31 de dezembro de 2014

DESAPEGO




Por
Alessandra Tappes











Acho que é esse o significado de mais um ano na vida da gente.

Mais do que fazer uma retrospectiva do ano que passou, fazer o balanço anual das contas, lançar os lucros e perdas, devemos (antes de seguir em frente) olhar atentamente para o que ficou atrás. Fazer uma análise bem detalhada do que passou.

Olhar todos os poros, todos os pontos, todos os planos. Reler cartas antigas, ver velhas fotos. Rir da calça boca de sino, ficar surpresa com as meias soquetes conservada como se fossem peças de museus, guardadas pra primeira filha que nascesse... 

Escutar o primeiro Vinil de Led Zeppelin com algumas faixas arranhadas. Sentir o gosto de café passado pela mãe... Saudosismo sempre presente em qualquer momento passado nosso.

Sinto na pele que pior que contratar uma boa secretária do lar, é fazer a faxina pessoal e descartar numa boa da velha coleção de chaveiros conquistada com muito esmero.

Como fazer? E, a pior pergunta: porque fazer? Será que vai dar mais espaço no roupeiro? Ou descartar vai fazer com que o dia termine bem? Não tenho dúvidas alguma que desapegar no primeiro instante dói sim e muito. Mas dizem por aí que é necessário.

Precisamos de alguns passos para exercitar o desapego. O primeiro passo é CORAGEM. Ter coragem para encarar todas as sombras do passado, abrir um livro e sentir a brisa do mar sem se emocionar, os sons do passado ecoando em todos os cantos da casa, não é nada mole não! Imagina se deparar com a carteirinha de vacinação do filho que já lhe deu netos nos dias de hoje, é emoção ao cubo... Nitroglicerina pura caindo em forma de lágrimas pela face.

“Coragem, às vezes é desapego. É parar de se esticar em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo. Já ouviram isso antes, tenho certeza que sim. E Caio Fernando Abreu não estava errado quando conseguiu descrever realmente o que é o desapego. Essa luta interior constante de se livrar do que passou, do que magoou e também do que um dia foi bom, mas hoje não serve mais, exige muita coragem mesmo.

O segundo passo é a EMOÇÃO. Não existe possibilidade alguma de desapegar sem se emocionar. A emoção talvez seja a ponte que liga o coração e a razão. Vamos do choro ao grito aqui. Para se livrar vale tudo, até xingar em japonês!

Crie seu próprio closet, abra suas portas, liberte suas asas sem se preocupar com o que vão pensar, é o terceiro e não menos importante passo: AMOR PRÓPRIO.

Arriscar mesmo sabe como é? Simplesmente faça a sua vontade prevalecer e que se dane o resto. Parece grosseiro, mas não é! A educação nos diz até como sentar na beira do sofá na casa vizinha, mas porque simplesmente não ficar na porta? Porque não podemos  fazer um café instantâneo ao invés de passar um café fresco e desperdiçar tempo, pó, água, gás? Claro que tudo isso com um belo sorriso no rosto (ou não...)

Que 2015 seja tão importante como foi 1985. Que seja tão surpreendente como foi no ano do ingresso na faculdade. Não melhor que a alegria do ano em que a família se oficializou, o filho nasceu, o cometa Halley cruzou nossos céus. Olhar para o que ficou também é a forma de se desejar que muitas felicidades se repitam. Que sintamos o gosto da gelatina colorida da tia, a lentilha da mãe e a energia da casa cheia de parentes.

Feliz desapego!
Feliz passado sempre presente!!
Feliz futuro tão próximo!!!


30 de dezembro de 2014

Balanço de 2014, previsões e projetos para 2015

Todo final de ano, ou início do outro, a história se repete.

Os assuntos  nos jornais, nas emissoras de rádio e TV, e agora também nos blogs são  sempre os mesmos.

Balanço do ano que encerra; previsões para o ano que se inicia e as promessas, proposições e decisões que todos tomamos em relação ao novo ano.

Meu balanço vem acompanhado de gangorra e escorregador:  quase um parque infantil.

No balanço, fechamos no vermelho, com a manutenção do PT no governo. Na gangorra, o Vasco subiu para a primeira divisão, pela segunda vez em seis anos, e nada assegura que não tornará a cair. Somente o bufão Eurico Miranda jura que não. No escorregador temos s Petrobrás, descendo até não se sabe onde.

No terreno das tragédias do ano que encerrou, coloco duas terríveis: 7X1 para a Alemanha,  e a vitória de Dilma. Danos tremendos, nos dois casos.

Entre as coisas que se repetem,  ano após ano, estão as derrotas do Zico como técnico de futebol. Já correu o mundo como treinador, e não encontrou seu lugar no espaço: Russia, Grécia, Turquia, Catar, India, Uzbequistão, Iraque, Japão. Nem em clubes e nem em seleções. Foi demitido pelo site do clube e por e-mail, em alguns casos, antes do final do contrato.

  
Resultado pífio, de mesmo nível, só o do Roberto “bombinha” como presidente  do Vasco.

Até o jogo beneficente que o Zico promove entre seus amigos e convidados ele conseguiu  perder, por 10X9, num Maracanã com 51.000 pessoas presentes. Vi na televisão.

Bem, vi um pedacinho porque quando percebi que o Leonardo também estava em campo, mudei de canal. Os dois, numa mesma partida, é demais para mim. Meu plano de saúde não dá cobertura.

Nas proposições, promessas para 2015, coloco como prioridade pagar condomínio e plano de saúde; se sobrar algum compro alguma coisa para comer. 

Alimentação saudável, com pouco sal  e  pouca gordura, a bem dizer pouco de tudo (feijão, arroz, carne de segunda, macarrão, etc) porque aposentado não tem como comer muito e bem.

Sim, a saúde física e mental, são primordiais. Juízo para não votar no PT. E pressão arterial sob controle para poder ler jornal e assistir noticiário sem ter infarto ou AVC, tantas serão as falcatruas, mazelas, malfeitos e roubalheiras que serão noticiadas.

Deixar de fumar  já deixei há 33 anos, portanto... Exercícios físicos moderados podem ser incluídos, vamos ver se terei  ânimo e perseverança. Nas caminhadas no calçadão, se não conseguir voltar andando os dois quilômetros, pego um ônibus até minha casa.

Entre as previsões coloco que quatro equipes que disputarão a série “A” do campeonato nacional de futebol serão rebaixadas para a série “B”. Podem me cobrar.

Alguém que nunca morreu vai morrer nos surpreendendo a todos. Esta previsão tem um índice de 95% de confiabilidade e a margem de erro é de dois dias, antes ou depois da data prevista. Foram ouvidos três babalorixás, cinco astrólogos, cinco numerólogos e outros três picaretas, em diferentes pontos do país.

Vai faltar água, ou energia, ou vergonha na cara, ou dinheiro, em algum lugar do planeta, em alguns políticos ou nos bolsos de alguns de nós. 

Nota do editor: corneto o Zico há muito tempo, porque ninguém é bom moço full time como o retratam, e o Leonardo desde a Copa de 1994. (http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2013/04/24/20-anos-apos-cotovelada-de-leonardo-tab-ramos-afirma-sentir-dor-na-cabeca.htm.)

Sorumbático e macambúzio

Sim, significam a mesma coisa. Algo como triste.

Pudera, minha nora Erika fez um quadro de embolia pulmonar, passou o Natal hospitalizada e nos preocupou nos últimos dias. 

A esperança que temos de que ela tenha alta e passe o réveillon em casa é muito grande. Mas temos que ser realistas, melhor dizendo, prudentes e cautelosos, e colocando a plena recuperação, sem riscos, em primeiríssimo lugar, aguardar a avaliação médica, que é feita diariamente, à vista de exames de sangue e doppler dos membros inferiores.

De qualquer forma, em casa ou no hospital, estaremos juntos celebrando o réveillon, e eu e Wanda nosso aniversário de 50 anos de casamento, com um brinde com espumante de boa procedência.

O ano de 2015, espero e confio, será muito positivo para todos os brasileiros. Passaremos por mudanças, transformações que nos tornarão uma sociedade mais ética, mais consciente e politizada.

Se ficarmos livres dos picaretas, dos corruptos e corruptores já será um grande lucro. O resto virá a seu tempo.

29 de dezembro de 2014

ALSÁCIA

Paris efetivamente é uma festa. Hemingway tinha razão.

Musée d'Orsay
A região do rio Loire tem como atrativos mais de 300 chateaux, ou castelos.
 
Chenonceau
A Provence com seus temperos aromáticos e condimentos especiais nos cativa pela culinária e alguns vinhos.

Moustier-Sainte-Marie (Haute Provence)


A Costa Azul, ou Côte d’Azur, a famosa Riviera Francesa é uma das regiões mais valorizadas e caras do mundo, sob o ponto de vista imobiliário.

Côte d'Azur
Mas a Alsácia, que já foi alternadamente domínio alemão e francês, que tem característica  das duas culturas também merece entrar no roteiro futuro de quem gosta de viajar. Já está no meu rol de passeios futuros há muito tempo. Se irei um dia é uma incógnita.


Vê-se no mapa que a região é um corredor de passagem ligando França e Alemanha, por isso em tempos de guerra é estratégica para invasões.


Os vinhos alsacianos, os brancos produzidos a partir das castas Riesling e Pinot Gris são muito apreciados e nesta época do ano, com o calor que enfrentamos no Brasil, muito adequados.

E produz também bons vinhos doces, os chamados vendange tardives, especialmente com a Gewürztraminer.

As imagem que colhi na internet não me deixam mentir. Vejam que belezinha de comunidade esta de Schoenenbourg.


 



28 de dezembro de 2014

Petistas e bolivarianos

As piadas, de modo geral, encerram uma crítica, uma ironia, uma gozação. Muitas vezes uma verdade dita de maneira bem-humorada.

É o caso destas duas abaixo. Não estranhem um cachorro cubano que fala. A Bíblia nos remete a uma serpente que falava, tentou Eva e deu no que deu. Logo, um cachorro que fala não deve causar estranheza. Em Cuba tudo é possível.

Já a outra piada, tem um final que encerra uma verdade inquestionável. Petistas mentem descaradamente. Ou não sabem de nada, mesmo que as coisas tenham ocorrido na sala contígua.

O regionalismo da fala muito me agradou.

Confissão do gaúcho

Um gaúcho entra na Delegacia de Polícia, em Uruguaiana-RS, e dirige-se ao delegado:


“-Vim me entregar, cometi um crime e, desde então, não consigo viver em paz.”
“- Tchê!.....  disse o delegado, as leis aqui são muito brabas e são cumpridas e, se tu és mesmo culpado, não terá apelação, nem dor de consciência, que te livre da cadeia, mas fala...”
“- Atropelei um "petista" na estrada BR-472, perto de Itaqui.”
“- Ora xirú!.... como tu podes te culpar, se esses petistas atravessam as ruas e as estradas a todo tempo?”
“- Mas o vivente estava no acostamento...”
“- Bah!..., se estava no acostamento, é porque queria atravessar; se não fosse tu, seria outro qualquer.”
“- Mas, não tive nem a hombridade de avisar a família daquele coitado......  sou um porqueira!”
“- Bueno!....  se tu tivesses avisado haveria manifestação, repúdio popular, passeata, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente. Acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.”
“- Mas senhor delegado, eu enterrei o coitado ali mesmo, na beira da estrada!!.”
“- Barbaridade!....  tá provado, tu és um grande humanista... enterrar um "petista"... és um benfeitor! 
Outro qualquer, o abandonaria ali mesmo, para ser comido por urubus e outros animais.”
“- Mas.. enquanto eu o enterrava, ele gritava: Estou vivo! Estou vivo!..... ”
“- Garanto que era mentira dele!... Esses "petistas" mentem o tempo todo!...  não vistes  o  mensalão, o petrolão e a campanha eleitoral? Fica tranquilo.

O cachorro cubano

Um cachorro cubano desembarca de um navio em Santos e todos os cachorros do porto se aproximam para ver o estrangeiro.


- E aí, sangue bom, é verdade que vocês não têm pulgas? - pergunta um brasileiro ao cubano.
- É verdade sim. Em Cuba, tem um programa de saúde canina maravilhosos e os cachorros não têm pulgas.
- E você sabe ler?
- Mas é claro, em Cuba todos os cachorros são alfabetizados desde filhotes.
- E comem bem?
- Bem, é muito difícil a carne, mas sempre aparece um osso ou outro...
- Se você estava tão bem em Cuba, por que veio embora?
- É que senti vontade de latir !!!


27 de dezembro de 2014

Todos os petroleiros são venais ou covardes ?

E a resposta a esta indagação deveria comportar uma única e veemente resposta: NÃO!!!

Mas o silêncio, até aqui, dos trabalhadores da Petrobrás, em todos os níveis e departamentos, é inexplicável. Gente, não se trata de ser dedo-duro, trata-se de decência, cidadania.

Concitados pela ex-gerente, senhora Venina, esperava que alguns se manifestassem. E é tão simples, basta formar grupo de quatro ou cinco - não há necessidade de heroísmo individual - e procurar a Polícia Federal, ou o Ministério Público Federal ou a imprensa séria, e relatar o que sabe ou ouviu dizer.

Estes órgãos irão investigar e a imprensa irá repercutir engrossando o coro de vozes que não se conformam com o estado de coisas no país.

Deflorar não é estuprar

Graça Foster, presidente da Petrobrás,  contradizendo a ex-gerente da estatal afirma que esta não foi clara em suas denúncias. Não falou em corrupção.

Dona Graça é muito engraçada. Se ela fosse informada que determinada funcionária foi deflorada não adotaria nenhuma providência, porque não falaram mais claramente que era um caso de estupro.

Não sei se entenderam a sutileza, a saída encontrada pela senhora Foster? Se não forem utilizadas palavras mais contundentes, ela acha que não tem que apurar.

Eufemismo é um recurso literário ou oratório, até mesmo das relações coloquiais que a presidente da petroleira desconhece.

Ela é pouco competente. Dito assim ela não se ofenderá, pois falta clareza.

Vamos analisar o seguinte. A presidente da república disse em alto e bom som que não é caso de demitir a presidente da Petrobrás, que é pessoa de sua confiança.

Ou seja, Dilma Rousseff avalizou Graça Foster. Chamou para si a responsabilidade. Se no curso da apuração ficar claro e comprovado que a ex-gerente diz a verdade, quem terá que responder perante a sociedade, o congresso e o judiciário será Dilma.

Porque Venina Veloso da Fonseca afirmaria que não só enviou e-mails como conversou pessoalmente com Graça Foster sobre comportamentos fora dos padrões na empresa, envolvendo sobrefaturamento e carteis?

Vejamos:

1)   Está magoada com alguma coisa que lhe fizeram na empresa e partiu para o revanchismo;

2)   Foi alijada das benesses das maracutaias e resolveu botar a boca no trombone;

3)   Está emocionalmente desequilibrada e preciasa de tratamento neurológico ou psiquiátrico;

4)   Ela é uma pessoa de sólidos princípios éticos e morais e quer ver a Petrobrás livre de corrupção, para que possa se orgulhar da maior empresa nacional. Ela teria o que ministros do STF deveriam ter por princípio constitucional, ou seja, ilibada conduta.

 Torço pela resposta número  quatro, e quero ver o que dirão Dilma e Lula.

Principalmente Dilma, que diz confiar em Graça Foster e não vê necessidade de afastamento. Repito, está avalizando. Ou, se preferirem, botando a mão no fogo.

Tomara que saia toda queimada.

Caramba! Vai ser literal assim lá em Portugal senhora Graça Foster.


Nota do editor: enquanto isso, nos USA,
http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/cidade-americana-de-providence-entra-com-acao-coletiva-contra-petrobras-graca-foster-nos-eua-14910906

26 de dezembro de 2014

Boxing Day

Já importamos o Halloween e a Black Fryday, porque não adotamos, também, o Boxing Day?

O halloween, ou dia das bruxas, é comemorado no dia 31 de outubro e é uma tradição mantida nos países de língua inglesa, principalmente, e que remonta aos antigos povos celtas.

Nós não falamos inglês (oficialmente) e não temos, que eu saiba, origem celta. Mas acreditamos em bruxas E cada vez mais.


Da mesma forma não comemoramos aqui o dia de Ação de Graças, como fazem os americanos, mas estamos adotando a Black Fryday, que é uma tradição do comércio americano, que no dia seguinte ao citado feriado de Ação de Graças faz vendas com preços promocionais.


O Boxing Day é, na Inglaterra e outros poucos países sob o manto do Reino Unido, como o Canadá, o dia 26 de dezembro, quando o comércio - de novo promoção comercial - liquida as sobras das mercadorias que não foram vendidas no Natal.


Na Inglaterra, neste dia, além da tradição das compras a preços reduzidos, há uma rodada completa da Premier League, o que deve matar de inveja nosso amigo Riva. É uma das tradições britânicas. Enquanto as mulheres vão às compras, os homens bebem cerveja e assistem a uma partida de futebol de seu time do coração.

Eu assisto pelos canais FOX Sports e ESPN.

Todos os estádios lotam. Acho que nunca introduziremos em nossa agenda uma rodada do campeonato brasileiro, neste dia 26 de dezembro, porque exatamente nesta época do ano os jogadores estão de férias. Mas o comércio, que vendeu bem menos do que esperava nesta Natal, neste 2014, poderia fazer uma promoção com queima dos estoques, criando um Boxing Day parcial, limitado às compras.

22 de dezembro de 2014

Cala boca...

Conheço empresas e firmas de menor porte que se recusam a trabalhar para os governos (federal, estadual ou municipal), e para políticos.

Nas relações com governos tem overprice, e com os políticos tem calote. Tem exceções ... nos países baixos.

Já impliquei bastante com Rede Globo aqui no blog, com base em desconfianças e a explícita mudança de orientação político-ideológica, manifestada em editorial de O Globo.

Algumas pessoas me advertem que eles são um empresa comercial e precisam dar lucro. 

Está  bem, mas não precisavam ter vendido a alma.




Espera aí, senhor Reinaldo Azevedo; eu ainda estou esperando meu cheque (quá quá quá quá).

19 de dezembro de 2014

Plantão do blog - vala comum

Publico frequentemente posts comentando  aberrações, excrescências, malfeitos e artifícios escusos do legislativo e do executivo. Mas o judiciário é, também, lamentavelmente, um ente público cheio de artifícios e incógnitas.

Este artigo do professor Marco Antonio Villa, que é de 2011, mas não perdeu a atualidade porque as coisas continuam como eram (só que os valores são mais elevados), deixa à mostra o quanto gastamos na manutenção do 'tribunal do cidadão". Eis o texto:
 
"O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é formado por 33 ministros. Foi criado pela Constituição de 1988. Poucos conhecem ou acompanham sua atuação, pois as atenções nacionais estão concentradas no Supremo Tribunal Federal.
No site oficial está escrito que é o tribunal da cidadania. Será?
Um simples passeio pelo site permite obter algumas informações preocupantes: o tribunal tem 160 veículos, dos quais 112 são automóveis e os restantes 48 são vans, furgões e ônibus. É difícil entender as razões de tantos veículos para um simples tribunal. Mais estranho é o número de funcionários. São 2.741 efetivos.

Muitos, é inegável. Mas o número total é maior ainda. Os terceirizados representam 1.018. Desta forma, um simples tribunal tem 3.759 funcionários, com a média aproximada de mais de uma centena de trabalhadores por ministro! Mesmo assim, em um só contrato, sem licitação, foram destinados quase R$2 milhões para serviço de secretariado.

Não é por falta de recursos que os processos demoram tantos anos para serem julgados. Dinheiro sobra. Em 2010, a dotação orçamentária foi de R$940 milhões. O dinheiro foi mal gasto. Só para comunicação e divulgação institucional foram reservados R$11 milhões, para assistência médica a dotação foi de R$47 milhões e mais 45 milhões de auxílio-alimentação. Os funcionários devem viver com muita sede, pois foram destinados para compra de água mineral R$170 mil. E para reformar uma cozinha foram gastos R$114 mil. Em um acesso digno de Oswaldo Cruz, o STJ consumiu R$225 mil em vacinas. À conservação dos jardins — que, presumo, devem estar muito bem conservados — o tribunal reservou para um simples sistema de irrigação a módica quantia de R$286 mil.

Se o passeio pelos gastos do tribunal é aterrador, muito pior é o cenário quando analisamos a folha de pagamento. O STJ fala em transparência, porém não discrimina o nome dos ministros e funcionários e seus salários. Só é possível saber que um ministro ou um funcionário (sem o respectivo nome) recebeu em certo mês um determinado salário bruto. E só. Mesmo assim, vale muito a pena pesquisar as folhas de pagamento, mesmo que nem todas, deste ano, estejam disponibilizadas. A média salarial é muito alta. Entre centenas de funcionários efetivos é muito difícil encontrar algum que ganhe menos de 5 mil reais.

Mas o que chama principalmente a atenção, além dos salários, são os ganhos eventuais, denominação que o tribunal dá para o abono, indenização e antecipação das férias, a antecipação e a gratificação natalinas, pagamentos retroativos e serviço extraordinário e substituição. Ganhos rendosos. Em março deste ano um ministro recebeu, neste item, 169 mil reais. Infelizmente há outros dois que receberam quase que o triplo: um recebeu R$404 mil; e outro, R$435 mil. Este último, somando o salário e as vantagens pessoais, auferiu quase meio milhão de reais em apenas um mês! Os outros dois foram “menos aquinhoados”, um ficou com R$197 mil e o segundo, com R$432 mil. A situação foi muito mais grave em setembro.

Neste mês, seis ministros receberam salários astronômicos: variando de R$190 mil a R$228 mil.

Os funcionários (assim como os ministros) acrescem ao salário (designado, estranhamente, como “remuneração paradigma”) também as “vantagens eventuais”, além das vantagens pessoais e outros auxílios (sem esquecer as diárias). Assim, não é incomum um funcionário receber R$21 mil, como foi o caso do assessor-chefe CJ-3, do ministro 19, os R$25,8 mil do assessor-chefe CJ-3 do ministro 22, ou, ainda, em setembro, o assessor chefe CJ-3 do desembargador 1 recebeu R$39 mil (seria cômico se não fosse trágico: até parece identificação do seriado “Agente 86”).

Em meio a estes privilégios, o STJ deu outros péssimos exemplos. Em 2010, um ministro, Paulo Medina, foi acusado de vender sentenças judiciais. Foi condenado pelo CNJ. Imaginou-se que seria preso por ter violado a lei sob a proteção do Estado, o que é ignóbil. Não, nada disso. A pena foi a aposentadoria compulsória. Passou a receber R$25 mil. E que pode ser extensiva à viúva como pensão. Em outubro do mesmo ano, o presidente do STJ, Ari Pargendler, foi denunciado pelo estudante Marco Paulo dos Santos. O estudante, estagiário no STJ, estava num a fila de um caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil existente naquele tribunal. Na frente dele estava o presidente do STJ. Pargendler, aos gritos, exigiu que o rapaz ficasse distante dele, quando já estava aguardando, como todos os outros clientes, na fila regulamentar. O presidente daquela Corte avançou em direção ao estudante, arrancou o seu crachá e gritou: “Sou presidente do STJ e você está demitido. Isso aqui acabou para você.” E cumpriu a ameaça. O estudante, que dependia do estágio — recebia R$750 —, foi sumariamente demitido.

Certamente o STJ vai argumentar que todos os gastos e privilégios são legais. E devem ser. Mas são imorais, dignos de uma república bufa. Os ministros deveriam ter vergonha de receber 30, 50 ou até 480 mil reais por mês. Na verdade devem achar que é uma intromissão indevida examinar seus gastos. Muitos, inclusive, podem até usar o seu poder legal para coagir os críticos. Triste Judiciário. Depois de tanta luta para o estabelecimento do estado de direito, acabou confundindo independência com a gastança irresponsável de recursos públicos, e autonomia com prepotência. Deixou de lado a razão da sua existência: fazer justiça."

MARCO ANTONIO VILLA é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos (SP). 


Nota do editor:  texto original do autor, publicado em O Globo, edição de 13.12.11, está em

16 de dezembro de 2014

Plantão do blog

Delegados da PF refutam patrulhamento ideológico.

Sob pressão de políticos e de setores do Congresso, policiais da Lava Jato recebem solidariedade de colegas.




Em meio à intensa pressão de setores do Congresso e do PT, os delegados de Polícia Federal que investigam o esquema de propinas e corrupção que se instalou na Petrobrás receberam manifestação de solidariedade dos colegas. Em nota, a Associação Nacional dos Delegados da PF, principal e mais influente entidade da categoria, reagiu aos sucessivos pedidos de afastamento dos policiais que integram a força tarefa da Operação Lava Jato.

A Associação manifestou apoio total aos delegados da Superintendência Regional da PF no Paraná, base da Lava Jato – investigação que mira pagamentos a partidos políticos via cartel de empreiteiras na Petrobrás. Segundo a entidade, em outubro, os perfis fechados desses delegados no Facebook “foram alvo de vazamento ilegal de parte do conteúdo postado com deturpações para fins de patrulhamento ideológico”.

“A divulgação de mensagens fora de contexto está a serviço de empreitada interessada em desqualificar investigadores e desviar o foco das investigações da operação Lava Jato”, afirma a Associação dos Delegados de Polícia Federal.

Na avaliação da entidade, o vazamento “é mais uma obra de forças que se imaginam intocáveis e resistem às reformas exigidas pela sociedade brasileira, sobretudo no tocante ao fim da impunidade para corruptos e corruptores”.

“Qualquer apuração sobre a conduta desses delegados federais, se mantiver a mesma seriedade técnica das investigações realizadas na operação Lava Jato, sempre chegará à seguinte conclusão: o único vazamento seletivo evidente é aquele que vitimou com maledicências esses dedicados profissionais”, diz a nota da Associação.

O texto é categórico. “A Associação está vigilante para que as disposições sobre a investigação criminal conduzida pelos delegados de Polícia Federal previstas na Lei 12.830 de 2013 sejam integralmente observadas, se for o caso, adotando as medidas judiciais cabíveis.”


Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal
SHIS QI 07 conj. 06 casa 02 - Lago Sul
Brasília/DF - CEP 71.615-260
Central de Atendimentos: 0800.721.2373


Nota do editor: Texto original no website da Associação Nacional dos Delgados da Polícia Federal, em

Plantão do Generalidades...

O plantão do Generalidades Especializadas não pode deixar passar in albis a nota divulgada pelo Superior Tribunal Militar, a propósito da malsinada Comissão da Verdade.



"Nota à imprensa do Superior Tribunal Militar

 

 

O Superior Tribunal Militar vem a público esclarecer equívocos e inverdades constantes do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, divulgado em 10 de dezembro de 2014, relacionados a este ramo especializado do Poder Judiciário.
Na realidade, a Justiça Militar da União (JMU) não “teve papel fundamental na execução de perseguições e punições políticas”, não “institucionalizou punições políticas” e tampouco ampliou, para si mesma, sua competência para o “processamento e julgamento de civis incursos em crimes contra a Segurança Nacional”. Muito menos, foi a “retaguarda judicial [...] para a repressão [...] conivente ou omissa às denúncias de graves violações de direitos humanos”.
Nas recomendações finais, o Relatório sugere a “exclusão de civis da jurisdição da Justiça Militar Federal”, pois consiste, segundo a Comissão, em “verdadeira anomalia que subsiste da ditadura militar”.
O Relatório causa estranheza e o seu posicionamento ofende a base principiológica do Superior Tribunal Militar (STM) e, por extensão, da própria Justiça Militar da União.
Se a Comissão pretendia, no tocante à JMU, elucidar fatos daquela época, não cumpriu o seu mister. Na verdade, os processos constantes dos arquivos desta Corte demonstram exatamente o contrário. O Poder Judiciário só age quando acionado e a JMU, à época dos fatos, assegurou os princípios garantistas e os direitos humanos.
A exemplo da Justiça Eleitoral e da Trabalhista, a Militar é ramo qualificado do Poder Judiciário, competente para o processo e o julgamento de crimes em razão de sua especialidade, e não em face do agente, tudo em consonância com os mandamentos constitucionais. Para clarear incompreensões, esta Justiça é integrada por juízes civis que ingressam na carreira mediante concurso público de provas e títulos, como todos os magistrados. Os indicados para integrar o STM são submetidos à apreciação do Congresso Nacional e, por fim, nomeados pela Presidência da República.
Olvidou o Relatório, ainda, que a Justiça Militar foi criada em 1808, sendo a mais antiga do Brasil, e integra o Poder Judiciário desde a Carta de 1934. Portanto, a Justiça Militar não floresceu no regime militar ou no período analisado pela Comissão.
A Justiça Militar sempre edificou exemplos de independência, coragem, imparcialidade e isenção ao julgar, conforme espelham decisões memoráveis, como a que reformulou a sentença condenatória proferida em desfavor de Luis Carlos Prestes, e, ainda, a que deferiu liminar em Habeas Corpus, exatamente no período em contexto, a qual serviu de precedente para o próprio Supremo Tribunal Federal.
A propósito, a primeira vez que Defensores Públicos atuaram, no Judiciário Brasileiro, foi justamente perante o STM. Vale, ainda, enfatizar os posicionamentos de ilustres juristas e advogados que atuaram junto a este Tribunal, durante aquele período conturbado, como Sobral Pinto, Heleno Fragoso, Evaristo de Moraes e Técio Lins e Silva que atestam a postura independente, transparente e imparcial desta Corte em seus julgados, evidenciando espírito democrático e respeito à dignidade humana.
Nesse sentido, destaca-se o discurso do renomado advogado TÉCIO LINS E SILVA, em 1973, quando da instalação do STM em Brasília:
“[...]os anos se passaram e esta Corte não só se firmou no setor judiciário, como se impôs perante toda a nação como um tribunal de invejável sensibilidade, atento, seguro, digno e sobretudo independente. Os processos trazidos a esta Corte, tantas vezes envolvendo questão política – nos casos de Segurança Nacional - não abalaram, não afastaram sentimento de Justiça e equilíbrio que fez com que este Tribunal merecesse de todo o povo a admiração e o respeito.”
Por fim, entende-se, como inverídicos, injustos e equivocados, os conceitos contidos no relatório da Comissão Nacional da Verdade, a respeito da Justiça Militar da União, cuja atuação tem contribuído à estabilidade pátria desde a sua criação há 206 anos."

Nota do editor: Texto original no  website da STM, em: