29 de janeiro de 2011

Mudando de assunto

Tenho abordado aqui, ultimamente, um mesmo assunto, o que afasta o blog de sua essência, de seu conceito original de tratar de generalidades.

Deixarei o jazz confinado no espaço que ocupa no PÊÉFE, e hoje tratarei de política. Melhor, de justiça.

Nunca fui de esquerda ou de direita. Fui e sou, assumidamente, pelo direito, que tanto pode ser num dado momento uma posição de esquerda, quanto em outro de direita.

Nesta linha, acho absurda a posição do governo brasileiro de dar abrigo político ao tal de Cesare Battisti, bandido vulgar, assassino covarde, rejeitado até mesmo por antigos militantes do movimento ao qual  alega ter pertencido.

No seio da família, ouço uma voz discordante, de meu filho Jorge, que entende que ele, pelas informações disponíveis, teria sido julgado à revelia e que na verdade estaríamos diante de um clássico caso de perseguição política.

Em que pesem os argumentos do brilhante advogado Luis Roberto Barroso*, a quem meu filho citado conhece de perto, respeita e admira (eu também o respeito), para mim é um tremendo desrespeito com o sistema judiciário italiano, achar que ele (o Judiciário italiano), não é independente, sério e eficiente, capaz de julgar com isenção.

Ora, se foi julgado e condenado lá, colhidas todas as provas, como assassino comum, como é possível ao governo brasileiro, ou mesmo ao nosso STF,  entender diferentemente, não tendo conhecimento das circunstâncias, dos detalhes e das provas produzidas?

O STF só pode exminar o caso à luz de tratados internacionais, que o Brasil estaria desrespeitando.

Estamos diante de um caso em que o direito deu lugar a ideologia política, ao alinhamento automático, em detrimento da justiça.

Lamento pelos parentes das vítimas deste bandido, um dos quais teria sido assassinado pelas costas, covardemente.

Se a tortura de presos políticos no Brasil foi um capítulo vergonhoso de nossa história recente, é igualmente vergonhoso colocar num mesmo nicho, em igualdade, este italiano assassino.


* advogado de Cesare Battisti, respeitado constitucionalista, que sempre faz bonito na tribuna do STF, e a quem aprendi a admirar por sua posição no julgamento da licença para utilização de células tronco embrionárias para fins de pesquisa científica.

27 de janeiro de 2011

Double version

Foi meio de brincadeira e meio com fim didático que resolvi, há anos, gravar em minicassete (sou do tempo dos cartuchos, quem se lembra?), um mesmo tema musical com duas interpretações diferentes, em sequência; dois artistas que pudessem ser comparados; por exemplo, dois pianistas, dois saxofonistas, dois cantores e assim por diante.

Os cassetes eram ouvidos no automóvel, em casa, no escritório, e me permitia analisar arranjo, swing, alma doada pelo intérprete.

Em geral, gravava as duas versões da mesma canção com executores do mesmo instrumento, ou só cantoras e cantores. Por vezes, gravava um pianista e um saxofonista (meus dois instrumentos prediletos), sempre interpretando o mesmo número musical.

Duas premissas básicas tinham que ser atendidas: os temas tinham que ser de meu gosto e os intérpretes top de linha, nomes respeitáveis.

Vejam a seguir o que poderia ser um exemplo, e montem seus próprios álbuns. Claro, claro, a mídia será outra que não a fita cassete.

Double version (piano)

Faixa 1 – “Autumn Leaves”, com Errol Garner;

Faixa 2 – “Autums Leaves”, com Keith Jarrett

Faixa 3 – “Summertime”, com Oscar Peterson

Faixa 4 – “Summertime’, com Ramsey Lewis

Faixa 5 – “Nigth anda Day”, com Oscar Peterson

Faixa 6 - "Nigth anda Day", com Bill Evans

Faixa 7 – “Body and Soul”, com Thelonious Monk

Faixa 8 - “Body and Soul”, com Art Tatum

Faixa 9 – “Moonglow”, com Teddy Wilson

Faixa 10 - Moonglow”, Winton Kelly

Faixa 11 – “The Man I Love”, com Ray Charles

Faixa 12 – “The Man I Love”, com Nat King Cole

Você leitor atento e perspicaiz, deverá estar pensando: mas ele não escreveu que eram pianistas para poder comparar? Como incluiu Ray Charles e Nat King Cole que são cantores. Ademais, nem gravaram, cantando, aquela bela canção ("The man I love").

É simples. Ambos, em seus inícios de carreira, eram pianistas ( e dos bons). Aliás que a interpretação do Ray Charles é definitiva. Ele conseguiu colocar toda a sua alma, o soul que era sua marca registrada. A impressão que se tem é que seus dedos mal tocam o teclado, apenas acariciam.

A do Nat King Cole também é boa, mas inferior, aqui no caso. Ambos estão acompanhados apenas por baixo e bateria. Na verdade o Nat por baixo e guitarra.

Como de resto todos os pianistas citados estão acompanhados de baixo (bass) e percussão (drums), apenas, que se convencionou chamar de seção rítmica.

25 de janeiro de 2011

Falta tempo, além de talento, inspiração e vocação

Desde que comecei a ser publicado, também (viu minha neta?), no Primeira Fonte, diminuiu a freqüência de minhas entradas aqui neste espaço.

Afinal, tenho que fazer jus ao nome do blog do Jornal, por isso que primeira fonte induz à ineditismo, ou seja, é o primeiro lugar onde o assunto será tratado. Então não posso reciclar matéria, requentar.

Não estou me queixando, muito antes pelo contrário, o Jornal Primeira Fonte (www.primeirafonte.blogspot.com) está me dando mais exposição, mais visibilidade, mais vitrine. O que, definitivamente, mexe com minha vaidade.

O problema é que tenho que ganhar o pão nosso de cada dia, e como aqui não recebo nada pelo que escrevo, e lá ganho apenas o dobro, fica faltando tempo para alguma coisa. Segundo mulher e filhos, minha rotina inclui aparar o bigode, cortar as unhas (pé e mão), ler jornal, ler a Veja, assistir partidas do campeonato inglês(principalmente do Arsenal), Jornal Nacional ou o da Band, e ...já estou cansado. Mas tenho que ir para o escritório.

Agora estou ouvindo (e tenho muita coisa), muito jazz e blues, o que não deixa de ser um prazer, para poder escrever sobre estes assuntos.

Hoje mesmo vou começar a escrever um post, que intitularei “Jazz e blues em pequenas doses”. Se for demitido lá, publico aqui, vou logo ameaçando.

Gostaria muito que meus textos servissem para instigar possíveis leitores e que eles interagissem conosco, lá no Primeira Fonte, questionando nosso gosto musical, fazendo perguntas ou sugerindo conversas.

Conto com a provocação que as mulheres, lá presentes em grande maioria (editoras, colaboradoras, seguidoras) possam fazer, tomando a iniciativa, elas mesmas, de puxar conversa e motivar discussões.

Até lá.





20 de janeiro de 2011

Unforgettable mesmo

Com efeito, nunca esquecerei da cara que fez a caixa/vendedora.

O Joaquim Ferreira dos Santos, em sua coluna d’ O Globo, narrou a história de uma amiga que pediu o CD da Maria Callas, e a jovem vendedora disse: “Tenho, mas a pronúncia não é essa. É Maráia Quéri.”

Foi lendo esta nota, que lembrei da história que comecei a contar, lá no alto, sobre a cara da vendedora, que era, também, a caixa, da loja de discos no Shopping Eldorado, em São Paulo, há alguns anos.

Na época uma gravação da música Unforgettable, com o Nat King Cole fazia o maior sucesso nas paradas e era executada ad nauseam, nas rádios pelo mundo.

Na verdade tratava-se de uma mixagem, feita partir da gravação original do Nat King Cole, já então falecido, intercalada com a voz de sua filha Natalie Cole.

Como o Nat deixava um intervalo bem grande entre a vocalização de um verso e outro, foi possível encaixar a voz da Natalie repetindo o mesmo verso. O resultado até ficou interessante, mas só.

Deu-se que achei numa das vascas (bancas) expostas na loja, uma gravação do Nat King Cole Trio, antiquérrima, do tempo em que ele era apenas um (excelente) pianista.

Feliz da vida peguei o CD e dirigi-me ao caixa, para a dolorosa missão de pagar e embrulhar minha preciosidade.

Quando entreguei o CD à caixa, ela me olho fixamente e informou: “Olha, não tem Unforgettable, não”.

Também olhando para ela, e com um sorriso que pretendia que fosse a um só tempo irônico e simpático, respondi: Ótimo, graças a Deus!

A moça, coitada, não entendeu nada. Nada sabia de seu ofício. Nunca passou pela cabeça dela que alguém pudesse, nos dias que então corriam, comprar o CD do Nat King Cole, sem a faixa Unforgettable. Pior, o Nat King Cole nem cantava.

Mal sabia que eu estava comprando uma raridade. O CD, que conservo com o maior carinho, tem por título “The Best of The Nat King Cole Trio”.

Somente instrumental, tem 18 faixas de clássicos do cancioneiro americano, executados com sabor jazzístico, entre outras: “The Man I Love”; “Body and Soul”; Sweet Geórgia Brown”; Moonlight in Vermont”.

Morram de inveja.

18 de janeiro de 2011

Ouvindo jazz

Entre outros benfícios, o convite do Primeira Fonte (www.primeirafonte.blogspot.com) para que escrevesse algumas coisas sobre jazz, fez-me ter que revisitar meus CDs, sem pular faixas que não me agradam muito. Com o tempo nossa tendência é programar as melhores, ou saltar tracks que gostamos menos se não programamos a sequência de execução.

Bem, outro grande benefício foi estabelecer contato e camaradagem com novas velhas amigas de infância. A turma lá é afiada, culta e inteligente. Estou me esforçando para conseguir uma sintonia sem ruídos. E não ser alvo de chacotas pelo desnível intelectual.

O voltar a ouvir música, com assiduidade, está me afastando um pouco de outro velho prazer, que é a leitura.

Devolvi ao meu filho dois livros que me emprestara e estavam na pilha de espera. Disse que é a fase e ele compreendeu. Sempre fui assim. Leitor voraz algumas épocas, intercaladas de vazio e abstenção, senão do que sou obrigado por nobless oblige.

Como asssim, você faz as duas coisas ao mesmo tempo? Não tenho esta capacidade.

Quando estou ouvindo música, se gosto, se me emociona, fico retirando a capa do CD, em busca dos créditos relativos aos acompanhantes, a turma da cozinha. Afinal todos contribuem para o resultado.

E gosto de me deixar impregnar pela música, com o pensamento inteiramente disponível. Fechar os olhos e relaxar é muito bom. Se as lágrimas vierem deixo que rolem naturalmente. Acontece.

A música como pano de fundo, só quando estou trabalhando. E ainda assim, prefiro as gravações de canto de pássaros que possuo (as gravações, não os pássaros)

Estou ouvindo muita música e isto me faz bem. O jazz é um universo muito abrangente, que abriga diversas formas, estilos e correntes.

Mais sobre jazz vocês encontrarão no Primeira Fonte, numa linguagem que pretendo clara, simples, sem tecnicismos, voltada para o público que se emociona e não o que analisa. Acompanhem lá.

14 de janeiro de 2011

Minhas fontes secaram

Lembro com saudade do tempo em que garimpava discos de jazz, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, São Paulo, na feira de antiguidades dos finais de semana.

Eu morava num flat, bem pertinho, na Rua Cardeal Arco Verde e fiz boa camaradagem com um dos feirantes. Além do preço baixo, ele me permitia levar os discos escolhidos para ouvir “em casa”. Se eu gostava, pagava; se não, devolvia.

Comprei muita coisa boa, usada. Não diria raridades, mas preciosidades. Por vezes confabulava com meus botões: por que alguém se desfaz de um disco deste?

Não preciso dizer que estou falando dos bons e velhos LP, que em boa hora estão sendo ressuscitados.

O problema é que não tenho mais vitrola. Acho que com a volta dos vinis, valerá a pena investir num toca-discos, até porque poderei voltar a ouvir o que tenho em vinil e não adquiri em CD. Sim, porque com o fim dos LPs e a inutilização, por tempo de uso, de minha vitrola (não achava mais agulhas de cristal adequadas), passei a comprar álbuns que já possuía, influenciado pelos discursos de que alguns registros remasterizados tornavam o som mais limpo, sem ruídos, nos CDs. Que saudades dos chiadinhos e até empenos dos meus discos de 33 totações.

Outra fonte de abastecimento que acabou, foi a cadeia internacional de lojas de discos Tower Records, que fechou suas portas no ano de 2006.

Nas viagens de meus filhos a NY, sempre encomendava alguma coisa que não estava disponível no mercado brasileiro. Conseguí, deste modo, muito antes de serem importados pelas lojas especializadas aqui no Rio de Janeiro, as únicas 4 gravações feitas em estúdio pela fantástica dupla Ella Fitzgerald&Louis Armstrong.

Agora no final de 2010 fechou suas portas uma das mais tradicionais e respeitadas lojas de discos da cidade do Rio de Janeiro, a Modern Sound. Funcionou não sei exatamente por quanto tempo, mas certamente por mais de 30 anos.

Atualmente as músicas são “baixadas” na internet e são ouvidas em traquitanas as mais variadas, até mesmo telefone celular.

Eu continuo com meus discos, minhas fitas cassete, minhas fitas de vídeo VHS, contendo shows e festivais, ocupando espaço, empoeirando e mofando.

Nos dias que correm, o poeta guardaria em sua casa de campo, os amigos, seu Kindle e seu IPad, e nada mais.

Mas relíquias devem ser preservadas, senão o questionamento que eu fazia quando comprava na feira de antiguidades obras que eu achava valiosíssimas sob o ponto de vista artístico, não entendendo como alguém poderia descarta-las, alguém fará (o questionamento) a meu respeito.

13 de janeiro de 2011

Jornal Primeira Fonte

A parir de hoje, e de forma esporádica, vocês me encontrarão, também, no blog do Jornal Primeira Fonte, em http://www.primeirafonte.blogspot.com/.

Estarei escrevendo, basicamente, sobre jazz e adjacências, ou seja, blues, soul, etc

O blog citado é um espaço de cultura e entretenimento bem variado, produzido por profissionais qualificados.

Vale acompanhar.

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Para aproveitar o tempo disponível e o espaço neste post, não posso deixar de comentar a contratação do Ronaldinho pelo Flamengo.

O único jogador em atividade, no mundo, que mereceria toda a pompa e circunstância, todo o estardalhaço, todo o ôba-ôba, que o clube fez na apresentação do jogador a sua torcida, seria Lionel MESSI. No máximo, um pouco distante, Cristiano Ronaldo.

Duvido que o Flamengo tenha retorno financeiro e/ou técnico, este caracterizado por desempenho em campo e conquistas de títulos importantes.

Se, ao contrário de minha previsão, der tudo certo, prometo ficar um ano sem sorvete de passas ao run, a contar de 31 de janeiro de 2010.

10 de janeiro de 2011

Grandes interpretes de jazz

Dentre os poucos blogs que acompanho, está o do Jornal Primeira Fonte (http://primeirafonte.blogspot.com/), não só por ser de amigas (a maioria virtuais), mas também porque é plural.


Além de serem várias as editoras ou geradoras de conteúdo, ele é rico também pela diversidade de temas, todos colocados em alto nível. As resenhas literárias, as analises e observações filosóficas e históricas são sempre acuradas e bem desenvolvidas. E não se pode desprezar a parte gourmet, de culinária, também presente no Jornal, de forma simples  e espirituosa.; diria diferente do usual.
Num dos últimos posts, a personagem focada era Alberta Hunter. Como gosto da cantora e conheço um pouco de sua obra, resolvi dar um pitaco.

A Autora do texto, muito gentilmente pediu que eu falasse de minhas preferências no mundo do jazz.

Ora, meu comentário acabaria por ocupar espaço maior do que o do texto principal publicado. Seria quase uma entrada.

Assim sendo, publico aqui, a guisa de resposta para a jornalista Ana Laura, mas sem responder objetivamente como se verá, a minha opinião a respeito do tema intérpretes do jazz.

Ana Laura,

O universo do jazz é muito vasto. São, como você sabe, várias correntes e estilos. O gênero não morreu, está muito vivo e continua se expandindo. E surgem bons músicos; e são compostos belos temas novos. Existem bons jazzistas dispersos por saí, inclusive no Brasil. Pelo mundo à fora, artistas de rua, em grupo ou solo, dão verdadeiros espetáculos. Incrível como o jazz está em toda parte, latente, vivo.

Fazendo uma analogia com o mundo dos vinhos, que hoje oferece uma variedade de rótulos tão grande que fica impossível, mesmo para os degustadores mais experientes, distinguir procedência. Quando muito se reconhece a casta, se o vinho não é resultado de corte (blended). A cabernet sauvignon, por exemplo se adaptou tão bem em vários países, que é difícil para amadores, como eu, saber se o vinho é chileno, neo-zelandês, sul-africano ou francês.

Voltando ao jazz,  ficou impossível acompanhar tudo. O que tenho feito desde há algum tempo, é segmentar, me situar (não especializar) no formato da seção rítmica: piano, baixo e bateria. Tenho um razoável acervo de bons pianistas, em trio, que garimpei aqui e ali por caminhos que fui criando.

Estou falando de gente da estirpe do Art Tatum, Earl Hines, Thelonious Monk, Errol Garner, Teddy Wilson, Bud Powell, Dave Brubeck, Oscar Peterson, McCoy Tyner, Keith Jarret, Bill Evans, Paul Smith, Sonny Clark, Ahmad Jamal, e outros mais ou menos conhecidos.

Entre os desconhecidos ou menos conhecidos, por exemplo, cito Cedar Walton e Wynton Kelly.

E tem as curiosidades. O Ben Webster se consagrou no sax tenor, mas foi um bom pianista, como se pode comprovar em alguns registros que deixou.

Um dos caminhos que adotei para garimpar, foi verificar os créditos quanto aos músicos acompanhantes de grandes interpretes, como Ella Ftzgerald, por exemplo. Foi assim que “descobri” Hank Jones e Tommy Flanagan, pianistas da grande interprete por muitos anos. Um após o outro, e durante um bom tempo, foram os pianistas da Ella. E construiram carreira liderando trios.

Nat King Cole criou fama cantando até mesmo em espanhol. Mas no início da carreira ele foi pianista de jazz (e dos bons).

O mesmo ocorreu com Ray Charles. Ele foi um excelente pianista tendo gravado apenas solos, sem vocalizar. Uma das mais belas gravações de “The Man I Love”, sem vocal, apenas com piano, é do Ray Charles na minha modesta opinião. De chorar.

Billy Kyle nunca fez grande sucesso e não entraria numa lista dos top ten ou mesmo twenty. Entretanto foi fiel pianista de ninguém menos do que Louis Armstrong.

O McCoy Tyner, por exemplo, “descobri”, antes dele fazer sucesso com seu trio, inclusive no Brasil, onde se apresentou num dos festivais de jazz há alguns anos, ouvindo o fantástico John Coltrane (sax tenor), num álbum chamado “Ballads”.

Bem, Ana Laura, minha expectativa e torcida é para que você continue publicando posts sobre jazz e, sempre que tenha alguma coisa para somar, estarei dando meus palpites. Isto é uma ameaça.

Encerro, por hoje, com o seguinte comentário. Não tenho prediletos, sou vidrado em algumas interpretações. Mesmo assim, a dúvida assalta.

Quando pensei que a gravação de “Rainy Night In Georgia’ pelo Ray Charles fosse imbatível, eis que um belo dia encontro num LP antigo, de blues, uma gravação desta bela canção na voz de Brook Benton. A dúvida permanece até hoje. Quem canta melhor esta música, Ray ou Brook ? Você quer arriscar me responder?

8 de janeiro de 2011

Dando pitaco nas notícias recentes

O estadista de Garanhuns, fechando com chave de ouro o ano e seu mandato, perpetra uma de suas pérolas sacadas de improviso: “é gostoso demais terminar o mandato vendo os USA em crise.”

Frase idiota, nada diplomática, que contém, no varejo pragmático, a idéia de que a crise americana é boa para o resto do mundo, Brasil inclusive, quando é exatamente ao contrario.

Ele tem como espelhos Chaves e Ahmadinejad, antiamericanistas tão ridículos quanto ultrapassados.

Eu me envergonho.

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O Ronaldinho, dito Gaúcho, uma de nossas focas amestradas, está nas manchetes há vários dias, porque resolveu fazer leilão pela “compra” de seu passe.

O clube do coração, que seria o Grêmio, Flamengo e Palmeiras fizeram propostas.

Pelo visto o coração do Ronaldinho é apaixonado por dólares.

Para minha alegria, o Vasco está fora deste circo, armado pelo empresário e irmão do jogador.

Aliás e a propósito, se o leilão fosse pela compra dos direitos federativos do irmão/empresário, chamado Assis, eu estaria lamentando o Vasco não ter dinheiro para entrar no leilão e, pior, preocupado com o reforço do time do Flamengo.

Assis jogava muito mais futebol e era menos malabarista.

Mas Ronaldinho no Flamengo quem sabe será o foco de discórdias e escândalos que tanta falta estão fazendo ao rubro-negro depois das saídas de Adriano, Wagner Love e Bruno.

Como diria o Lula: “é bom ver o Flamengo em crise”

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Novo filme do Eastwood nas telas: “Além da Vida” (Hareafter, no título original).

Sou fã de carteirinha do Clint e devo ir assistir, inobstante a temática que, em princípio, não me agrada. Mas por causa de preconceito com o tipo de enredo/história, quase deixo de assistir “Menina de Ouro”, do mesmo cineasta.

Tudo por causa de minha aversão aos filmes sobre lutas de boxe e aos Balboas da vida.


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Sou fã dos Veríssimos, pai e filho, embora discorde de muitas das posições político/ideológicas do Luis Fernando.

Descubro agora, lendo sua crônica do dia 2 último, que temos mais um ponto de discordância; no caso rivalidade mesmo. Ele é torcedor do Tottenham Hotspur. Ora, este time inglês, é um dos rivais do meu Arsenal, ambos sediados em Londres.

6 de janeiro de 2011

Micos no estrangeiro

Já contei alguns micos, mas nunca alguns ocorridos no estrangeiro. Sim, sou internacional em matéria de micos.

Berlim me surpreendeu. Toda vida ouvi falar mal dos alemães. Afinal nasci em 1940. Muito embora contasse apenas cinco anos de idade e tivesse pouca ou nenhuma percepção do tamanho do conflito, lembro de alguns inconvenientes e efeitos colaterais do pós-guerra, como por exemplo o racionamento: leite, pão ( por causa do trigo), carne, etc.

Além de ouvir que a culpa era da guerra e dos alemães, ainda tinha o cinema de Hollyood que nos trazia as imagens daquele povo perverso, que matava até o Errol Flynn, em “ Um Punhado de Bravos”.

As cenas de guerra, nas revistas e nas telas, colocaram na minha cabeça que Berlim era uma cidade inóspita, árida, cinza e, por isso, feia.

Quando cheguei à capital da Alemanha tive uma agradável surpresa. A cidade é moderna, elegante ( a parte oriental precisava melhorar um pouco), muito arborizada e com vários atrativos para visitantes.

E, como não poderia deixar de ser, a cidade tem seus hábitos.

Caminhei bastante na cidade, sentindo-me sempre absolutamente seguro. Sem receio de violência ou qualquer tipo de ameaça.

Numa destas caminhadas, nas cercanias do hotel e indo em direção a um restaurante argentino (pela carne e pelo idioma), ouvi atrás de mim, mas muito próximo, um estridente TRRRIMMM, TRRRIMMM, típico de campainha de bicicleta.

Instintivamente saltei de lado, num átimo de tempo suficiente para que a mulher, esguia e loura, passasse com sua bicicleta, ao tempo em que pronunciava o que me pareceu uma frase, mas que no decurso do tempo em que permaneci na cidade, descobri que era apenas uma palavra. Era um palavrão (palavra grande) na acepção da palavra e deveria ser também no significado. Enormes palavras soam como frases inteiras.

Os berlinenses utilizam bastante a bicicleta como meio de locomoção e a cidade tem muitas ciclovias, algumas das quais sobre as calçadas, em faixas bem delimitadas para quem mora lá e conhece a regras, mas não para um turista desavisado e distraído.

E não é que paguei, de novo, o mesmo mico. Só que desta feita, o som já não me assustou e deixei a faixa demarcatória balbuciando um sorry (na esperança de que fosse entendido) e juntei as mãos espalmadas como numa prece. Para minha alegria,  não é que a ciclista esboçou um sorrido a um só tempo de simpática desculpa e também por achar engraçada minha reação, imagino.

Mas foi um mico repetido.

Se calhar, como dizia minha avó Ana, ainda escrevo mais, outro dia, sobre minha visita, agradável, à Alemanha.

Consegui a proeza de pagar mico em Portugal.

Entramos na confeitaria e ficamos extasiados com a variedade de doces de cara apetitosa. Trocamos impressões, eu e minha mulher, e pedi em alto e bom som: quero duas bombas de chocolate. O máximo que consegui foi uma sonora gargalhada da atendente do balcão. Refeita da risada, perguntou, já sabendo a resposta, “são do Brasil, pois sim?”

Ao meu sim, arrematou que já havia visitado uma tia no Rio de Janeiro, há anos, e por isso sabia que a éclair deles aqui chamamos de bomba.

Fiquei com meu mico no ombro e saboreei a bomba de chocolate com muito gosto. Ou melhor, a éclair.

4 de janeiro de 2011

Orkut, Facebook, Digg It! e similares

Palavra de honra. Acreditem. Não estou em nenhuma das redes sociais da moda: Twitter, Facebook, DZone It!, Digg It!, StumbleUpon, Technorati, Del.icio.us, NewsVine, NewsVine, Reddit, Blinklist ou Furl It!

Como sei da existência delas? Simples. Tenho um amigo que mantém um blog interessante, que visito com certa frequência, cujo está presente em todas as redes. Ao final de seus posts, aceita comentários por quaisquer vias cujas identidades visuais (logomarcas) estejam lá.

Já expliquei neste blog o porque de não aceitar os convites e não me inscrever nas redes. Embora não seja avesso ao convívio social e tampouco seja um low profile, acho que o contado visual, a proximidade física com o interlocutor, fazem parte do prazer do relacionamento. Diria que o telefone já foi um erro, parafraseando Thomas Jefferson.

Ver a expressão de surpresa ou a explosão de alegria estampados na cara da pessoa é fundamental para uma conversa. Raramente acontece, mas, por exemplo, prestar serviços profissionais para um cliente que não conheço pessoalmente é desconfortável para mim. Nem que seja uma vez, gosto de ver o rosto do cliente.

Não me vejo num comício, falando para uma multidão anônima, sem face.

Alerto para o fato de que existem Jorges Carranos em algumas destas redes citadas. Definitivamente não sou eu, embora não sejam, também, fakes.

Existem vários Jorges Carranos, inclusive um filho. Sempre me assusto ao tomar conhecimento de outro homônimo que não meu filho, pelos riscos envolvidos.

No outro dia, buscando no Google, deparei-me com um que embora não seja exatamente um clone, lembra muito minha aparência. A barba grisalha, a meia calvície, o formato do rosto. Mas a julgar pelos dados constantes do “Encontro com os Ancestrais”, escrito e editado pelo primo (distante) Pedro Henrique, que conta a origem dos Carranos, estes outros Jorges estão numa linha muito distante na árvore genealógica.

Tomara que sejam pessoas de bem, honradas, dignas e vitoriosas.