28 de fevereiro de 2010

Atualidades XVIII

Agora foi no Chile. De novo centenas de vítimas e grandes perdas materiais. Desde que se originou, o planeta já se transformou várias vezes. O mar já virou sertão e o sertão virou mar, como na música popular.


Grandes massas de gelo se desprendendo na Antártica, geleiras se derretendo no pólo norte alterando o nível dos mares, vulcões, tsunamis, tufões, maremotos, ciclones e outros fenômenos indesejáveis mas incontroláveis, nos levam a imaginar um planeta diferente dentro de poucos anos.

Não conhecia o Haiti, mas conheço o Chile.

Santiago estava relativamente bem prevenida contra este tipo de catástrofe natural. Lembro que no hotel onde me hospedei havia alerta sobre esta possibilidade e recomendações de como proceder. E, ainda, a tranquilizadora informação de que o prédio fora construído com técnica capaz de suportar terremotos.

Entre outras providências que observei, registro aqui a relacionada ao amarramento dos postes, com cabos de aço. Não sei se no interior a mesma providência é adotada. Em Valparaiso, por exemplo, que também conheço, não lembro de ter notado cabos de aço segurando os postes.

Todavia há que considerar que a magnitude de 8.8 graus na escala Richter, até onde leio a respeito, não é qualquer abalozinho tímido não. Trata-se de um grande abalo.

Se ao contrário dos 7, ocorridos no Haiti, o terremoto lá tivesse alcançado os 8.8 graus, não teria restado nada nem ninguém para contar a história.

Seja porque o pais, por sua pobreza, não estava preparado, seja porque o epicentro, no Haiti, ocorreu a 10 km de profundidade, ao contrário do 35 quilômetros do Chile.

                                                                                          - X –

Achei justo, até onde se pode falar de justiça em qualquer julgamento humano, o resultado do desfile das escolas de samba.

Seja quanto a que foi eleita a melhor, quanto àquela reputada pior e por isso rebaixada para o grupo de acesso.

Agora a Acadêmicos do Cubango vai enfretar a Unidos do Viradouro, no mesmo grupo, como nos velhos tempos em que ambas concorriam no desfile em Niterói, alternando-se nas vitórias.

O melhor samba-enredo (Vila Isabel), na minha opinião, perdeu qualidade no desfile. Pena! Aceleraram, como sempre.

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E os índios em Camboinhas, hein!? Quando é que irão perceber que reservas devem ser destinadas aos irracionais, como o mico-leão-dourado.

Índio, a esta altura da civilização brasileira, tem mais é que estudar e trabalhar para prover seu sustento como qualquer cidadão brasileiro.

Cabe ao governo, não reservar terras, que eles não cultivam, mas propiciar instrução e ocupação produtiva.

Afinal são mais de 4 séculos de parasitismo. Que nós saibamos, pois desconhecemos há quantos anos já habitavam estas plagas. Caçar e pescar é tudo que eu queria poder fazer. Nos finais de semana e férias.

25 de fevereiro de 2010

Velhice

Antonio Maria, cronista e boêmio, autor da letra da canção “Ninguém me Ama”, nela colocou os seguintes versos:
“Velhice chegando
e eu chegando ao fim.”

Bem, Antonio Maria morreu de infarto aos 43 anos. Sempre se poderá dizer que o “velhice chegando” era relativo ao personagem da canção, e não a ele próprio. Mas o fato é que, já nos anos cinquenta, as pessoas se achavam velhas antes de completarem 60 anos.

Imaginem na década anterior. Quando eu contava 5 anos de idade, em 1945, a pessoa mais velha de que tenho memória era a minha avó materna (a paterna era um pouco mais velha, mas a materna era mais próxima a mim). Ela deveria ter não mais do que 52 anos de idade. Uma anciã. Para um garoto de 5 anos.

Todo este intróito foi para dizer que completarei 70 anos no próximo dia 21 de abril. E não me considero velho.

Hígido e em plena atividade, surgiram (e surgirão mais) algumas limitações naturais, mas até agora absolutamente contornáveis.

Desde há muito já não corro no calçadão. Agora cominho, lentamente. Subir a Estrada Fróes, de um lado, ou o morro da Boa Viagem, até o MAC, do outro, já se tornou tarefa cansativa. Faço, eventualmente, ofegando.

As benesses, tais como pagar metade do preço dos ingressos nas casas e salas de entretenimento; não pagar passagem de ônibus; ter direito a fila diferenciada nos bancos, nada disso compensa a perda gradativa da memória, da visão, do vigor sexual e coisas menores que não vale a pena comentar.

Os netos não substituem os filhos. É diferente. O amor pode ser o mesmo, mas você não põe o espeque, entende?

Mas entendo porque o conselho do Nelson Rodrigues aos jovens era para que envelhecessem. No mais das vezes a impetuosidade, o desassombro, o desapego, não contribuem para boa formação de um ser humano.

É legal completar 70 anos e, olhando para trás, ver o que foi construído.

Pardais

Os pardais estão em extinção. Claramente. Quem primeiro alertou, que eu tenha ciência, foi o João Ubaldo Ribeiro, em sua coluna dominical, já há alguns poucos anos. Estamos falando do pardal ave, plenamente adaptado às condições urbanas, verdadeira praga, cuja população se multiplicava em espantosa progressão, inobstante todas as condições adversas. Se prestarem atenção, irão constatar que já são raros os indivíduos desta espécie, pelo menos em Niterói.

Em seu lugar, de porte maior, e isto deve exlicar em parte o fenômeno, entram os bem-te-vis. Não que eu esteja insinuando que os bem-te-vis estão expulsando os pardais na base do embate físico, na medida em que estes têm menor porte. Até poderia ser, posto que aqueles são pássaros agressivos. Mas acho que é sobretudo pelo apetite voraz, que deixa pouca alimentação para a concorrência, que os bem-te-vis estão tomando o lugar dos pardais.

Outra espécie de ave urbana que vem tendo que modificar seus hábitos é a dos pombos. Mas com relação aos pombos está acontecendo um fenômeno interessante. Eles certamente irão se transformar em aves marinhas, pelo menos os que vivem em cidades litorâneas, como Niterói. Não levará muito tempo, quem sabe um século, e os pombos estarão disputando com as garças alimentação proveniente do mar. Sejam pequenos peixes e moluscos, sejam os detritos trazidos pelas marés e despejados nas praias.

Imagino que a concientização das pessoas fez com que estas resolvessem não mais alimentar os pombos, responsáveis que são pela sujeira de monumentos públicos, pelo emporcalhamento dos peitoris de janelas dos prédios e cúpulas das igrejas. Além, dizem, de serem transmissores de doenças. Hoje a imagem do pombo é a de que se trata de um rato ao qual faltam as asas.

O fato é que atualmente poucas pessoas vêem o pombo como a ave da paz, inofensiva, mansa e sociável, que vinha comer em nossas mãos, fazendo a legria de crianças e adultos. Aquela imagem da Praça de São Marcos, em Veneza, que todos conhecem, nem que seja através da tela de cinema, virou coisa politicamente incorreta.

Volto ao mar, que vejo como fonte futura de alimentação dos pombos, e me fixo por enquanto na praia.

Quem jamais percebera a presença de pombos nas areias de Icarai? Ninguém. Eles eram vistos nas sacadas dos prédios, ou na fiação. Eram, sim, presença constante em todas as praças ou grandes espaços públicos. Não se aventuravam, sequer, a ciscar na areia, ali mesmo junto ao calçadão e longe do mar. Mas foi exatamente por aí que eles começaram. Inicialmente uns poucos, na areia fofa. Entretanto agora tenho visto uma enorme presença deles, mais de uma centena, recuando no avanço da maré, em pequenos saltos que não chegam a vôos, mas voltando a buscar alimentos deixados no refluxo das ondas, esgaravatando onde fica aquela areia molhada. Já não se assustam nem com o ruído e nem mesmo fogem assustados com o avanço do mar. Simplesmente se afastam com naturalidade.

Estão sendo obrigados a esta adaptação porque já não têm o miolo de pão atirado e tampouco a quirera que lhe era oferecido na palma da mão estendida.

Não verei os pombos apenas como aves marinhas, mas quem viver verá.

22 de fevereiro de 2010

Salvador - BA

São passados muitos anos. Início dos anos setenta. Morava em São Paulo. Decidi conhecer Salvador. Férias. Meu carro era uma Brasília (sem risos, por favor). Pelo menos era nova. A revisão dos dez mil quilômetros foi feita lá em Salvador.

Optamos fazer o trajeto pela BR 101, pela possibilidade de dar uma entrada em Porto Seguro.

Bem, o plano era fazer a viagem em etapas. Por causa do cansaço e para não viajar à noite. Afinal seriam cerca de 1700 km até lá, contados desde São Paulo.

Primeira etapa, parada em Niterói, por dois dias. Aqui deixei o filho mais velho, Jorge, com minha mãe. Segunda etapa, Niterói-Cachoeiro de Itapemirim - ES, onde residiam meus sogros. Lá, com eles, ficou o Ricardo, meu outro filho.

Terceira etapa: Cachoeiro-Eunápolis, já no sul da Bahia. Já havíamos passado por São Mateus e Linhares, no Espírito Santo, onde almoçamos.

Quarta e última etapa: Eunápolis-Salvador. Dormimos em um motel, em Eunápolis, região cacaueira do sul da Bahia.

Primeiro problema, em Salvador. Onde iríamos nos hospedar. Não tínhamos feito reservas. Indaga daqui, especula dali, alguém falou: tentem o Retiro de São Francisco, lá em Brotas. Brotas é um bairro alto da cidade.

Melhor sugestão impossível. As freiras tinham, sim, acomodações disponíveis. Era uma época do ano em que muitas das irmãs estavam fora, e a irmandade aproveitava para faturar um dinheirinho hospedando turistas. A preços muito módicos.

Tudo muito simples. O quarto era pequeno e pobremente mobiliado. Na verdade um armário, uma cama e uma cadeira. As roupas de cama feitas de tecido rústico, entretanto, cheiravam bem. Cheiravam a limpeza.

As regras eram simples. Entrada até às vinte e duas horas. Em respeito ao silêncio e ao retiro das irmãs. O convento era bonito em sua simplicidade. Um jardim central, bem cuidado, com araras em viveiros.

Do refeitório avistava-se o jardim. O café matinal, incluído no preço da diária, servido a partir da seis horas da manhã, era composto de café com leite, pão, manteiga e biscoitos. Só. Afinal era a refeição normal das moradoras.

A cidade era (não sei como está agora) muito acolhedora. A comida (experimentamos todos os pratos típicos mais comuns) variada, bem temperada e por isso cheirosa. Meu prato predileto, até então, da cozinha baiana, era o vatapá. Mas depois que comi um siri catado no Mercado Modelo, no restaurante Maria de São Pedro, me apaixonei pela moqueca (pronuncia-se muqueca). Só comi parecida no Camafeu de Oxóssi, outro restaurante também localizado no mesmo mercado. E aí já era moqueca de siri mole.

Farol da Barra, praia vermelha, lagoa do Abaeté, feira de Água de Meninos, o já citado Mercado Modelo, em sua versão número dois, pois o primeiro havia incendiado, elevador Lacerda, enfim, fizemos todo o tour padrão da época.

Não posso esquecer que Martha Vasconcellos, Miss Bahia, fora eleita Miss Brasil e, quando chegamos à cidade, já havia sido eleita Miss Universo. Imaginem o orgulho baiano.

A feira de Água de Meninos era uma zorra total. Saveiros e outros barcos maiores e menores ancorados na enseada, aquele trecho de mangue com o piso negro e grudento. Papagaios gritando, micos fazendo algazarra, todos encarcerados e a venda. Frutas, legumes, temperos, uma festa de cores, cheiros e sabores. Peixes e frutos do mar. Naquela feira se vendia e se comprava “de um tudo”.

Em Salvador se caminha sobre a história. Todas aquelas ladeiras, sejam as da Conceição e da Preguiça, sejam as da Misericórdia, da Barroquinha, e outras tantas mais (eram, ou são, mais de cem), têm história. Pelourinho, onde com pequena gratificação pude tirar fotos ladeado por duas baianas paramentadas, à caráter, com tabuleiro na cabeça e tudo o mais. As praças Castro Alves e da Sé. As baianas nas esquinas, com seus acarajés. O Mercado Modelo e todas as barracas de artesanato, de figas, santos, colares, atabaques, berimbaus, fitas coloridas. A igreja de São Francisco, toda dourada, onde por um óbolo modesto acendiam as luzes para que fosse melhor apreciado o dourado das paredes e altar. E a igreja do Bonfim? As escadas, com menos degraus do que eu supunha, as barracas no entorno, vendendo fitinhas e imagens. Sim, compramos fitinhas um para o outro. Consta que não adianta o próprio comprar. Não dá a sorte almejada.

Se você é metido a besta, a refinado, escolha outro lugar para visitar. Não que a cidade, pelo que se sabe, não tenha como receber chics, elegantes e celebridades, mas é porque o bom de Salvador é o popular.


N.A: com todas as ressalvas, tendo em vista que esta viagem foi há trinta e sete anos e o tempo tudo modifica. Até a memória.

19 de fevereiro de 2010

Antiguidades III

Quando falei de pássaros silvestres, em Atualidades XVII, deixei de mencionar que durante muito tempo, diariamente, dava banho em beija-flor. A primeira vez foi puro acaso. Eu molhava o jardim, mantendo o esguicho da mangueira bem fininho, como se fora uma garoa. Tentava alcançar toda a copa de uma conífera (árvore de natal), ele apareceu e se manteve parado no ar, apenas as asas em movimento*, debaixo do chuveirinho que a mangueira fazia. Mantive-a na posição em que estava, e ele lá ficou por um bom tempo.

No dia seguinte, por volta das dezessete e trinta, horário em que eu normalmente fazia a rega, quando o sol já estava mais ameno, ele tornou a aparecer, indo ao bebedouro que eu mantinha com água adocicada. Aproveitei e direcionei o jato d’água para ele. Foi aquela festa. E assim foi durante alguns dias. Ele chegava e procurava o chuveirinho. Até que ele não mais apareceu para o banho diário. E também não apareceu mais para beber água. O bebedouro foi, então, monopolizado pelos sebinhos, que somente podiam desfrutar da água quando o baija-flor não estava por perto. O beija-flor era muito agressivo e voava como uma flecha em direção ao pobrezinho do sebinho.

O sebinho, é óbvio, ao contrário do beija-flor, precisava pousar sobre uma das flores que adornavam o bebedouro, para poder beber água. Era estranho pois ele - sebinho – pousava na parte superior da flor plástica, e meio de cabeça para baixo, sorvia a água no miolo. Era do miolo das flores plásticas ao redor do bebedouro, que era possível ao beija-flor beber água. Sem pousar.

Bem, um belo dia o beija-flor voltou. E mais tarde outros vieram. Alguns com coloridos diferentes. Mas apenas para os bebedouros que eu mantinha no jardim.

A casa onde morei ficava em São José de Imbassaí, no município de Maricá, no Rio de Janeiro.

Outros pássaros frequentavam o quintal da casa. Havia muita cambaxirra, ave sem vergonha que faz ninho em qualquer lugar. Qualquer fresta de muro ou embaixo de telhado. E os bem-te-vis, que faziam estardalhaço logo cedo. Foram eles – os bem-te-vis - a meu ver, que acabaram com os pardais, que eram a maior população de aves urbanas.

Havia, episodicamente, o anú branco, um predador de cauda grande, que lhe conferia um porte grande, embora fosse bem menor do que um gavião. O anú rastreava os ninhos nas árvores, em busca dos ovinhos.

No mais, era canário-da-terra, papa-capim, tiziu, e um sanhaço, que habitava a mangueira.

No meio da mata, nos morros próximos, ainda era possível encontrar pica-pau, chupim, e até cardeal, um pássaro bonito que ostenta uma crista vermelha. Daí seu nome, pois a crista lembra o barrete cardinalício.

O chupim, para quem não lembra, é aquele pássaro cujas fêmeas põem os ovos nos ninhos dos tico-ticos, para que estes os choquem. Daí que podemos chamar de chupim ao indivíduo que vive as custas dos outros. Seja o funcionário que não trabalha sobrecarregando o colega, seja o filho adulto e saudável que continua vivendo as expensas dos pais, seja o genro que depende do sogro para manter a família, e outras situações análogas. Eu uso muito para qualificar o inadimplente, que por não pagar as cotas condominiais onera os demais comunheiros.

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Eu sabia, e ainda sei (penso), fazer cafifas e pipas, embora não as faça há meio século. Em Niterói as cafifas eram mais comuns. Mas no Rio de janeiro, lá pelos lados do Andaraí, Grajaú e Vila Izabel, onde moravam quase todas as minhas tias (irmãs de minha mãe), as pipas eram mais populares. Estas, feitas com a flecha utilizada nos foguetões (extremamente leves) eram hexagonais e maiores do que as cafifas. Estas outras, porem, eram inigualáveis no quesito movimento.

Na bola-de-gude, sou capaz de desafiar qualquer um, embora não jogue com estas bolinhas de vidro colorido desde priscas eras.

Perco no futebol virtual, que exige muita habilidade manual e raciocínio rápido. Destreza no manejo de botões e reflexo que já não tenho. Mas no futebol de botões, em mesa, não faria vergonha.

Estas eram nossas diversões. Nos finais de tarde, antes da janta, ou logo depois desta, no início da noite, brincava-se de pique, de carniça, de chicote queimado, de ciranda, de amarelinha e de pêra, uva ou maçã.

Bons tempos? Tão bons quanto os atuais. Apenas diferentes.

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Vou para minha décima sexta copa do mundo de futebol. Logo, não acompanhei apenas três delas (1930, 1934 e 1938)**. A primeira que pude acompanhar, em 1950, quando contava dez anos de idade, foi ao vivo, presente no estádio do Maracanã. Apenas um jogo, pelas semi-finais, contra a Espanha. Levado por meu pai e um amigo dele, de nome Américo, com quem ele revezava me colocar nos ombros. Ganhamos de seis. Coitado do Ramalhets, goleiro espanhol. A torcida presente entoava uma marchinha da época, chamada Touradas em Madrid, que tinha um refrão forte: eu fui às touradas em Madrid, pararátimbúm, búm búm, pararátimbúm, búm, búmbúm, e quase não volto mais aquiií, para ver Ceciií, beijar Peri, etc. Era um coral de cerca de duzentas mil vozes.

Nosso ataque era fenomenal: Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Três destes jogadores pertenciam ao Vasco: Friaça, Ademir e Chico***.

O estádio estava inteiramente tomado, era muita agente e ninguém pode assistir sentado. Eu, menino, só via alguma coisa quando estava no ombro de meu pai ou do amigo dele.

No jogo seguinte, que seria o final (de triste lembrança) papai desistiu de ir, sob considerar que se foi aquele sufoco na semi-final no jogo decisivo o público e as dificuldades seriam maiores.

Por vias transversas fomos poupados da tristeza.

As demais copas ou foram acompanhadas pelo rádio, até a de 1966, ou pela televisão, a partir de 1970.                                                                                  

* são noventa batidas de asas por segundo, não é isso? Há controvérsias.

** entre 1938 e 1950 a copa do mundo de futebol não foi disputada, em virtude da segunda guerra mundial.

*** O Vasco da Gama, campeão carioca invicto de 1949, tendo vencido o Botafogo em São Januário por 2 X 0, contando no time com Barbosa, Augusto, Heleno de Freitas, Danilo, Wilson, Alfredo, Ipojucan, Ademir, Maneca e Chico, base da seleção vitoriosa no Sul-Americano do ano findo e, naquele momento, o melhor time do Brasil, teve convocados nove jogadores: Barbosa, Augusto, Eli, Danilo (o “Príncipe”), Friaça, Alfredo, Maneca, Ademir e Chico. Os vascainos ainda ficaram de cara feia pela não convocação de Ipojucan, ídolo do time. O Flamengo cedeu Juvenal, Bigode e Zizinho. O Fluminense, Castilho e Rodrigues. Do Botafogo, somente Nilton Santos fora lembrado (foi reserva do Bigode)

12 de fevereiro de 2010

Atualidades XVII

Agradeço a Erika pelo respeito a minha dor. Ela não tripudiou, como poderia, em razão dos resultados dos jogos Arsenal e Chelsea. Foi massacrante. No primeiro turno, vitória dos blues pelo placar de 3 a zero. No segundo turno, em partida jogada no último domingo, nova vitória do Chelsea sobre os gunners, desta feita por 2 a zero. Logo, 5 a zero nos dois jogos. Grande responsável, senão o principal por estes resultados, o artilheiro Drogba é marfinense e vai enfrentar o Brasil na copa. Abre o olho, Dunga, que o cara é fera mesmo.

                                                                            - X –

Meus netos são feras no computador, PlayStation e outras traquitanas do gênero. Mas, lamentavelmente, certamente não distinguem um pardal de um urubu (exagero!)

O que quero dizer é que, diferentemente deles, desde cedo me acostumei com as aves de nossa fauna, conhecendo-as e identificando-as com facilidade.

Isto se deve a dois fatores, relacionados entre sí.  Não havia, há sessenta anos (vou completar setenta, gente) consciência ecológica e, por isso, todo mundo mantinha aves em cativeiro.

Meu padrinho – João - tinha em casa um grande viveiro, nos quais criava (encarcerava seria a palavra) pássaros, digamos, de porte maior: azulão, galos-da-serra e da campina, sanhaço, trinca-ferro e outros. Nas gaiolas, cabloquinho, coleiro, avinhado, pintassilgo e outros, porque cantadores.

Meu tio João (mera coincidência de nomes) , irmão de meu pai, também criava pássaros silvestres: canário-da-terra, pinchanchão (acho que estão extintos, será?), coleiro, sabiás (várias espécies), curió, e vários outros.

Além disso, dos três aos oito ou nove anos, fui visinho de um investigador de polícia, conhecido por Carioca, que mantinha em cativeiro (afinal era policial) muitos pássaros, tais como currupião, graúna, melro e até araponga.

Ora, nós morávamos nas fraldas de um morro, povoado - naquela época ainda era possível - por inúmeros pássaros, como bem-te-vi, tiziu, gaturamo, bico-de-lacre (estes sempre em ruidosos bandos), além, claro, do indefectível pardal e das rolinhas.

Está visto que minha infância foi muito diferente da que têm meus netos. Em tudo e por tudo. Se eles não jogaram bola-de-gude (na rua de terra), se não empinaram pipas coloridas, se não rodaram pião, se meu neto não jogou pelada de rua (Rua São Diogo, na Ponta D’Areia), em contrapartida já foram mais de uma vez a Orlando (onde estão neste exato momento) – na Disney – e têm armários abarrotados dos mais diferentes jogos e brinquedos. Além, claro, de Internet,  iPod e celular com câmera fotográfica.
Eu sou feliz e tenho gratas recordações da infância que tive, mas estou seguro que eles também são com a vida que levam.

9 de fevereiro de 2010

Atualidades XVI

Está nos jornais. São locais que me trazem recordações boas.
Enquanto em Paris a loja de departamentos Le Printemps está toda reformada, aqui no Rio de Janeiro o restaurante Albamar também está em fase final de uma grande reforma.

Ambos são estabelecimentos tradicionalíssimos.

O Albamar fica na única torre preservada, do antigo Mercado Municipal , na Praça XV .Eram quatro originariamente. O restaurante fica no último andar do prédio (3º) e tem uma vista privilegiada da baía da Guanabara.

Foi lá que, meu pai ainda vivo e extrapolando o orçamento mensal, comi filé de badejo com molho de camarão pela primeira vez na minha vida. Ele se permitiu o luxo de tomar um vinho branco português cujo nome jamais esqueci, chamado Grandjó. Hoje sei que este vinho não é lá nenhuma Brastemp, mas na época eu imaginei que seria muito bom.

Voltei anos depois, e já com recursos próprios, para jantar com alguns colegas de trabalho da Cia Fiat Lux. Eu deixava a empresa após dez anos, para mudar para São Paulo. Foi um jantar de despedida. O coquetel de camarão, em 1972, era o máximo.

Quanto a Le Printemps, conheci decadente. Mas nobre. A Galeries Lafayettes era mais popular, menos sofisticada quando a conheci.

Conheci, também, a Harrods, em Londres, a KaDeWe, em Berlim e a El Corte Inglés, em Madrid e também em Lisboa. Sorry periferia (licença Ibrahim).

Vale lembrar que no Rio de Janeiro tivemos uma loja da Sears, em Botafogo, e uma da Mesbla (na Cinelândia) que não faziam feio.

                                                                           - X –

Vou dar aos marmanjos que eventualmente estejam lendo, duas razões para que não percam os torneios femininos de tênis: Ana Ivanovic (sérvia) e Maria Sharapova (russa).

No passado mais remoto, a musa das quadras era a argentina Gabriela Sabatini, que povoa minha memória olfativa. Através de sua linha de perfumes, claro.

                                                                          - X -

Bem, vocês viram que agora qualquer um (como eu) pode viajar para a Europa. É a classe “C” com suas legiões conquistando o mundo.

Falta, agora, dar uma melhorada no nível de conhecimento dos emergentes, pra evitar coisas como este comentário ouvido durante um vôo Paris-Rio, por alguém que o remeteu para a Revista O Globo: “Agora eu quero conhecer a Goiânia Francesa”.

                                                                          - X -

Estão chegando as novas cédulas do real, inspiradas no modelo do euro.

Tamanhos diferentes e com novos itens de segurança. A cédula mais bonita que tive em mãos foi a de 500 euros. Em 2006. Um sério problema para utiliza-la. Tive que ir a uma casa de câmbio, em Berlim, onde consegui trocar por dez de cinquenta. Era mais fácil do que ir a um banco. Nas casas de câmbio é mais fácil encontrar quem  fale inglês.

                                                                         - X –

Quero que me apontem qualquer coisa mais inútil do que as agências reguladoras: ANEEL, ANS, ANAC, ANATEL e outras que tais.

E nem se pode imputar ao Lula esta maldição que sangra os cofres públicos sem qualquer benefício para a sociedade. São cabides de emprego, com remuneração polpuda e uma estabilidade temporária. Sem contar algumas possibilidades, como direi... (cala-te boca). Coisa para privilegiados. 

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Estamos menos xenófobos, felizmente. No campo dos esportes olímpicos já tínhamos no Brasil técnicos de várias nacionalidades: cubanos, ucranianos, hungaros, etc.

Agora estamos importando até argentino, acreditem! O técnico da seleção masculina de basquete é o portenho Rubén Magnano.

Sem contar que o govenador cogitou contratar Rudolph Giuliani (ex-prefeito de NY, para assuntos de segurança) e agora o Tony Blair (ex-premier inglês, para assuntos relacionados às Olimpíadas). Bem, a iniciativa é do governador, mas o prefeito é quem vai pagar.

7 de fevereiro de 2010

Atualidades XV

Coca-Cola agora é produto alimentício. Na versão Light plus, vem enriquecida com vitaminas e minerais. Isto é que é!
                                                                         
                                                                            - x –

Quando abandonou o futebol, Zico entregou suas chuteiras, em solenidade no meio do gramado do Maracanã, ao jovem talentoso Pintinho, que jogava nas divisões de base do Flamengo. Seria seu herdeiro e sucessor. Você ouviu, depois disto, alguma vez, falar do Pintinho? Não, você está equivocado, este Pintinho que você está lembrando, é o Carlos Alberto, que apareceu no Fluminense e jogou depois em ouros clubes, inclusive no meu Vasco.

Este Pintinho de quem falo, promissor jogador, artilheiro nos juniores, depois que foi apadrinhado pelo Zico, e ganhou dele as chuteiras, sumiu na poeira. Não estou insinuando nada, mas é melhor bater três vezes na madeira quando ele estiver por perto. Quando eu implico, implico mesmo...

                                                                            - x –

Tiger Woods é o melhor golfista de todos os tempos. Consegue, frequentemente, hole in one, eagle e birdie* em lindas tacadas. Sou expectador bissexto do esporte, via canais ESPN, menos porque o pratique ou saiba jogar, mas principalmente por causa dos campos gramados nos quais são realizadas as maiores competições internacionais. São lindos, espetaculares. Extremamente bem cuidados. Belo visual.

Mas não é do esporte que quero falar e sim do melhor jogador de todos os tempos, que já ultrapassou a barreira do bilhão de dólares em prêmios: Tiger Woods.

Li que ele está internado para se curar de uma doença. Ele é viciado em sexo. E foi apanhado pela mulher num caso extraconjugal. Como a mulher conseguiu comprovar a traição é uma história interessante, mas não cabe aqui conta-la.

O que quero abordar porque me causou muito espanto, é que ao contrário do que imaginei inicialmente, ele não é casado com uma baranga, uma mocréia, um bagulhão qualquer. A mulher dele - Elin Nordegren - cujas fotos estão na internet e estampam as páginas dos jornais, é uma sueca linda, ex-modelo, de causar emoção.

Me fez lembrar de um personagem chamado Padilha, de um dos programas humorísticos do Jô Soares, que era casado com uma mulher deslumbrante, atraente até a medula, e ficava de papo com amigos pelos bares. Era aí que o personagem do Jô dizia: vai p’ra casa Padilha!

Pois bem, o Woods bem que poderia ser viciado em sexo, mas saciar seu vício com a própria mulher que tem atrativos e equipagem suficientes. Variedade nem sempre satisfaz neste particular. Nem sempre, eu disse.

* http://pt.wikipedia.org/wiki/Golfe






5 de fevereiro de 2010

Deus, uma grande invenção.

Não é possível titubear quando a pergunta for, qual a maior invenção do homem? Só pode ser uma: DEUS.

A criação de "deus" foi uma brilhante resposta do homem, bem a altura do enigma indecifrável que lhe colocaram, que é o da criação do universo. Deus sempre será uma solução cômoda. Ou verdadeira, “só deus sabe”.

Tal idéia (censurável, admito), me ocorreu ao ler, estampado no vidro traseiro do automóvel, num indefectível plástico adesivo, em letras garrafais: DEUS É FIEL! Fiquei matutando se poderia haver um deus que fosse infiel e se seria necessário aquele marketing. Eu e meus botões, com os quais dialogo nessas ocasiões, chegamos a conclusão de que é oportuna esta campanha de melhoria da imagem do deus da vez.

Com efeito, desde tempos imemoriais fomos levados a temer a deuses de ocasião. E todos com procedimentos reprováveis. E o atual, quase uma unanimidade, também carece de propaganda institucional. Afinal, desde que ele mutilou Adão, extraindo-lhe uma costela, para dar vida a Eva, ficou meio que no ar um certo receio de canibalismo, tal como ocorre com aviões. Tiram-se peças dos que estão em piores condições, para fazer substituição naqueles que ainda têm alguma condição de voar. Não sei se por falta de peça sobressalente, ou se por economia de mão-de-obra, o fato é que o criador resolveu não fazer um novo ser humano integral, partindo do projeto.

Alguns deuses da antigüidade* clássica foram extremamente infiéis. Júpiter, o mais importante deles para os romanos, além das sete mulheres com as quais casou, protagonizou inúmeros casos de adultério, inclusive com pobres mortais, que lhe deram filhos bastardos. Alguns famosos. Mais infiel impossível. Nem se fale do incesto, porque aí ele passou dos limites. Aliás, em matéria de escrúpulos, o Jupiter não tinha nenhum. Tramou contra o pai e, juntamente com seus irmãos, tirou-o do trono, expulsando-o da sociedade dos deuses, após impingir-lhe cruéis torturas.

As relações de deuses com mortais não ficaram restritas aos tempos dos gregos e romanos, descritas na mitologia. O nascimentos de Jesus, filho de Maria, é uma história mal contada. Sei não, José deveria ter sido ouvido nesta história.

Bem, deixar o filho desamparado na cruz, a ponto do próprio se queixar, em termos lamurientos, “pai, porque me abandonaste”, não foi, convenhamos, um ato muito louvável e exemplo de amor e lealdade.

Nem se pense que o sol e a lua só foram adorados, como deuses, por alguns povos indígenas. Não, desde o mundo antigo, com o nome de Hélios, o sol já tinha seus adoradores entre os gregos, com templo, e até uma cidade lhe foi consagrada no Egito. O sol e a lua não têm em seu curriculum qualquer procedimento desabonador, embora não se possa atribuir a eles total lisura. Nunca se sabe o que fazem quando ocultos, nos eclipses, tanto um quanto o outro. E a cidade de São Paulo sempre foi discriminada pelo sol, que por lá aparece uma vez ou outra, e olhe lá.

Voltando a campanha institucional (Deus é Fiel), admitamos que ela é válida e oportuna. “Deus permita” que não seja enganosa, pois há uma legião de crentes esperando pelo milagre de que o ser humano, idéia e criação dele, resulte numa obra boa. Até agora foi um fracasso.

Nota do autor: Este texto é de agosto de 2004. A republicação comprova que perdi, por inteiro, qualquer vergonha em relação aos meus escritos.
Cumpre informar que nos dias que correm, mais precisamente há 44 dias, contínuos, a cidade de São Paulo vem sendo assolada por chuvas incessantes que têm provocado muita destruição e fazendo vítimas humanas. Em compensação, no Rio de Janeriro, o astro rei - o sol - deus ou não, vem brilhando intensamente e pruduzindo calor no limite do suportável. Ontem, sensação térmica de 48 graus.

* Quando foi escrito ainda se usava o trema. Esta edição não foi revisada.

1 de fevereiro de 2010

Atualidades XIV

O foca amestrado (Robinho) está de volta ao Brasil e ao Santos. Azar de quem?

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O jogo de ontem, entre Arsenal e Manchester United (1 x 3 ), foi transmitido, em caráter experimental, em 3D, em seis pubs (quatro em Londres) na Inglaterra. O resultado, pelo noticiado na imprensa, não foi dos melhores. Consta que efetivamente alguns letreiros com informações sobre a partida, pareciam flutuar na frente da imagem do jogo que se desenrolava ao fundo. Na visão da câmera atrás do goal, alguns jogadores apareceram em outra “dimensão”.

Mas ninguém se abaixou com medo de ser acertado pela bola, e tampouco correram para abraçar os autores dos goals.

A tecnologia promete, não é não!?

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Esperança no ar. O samba de enredo da Vila Isabel, este ano, é de autoria do Martinho da Vila. Quem sabe teremos de volta os sambas com andamento de samba, e não de marchinha. Estou farto daqueles sambas com batida corrida, com andamento inteiramente diferente daquele que seria o ideal para um desfile. Como os grandes do passado, alguns assinados pelo próprio Martinho. Ou como “Memórias de um sargento de milícias”, do Paulinho da Viola. Grande samba, grande enredo.

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Em maio haverá troca de bastão no Supremo Tribunal Federal. Deixa a presidência o ministro Gilmar Mendes, e assume o ministro Cezar Beluso.

Embora mais ou menos afinados nos aspectos jurídico-doutrinários, discrepam com relação ao perfil de comportamento social.

O ministro Peluso é low profile, bem perto do estilo dos membros da suprema corte americana (Supreme Court of the United States). Alguém sabe o nome de ulgum dos Juizes (chamados de Justices) daquela corte? Já leram pronunciamentos públicos de algum deles. Pois é. O cargo tem uma liturgia que há de ser respeitada. Lá são 9 os Justices, aqui temos 11 Ministros.

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Já comentei neste blog que há uma expectativa de que Woody Allen venha rodar um filme no e sobre o Rio de Janeiro. Em princípio seria em 2011. Ocorre que, até lá, teremos que nos contentar com um seriado criado e dirigido por Scott Steindorff, que fez a série “Las Vegas”.

Já tem um piloto rodado, que se chama “Rio!” e agora falta negociar a venda do seriado para emissoras de TV nos USA e no Brasil.

A estrela do naipe feminino se chama Rúbria Negrão (?). Eu não conheço. O protagonista masculino é Jason Lewis, que sei de quem se trata, pois ele se deu bem no seriado “Sex and the city”, como namorado da Samantha.