novo morador que tem um labrador.

O Síndico (administrador do prédio), o procura e informa que ele deverá se desfazer do animal ou mudar do edifício. Que faz o dono do cachorro? Com apoio na Constituição que assegura a todos acesso ao judiciário para defesa de direitos, entra com ação judicial para obter decisão favorável que lhe assegure manter o animal, mesmo que contra disposição expressa do regimento interno do edifício.

E conseguirá a sentença favorável (jurisprudência predominante), ressalvadas as premissas de que seja o animal de pequeno porte e que não cause transtorno aos demais moradores.

Ora vejam só, um pretenso direito individual (de ter o cachorro), prevalece sobre a vontade de todos os demais moradores. E tanto isto é verdade que os que lá viviam aprovaram, em decisão colegiada, numa assembleia, a norma que proíbe a presença de animais no prédio.

O caso permitiria outras abordagens, tais como se um labrador é de pequeno porte. Se causaria, ou não, transtorno para os demais moradores.

Um labrador pode até ser dócil, mas pode assustar. Participei de um caso envolvendo esta raça de animal. Diariamente seu proprietário o levava a passear e fazer suas necessidades fisiológicas. Mas como natural a ansiedade do animal naqueles  momentos era muito grande. Por isso, mal era aberta a porta do apartamento ele saia com pressa, precisando ser contido pelo dono, que segurava a guia presa na coleira.

Mas o cachorro fazia força para avançar mais rápido e como o piso do hall de elevadores era liso (granito polido), suas patas deslizavam como em desenho animado. Vai daí que num certo dia, a mãe da moradora do mesmo andar, chegando para visita à filha, mal abre a porta do elevador, se depara com aquele cachorro avançando (embora contido), com as patas escorregando fazendo barulho, e se assusta. Era uma senhora de seus 82 anos que, embora hígida, não possuía suficiente equilíbrio; com isso caiu e, do tombo, resultou fratura do colo do fêmur.

Que drama, não? A história é real.

Outra intromissão, a meu juízo indevida e infeliz, via sentença, é quando  assegurado a um pretendente qualquer, o ingresso no quadro associativo de algum clube mais seletivo, daqueles que utilizam o sistema de bolas (pretas ou brancas), que devem ser atribuídas pelos demais associados.

Ora bolas (sem trocadilho), acho que um grupo de pessoas tem todo o direito de organizar um clube e estabelecer que o ingresso a este clube seja restrito a pessoas com os mesmos gostos, os mesmos objetivos o mesmo comportamento social.

Em recente crônica, Martha Medeiros abordou a questão das pessoas que são facilmente identificáveis como da sua comunidade. São aquelas que ela chama de "minha turma", e que "são as que falam sua língua, enxergam o que você vê, entendem o que você nem verbalizou. São os que acham graça das mesmas coisas, que têm o mesmo repertório. São as que não necessitam de legendas e estão na mesma sintonia e cujo histórico bate com o seu."

E muitas vezes um corpo estranho, e agora sou eu quem quem o diz, é mantido nestes organismo (sua turma) na base de inibidores de rejeição, caracterizados como liminares e sentença judiciais.

Quem discorda desta possibilidade de estabelecimento de turmas,  pensa logo em discriminação racial ou social, mas acontece que a restrição pode ter por meta a manutenção de um certo comportamento. Fico imaginando alguém que comprou uma casa num condomínio privado, de luxo, pensando em ter tranquilidade, segurança e convívio com pessoas educadas , e de repente, não mais que de repente, um pagodeiro ou um jogador de futebol compra a casa vizinha no condomínio. E este pagodeiro resolve promover todo final de semana, uma roda de samba, convidando um monte de sambistas para tocar pagode  e cantar. Ou o jogador convida seus amigos da comunidade onde residia para tomar banho de piscina e promovem a maior algazarra.

Pagodeiros e jogadores de futebol merecem respeito. Devem ter os mesmos direitos porque somo todos iguais.

Mas e aqueles que não gostam de pagode e porque preferem uma vida calma, por vezes até por necessidade (idade, doença) foram morar naquele condomínio que acabou descaracterizado?

Sou contra discriminações (em termos), mas sou também a favor de agrupamentos sociais (em prédios, clubes, etc) de iguais. Pessoas que prefiram ler e discutir literatura, ou prefiram ópera, têm que ter o direito de manter seus guetos.

Lembro que, há muitos anos, tendo comparecido a um coquetel no Clube Harmonia de Tênis, em São Paulo, dos mais fechados e requintados à época (nem sei se ainda existe), ouvi numa roda na qual estavam dois associados que o Silvio Santos estaria pleiteando adquirir um título, e a maioria dos sócios era contra. Por sua origem pobre, de camelô. Dinheiro ele tinha, mas não tinha berço. Já imaginaram o Silvio jogando aviãozinho feito com cédulas de vinte reais em plena festa de réveillon do Harmonia? Quem quer dinheiro?

Os direitos individuais precisam de tutela, mas os desejos e vontades das  coletividades também precisam ser respeitados. E o Judiciário o mais das vezes favorece o individual.