30 de março de 2011

Keith Jarrett

O homem do concerto que nunca se repete. Esta seria a marca registrada de Keith Jarrett,  compositor e pianista americano. Suas técnicas de improvisação conjugam o jazz a outros gêneros e estilos, como a música erudita, o blues, e gospel. Fez um caminho mais ou menos inverso ao de Ben Webster, pois migrou do sax soprano para o piano. Nos últimos vinte anos, a maioria de suas gravações tem sido com piano acústico. Webster, diferentemente, fixou-se mais no sax tenor, depois de iniciar carreira como pianista.

Além de piano, sabe-se que Jarrett toca cravo e bateria.

Começou em 1972 a sua famosa série de concertos improvisados da qual resultaram gravações que se tornaram populares, como "Solo Concerts", "Köln Concert" e "Sun Bear Concerts".

Nos anos oitenta, Jarrett executava tanto o clássico quanto o jazz.

Não está entre os meus pianistas prediletos. Mas como está chegando ao Brasil, onde se apresentará nos dias 6 em São Paulo e no dia 9 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, achei oportuno falar dele e de outros instrumentistas que fazem o jazz verdadeiro, clássico, único admitido pelos experts, posto que são fiéis a um dos requisitos básicos do jazz em estado puro que é a improvisação.

Segundo os entendidos, dois elementos são absolutamente necessários numa performance de jazz: o swing e a improvisação.

Em entrevista concedida ao jornal O Globo, ele disse, corroborando o acima mencionado,  que a platéia terá apenas aquela chance de ouvir algo que jamais será repetido.

E é assim mesmo. O Arthur Dapieve, que escreveu a matéria, foi extremamente feliz ao dizer que Keith Jarrett "sobe ao palco com a cabeça limpa de qualquer tema predeterminado, lança as mãos ao piano numa espécie de transe e improvisa durante um longo tempo, num fluxo aparentemente inesgotável de idéias e melodias".

E é por isso que não o elenco entre meus preferidos. Eu gosto de reconhecer o tema que está sendo executado. Aceito releituras, mas se o músico se afasta tanto da partitura, da linha melódica, das harmonias originais, a ponto de não se identificar o tema, já me incomoda um pouco. Já vira uma outra obra. Que não se repetirá, pois fruto de improviso.

Pior do que o Jarrett é o Sonny Clark. Tem álbum (ou CD) do Sonny, no qual estão registradas apenas 4 músicas, ou 4 faixas. Em “The Great Paris Concert”, por exemplo, a faixa “Amplitude” tem duração de 19:59min. Só improviso, cansa.

Ganhei, não faz muito tempo,  um CD do John Coltrane, com seu sax tenor, no qual ele executa “Lush Life” durante 13:53 minutos. Só muito aficionado, apaixonado e conhecedor para apreciar.

Bem, felizmente, para mim, a partir dos anos 90, Keith Jarrett passou a gravar alguns standards, em trio, com o baixista Gary Peacock e o baterista Jack DeJohnette, formação com a qual esteve no Brasil em 1989.

Tenho, com esta formação em trio,  um CD intitulado “Up for it”, no qual estão registrados My Funny Valentine e Autumn Leaves, entre outros standards. Bom disco.

No momento Jarrett está, de novo, mais dedicado à música clássica, pela qual é apaixonado. Deve sair, brevemente, um álbum de música erudita, no qual estará acompanhado de violino.

29 de março de 2011

Manoel e a mula

Da série de piadas, ou não, que têm como personagens advogados e juízes, ou ambientadas em tribunais.

Seu Manoel pensou melhor e decidiu que os ferimentos que sofreu num acidente de trânsito eram sérios o suficiente para levar o dono do outro carro ao tribunal.

No tribunal, o advogado do réu começou a inquirir seu Manoel:

- O Senhor não disse na hora do acidente: "Estou muito bem"?

E Manoel responde:

- Bem, vou lhe contar o que aconteceu. Eu tinha acabado de colocar minha mula favorita na caminhonete.

- Eu não pedi detalhes! - interrompeu o advogado. Só responda à pergunta: o senhor não disse na cena do acidente: "Estou muito bem"?

- Bem, eu coloquei a mula na caminhonete e estava a descer a rodovia...

O advogado interrompe novamente e diz:

- Meritíssimo, estou tentando estabelecer os fatos aqui. Na cena do acidente este homem disse ao patrulheiro rodoviário que estava bem. Agora, várias semanas após o acidente ele está tentando processar meu cliente, e isso é uma fraude. Por favor, poderia dizer a ele que simplesmente responda à pergunta?

Mas, a essa altura, o Juiz estava muito interessado na resposta de seu Manoel e disse ao advogado:

- Eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer.

Seu Manoel agradeceu ao Juiz e prosseguiu:

- Como eu estava a dizer, coloquei a mula na caminhonete e estava a descer a rodovia quando uma pick-up atravessou o sinal vermelho e bateu na minha caminhonete bem na lateral. Eu fui lançado fora do carro para um lado da rodovia e a mula foi lançada pro outro lado. Eu estava muito ferido e não podia me mover. De qualquer forma, eu podia ouvir a mula zurrando e grunhindo e, pelo barulho, eu pude perceber que o estado dela era muito grave. Logo após o acidente, o patrulheiro rodoviário chegou ao local. Ele ouviu a mula gritando e zurrando e foi até onde ela estava. Depois de dar uma olhada nela, ele pegou a arma e atirou bem entre os olhos do animal".

Então, o policial atravessou a estrada com sua arma na mão, olhou para mim e disse:

- Sua mula estava muito mal e eu tive que atirar nela. E o senhor? Como está se sentindo?

- O que o senhor falaria no meu lugar, Meritíssimo?

28 de março de 2011

Conversa com Ana Maria Carrano

Ela herdou do pai (nosso) não só os dons mediúnicos, mas também o refinado gosto pelas empadinhas da Confeitaria Colombo. No campo da boa mesa e boa boca, ela era absoluta, até que por questões de saúde, mantendo o aspecto gourmand, teve que reprimir seu ímpeto glutony.
Eu achava, quando jovens, que deveria protegê-la das investidas dos “gaviões” e dos olhos cobiçosos. Afinal era mais velho. Mas com o tempo me dei conta de que ela sabia muito bem se defender e prescindia de meus cuidados, pela vida afora.
A mordacidade de suas críticas e a veemência com que defende suas opiniões, mascaram a grande generosidade, o espírito de solidariedade e o coração cheio de amor.
Bem, eu a conheço há mais de sessenta anos, mas o registro desta conversa se destina aos pósteros.

Pergunta: Em meus tempos de banco universitário, tive um colega, investigador de polícia, que contou sobre a dificuldade para conseguir não se envolver emocionalmente com os dramas pessoais das vítimas ou seus parentes. E contava que os pais esperavam dele atitudes mais exaltadas e violentas, por exemplo, nos casos de estupro. Você, formada em Serviço Social com muitos anos de atuação na área, acabava por se envolver com os casos dramáticos que chegavam a seu conhecimento?

Resposta: Sim. Muitas vezes me envolvi emocionalmente no exercício da profissão. Sempre considerei isso normal, humano. Na verdade, a arte é você não permitir que os sentimentos interfiram, negativamente, nas atitudes. Aliás, certo envolvimento nos traz motivação na pesquisa de recursos para atender a clientela.

P: Você lembra de um caso, em especial, no qual se sentiu impotente por não poder ajudar, em face da precariedade de recursos advindos do poder público, já que era lotada no INSS?

R: Você me pergunta se eu me lembro de algum caso especial, durante meu trabalho como Assistente Social, em que tenha me sentido impotente. Vários, posso afirmar. Mas, a imagem mais marcante que me vem à mente, é a de um médico, responsável pelo Pavilhão Infantil de um Hospital especializado em tuberculose, debruçado sobre sua mesa, chorando copiosamente por se sentir impotente para salvar a vida de uma criança. O médico em questão – Dr. Waldir Tavares – criatura que conseguiu aliar os conhecimentos científicos, a um profundo espírito humanitário, era filho de um maestro, famoso nos anos 40, chamado Napoleão Tavares. (“Napoleão Tavares e seus soldados do ritmo”, conforme me esclareceu nossa mãe.)

P: Você era uma leitora voraz e viciada, tendo até mesmo um pequeno armário no toalete, com livros recorrentes. A internet mudou seu gosto literário e a afastou dos livros?

R: A falta de dinheiro me afastou de livros. Cheguei a ter cerca de 500 volumes na estante. Por recomendação médica, visto que estava com crises de asma por mais de dois anos, fui obrigada a me descartar da maioria, Conservei uns poucos (devo ter uns 50 ou 60), a maioria poesia e romances dignos de serem relidos. Hoje em dia, não ganho o suficiente para comprar livros e não conheço nenhuma locadora deles, como havia em Niterói na década de 80.

P: Todos temos pequenas frustrações, o que você não fez e que gostaria de ter feito. Ou o que fez e gostaria não ter feito?

R: Ah! Fiz muitas coisas que reformularia, se pudesse voltar, e deixo muitos desejos a serem atendidos na próxima encarnação. O que mais cito, é a vontade de ser cozinheira, dona de restaurante, ou outra atividade ligada a alimentação pronta.

Pergunta: Voltando à literatura, que livro ou livros foram mais marcantes ou cuja leitura foi mais gratificante?

R: Tenho livros preferidos em diferentes gêneros. Alguns, nem me lembro o nome correto. Na adolescência me encantei com “Bom dia tristeza” da Sagan, li com imenso prazer Machado de Assis, com ênfase nos contos e crônicas. Mais tarde você me apresentou aos Reis Malditos, do Maurice Druon e a Tai-Pan, do Clavel. Ultimamente, graças à generosidade da família, ganho uns livros interessantes, mas nenhum que me faça “viajar”, refletir ou me divertir como antes. Acho que estou ficando velha.. Afff!!!

P: E na música? Qual a sua praia? Mencione canção ou intérprete.
R: Sou eclética em termos de música. Caiu no meu gosto, eu cantarolo, gravo e escuto no carro. Nesse quesito, tenho me atualizado mais que na literatura. Vou de ópera a sertanejo, com tranquilidade.

P: Que tal, por enquanto, o governo da Dilma?

R: Por incrível que pareça, não estou desgostando. Pergunte de novo daqui a um ano.

26 de março de 2011

Poetas populares

Não faz muito tempo, escrevi neste blog sobre sambas-enredo inspirados em obras de nossa literatura. Em alguns casos, como em “Memórias de um sargento de milícias”*¹ a história está toda no samba, desde o primeiro verso. Em outros casos a obra literária está resenhada ou ementada.
Todavia, nossa música popular é rica em poesia da melhor qualidade, produzida por gente simples, muitas vezes de baixa escolaridade, mas com enorme sensibilidade e sabedoria.

Uma pesquisa evidenciaria uma quantidade enorme de belos versos populares. Todavia, alguns versos são tão marcantes, são tão poéticos, tão filosóficos, que os guardamos de memória.

Vejamos alguns clássicos, como “Chão de estrelas”*² que relata um momento vivido num barraco cuja cobertura é de folhas de zinco.
‘A lua furando nosso zinco
Salpicava de estrelas
Nosso chão”

Linda imagem, como é a da poça d’água que transporta o céu para o chão* ³:
“Na rua uma poça d’água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu par o chão”

Ainda na mesma música:
“Nos seus olhos eu suponho
Que o sol num dourado sonho
Vai claridade buscar”

Ou ainda do homem apaixonado, que se sentindo inferiorizado em relação a mulher que ama, e considera inatingível, assim se expressa, em “Professora” *4.
“Louco de amor
No seu rastro
Vagalume atrás do astro
Atras dela eu tomo o trem”

E a captação poética, mas real, das flores à beira do caminho, que quem já percorreu picadas ou caminhos de chão de terra, certamente percebeu. São flores silvestres, anônimas muitas vezes, que nascem e florescem as margens destes caminhos da roça. Extraido de “Por causa dessa cabocla” *5
“As flores vão pra a beira do caminho
Pra ver aquele jeitinho
Que ela tem de caminhar”

Mais adiante, na mesma bela canção:
“E quando ela na rede adormece
E o seio moreno esquece
De na camisa ocultar
As rolas
As rolas também morenas
Cobrem-lhe o colo de penas
Pra ele se agasalhar “

Bem, como dizia um amigo, se precisa explicar não tem valor. Imagino que qualquer pessoa com um mínimo de poesia e emoção na alma e no coração, prescinde de interpretação do significado destes versos citados.

Literatura em forma de versos na música popular.
Termino com estes versos fantásticos, contidos em “As rosas não falam”*6 que poderiam ser de Vinicius de Moraes ou Chico Buarque de Holanda, mas são de poeta muito mais modesto, humilde e menos letrado:
“Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai”

Se você tem outros que aprecia, indique. Se concorda que os citados são belos exemplos, manifeste-se.



*1) Memórias de um sargento de milícias”, samba da Portela, de 1966, de autoria de Paulinho da Viola.
*2)“Chão de estrelas”, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa
*3)“A deusa da minha rua”, de Newton Teixeira e Jorge Faraj
*4) “Professora”, de Benedito Lacerda e Jorge Faraj
*5)“Por causa dessa cabocla” de Ary Barroso e Luiz Peixoto
*6) “As rosas não falam”, de Cartola

24 de março de 2011

Homossexualismo

Consta que na arca de Noé, o macaco assediava e traçava todas as fêmeas das demais espécies confinadas na embarcação. Ante reclamações dos machos e ameaças de linchamento, Noé resolveu interpelar o macaco e chamá-lo às falas: – Olha aqui Chico, sossega o facho, e para de dar em cima das fêmeas dos outros, sob pena de eu ser obrigado a atira-lo na inundação sem salva-vidas.

O macaco, diante da ameaça, e pelo fato de não saber nadar, efetivamente mudou seu hábito. Passou a dar para todos os machos. Como se sabe, a natureza do macaco o inclina para a sacanagem. Se não for de uma forma, será de outra.

Desde tempos imemoriais o homossexualismo é uma realidade. Já foi mais explícito ou menos ostensivo; reprimido ou liberado; castigado ou tolerado. Já se manifestou em grandes nomes, respeitáveis e celebrados soldados, magnos,  imperadores, poetas, escultores, pintores, prelados e homens comuns, anônimos.

Não sei se por retaliação, a partir de um determinado momento as mulheres resolveram revidar e partir para o caminho inverso. Se alguns homens preferiam a companhia de outros homens, elas passaram a preferir a companhia de outras mulheres.

O que se vê hoje em dia é um total desperdício de belas e desejáveis mulheres que ficaram indisponíveis para os homens. Isto porque atraentes lésbicas, com aparato físico capaz de interessar aos homens, despertar desejos, mexer com a libido, estão correndo atrás das menininhas com os melhores dotes físicos, fazendo-nos um enorme concorrência.

Não reclamo ou questiono em nome próprio; afinal estou prestes a inteirar 71 anos e a fantasia é o que resta. E pode-se fantasiar até mesmo com as lésbicas, desde de que não sejam tatuadas. Abro parêntesis: por que uma mulher como a Luiza Brunet se tatua? Ela não tem os peitos caídos, não está barrigudinha e tem perfeitos e belos dentes. Por que se comportar como uma indígena? Ela não precisa de mais nada para chamara atenção, ser notada, senão aquele belo par de pernas. Mas isto é outra história. Menos mal que não é gay. Será? Mulher fica no armário?

O meu inconformismo retórico é com o fato de que nós gostamos de mulher há mais tempo, e por isso deveríamos - os idosos -  ter tratamento preferencial em concorrência com as lésbicas. Afinal a estrovenga parece não ser necessária.

Piadas sobre advogados III

Já expliquei como e porque estou veiculando estas piadas. Bem, como dito lá na última, nós advogados não achamos graça e as outras pessoas acham que não são piadas.


1) O advogado, no leito de morte, pede uma Bíblia e começa a lê-la avidamente.
Todos se surpreendem com a conversão daquele homem e perguntam o motivo. O advogado doente responde: - Estou procurando brechas na lei.

2) Dois peões estavam caminhando pela beira de uma estrada poeirenta, voltando de uma das fazendas onde haviam trabalhado duro o dia inteiro, quando o filho de um famoso juiz, que vinha a toda a velocidade na sua picape importada, atropela os dois com toda a violência. Um deles atravessou o para-brisa e caiu dentro do carro, enquanto o outro voou longe. Três meses depois eles saíram do hospital e, para surpresa geral, foram direto para a cadeia. Um por invasão de propriedade alheia e o outro por se evadir do local do acidente.

3) Em outra audiência, o juiz pergunta ao réu:
- O senhor não trouxe o seu advogado?
- Não, meritíssimo! Eu não tenho advogado. Resolvi falar a verdade!

4) O filho, advogado recém-formado, chega todo sorridente para contar a novidade ao pai, advogado titular do escritório:
- Papai, papai! Em um dia, resolvi aquele processo em que você esteve trabalhando por dez anos!"
O pai aplica um safanão na orelha do filho e berra:
- Idiota! Esse processo é que nos sustentou nos últimos dez anos!

5) Dois advogados, pai e filho, conversam:
- Papai! Estou desesperado. Não sei o que fazer. Perdi aquela causa!
- Meu filho, não se preocupe. Advogado não perde causa. Quem perde é o cliente!

6) Um açougueiro entra no escritório de um advogado e pergunta:
"Se um cachorro solto na rua entra num açougue e rouba um pedaço de carne, o dono da loja tem direito a reclamar o pagamento ao dono do cachorro?
- Sim, é claro - responde o advogado.
- Então, você me deve 8 reais. Seu cachorro estava solto e roubou um filé da minha loja.
Sem reclamar, o advogado preenche um cheque no valor de 8 reais e entrega ao açougueiro.
Alguns dias depois, o açougueiro recebe uma carta do advogado, cobrando 200 reais pela consulta.

7) Em uma noite chuvosa, dois carros se chocam em uma estrada. Um pertencia a um advogado, o outro a um médico. Ao sair de seu automóvel, o médico, preocupado, se dirige ao carro do advogado e pergunta se ele está ferido, examina-o brevemente e constata não haver nada de grave. Só então os dois passam a verificar o estado dos carros e como se deu a batida.
Chegam à conclusão de que não havia como escapar do acidente na situação em que tinha acontecido: a estrada estava molhada, escura e mal sinalizada.
Como, todavia, o advogado já tinha ligado para a polícia rodoviária, resolveram ficar esperando enquanto a viatura não chegava, para avisar aos policiais que cada um ia assumir seus prejuízos. Conversa vai, conversa vem, o advogado vai ficando íntimo do médico e até lhe oferece uísque.
O médico aceita, bebe três goles longos e pergunta:
- E você, amigo, não vai beber?
O advogado responde: - Só depois que a polícia chegar.

8) Por que a Ordem dos Advogados proíbe relações sexuais entre advogados e seus clientes?
R: Para evitar que seus clientes sejam cobrados duas vezes por um serviço essencialmente similar.

9) Um homem entra num escritório de advocacia e pergunta sobre os honorários para consultoria.
- Cinqüenta dólares por três perguntas - responde o advogado.
- Mas não é um pouco caro? - pergunta o homem.
- Realmente, é - responde o advogado. Qual é sua terceira pergunta?

10) Um advogado e um engenheiro estão pescando no Caribe. O advogado comenta:
- Estou aqui porque minha casa foi destruída num incêndio com tudo que estava dentro. O seguro pagou tudo.
- Que coincidência! - diz o engenheiro. - Minha casa também foi destruída num terremoto e perdi tudo. E o seguro pagou.
O advogado olha intrigado para o engenheiro e pergunta: - Como você fez para provocar um terremoto?

11) Por que as piadas de advogado não funcionam?
R: Porque os advogados não acham graça em nenhuma delas e as outras pessoas não acham que são piadas.

22 de março de 2011

Piadas sobre advogados II

As piadas agradaram. Por isso publico outras.
Se você conhece boas piadas, que envolvam advogados ou magistrados ou cenas de tribunais,  pode me mandar que eu adoro.

1)Dois amigos se encontram depois de muito anos.
- Casei, separei e já fizemos a partilha dos bens.
- E as crianças?
- O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
- Então ficaram com a mãe?
- Não, ficaram com o advogado.

2) Um réu estava sendo julgado por assassinato na Inglaterra. Havia fortes evidências sobre a sua culpa, mas o cadáver não aparecera. Quase no final da sua sustentação oral, o advogado - temeroso de que seu cliente fosse condenado - recorreu a um truque:
- Senhoras e senhores do júri, eu tenho uma surpresa para todos vocês, disse o advogado, olhando para o seu relógio. Dentro de um minuto, a pessoa presumivelmente assassinada, neste caso, vai entrar neste tribunal. E olhou para a porta. Os jurados, surpresos, também ansiosos, ficaram olhando para a porta.
Um minuto passou. Nada aconteceu. O advogado, então, completou:
- Realmente, eu falei e todos vocês olharam com expectativa. Portanto, ficou claro que vocês têm dúvida, neste caso, se alguém realmente foi morto, por isso insisto para que vocês considerem o meu cliente inocente.
Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão final. Alguns minutos depois, o júri voltou e pronunciou o veredito: "Culpado!"
- Mas como?, perguntou o advogado. Vocês estavam em dúvida, eu vi todos vocês olharem fixamente para a porta!
E o juiz esclareceu:
- Sim, todos nós olhamos para a porta, mas o seu cliente não...

MORAL DA HISTÓRIA:
NÃO BASTA TER UM BOM ADVOGADO, VOCÊ TEM QUE PARECER INOCENTE.

3) Um Advogado estacionou seu Mercedes novo em folha na frente de seu escritório, pronto para mostrá-lo para seus colegas. Logo que ele abriu a porta para sair, um caminhão passou raspando e arrancou completamente a porta.
O advogado atordoado imediatamente do seu telefone celular, discou 190 e dentro de minutos um policial chegou.
Antes que o policial tivesse uma oportunidade de fazer qualquer pergunta, o advogado começou a gritar histericamente que o Mercedes, que ele tinha comprado no dia anterior, estava agora totalmente arruinado e nunca mais seria o mesmo. Iria processar o motorista, Deus e o mundo, fazer e acontecer, afinal era doutor, etc, etc...
Quando o advogado finalmente se acalmou, o policial agitou sua cabeça em desgosto e descrença.
"Eu não posso acreditar no quão materialistas vocês advogados são", ele disse, "Vocês são tão focados em suas posses que não notam mais nada."
"Como você pode dizer tal coisa? O Sr. tem noção do valor de um Mercedes?", pergunta o advogado.
O policial respondeu: "Você não percebeu que perdeu seu braço esquerdo? Está faltando do cotovelo pra baixo. Ele deve ter sido arrancado quando o caminhão bateu em você."
"Meu Deus!", grita o advogado. "Cadê meu Rolex?

4) A mulher resolveu se separar do marido. O juiz perguntou qual seria a principal razão para essa separação.
- Compatibilidade de gênios.
O juiz estranhou...
- A senhora deve estar querendo dizer incompatibilidade de gênios..."
- Não, não... é compatibilidade mesmo! Eu gosto de passear, meu marido também gosta! Eu gosto de ir ao cinema, ele também gosta! Eu gosto de pizza aos sábados, ele também gosta! Eu gosto de homem, e ele também gosta!

A visita do presidente Obama

Meu Deus!!! Como ainda temos panacas no Rio de janeiro. E disse panacas porque tem crianças na sala. Na verdade são uns babacas. Idiotas totais, que deveriam ser interditados, por não serem capazes para prática de atos na vida civil e de gerir a própria vida.

Em pleno século XXI? Depois de governos do PT, presumivelmente anti-americanistas, termos, na área de política externa, amargado o isolamento no plano mundial, em face da equivocada posição ao lado de ditadores e déspotas como Mahmoud Ahmadinejad ? Depois do Brasil se tornar a 7ª potência econômica mundial adotando as regras clássicas do capitalismo, que implicam em segurança jurídica dos contratos, respeito à propriedade e aceitação da livre concorrência? Depois do exemplo da China, que ao invés de fustigar os americanos e afugenta-los, preferem vender para eles, ganhando dólares e melhorando o padrão de renda e o nível de emprego dos chineses?

Já perceberem o número de milionários chineses que apareceram recentemente? Depois de japoneses e coreanos, agora os bandos que encontramos fazendo turismo mundo a fora é de chineses.

Depois de todas as experiências fracassadas da economia planejada soviética? Depois da falência de Cuba, que levou o povo a miséria absoluta?

Pois é, ainda temos pobres coitados - marionetes a serviço de oportunistas profissionais, sem um mínimo de formação ideológica - que empunham faixas e cartazes com chavões tão antigos quanto andar para frente, e palavras de ordem que soam como rosnados de cães que não mordem. Só ladram.

Eu me envergonho de ver estes pobres coitados sendo usados de maneira torpe, por meia dúzia de profissionais, destituídos de objetivos válidos e consistentes, que pregam o ódio contra o povo americano, rechaçando uma aproximação política e comercial que ao contrário do que apregoam é inteiramente interessante para nós.

Sem apoio americano, sabe quando teremos assento no Conselho de Segurança? Nunca!!! Sem o mercado americano, de preferência sem barreiras, aberto aos nossos produtos industrializados, com valor agregado, vamos viver de vender minério para chineses e indianos, até que se esgotem nossas reservas, e comprando deles manufaturados de péssima qualidade mas preço baixo porque utilizam mão-de-obra semi-escrava.

O que ganha o Brasil, o que ganhamos nós, com estas manifestações contra os americanos e contra o presidente Obama? O riso deles, e provavelmente pensamento piedoso e perdão generoso. Tipo assim: “eles não sabem o que dizem”.

Precisamos nos nivelar. Falar no mesmo tom nos simpósios internacionais e nos organismos oficiais, tipo ONU, OMC, OMS e outros de igual importância e pertinência. Diplomaticamente, com energia mas educação e elegância.

Rosnar nas ruas e incendiar representações diplomáticas é coisa para povos habitantes de republiquetas de bananas, ou de feição xiíta atrasada. Nós já ultrapassamos este estágio. Ou não?

20 de março de 2011

Piadas sobre advogados

Fazendo blague, facécia, chiste ou simplesmente pilhéria, diz meu filho Jorge que não existem piadas sobre advogados: tudo seria verdade mesmo.
Com bastante frequência recebo, via e.mail,  algumas, digamos, piadas, envolvendo advogados. Nunca processei ninguém, até porque na maioria das vezes os remetentes são amigos. Não me considero agredido, ofendido ou indignado, porque não me enquadro nas situações criadas pela fértil imaginação das pessoas. Se é que são mesmo fruto apenas da imaginação das pessoas...
Vamos a algumas delas:

1) A primeira nem é sobre advogado, mas sobre tribunal.
Uma velha de 80 anos foi presa por estar roubando no supermercado. Quando ela estava na frente do juiz, ele perguntou a ela:
- O que a senhora roubou?
Ela respondeu: "Uma lata pequena de pêssegos".
O juiz perguntou a ela o motivo do roubo, e ela respondeu que roubou porque estava com fome.
O juiz, então, perguntou à velha senhora quantos pêssegos tinha dentro da lata. Ela disse que tinha 6.
O juiz, então, disse:
- Eu vou prender a senhora por 6 dias.
Mas antes que o juiz pudesse terminar a sentença, o marido da velha senhora perguntou se poderia ter uma palavra com o juiz sobre o acontecido.
O juiz disse que sim, e perguntou o que ele queria dizer. Aí, o marido da velha disse:
- Ela roubou também uma lata de ervilhas...

2) Um grupo terrorista apodera-se do Palácio da Justiça.
Libertam todas as pessoas menos 500 advogados que estavam nesse momento em julgamentos nas várias seções.
Exigem 10 milhões de euros e meios para fugirem para um lugar seguro.
Caso contrário, ameaçam soltar os advogados um a um... vivos.

3)Barbie Advogada
O sujeito lembra-se que é aniversário de sua filha e que ainda não havia comprado seu presente. Ele pára seu carro diante de uma loja de brinquedos, entra e pergunta à vendedora:
- Quanto custa a Barbie que está na vitrine?
De uma forma educada a vendedora responde:
- Qual Barbie? Pois nós temos:
* Barbie vai à academia por R$ 19,95
* Barbie joga volley por R$ 19,95
* Barbie vai às compras por R$ 19,95
* Barbie vai à praia por R$ 19,95
* Barbie vai dançar por R$ 19,95
* Barbie advogada divorciada por R$ 265,95.
O cara, assombrado, pergunta:
- Por que a Barbie advogada divorciada custa R$ 265,95,
enquanto as outras custam apenas R$ 19,95?
A vendedora responde:
- Senhor, a Barbie divorciada vem com:
* O carro do Bob,
* A casa do Bob,
* A Lancha do Bob,
* O trailler do Bob,
* Os móveis do Bob,
* O celular do Bob...

4) Quais são as 3 frases mais utilizadas por um advogado?
1- você tem dinheiro?
2- pode arrumar mais?
3- você tem alguma coisa que possa vender?

5) Dois advogados, sócios em um escritório, saem juntos e vão almoçar. Já no meio da refeição, um vira para o outro e reclama:
- Puxa vida, esquecemos de trancar o cofre do escritório", ao que o outro responde:
- Não se preocupe, estamos os dois aqui!

6) Uma pessoa chega para o advogado mais caro da cidade, na entrada do Fórum local, e diz:
"Eu sei que o senhor é um advogado caro, mas por R$1.000,00 posso lhe fazer duas perguntas?"
O advogado responde:"Claro, qual a segunda?"

7) Dois advogados estão saindo do Fórum, quando um vira para o outro e diz:
- E então, vamos tomar alguma coisa? E o outro prontamente responde:
- Vamos, de quem?

8) O cliente liga para o escritório de seu advogado e diz:
"Eu gostaria de falar com o Dr. Roberto".
A secretária, pesarosa, informa:
"Sinto muito, não será possível, o Dr. Roberto morreu!"
O cliente desliga e 10 minutos depois, em nova ligação, faz a mesma pergunta:
"Eu gostaria de falar com o Dr. Roberto".
A secretária informa novamente:
"Sinto muito, não será possível, o Dr. Roberto morreu!"
Pouco depois, novamente, o mesmo cliente liga e fala:
"Eu gostaria de falar com o Dr. Roberto."
A secretária, irritada, diz:
"Meu amigo, o senhor já ligou três vezes e eu já lhe disse que seu advogado, o Dr. Roberto, morreu. Por que essa insistência?"
"Ah", exclama o cliente, "é que me faz tão bem ouvir isto..."

9) O avião estava com problemas nos motores e o piloto pediu às comissárias de bordo para prepararem os passageiros para uma aterrissagem forçada. Depois, ele chama uma atendente para saber se tudo está bem na cabine e ela responde: "todos estão preparados, com cinto de segurança e na posição adequada, menos um advogado, que está entregando o seu cartão aos passageiros!"

10)Certo dia estavam dois homens caminhando por um cemitério quando se depararam com uma sepultura recente.
Na lápide lia-se: "Aqui jaz um homem honesto e advogado competente".
Ao terminar a leitura um virou-se para o outro e disse:
- "Desde quando estão enterrando duas pessoas juntas na mesma cova?"

11) Já passava da meia-noite quando um promotor de uma pequena cidade americana do Mississipi ligou para a residência do Governador, insistindo em falar com ele de todas as maneiras, em uma urgência nunca antes vista. Demorou até que um assistente mais "influenciável" fosse acordar o governador.
"Que é que há?", rugiu o governador ao pegar o telefone.
"O juiz Gardner acabou de morrer", disse o promotor, "posso ficar no lugar dele"?
"Bem" - disse o político - "se o homem da funerária não reclamar, por mim está ótimo!"

12) Um casal jovem e apaixonado morre num acidente na véspera do casamento.
Chegando ao Paraíso, pedem a Deus para que eles se casem lá mesmo.
O Senhor responde: "Esperem 5 anos e, se vocês ainda quiserem se casar, nós daremos um jeito".
Cinco anos se passam e o casal continua com a firme intenção de casar.
Eles vão outra vez à presença do Senhor e repetem o pedido. O Senhor mais uma vez responde:
"Infelizmente, vocês vão ter que esperar mais cinco anos".
Passados mais cinco anos, finalmente a resposta esperada:
"Ok, vocês podem casar. Nós teremos uma bela cerimônia este Sábado na capela celeste".
Poucos meses depois, o casal já quer se separar. Eles vão à presença do Senhor, que ouve o pedido. Então ele diz:
"Olha, me levou dez anos para conseguir um padre aqui no Paraíso. Vocês têm idéia de quanto tempo vou levar para arrumar um advogado?

13) Sabe qual o problema com os juízes?
Alguns pensam que são Deus... Outros têm certeza!!!


Se você conhece alguma boa piada envolvendo advogados ou cenas de tribunal ou magistrados, escreva contando em "comentários" do post , ou envie por e.mail. Obrigado.

19 de março de 2011

Literatura no samba-enredo IV

Dando por encerrada a série, publico hoje a letra de um dos melhores sambas-enredo da minha Escola do coração: Portela.
O tema são as lendas e os mistérios da Amazônia. Muitas outras existem, mas as mencionadas na letra são de uma poética maravilhosa. Se isto não é literatura em forma de canção, sou mesmo o beócio que nunca assumi.

Samba Enredo 2004 - Lendas e Mistérios da Amazônia
G.R.E.S. Portela (RJ)
Autoria: Naldo, Grillo e David Corrêa


Nesta avenida colorida
A Portela faz seu carnaval
Lendas e mistérios da Amazônia
Cantamos neste samba original
Dizem que os astros se amaram
E não puderam se casar
A lua apaixonada chorou tanto
E do seu pranto nasceu o rio-mar
E dizem mais
Jaçanã, bela como uma flor
Certa manhã viu ser proibido o seu amor
Pois o valente guerreiro
Por ela se apaixonou
Foi sacrificada pela ira do Pajé
E na vitória-régia
Ela se transformou
Quando chegava a primavera
A estação das flores
Havia uma festa de amores
Era tradição das amazonas
Mulheres guerreiras
Aquele ambiente de alegria
Só terminava ao raiar do dia
Ô skindô lalá,
Ô skindô lelê,
Olha só quem vem lá
É o saci pererê

18 de março de 2011

Walter Williams

Walter Williams, negro com 1,80m de altura, professor de economia na Universidade George Manson, na Virginia, USA, é o mais novo membro de minha galeria de ilustres e admiráveis personalidades.

Ele defende a tese que cotas raciais e ações afirmativas de modo geral, prejudicam os negros e reforçam estereótipos.

É dele uma definição irretocável, de que as cotas raciais, principalmente no Brasil, forçam uma identificação racial que não faz parte de nossa cultura.

De memória, o único nome de personalidade da raça negra no Brasil, que tem opinião firme contra afirmações raciais, e em especial o sistema esdrúxulo e despropositado das cotas, é o João Ubaldo Ribeiro. E com argumentos inquestionáveis.

Sei que existem outros, poucos, que pensam da mesma forma. Existe, entretanto, um sem número de hipócritas, demagogos e ignorantes que professam combate ao preconceito, mas morreriam de desgosto e vergonha se uma filha viesse a se casar com um negro.

Segundo Williams, se os negros americanos fossem uma nação independente, esta seria a 15ª mais rica do mundo. E inumera exemplos de sucesso de negros no cenário americano, como a apresentadora Oprah Winfrei, riquíssima, o ator Bill Cosby, igualmente rico e famoso, o general Colin Powell que comandou o exercito mais poderoso do mundo e, por fim, maior exemplo não poderia haver, Barak Obama.

Nenhum deles precisou de reservas especiais de vagas ou mercado para alcançar êxito em seus campos de atuação.

Aproveito para me repetir, pois já manifestei reiteradas vezes, neste blog e em matérias para outros veículos, assim como através de cartas publicadas em prestigiados jornais, que não existem razões, nem históricas, nem antropológicas, religiosas, nem éticas ou morais e muito menos humanitárias, para se privilegiar negros, seja no ensino, seja no serviço público.

O que todos precisamos, negros, brancos, judeus ou amarelos, é de ensino de boa qualidade, desde o curso fundamental, porque isto propiciará a todos igualdade de oportunidades no ensino universitário e depois no mercado de trabalho.

Walter Williams é também radicalmente contra esta coisa idiota, considerada politicamente correta, de chamar de afro-americano o descendente de negros nascido nos USA.

Mais sobre o pensamento deste economista e professor universitário que venceu por seus próprios méritos, sem necessidade de tutela legal, deve ler a entrevista que concedeu à revista Veja, edição 2207, de 9 de março de 2011.

17 de março de 2011

Literatura no samba-enredo III

Interrompi a série sobre os melhores sambas-enredo de todos os tempos, em face do maremoto seguido de tsunami no Japão e pelo lançamento do iPad2, assuntos relevantes embora por diferentes motivos. Hoje retomo, chamando  atenção para  a capacidade de síntese dos autores na abordagem de tema histórico, com tempero poético e verso de hino oficial.Vejam a criatividade:

Império Serrano - Samba Enredo 1969
Heróis da Liberdade
Autoria: Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira

Ô ô ô ô
Liberdade, Senhor,
Passava a noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a abolição
A Independência laureando o seu brasão
Ao longe soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que ajuventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ô ô ô

15 de março de 2011

A fila do iPad2

Copyrigth at  http://www.cavernaweb.com.br/?p=1635
Clique no link e leia o original, com ilustrações. Publicado com autorização do autor, meu filho homônimo.

"A fila para o  iPad2

No dia 11 de março, foi lançado em Nova York o iPad 2. Quero dividir com vocês a experiência que vivi, mas não vou falar sobre as características técnicas do aparelho, seus inúmeros recursos e aplicativos. Deixo isso aos especialistas em tecnologia.

Quero comentar sobre o fenômeno do ponto de vista das pessoas. A loja da Apple na 5a Avenida iria abrir somente às 17h do dia 11/03 para venda do iPad 2. Às 15:50h, quando cheguei lá, a fila já dava a volta inteira no quarteirão, descendo pela rua 59, passando por trás (6a Avenida) e voltando pela rua 58. Detalhe: a fila era dupla.

Dezenas de jovens de camiseta azul com o símbolo da maçã organizavam a fila, para que ela não bloqueasse a entrada de garagens ou lojas. Tudo funcionando.

De vez em quando, alguém abria a janela do carro e perguntava para o que era a fila. Ao saberem da resposta, quase sempre diziam “ah, o iPad 2…”

Na fila, as inevitáveis conversas de quem está meio sem ter o que fazer. Atrás de mim, uma jovem queria comprar dois (o limite permitido pela Apple), um para o namorado e outro para o chefe. Pediu para tirar uma foto dela na fila, para provar ao chefe que foi um sacrifício…

Ao meu lado, um indiano (que estuda em NY) conta que entrou no site da Apple às 6h, e a expectativa era de 8 dias para entrega na cidade de NY. Mas que, ao retornar ao site às 11h, essa espera já ultrapassava 3 semanas.

Um chinês tentou furar a fila (pois é, lá também…) falando ao telefone, mas o pessoal da fila “dedurou” e ele se mandou.

Às 17h, pontualmente, a fila começou a andar, enquanto a temperatura caía para menos de 5°C.

Converso com um dos rapazes de camisa azul, e pergunto se haverá iPads para todos. Ele diz que não sabe, mas acha que a Apple se preveniu dessa vez, já que no lançamento da primeira versão faltaram aparelhos.

Além das lojas da Apple, o iPad 2 também podia ser adquirido nas lojas da AT&T, Verizon e Wal-Mart. Isso contribuiu para diminuir a “pressão” sobre as lojas da empresa.

No papo da fila, o estudante indiano pergunta para outra moça por que ela está comprando um iPad. Resposta simples e direta: é legal e um símbolo de status. De fato, o “status” é um valor recorrente no mundo da tecnologia, e a Apple é, provavelmente, a empresa que melhor traduz esse valor para seus clientes.

Depois de duas horas e quarenta minutos, entro na loja. Os funcionários fazem um corredor, e batem palmas, dando as congratulações por “ter conseguido”.

Ao descer as escadas (a loja é no subsolo), a primeira pergunta: pagamento em dinheiro ou cartão? Daí eles perguntam qual o modelo desejado. E em 10 segundos o aparelho está dentro de uma sacola, o cartão está sendo passado num iPhone e o recibo vai por e-mail (e vai mesmo, já recebi). Ou seja, quase 3 horas, e a venda não levou 2 minutos.

Na saída, as pessoas gritavam e exibiam seus aparelhos, como troféus, para a pequena multidão do lado de fora, que se divertia com esse excesso de entusiasmo.

No dia seguinte, sábado, volto à loja e o vendedor me diz que naquela noite venderam mais de 7 mil iPads 2. Incrível. Das 6 versões disponíveis (16Mb, 32Mb e 64Mb com wi-fi ou wi-fi + 3G), apenas uma versão em preto, de 64Gb, tinha ainda algumas unidades.

Algumas pessoas ficaram na fila por até 40 horas, e me disseram que minhas 2h e 40 minutos não foram nada. Uma estudante vendeu seu lugar na fila por 900 dólares. Vai usar o dinheiro para assistir a um show da Lady Gaga… Veja o vídeo abaixo.

Minha curiosidade, agora, é saber se Steve Jobs voltará e se a Apple será capaz (de novo) de criar filas tão grandes."

14 de março de 2011

Catastrofes e procedimentos

Tragédias com vítimas fatais não são comparáveis. A perda de vidas humanas, seja em deslizamentos de barrancos, seja em tsunamis*, seja em queda de aviões, seja em colisão de veículos na Dutra, são sempre muito lamentáveis.

Mas certamente podem-se comparar os procedimentos das autoridades públicas e da população diante das tragédias, provocadas pelas forças da natureza ou pela irresponsabilidade do homem.

Enquanto nas recentes inundações na região serrana do Rio de Janeiro tivemos notícias de saques aos estabelecimentos comerciais e até à residências já danificadas pelas enchentes, o que vimos no Japão foi uma aula de civilização.

Imagens mostraram supermercados com as prateleiras desabastecidas sim, pois não havia como repor estoques e o consumo de gêneros alimentícios aumentou, como era esperado, mas em nenhum momento vimos hordas de aproveitadores invadindo os estabelecimentos para saquear. Nem pânico na população. Percebe-se organização.

Outra coisa admirável, é o preparo da população para enfrentar situações extremas de catástrofes, fruto de constantes treinamentos. Fiquei impressionado com uma entrevista feita com um senhor, de 65 anos, que indagado sobre os problemas que estava enfrentando, respondeu que ”por mais bem informados e preparados que estejamos, estas situações são sempre difíceis de enfrentar. E não é possível lembrar de todas as recomendações das cartilhas num momento deste.”

Então o que temos. Um país localizado em área de risco de maremotos, tsumanis, terremotos de grande intensidade e outras adversidades naturais, instrui e orienta antecipadamente a população de como deve reagir. As construções, pelo menos nos grandes centros populacionais, obedecem a técnicas que permitem suportar tremores como os que ocorreram recentemente, de mais de 8 pontos na escala** que mede a intensidade dos terremotos. Sempre lembrando que 8 é quase o limite de intensidade medida.

Serviços de som e alarmes permitem um tempo de reação capaz de salvar muitas vidas.

E não precisamos ir tão longe para dar exemplos de preocupação do poder público e da sociedade, no sentido de prevenir, evitar, tanto quanto possível, os estragos, danos e, acima de tudo, a perda de vidas.

O Chile, que já sofreu com um dos maiores terremotos jamais registrados no mundo, adota medidas preventivas bem pertinentes, muito além de fazer amarração de seus postes com cabos de aço.

Lembro que no hotel onde me hospedei, em Santiago, atrás da porta do aposento, local indefectível de avisos quanto aos horários de refeições, instruções para lavar e passar roupas, etc, havia um quadro com instruções claras quanto aos procedimentos a serem adotados para casos de tremores. E a informação tranquilizadora de que o prédio foi construído com técnicas que permitem suportar grandes tremores. E seu pessoal era treinado para auxiliar na emergência.

A comparação com o nosso país é inevitável. Aqui as autoridades permitem, pela omissão, que sejam construídas casas sobre lixões, como aconteceu em Niterói.

Para não condenar apenas Niterói, é preciso dizer que nos USA de Bush, houve indesculpável falta de organização e planejamento e ações preventivas e, pior, uma inércia enorme no atendimentos das vítimas, quando do Katrina, em Nova Orleans.


*Tsunami: palavra de origem japonesa que significa, literalmente, segundo Wikipédia, onda no porto.
Um tsunami pode ser gerado quando os limites de placas tectônicas convergentes ou destrutivas movem-se abruptamente e deslocam verticalmente a água sobrejacente.

** Escala Richter: A escala de Richter, também conhecida como escala de magnitude local (ML),
atribui um número único para quantificar o nível de energia liberada por um sismo. É uma escala logarítmica de base 10, obtida calculando o logarítmo da amplitude horizontal combinada (amplitude sísmica) do maior deslocamento a partir do zero em um tipo particular de sismógrafo.
Na origem, a escala Richter estava graduada de 0 a 9, já que terremotos mais fortes pareciam impossíveis na Califórnia. Por isso fala-se atualmente em "escala aberta" de Richter. (fonte Wikipédia)

13 de março de 2011

Literatura no samba-enredo II

Escrevi no post anterior sobre “Memórias de um sargento de milícias” e mencionei também “Os Sertões”,* como exemplos de sambas baseados em obras literárias reconhecidamente importantes.

A obra de Euclides da Cunha, que tem originariamente mais de 600 páginas, foi sintetizada por Edeor de Paula, compositor da escola de samba “Em Cima da Hora”, atualmente no 3º grupo, que em 24 versos, abaixo reproduzidos, relata a essência do livro sobre Canudos.

Faltou a celebrizada frase “o sertanejo é antes de tudo um forte”, ipsis litteris, mas está subentendida nos versos: “Sertanejo é forte, supera miséria sem fim, sertanejo homem forte”.

Os Sertões (1976)
Em Cima da Hora

"Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh! solitário sertão
De sofrimento e solidão
A terra é seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida é triste nesse lugar
Sertanejo é forte
Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte (bis)
Dizia o Poeta assim
Foi no século passado
No interior da Bahia
O Homem revoltado com a sorte
do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
Que a sociedade oferecia
Os Jagunços lutaram
Até o final
Defendendo Canudos (bis)
Naquela guerra fatal"

Se é certo que compositores populares bebem na fonte da literatura para compor os seus sambas-enredo, é certo também que eles - poetas populares - são também manancial de muita literatura, em forma de versos em seus sambas.

Em próximas entradas, publicarei as letras daqueles que entendo são os mais belos sambas-enredos de todos os tempos, que narram lendas, folclore, costumes e tradições. Literatura de primeira qualidade, feita por pessoas de baixa escolaridade mas com viés filosófico e alma poética.



* R.R.E.S. Em Cima da Hora, de 1976, de autoria de Edeor de Paula

11 de março de 2011

Literatura no samba-enredo I

O título acima é, deliberadamente, um pouco ambíguo. Isto porque tanto pode significar as visitas feitas por compositores dos sambas-enredo a algumas obras consagradas da literatura brasileira, quanto a literatura feita pelos próprios compositores, muitas vezes grandes poetas populares, nas letras de seus sambas.

Exemplos da primeira hipótese, seriam os sambas “Memórias de um Sargento de Milícias” e “Os Sertões”.

Em 1966, Paulinho da Vila conseguiu reproduzir, em poucos versos, com o andamento do clássico samba-enredo, a história narrada no excelente e único romance de Manuel Antônio de Almeida.

Está no samba*, de forma sintética, toda a história de Leonardo e demais personagens, citados nominalmente na letra:
Leonardo: herói às avessas, herói picaresco - desde a infância é esperto, vagabundo e mulherengo.
Leonardo-Pataca: oficial de justiça, sentimental, sempre enroscado em suas paixões.
Maria-da-Hortaliça: mãe do herói.
Major Vidigal: temido e respeitado por todos. Severo punidor, é, ao mesmo tempo, policial e juiz.
Comadre: protetora de Leonardo, vive tentando livrá-lo dos enroscos em que se metia.
Compadre Barbeiro: outro protetor. Cria o menino como se fosse o seu filho, sonhando um próspero futuro para ele; só que isso não acontece.
D. Maria: velha, rica e bondosa. Era apaixonada por causas judiciais. Tia e tutora de Luisinha, amiga da comadre e do compadre.
Luisinha: primeiro amor de Leonardo. Suas características fogem da idealização dos modelos românticos: era feia, pálida e desajeitada.
José Manuel: caça-dotes, representa uma crítica à burguesia.
Vidinha: cantora de modinhas, segunda paixão de Leonardo.
Chiquinha: filha de D. Maria e esposa de Leonardo-Pataca.
Outros personagens: a vizinha, a cigana, o mestre-de-rezas, Tomás, etc.

Eis abaixo a letra do samba, que começa por situar a época da história, tal e qual na obra original, segundo relato feito por um antigo sargento de milícias ao contador de histórias que conduz a narrativa. Quem ouvir o samba terá praticamente lido o livro, tal a observância e fidelidade que o poeta popular (Paulinho da Viola), fez e manteve da obra do romancista (Manuel Antônio de Almeida).

Ouça na voz de Martinho da Vila em http://www.mp3rocket.com/mp3/-1_00/Martinho-da-Vila-Memorias-De-Um-Sargento-De-Milicias.htm

Memórias de um sargento de milícias
Era o tempo do rei
Quando aqui, chegou
Um modesto casal feliz pelo recente amor
Leonardo, tornando-se meirinho
Deu a Maria Hortaliça um novo lar
Um pouco de conforto e de carinho
Dessa união, nasceu
Um lindo varão
Que recebeu o mesmo nome do seu pai
Personagem central da história que contamos neste carnaval
Mas um dia Maria
Fez a Leonardo uma ingratidão
Mostrando que não era uma boa companheira
Provocou a separação
Foi assim que o padrinho passou
A ser do menino tutor
A quem lhe deu toda dedicação
Sofrendo uma grande desilusão
Outra figura importante em sua vida
Foi a comadre parteira popular
Dizia que benzia de quebranto
A beata mais famosa do lugar
Havia nesse tempo aqui no Rio
Tipos que devemos mencionar
Chico Juca, era mestre em valentia
E por todos se fazia, respeitar
O reverendo amante da cigana
Preso pelo Vidigal
O justiceiro
Homem de grande autoridade
Que à frente dos seus granadeiros
Era temido pelo povo da cidade
Luisinha primeiro amor
Que Leonardo conheceu
E que Dona Maria, a outro como esposa concedeu
Somente foi feliz
Quando José Manuel
Morreu
Nosso herói
Novamente se apaixonou
Quando com sua viola
A mulata Vidinha, esta singela modinha cantou:
Se os meus suspiros pudessem
Aos seus ouvidos chegar
Verias que uma paixão (bis)
Tem poder de assassinar

* Memórias de um sargento de milícias , samba-enredo do G.R.E.S Portela em 1966 , de autoria de Paulinho da Viola.

                                                     

8 de março de 2011

Campeões de vendas, audiência e assistência

O Cinemark, em Niterói, tem 6 salas no Plaza Shopping. Mês passado, num domingo, programei assistir o último filme do Woody Allen, intitulado “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” (You Will Meet A Tall Dark Stranger). Para minha surpresa não estava em exibição. Voltei à revista onde havia pesquisado e constatei que o citado filme só estaria em cartaz na quinta-feira, na sessão das 19:30h. Em outras palavras, são 6 salas, vários horários de sessões durante 7 dias na semana, e o filme só estaria em exibição num dia, numa sessão.

Em resumo, Woody Allen não tem público, senão alguns poucos fiéis que nem eu. Logo, um só dia e uma só sessão, segundo os programadores, são suficientes para satisfazer aos poucos admiradores do roteirista, diretor, ator e músico.

Idêntica situação vive José Saramago. Uma pesquisa sobre os campeões de vendas, nos dois últimos anos, revelará que o grande escritor lusitano freqüentou apenas duas vezes as listas semanais dos mais vendidos, e, ainda assim, em posições secundárias, nunca as três primeiras.

Ocorreu com “Ensaio Sobre a Cegueira”, cujas vendas foram motivadas pelo lançamento do filme homônimo. E com “Caim”, em face da morte do laureado escritor. Em suma, fatores outros que não a qualidade literária alavancaram as vendas.

O moral da história deixo a cargo do leitor. Ou estou na contramão, portanto errado. Ou pertenço a minoria mais seletiva.

Enquanto Saramago não vende como deveria, as mesmas listas de mais vendidos são freqüentadas, durante semanas, por nomes como Rick Riordan, Stephenie Meyer, Nicholas Sparks et caterva.

Sem falar da recidiva da praga Sidney Sheldon.

Pais e avós jamais regurgitarão histórias ou mesmo frases destes autores, para alimentar de cultura e saber seus filhos e netos. O que significa dizer que estes autores de consumo imediato, não pasarão para outras gerações e tendem a cair no ostracismo e total esquecimento.

Não dou um ano e obras como “O ladrão de raios”, “O mar de monstros”, “A Maldição do titã”, “O último olimpiano”, “Amanhecer”, “Eclipse”, “Lua nova”, “A hospedeira”, “A breve segunda vida de Bree Tanner”, “Querido John”, “A última música”, e “O milagre”, entre outras obras, que venderam como a última fornada de pão, estarão empoeiradas nas portas dos sebos à R$ 1,00... a dúzia.

6 de março de 2011

Entrevista com Ricardo Campanha Carrano

Ricardo é meu filho mais novo e ainda não frequentou minhas postagens; ao contrário do mais velho, meu homônimo, de quem já falei inúmeras vezes e de quem publiquei  prosa e verso aqui neste blog.
Ricardo não chega a ser um low profile, mas precisa ser fustigado para dar mostras de sua inteligência privilegiada e excelente cultura geral. O Jorge, exatamente como o pai, atento observador acompanha o crescimento da floresta como um todo; o Ricardo pesquisa cada árvore de per si, desde a raiz até a copa.
Tenho enorme orgulho dos dois.
Formado em engenharia de telecomunicações, Ricardo é professor universitário e tem trabalhos, individuais e em parceria, publicados em revistas especializadas, em português e inglês.
Como sei que tem muito a dizer mas sempre alegou não ter tempo para escrever um post,  resolvi entrevista-lo tendo a paciência necessária para aguardar as respostas. 

Pergunta: Você teve oportunidade de vivenciar um pouco os ambientes universitários e acadêmicos de Boston e New Jersey. Quais as suas impressões?

Resposta: Boston é uma das minha cidades favoritas. Por um lado é muito importante para a história dos Estados Unidos, por outro, tornou-se bastante internacional, por conta dos estudantes do mundo todo, que frequentam suas excelentes universidades. Harvard e o MIT* são duas referências, mas existem várias outras instituições de qualidade por lá. Em relação a New Jersey, conheço razoavelmente apenas Princeton, onde vivi durante três meses. É uma bela cidadezinha, que gira em torno da educação e da ciência, sem outros atrativos.
As universidades americanas de primeira linha são muito ricas, lastreadas em fundos de doação bilionários. São bem equipadas, com campi belos e agradáveis. Tudo favorece o estudo. Por isso atraem bons alunos e professores do mundo todo. Mas o ponto chave talvez seja o grande respeito da sociedade americana por sua academia. Talvez seja essa a lição para nós, brasileiros. O estudo tem que ser levado a sério.

Pergunta: É fato que existe uma fogueira de vaidades e jogo de poder entre os acadêmicos?

Resposta: Claro. Como em todas as áreas onde existe gente, existe vaidade e também jogo político.

Pergunta: Das personalidades reconhecidamente brilhantes em suas áreas de atuação, qual foi ou foram, as que deixaram melhor impressão no contato pessoal?

Resposta: Não sei dizer. No geral, os grandes nomes são pessoas acessíveis. Os mais novos é que costumam ter egos muito inflados e causar impressões desagradáveis. Coisa de jovem. Mas aqui no Brasil, convivo com pessoas tão brilhantes como as que encontrei no MIT ou em Princeton.

Pergunta: Harvard é a melhor referência mundial no campo da web, no desenvolvimento de programas ou ferramentas?

Resposta: Penso que não. É verdade que muitas das inovações da web são criações de egressos das grandes universidades americanas, mas não necessariamente de Harvard.

Pergunta: Fora dos USA, em que outro país tem aparecido mentes brilhantes neste campo?

Resposta: Já há alguns anos os orientais estão em alta em termos de produção acadêmica. Primeiro os japoneses e coreanos, agora os indianos e os chineses. O Brasil está melhorando, mas no geral todos estão, e nossa participação na produção acadêmica mundial ainda é mínima. Precisamos levar o ensino mais a sério. Não basta quantidade de diplomados, precisamos de qualidade também.
Apesar da ascenção dos estudantes de outros países, a sociedade mais inovadora ainda é a americana. A inovação surge de uma conjuntura complexa. Não basta ter bons alunos, é preciso capital de risco, incentivo a inovação e parceria da universidade com a iniciativa privada. Também estamos melhorando nesse campo, mas são precisos ajustes na nossa mentalidade.

Pergunta: A IBM perdeu hegemonia no mercado de fabricação de hardware?

Resposta: Os grandes fabricantes de hardware foram reduzidos a integradores que colocam suas etiquetas em produtos fabricados na China. Poucos estão preocupados com aspectos de qualidade como, por exemplo, a durabilidade. É a cultura dos descartáveis.

 Pergunta: Como professor universitário, que avaliação sobre o ensino superior, no Brasil, você poderia fazer? Podemos ter esperanças de que iremos atingir o nível de excelência das maiores universidades do mundo?
Resposta:  Já falei um pouco disso. Em resumo, precisamos de uma mudança de mentalidade. Talvez de uma grande "estratégia de marketing" para que o brasileiro perceba que seus estudantes, professores, cientistas e pesquisadores são tão importantes quanto os jogadores de futebol e os pagodeiros.

Pergunta: Passando para amenidades, fale de seu gosto musical, literário, cinematográfico, esportivo e coisas que tais.

Resposta: Hmm! Assunto extenso e desinteressante. Dizer que meu gosto é eclético é cair no clichê. Listar os favoritos é um exercício de memória cansativo e com resultados injustos. Então, vamos ao que estou consumindo agora:
Ouvindo: Radiohead, Rachmaninoff e Puccini.
Lendo: Bernard Cornwell, Robert Harris e José Saramago.
Assistindo: Woody Allen e Christopher Nolan
Esportes: Nenhum, atualmente. Curling feminino, eu talvez parasse para assistir.

Pergunta final: Qual é a sua religião, crença ou filosofia seguida?

Resposta: "A metafísica é uma consequência de estar mal disposto".



Nota do editor: MIT é a sigla em inglês do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma das mais prestigiadas instituições de ensino no mundo.


4 de março de 2011

Bula do perfil

Já estive tentado a modificar meu perfil, publicado desde o início neste blog, por causa de dúvidas e incompreensões que suscitou.

Algumas pessoas indagaram sobre ser ímpio, no sentido de impiedoso, ou como consta no Aurélio, que “denota ou envolve impiedade”. Até poderia ser, mas eu não declararia de forma consciente, não é?

Assumi ser ímpio, no sentido de ser um herege convertido. Sim, porque fui coroinha e fiz primeira comunhão.

Quando cresci um tantinho, e depois de ver, ouvir e ler, deixei a fé católica e me converti à heresia. Não, não sou um herege fundamentalista. Não é que não tenha fé alguma. Mas a minha fé não é a convencional, é à moda.

Por que admirador da Portela e torcedor do Vasco da Gama?

Queriam o quê? Nasci em 1940 e quando estava na faixa entre 5 e 12 anos de idade, quando as paixões vão se manifestando só dava Vasco e Portela como campeões.

Lembre que estamos entre 1945 e 1952.

Neste período a Portela conseguiu inéditos 7 títulos consecutivos, eis que campeã entre 1941 e 1947. Ainda é, hoje, a Escola mais vitoriosa, com 21 títulos conquistados, não obstante os maus resultados dos últimos anos.

O mesmo ocorreu com o Vasco da Gama, que logo em seu ano de estréia, em 1923, conquistou o título carioca, e alcançou seu apogeu, com o até hoje invejável “Expresso da Vitória”, uma equipe quase imbatível na época. O Expresso começou a se formar quando a diretoria contratou o técnico uruguaio Ondino Vieira e chamou para o elenco vascaíno jovens e desconhecidos jogadores, como Augusto, Eli, Danilo, Ademir, Lelé, Isaías e Jair, que se consagraram e fizeram história, inclusive na selaçao nacional.

Foram dois títulos cariocas invictos, em 1945 e 1947. Este último rendeu ao clube o convite para disputar o Campeonato Sul-Americano de Campeões. Além do Vasco, estavam lá grandes potências da época, como o temido River Plate de Di Stéfano* apelidado na Argentina de La Maquina (a Máquina) e favorito ao título, além de Nacional do Uruguai e Colo-Colo do Chile. Após quatro vitórias e um empate o Vasco jogava com o River Plate pelo empate e no jogo final o 0 X 0 foi o suficiente para dar ao Vasco o seu maior título no futebol, reconhecido atualmente como titulo Sul-americano, equivalente à conquista da Libertadores.

Em 1949, o clube cruzmaltino, de novo, conquistaria mais um título carioca invicto, com uma goleada sobre o Flamengo em plena Gávea (estadio da Flamengo), por 5 a 2, após estar perdendo por 2 a 0.

O time conquistaria, ainda, os títulos estaduais de 1950 e de 1952, encerrando a fase mais vitoriosa do clube. Terminava assim o Expresso da Vitória.

Viram quantas conquistas importantes entre 1945 e 1952? Pois é, queriam que eu adotasse como paixão futebolística outro clube? Por acaso um perdedor?

Bem, a advocacia foi falta de melhor opção na vida civil, eis que minha intenção era a carreira militar, em especial na aeronáutica, para ser piloto de jatos. A discromatopsia, como já contei, acabou com meu sonho.

Que mais tem lá no perfil que careça de explicação? A fé em São Jorge? Bem, se você pergunta porque, parafraseando Louis Armstrong** respondo que nunca entenderá.

Espero que com esta bula, ou melhor, com este pequeno manual de como entender o perfil, as dúvidas tenham desaparecido.


N do A:

* Di Stefano foi seguramente o melhor jogador de seu tempo. Aliás que alguns jogadores argentinos, vira e mexe, destacam-se por sua arte. A exemplo de Maradona e, atualmente, o Messi, que seriam incluídos nas listas dos 5 melhores jogadores de suas épocas.

** Indagado sobre o que seria jazz, Armstrong respondeu: “se você me pergunta o que é jazz, então nunca entenderá”

Miojo, Nescau e ideogramas

Este post foi pubicado originariamente no blog CavernaWeb, encontrável em http://www.cavernaweb.com.br/ 
O Jorge Carrano que assina é meu filho, que atua nas áreas de web, comunicação, marketing e idéias.


Miojo, Nescau e ideogramas
Por Jorge Carrano

No início do ano, numa conversa com um amigo professor do Ensino Médio, ele se queixou da atual falta de atenção dos alunos, aos quais se referiu como “Geração Miojo”: tudo tem que durar menos de 3 minutos.

Na hora me lembrei de quando era criança, e o Nescau passou a ser “instantâneo”. Era um achado, bastava colocar no copo de leite, misturar um pouquinho e já estava pronto para beber. Uma das poucas coisas “instantâneas” daquela época…

Descontados os exageros da metáfora, é um fato preocupante. As tecnologias de comunicação instantâneas são como o Nescau dos anos 60. Misturou, tá pronto! Clicou, tá feito.

Se isso é fantástico para dar um recado rápido ou confirmar presença numa festa (ou protesto), por outro lado essa velocidade nos torna sujeitos a um modelo em que o quão rápido se responde é tão ou mais importante do que o que se responde.

Não à toa, um dos maiores sucessos do nosso tempo é o Twitter. Os 140 caracteres, ao invés de uma limitação, acabaram por definir um estilo. O consultor Jeremy Webb relatou um caso interessante em seu blog.

A China é um dos países onde a censura aos meios de comunicação é mais eficiente. Já escrevemos sobre isso aqui.

O limite de 140 caracteres por mensagem do Twitter é um desafio em nosso alfabeto romano, mas é um espaço bastante razoável quando usado com caracteres chineses. Isso porque a escrita ideográfica é mais concisa, e um único ideograma pode comportar um significado complexo. Além disso, não há necessidade de usar espaços entre “as palavras”. Mais economia.

O exemplo mencionado por Webb é curioso. Uma mensagem em inglês, veiculada no Twitter da Dell, usou 136 caracteres. A versão em chinês do mesmo conteúdo permitiu à empresa veicular muito mais informações. O texto, quando traduzido do chinês para o inglês, revelou 430 caracteres.


Escrita eficaz: o tweet de 140 caracteres chineses, quando traduzido para o inglês, consumiu 430 caracteres.

2 de março de 2011

Pão de batata da Wanda

Fazendo jus ao nome, este blog já publicou posts sobre os mais diversos temas: política, família, religião, futebol, cinema, teatro e amenidades em geral. Além de textos do autor ,foram publicados trabalhos em prosa e verso de um dos filhos, da neta, de uma das sobrinhas e de amigos. Hoje iremos inaugurar um assunto ainda não abordado aqui, criando um espaço culinária, que iniciará com receita aperfeiçoada ao longo dos anos por minha mulher Wanda. A receita faz muito sucesso junto a família, o que não é nenhuma grande virtude, eis que em se tratando de comida a família topa qualquer coisa. O prato predileto é o cheio.

Vamos aos ingredientes:
 
- batata inglesa cosida e depois amassada, suficiente para encher uma xícara;
- uma xícara contendo água morna, aproveitando a do cozimento da batata;
- um tablete de fermento ou uma colher de sopa;
- 3 ovos
- 4 colheres de sopa de açúcar;
- 100 gr de manteiga ou margarina (faço com margarina);
- 1 kg de farinha de trigo (mais ou menos);
- ½ xícara de leite;
-óleo vegetal (soja, milho, etc) para untar.

Modo de preparo:


Colocar numa bacia de cozinha, ou numa tigela grande, a água morna, o fermento e o açúcar. Misture bem.
Em seguida acrescente os outros ingredientes, a batata amassada, os ovos, a margarina e o leite e vá misturando.
Então vá adicionando e misturando o trigo até que a massa fique com a consistência ideal: macia, mas firme, de forma que possa ser modelada sem se desmanchar.
Em seguida unte bem, por inteiro, o bolo de massa e deixe em repouso até que dobre de volume (mais ou menos).
Por fim, de formato aos pães. Ou maiores, como tranças ou pequenos como broinhas, e coloque-os em um tabuleiro untado e deixe, outra vez, crescer um pouco. Pincele com gema de ovo e leve ao forno, a uma temperatura aproximada de 180 graus, por 20 minutos ou até dourar.

Gosto de comer enquanto estão quentes, abrindo e passando manteiga. Acompanha um bom café.
Depois que esfriam, permanecem ainda macios por 2 dias.

Observação: há uma versão que leva passas sem caroço e/ou pequenos pedaços de frutas cristalizas, ou nozes, que devem ser acrescentados à massa no momento de formatar os pães.


1 de março de 2011

Pequenas doses de blues e jazz

Você nunca encontrou e jamais encontrará em minhas entradas neste blog, qualquer comentário sobre vibrato, staccato, e outros tecnicismos que tais.

Isto é coisa para crítico. Frases como “...ele exagera nos vibratos e nas notas em staccato”, ou “... cuja dinâmica fluiu da placidez sussurrante do sax tenor...” ou, ainda “... da veemência lancinante do sax soprano...”, ou “se permitiu a tocar longamente, em legato”, não aparecerão nas minhas postagens, pelo simples fato de que me faltam conhecimento musical e inspiração poética para tanto.

Aqui a ênfase é no sentimento, na emoção, no tangenciar a alma.

Arrostada minha ignorância musical, em contrapartida, a validar minhas postagens, coloco minha paixão pela música - que ouço muito - no mais amplo universo, e pelo jazz no mais restrito.

Assim, sem falsa modéstia, até porque como alguém já disse “toda modéstia é falsa”, tenho do que falar nesta matéria.

Fui em busca de uma explicação sobre a origem do nome jazz.

Para minha surpresa acabei descobrindo a razão pela qual sou chegado a esta arte.

Segundo minha pesquisa, a palavara jazz tem origem em uma palavra de um dialeto africano (jizz) cujo significado é semem.

Segundo outras fontes, o jazz liga-se ao sexo. A palavra jazz, derivaria do francês jazer, 'deitar, copular' falado pelos escravos de New Orleans. Ainda hoje, jazz mantém o sentido de 'relação sexual'.

Taí, explicadíssimo, porque jazz é bom.

Segundo o filósofo Roberto Carlos (cantor), fazer sexo é a segunda melhor coisa do mundo. A primeira seria sexo com amor.

Os conceitos e definições a seguir, para blues e jazz, não são meus e são encontráveis na internet.

Blues seria uma forma musical vocal e/ou instrumental que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos, evitando notas da escala maior, utilizando sempre uma estrutura repetitiva. Surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas spirituals e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela.

Um dos nomes mais expressivos do blues é Robert Johnson, inspirador do filme "A Encruzilhada" (Crossroads), especialmente sobre seu encontro e pacto com o diabo para se tornar um grande músico.

Jazz é uma manifestação originária dos Estados Unidos, na região de New Orleans e suas proximidades, tendo na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes.

O jazz se desenvolveu com a mistura de várias tradições musicais, em particular dos blues.Com o tempo o jazz produziu uma grande variedade de subgêneros, ou correntes, como o Dixieland, o Swing (das big bands), o Bebop , o Cool, o Jazz latino e o Fusion . Para terminar, quero fazer uma sugestão, entrem no Google ou no YouTube e localizem “Preservation Hall Jazz Band”, ouçam e sintam.

Eles representam o mais puro e clássico jazz, estilo dixieland ou de New Orleans.

Depois leiam o post de 11 de fevereiro, publicado neste blog, no qual meu filho fala de sua visita a um dos mais importantes  templos do jazz, o Preservation Hall Of Fame, em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/02/os-velhos-e-o-jazz.html