29 de fevereiro de 2012

Reflexões sobre o Universo - Impetuosidade x Comedimento

   Por
  Carlos Frederico M B March
  (engenheiro de telecomunicações,  fotógrafo diletante  e astrônomo amador)


Sob ponto de vista de astrônomo amador, nesse segundo texto de "Reflexões sobre o Universo" (o primeiro foi "70 Voltas", publicado neste blog em 23.06.2011 ) abordarei um aspecto do desenvolvimento das estrelas e sistemas planetários que acho que pode gerar analogias com o nosso comportamento como seres humanos.

Caso geral as estrelas se formam em ambientes ricos em hidrogênio. Em muito menor quantidade, os demais elementos podem fazer parte do processo, na forma molecular ou em forma da chamada poeira interestelar. Através de atração gravitacional, os átomos ou moléculas desses materiais vão se aglutinando e, atingida uma certa massa crítica, formando as estrelas. Em seu entorno permanece na maioria das vezes um disco de matéria que acabará formando (ou não) sistemas planetários.


PILLARS OF CREATION - berçário estelar (HST - NASA)
Dependendo da configuração na nuvem primordial, de sua concentração de hidrogênio e/ou de elementos mais pesados ou poeira, formam-se estrelas maiores ou menores. Estima-se que, inclusive, vez por outra se formam astros que nem chegam a irradiar no espectro visível, as chamadas anãs marrons. Até recentemente, quando a maior parte da observação era visual, não as conhecíamos. Instrumentos de pesquisa em outras faixas de radiação, como a infravermelha, estão mais aptos a detetar os mais próximos de nós.

Primeiro caso - as maiores

Segundo a física estelar, está comprovado que estrelas gigantes, hiper brilhantes e quentes, irradiam sua energia em voluptuosas quantidades, iluminando (em várias faixas de radiação, desde infravermelho até ultravioleta passando pelo visível) tudo a seu redor e por vezes prejudicando as redondezas com sua impetuosidade. Por conta desse descalabro no consumo de suas reservas de energia, duram muito pouco tempo: 1 milhão de anos, 2, 10... Então morrem em titânica explosão (supernovas), numa reação nuclear quase instantânea que produz uma grande quantidade de elementos químicos de maior peso atômico que hidrogênio. Essa explosão produz belas nuvens de matéria que se expandem pelas redondezas, deixando no lugar da estrela original um objeto que pode ser uma estrela de neutrons, um pulsar ou mesmo um buraco negro.


M1 - Nebulosa do Caranguejo (HST - NASA)

Segundo caso - as menores

Por outro lado, estrelas comedidas, pequenas e econômicas, duram bilhões de anos, sem afetar em nada a vizinhança. Nada perturbam em torno, não emitem radiação destrutiva... Se eventualmente formadas num cenário como mencionado mais acima, ponto central de um disco de matéria, podem até ganhar à sua volta uma prole: planetas. Serenas, calmas, têm a capacidade de mantê-los ali, quietos e aconchegados.

Claro que tudo isso é uma simplificação, entre grandes e pequenas temos estrelas de tamanho intermediário, e as nuvens de matéria que formam todos esses tipos podem conter ou não matéria remanescente de explosões anteriores de supernovas nas redondezas. Este, em particular, é um fator relevante em nossa argumentação.

Segue que nosso Sistema Solar tem em seu centro uma estrela relativamente sossegada, pequena mas nem tanto - expectativa de vida de uns 10 bilhões de anos, quase metade dos quais já se passou. Sabemos também que é um sistema de 2ª geração. Certamente a nuvem primordial que o formou continha elementos pesados remanescentes de explosões anteriores de supernovas, ou não teríamos planetas rochosos como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

Fato: estrelas enormes, energéticas, hiper luminosas, morreram para que nós existíssemos.

Um resumo:

- Estrelas (pessoas?) grandes, fulgurantes, enquanto existem iluminam o mundo à sua volta com seu glamour e exuberância. Não raro esse ímpeto desmedido espalha o terror nas redondezas, estar próximo delas é extremamente arriscado, quando não destrutivo . Morrem cedo mas deixam como legado uma grande quantidade de elementos químicos variados (criações, insumos) que tornarão as gerações futuras de estrelas bem mais interessantes.

- Estrelas (pessoas?) pequenas e econômicas duram muito, muito! Conseguem manter a si e à sua prole (os eventuais sistemas planetários) numa existência sossegada e estável por éons. Em nada afetam a vizinhança, morrem de velhas em relativa paz e obscuridade.

- Analisemos o caso de estrelas pequenas e econômicas, contudo criadas a partir dos resíduos de estrelas fulgurantes e impetuosas - chamadas estrelas de 2ª geração. Usufruem do subproduto das que levaram uma existência exuberante, criativa mas autodestrutiva, só que sem correr riscos. É o caso do nosso Sistema Solar, Terra incluída. Paradoxalmente, é por conta dessa existência calma e duradoura em cima dos frutos herdados que ocorrem as condições ideais para o aparecimento da VIDA, talvez a maior das criações.

Onde eu gostaria de chegar?

Há várias analogias, algumas talvez polêmicas. Destaco essas a seguir:

- Sem guerra não há progresso (apesar de que nem sempre o progresso é algo benéfico). A guerra - aguda, feroz, destrutiva - estimula a pesquisa frenética por novas soluções em busca da vitória, das quais mais tarde usufruímos nos tempos de paz.

- Sem que desbravadores tenham se arriscado para alargar nossos horizontes, reais ou virtuais, estaríamos ainda no contexto da Idade Média. Incluo aí, por exemplo, os grandes navegadores dos séc. XV e XVI, alguns destaques na ciência, nas artes, na política...

- Muitas atitudes polêmicas, sejam de pessoas ou de sociedades inteiras, bem sucedidas ou não, foram necessárias para que gerações futuras vivessem com mais liberdade, dignidade e conforto, físico ou espiritual. Posso incluir Jesus Cristo?

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Imagens obtidas no site Astronomy Picture of the Day

http://apod.nasa.gov/


Pillars of Creation é uma das mais famosas foto-montagens realizadas a partir de originais tiradas pelo telescópio espacial Hubble, sendo que a parte escura da foto é uma porção do céu não capturada pelas lentes. Mostra um imenso berçário estelar dentro da Nebulosa da Águia, uma região onde estão sendo criadas estrelas e sistemas planetários.

M1 - Nebulosa do Caranguejo apresenta a visão atual da nuvem de destroços (elementos pesados) gerada pela explosão da Supernova do ano de 1054. Ao centro se encontra um pulsar, ou seja, uma estrela de neutrons em vertiginosa rotação, que é o que sobrou da estrela original.

28 de fevereiro de 2012

Setenta e dois anos de idade

Avanço da idade versus frascos

Estou prestes a completar setenta e dois anos de idade.

Já dou sinais de fadiga do material, como diriam meus amigos engenheiros. Ou, na linguagem médica, minha higidez já não é a mesma.

E tudo começou em outubro de 2010, quando ainda contava 70 anos, e fiz (para o médico) ou tive, para nós outros cristãos, um AVC. Para ser fiel a verdade, havia controvérsia se “fiz” um AVC, ou se tudo não passou de um AIT, ou de um DNIR.

Traduzindo: o AIT seria um acidente isquêmico transitório e o DNIR um deficit neurológico isquêmico reversível.

Apenas duas certezas. Foi isquêmico e não hemorrágico. E a causa foi um pico hipertensivo.

Quando questionei o neurologista sobre os diferentes diagnósticos, a partir do atendimento de emergência no plantão, ele me respondeu: foi um AVC.

Apontando para a imagem de meu cérebro na ressonância magnética: “está aqui a lesão”. Era uma pequena mancha branca. E veio a explicação: “veja deste lado, não atingido, e veja deste lado de seu cérebro a lesão pequena mas clara”. E arrematou para o leigo: “seu cérebro é constituído de duas metades iguais, note aqui a diferança”.

Bem, transitório foi, porque felizmente recuperei o que perdi no acidente vascular, ou seja, força e controle motor no braço e mão esquerda; e a discreta torção da boca também desapareceu com massagem e fisioterapia. A língua, que ficou meio presa, como se eu fosse um vicentinho sem mandato parlamentar, soltou com fonoaudiologia.

Mas a transitoriedade durou mais do que conceitua a literatura médica, para caracterizar DNIR.

As pessoa me olham e dizem: não parece, você está muito bem. E estou... na aparência.

Não sei se devo debitar na conta do AVC, mas o fato é que a idade, agora, está pesando como se diz popularmente. O neurologista diz que que nada tem a ver uma coisa com a outra. O que preciso fazer é me exercitar e aceitar que algumas  limitações são naturais para minha idade.

O corpo –  partes dele – já não obedece ao comando do cérebro, nem na velocidade e nem na intensidade com que aconteciam.

E não estou me referindo à ereção peniana, porque esta, desde de sempre, teve vontade própria, para o bem e para o mal.

Fosse para me deixar envergonhado por excesso inoportuno, fosse por escassez em momento decisivo. Ele foi mestre em crescer e aparecer quando não devia ou podia, e não se apresentar com dignidade quando a ocasião exigia.

Para meu consolo, errou (erra) mais por ação do que por omissão.

Não, não era disso que eu ia falar. É sobre braços e pernas, principalmente estas.

Foi-se o tempo em que, mesmo maduro e entrado em anos,  conseguia dar umas corridinhas intercaladas nas caminhadas matinais. Corria coisa como 200 metros na ida e mais uns 200 metros na volta. O percurso de minha casa até o final da praia (Icarai), que chamávamos de Canto do Rio, é de exatos 4 quilômetros. Então digamos que 10% eram de corridinha leve, o restante caminhada. Hoje, nem pensar, 10 metros já me deixam ofegante.

As pedaladas na ergométrica, não excedem de 15 minutos.

Embarcar e desembarcar de ônibus era tarefa simples que não exigia cuidados. Mesmo os degraus mais altos eram alcançados sem dificuldade com leve impulso. As pernas obedeciam e levantavam sem esforço.

Se quisesse, poderia fazer umas embaixadinhas, pois teria equilíbrio e controle.

Até mesmo a comezinha tarefa de vestir e tirar as calças, sem precisar de apoio, eu conseguia até os 70. Agora, ficar apoiado numa só perna, sem encostar num móvel ou na parede, nem pensar. Só fração de segundo.

Lembram que a gente demonstrava não estar alcoolizado fazendo um 4? Hoje não passaria no teste, mesmo estando absolutamente sóbrio, abstêmio.

Imagem Google

27 de fevereiro de 2012

Coincidências

Já narrei em    http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/02/potenza-basilicata-italia.html   que o avô de Wanda - Felice Campagna -  nasceu na comuna de Picerni, na província de Potenza, capital da Basicata.

Por outro lado, meu biavô, Carlo Michele Carrano, nasceu na comuna de Tramutola, na mesma província de Potenza, capital da região da Basilicata.

Ambos, avô de Wanda e meu bisavô, migraram para o Brasil, e não se conheceram nem lá na Itália e nem no Brasil.

Algumas gerações depois, eu e Wanda, descendentes destes dois carcamanos (latachos) de Potenza, nos conhecemos em Cachoeiro de Itapemirim e viemos a nos casar, já lá se vão 48 anos.

Coincidência remota, a origem dos ancestrais em Potenza.

Ontem, revendo os arquivos que meu pai deixou, encontro uma fotografia na qual ele está, no Palácio do Ingá, em Niterói, sede do governo do antigo Estado do Rio de Janeiro, ao lado de algumas esposas de políticos, secretários estaduais e parlamentares.

Ao centro Dna. Glorinha, esposa do gov. Miguel Couto Filho, no lado direito, de terno claro, Fernando Carrano
Vê-se, ao centro, de vestido estampado, a esposa do então governador do estado – Miguel Couto Filho – e na extrema esquerda Dna. Ismélia, esposa do vice-governador - Roberto Silveira.

Onde a coincidência? No mesmo ambiente, recinto do Palácio do Ingá, três anos depois algumas estudantes de Cachoeiro de Itapemirim – ES, foram recebidas pelo já então governador Roberto Silveira e por sua esposa. Entre estas estudantes, minha mulher Wanda (de cujo álbum de solteira pincei  a foto).


De saia xadrez, ao centro, Dna. Ismélia,  esposa do governador Roberto Silveira, mãe do atual prefeito de Niterói
Nesta segunda foto, ao centro, a já então primeira dama, Dna. Ismélia, esposa de Roberto Silveira. Wanda, de roupa clara (vestido de bolinhas), aparece à direita na foto.

Coincidência de lugar onde feitas as fotos.


Notas complementares:
Alguém há de querer saber porque o governador do estado e sua esposa recebem um grupo de estudantes de Cachoeiro de Itapemirim, que fica no Espirito Santo. Explico. Roberto Silveira, ao contrário do filho, atual prefeito de Niterói, tinha carisma, desenvoltura e ambição política. Ambição legítima de vir a ocupar cargo de expressão nacional. Num primeiro momento, quem sabe, uma vice-presidência. No futuro, vai saber, a presidência da república.
Seu plano, até onde sabíamos (eu era, digamos, lider estudantil) estabelecia que ao final de seu mandato como gevernador, seria candidato a deputado federal, para ganhar visibilidade  nacional.
Ainda em seus planos, contar com apoio do vizinho Estado do Espirito Santo. Por conta disto, via DER-RJ, colaborava com Camilo Cola, cuja empresa de ônibus interestadual precisava de favores do governo fluminense (o asfaltamento do trecho entre a cidade de Campos e o limite entre os Estados do Rio e Espirito Santo levou anos, o que afugentava outras empresas interessadas na concessão da linha Niterói-Vitória).
Ainda como parte deste plano de se projetar no Espirito Santo, o governo do estado oferecia facilidades de intercâmbio entre estudantes de Niterói e Cachoeiro de Itapemirim (onde ficava a sede da Viação Itapemirim, do Camilo Cola).
As estudantes capixabas que aparecem nas fotos, ficaram hospedadas no Ginásio do Caio Martins, em Niterói, com as despesas custeadas pelo governo.
Por outro lado, algumas delegações de estudantes de Niterói visitaram Cachoeiro de Itapemirim, com passagens fornecidas como cortesia pela Viação Itapemirim. Numa desta viagens, por conta da disputa de uma olimpíada interestadual, em Cachoeiro, acabei por conhecer a Wanda. Quatro anos depois nos casamos.
Com potencial político para aspirar a presidência, a médio e longo prazo, havia dois jovens em ascensão, no mesmo partido (PTB, não este vergonhoso que aí está): o próprio Roberto Silveira e Fernando Ferrari, este com base no Rio Grande do Sul.
Como sabem Roberto Silveira faleceu tragicamente, num desastre de helicóptero, sem levar adiante seus anseios políticos.
Meu pai já era falecido quando casei.

Roberto Silveira, Dna. Ismélia e a delegação de estudantes

26 de fevereiro de 2012

Sugestões

Hoje o blog não publica material novo e próprio. Farei apenas algumas sugestões, oferecendo links para outros sitios onde os caros seguidores e ocasionais visitantes encontrarão bons assuntos. A saber:
Em homenagem a Augusto dos Anjos, o website do Congresso Nacional de Litertura apresenta vida e obra do festejado poeta. Vejam em  http://150.165.176.14/conali


Além  deste site, coloco em seguida alguns links que remetem para obras do poeta - Augusto dos Anjos -  interpretadas pelo ator Othon Bastos.
Este material me foi encaminhado pelo amigo, colaborador bissexto deste blog, Ricardo dos Anjos, neto do homenageado.


04 - Budismo moderno.mp304 - Budismo moderno.mp3
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10 - Ricordanza della mia gioventú.mp310 - Ricordanza della mia gioventú.mp3
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06 - Poema negro.mp306 - Poema negro.mp3
8237K   Reproduzir   Baixar  
12 - A árvore da serra.mp312 - A árvore da serra.mp3
1339K   Reproduzir   Baixar  
07 - A Idéia.mp307 - A Idéia.mp3
1281K   Reproduzir   Baixar  
13 - Vandalismo.mp313 - Vandalismo.mp3
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17 - O lamento das coisas.mp317 - O lamento das coisas.mp3
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34 - Versos Íntimos.mp334 - Versos Íntimos.mp3
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Por fim, vale a pena visitar o blog no Jornal Primeira Fonte, onde encontrarão uma história bem interessante, envolvendo jovens estudantes secundaristas, uma emissora de rádio incipiente na cidade de Niterói, um astro da música americana, uma futura jornalista que já demonstrava, desde a adolescência, o que viria a ser na profissão e na literatura.
Os personagens, under God, passados mais de cinquenta anos, estão vivos e bem realizados pessoal e profissionalmente. Eu, todo pimpão, estou nessa aventura.


25 de fevereiro de 2012

Carnaval, passado e presente

A Praça Onze* foi o reduto do samba no Rio de Janeiro. Lá foram realizados os primeiros desfiles (organizados)  das escolas de samba.


Um projeto viário, posto em execução, acabou com a praça, que ficou reduzida em suas dimensões, para propiciar a construção da grande avenida, que viria a  se chamar "Presidente Vargas".

Quando anunciada a destruição parcial da praça e demolição de casas em seu entorno, houve um protesto dos moradores da região.

Herivelto Martins compôs o clássico samba, como um protesto contra o fim da Praça Onze, que se seria catastrófico o mundo do samba.
                   PRAÇA ONZE 
Vão acabar com a Praça Onze
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai
Chora o tamborim
Chora o morro inteiro
Favela, Salgueiro
Mangueira, Estação Primeira
Guardai os vossos pandeiros, guardai
Porque a Escola de Samba não sai
Adeus, minha Praça Onze, adeus
Já sabemos que vais desaparecer
Leva contigo a nossa recordação
Mas ficarás eternamente em nosso coração
E algum dia nova praça nós teremos
E o teu passado cantaremos

A previsão do poeta não se confirmou, e as escolas de Samba não acabaram. Apenas se modificaram, eis que os desfiles deixariam de ser circulares e passariam a ser em linha reta.

Concluída a obra da Av. Presidente Vargas, para lá foram transferidos os desfiles, e a cada carnaval eram gastos cerca de 10 meses no ano, para montagem, e depois desmontagem, das arquibancadas. 

Com a construção da Passarela do Samba, agora ampliada em obediência ao projeto original (que não fôra executado plenamente por causa da fábrica da Brahma), os desfiles ficaram mais suntuosos, os carros alegóricos cresceram em cumprimento e altura, assim como as alegorias, e as fantasias ficaram mais vistosas, mais chamativas, de sorte a que o público, mesmo colocado no último degrau das arquibancadas pudesse ter uma boa visão.

Como disse o poeta, o visual virou quesito.

Antes, as escolas valorizavam mais seus sambas de enredo e suas baterias que eram as duas molas mestras dos desfiles.

Sambas bem elaborados, obrigatoriamente de conteúdo histórico, mesmo que nem sempre fieis aos fatos e acontecimentos reais.

O que levou Sergio Porto, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, em 1968,  a compor o delicioso “Samba do Crioulo Doido”, deliciosa paródia, que era um libelo contra a obrigatoriedade então vigente, dos enredos tratarem da história do Brasil**.


http://www.youtube.com/watch?v=k5U1gNK1SkE

Samba do Crioulo Doido

Stanislaw Ponte Preta

Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes
Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar
Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta
Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Da. Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou
Os compositores dos sambas-de-enredo, ingênuos, com pouca instrução formal, não obstante a enorme inspiração poética, pelo pouco tempo de que dispunham, para pesquisa e estudo, desde a escolha do enredo até a apresentação dos sambas para eleição na quadra, se atrapalhavam  e por vezes  misturavam personagens e fatos.

O Sambódromo, nome inadequado para passarela de desfiles, posto que remete à velocidade (autódromo, hipódromo), levou à profissionalização das escolas.

Os sambas já não são tão elaborados, com letras rebuscadas, e perderam a cadência característica. Hoje estão mais para marchinhas.

Ou antão, a depender do enredo, são sambas de embalo ou de empolgação.

Silas de Oliveira
Já não se fazem versos como estes abaixo, de Silas de Oliveira. Ele e Mano Décio da Viola, constituíram-se nos nomes mais expressivos, dentre os grandes poetas da  Império Serrano, escola vizinha da minha Portela:




http://www.youtube.com/watch?v=u0XTCVjyzAE
Aquarela Brasileira (2004)

G.R.E.S. Império Serrano (RJ)

Vejam esta maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela
Do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapoã
De Iracema e Tupã
Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu
Assisti em Pernambuco
À festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza e arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste por todo o centroeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
O Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebres febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram em aquarela o meu Brasil
Lá lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá
 


* (Praça 11 de junho – comemoração da Batalhão do Riachuelo)
** O castigo, com a liberação dos enredos, é que até Iogurte virou tema. E empresas e governos estaduais e municipais têm liberado verbas de "patrocínio" para verem sua cidades e estados retratados nas escolas.

24 de fevereiro de 2012

Carnaval

Passou muito rápido. Quando já me acostumava ao ócio saudável, o carnaval acabou.

E com ele as caminhadas matinais mais vagarosas, mais indolentes e meditativas.

E a cerveja estupidamente gelada ao chegar a casa de volta, logo após a chuveirada refrescante, com a água fria jorrando no rosto ainda suado.

Leitura de jornais e da revista semanal que recebo aos sábados. Filmes na TV, retirados na locadora e mesmo no cinema, onde fui assistir a magnífica interpretação da Meryl Streep. Com a cidade vazia, fica tudo mais fácil. Cinemas sem filas, trânsito fluindo bem. Restaurantes com movimento, mas sem os atropelos e burburinhos rotineiros.

Se tiver discernimento, um mínimo da função cognitiva funcionando (dizem estar com demência senil), a Dama de Ferro há de estar impressionada com o que o maquiador conseguiu fazer na atriz e o que esta, por sua vez, conseguiu transmitir de realidade.

Refiro-me, claro, ao filme “A Dama de Ferro” (The Iron Lady), e a atriz Meryl Streep que recebeu sua 17ª indicação ao Oscar. Acho muito difícil que ela não seja anunciada,  como praxe,  “and the Oscar goes to...”

Em matéria de interpretação e caracterização de personagens reais, só me ocorrem, no mesmo nível,  as de Jamie Foxx, fazendo Ray Charles; a de Ben Kingsley, no papel de Gandhi e de Forest Whitaker, interpretando Charlie Parker, no filme “Bird”. Todos premiados com Oscar, exceto o Forest Whitaker que ganhou a estatueta cobiçada não por fazer o Charlie Parker, mas sim pelo  ditador Idi Amin.


Sempre se poderia duvidar das intenções reais da personagem Thatcher, eis que o biógrafo, assim como os críticos, muitas vezes fazem leituras e interpretações nem tangenciadas na realidade das intenções.

Talvez tenha havido uma tentativa de humanizar a Dama de Ferro, mas vai saber o que se passa nos corações e mentes das pessoas.


Voltando a leitura, a disponibilidade de tempo me levou a retomar e enfrentar Humberto Eco. Estou quase no final do “Cemitério de Praga”, cuja leitura não conclui, ainda, porque fiz uma pausa para pesquisar sobre o caso Dreyfus. Trata-se, depois se descobriu, de um dos maiores casos de erro judiciário da história recente (ocorreu no final do século XIX). Ele era inocente.



Na verdade nem foi questão de erro judiciário, mas sim de montagem fraudulenta de um processo que incriminava Alfred Dreyfus, oficial do exército francês, de origem judaica, num caso de alta traição.



Dreyfus cumpriu, parcialmente, pena de prisão perpétua, na Ilha do Diabo ( a mesma do Papillon – Henri Charrière). Em 1906 foi inocentado da acusação e reabilitado, porque o autor da fraude confessou a tramoia.







Poster do filme


Lembrava vagamente do filme (acho que britânico), realizado há muitos anos, com o título de “O Julgamento do Capitão Dreyfus”, com o ator Jose Ferrer no papel do capitão.







O Caso Dreyfuz
Louis Begley







Este processo desencadeou toda uma onda antissemítica na França e na Europa. Para bem entender o caso, além de ler o citado livro do Humberto Eco (“O Cemitério de Praga”), que é o que estou fazendo, seria muito importante a leitura da obra “J’accuse” (Eu acuso), de Émile Zola e do livro “O Caso Deryfus”, do escritor Louis Begley, editado pela Companhia das Letras.






Foi possível, durante os dias de carnaval, assistir duas partidas de futebol internacional, pela “Copa dos Campeões da Europa”, e, ainda, a semifinal da Taça Guanabara. Deu Vasco 2X1 Flamengo. ÔBA!

Sobre carnaval propriamente dito, o que posso dizer é que assisti os compactos exibidos pelo Globo, na segunda e terça- feira, às 14 horas, que me deram uma visão boa de como estavam as Escolas.

O resultado foi justo, a Unidos da Tijuca estava bem legal. Minha Escola – Portela – está mal num quesito: Natal. Os mais velhos que acompanham as Escolas, hão de lembrar do “homem de um braço só”. Natal era um bicheiro valente e respeitado. Foi celebrizado num samba do João Nogueira. Faz muita falta. Duvido que alguns dos jurados, parciais, vendidos, fizessem o que têm feito com a Portela, se é que me entendem.

Poucas mudanças, desde a inauguração da Passarela do Samba: uma criatividade maior, aqui e ali, nas comissões de frente; carros alegóricos enormes; fantasias com grandes alegorias na cabeça e nas ombreiras, de sorte a fazerem volume e serem percebidas pelos expectadores mesmo no último degrau das arquibancadas.



Sophie Charlotte - Salgueiro

Muita mulher desnuda. Rainhas e madrinhas de baterias que nada têm a ver como o mundo do samba – com as chamadas comunidades - geralmente atrizes, modelos e apresentadoras, de bela plástica, que nada acrescentam, senão visual.O que, admito, não é pouco. Até porque o visual, como disse o poeta, virou quesito.

Os sambas feitos por cooperativas há muito deixaram de ter o andamento do passado. Interesses comerciais de grande vulto envolvidos, levam inclusive, por vezes, a decisões insólitas, como a conjunção das letras concorrentes. Vale lembrar que o samba que será usado no desfile é decidido num julgamento feito na Escola, entre os integrantes. Assim, os autores “negociam” e pegam uma estrofe do samba de um, um pedaço do outro, o refrão de um terceiro e pronto.

As baterias também inventaram paradinhas e paradonas, absolutamente dispensáveis.

Se é verdade que o desfile virou um grande teatro ambulante e agrada aos olhos, também não é menos verdade que de escola de samba pouco restou.


Este post estava redigido e pronto para publicação, quando recebi do amigo Ricardo dos Anjos um link com o depoimento de uma jornalista da Paraíba, que coloco abaixo. O Ricardo, no email que me mandou, chamou de choque de realidade. Confiram! 


23 de fevereiro de 2012

Repercussão na imprensa - O Estudante em Foco


O programa aludido no post anterior mereceu algumas notinhas na imprensa do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, conforme se pode ver:




A notinha publicada no jornal "A Comarca", de São Gonçalo, que só menciona meu nome, tem uma explicação. Eu namorava a editora da coluna social, filha do dono do jornal, que se chamava Maria Luiza Cruz Tinoco, um doce de criatura. Nosso namorico acabou por uma simples razão, que o caso que conto a seguir explica por completo: Deu-se que ela era amiga da irmã de um amigo, parceiro de aventuras e conquistas, chamado Roberto Durão. Maria Luiza comentou, em tom de lamento,  certo dia, com esta irmã de meu amigo:" Eu fico trinta, quarenta minutos diante do espelho para me arrumar e enfeitar e o Jorge fica comigo quinze, vinte minutos e vai embora".
Quando eu soube, incontinenti  rompi o namoro. Por certo ela não merecia um namorado como eu, mais preocupado com os embalos do sábado à noite.

A notinha n'O Fluminense alude a um "programa levado ao eter..." é bem anos sessenta, ou não?

22 de fevereiro de 2012

Reminiscências

ATENÇÃO: VEJAM AS NOTAS DE RODAPÉ, ACRESCENTADAS DEPOIS DA PUBLICAÇÃO DO POST.

Este episódio, este pequeno capitulo de minha vida, na passagem da adolescência para a vida adulta, e de outros igualmente adolescentes e idealista, já foi rememorado aqui e ali, sem contudo formar um todo inteligível. Trocamos cartas abertas, eu e Esther, e já comentamos em posts, sucintamente, mas a história, com princípio, meio e fim, está para ser escrita.

Vou  pedir socorro, aqui e ali, porque haverá lapsos e traição de memória. No próximo post, a repercussão do programa na imprensa local e outras matérias da época.

Assim como o Eastwood filmou uma mesma história sob dois pontos de vista (Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra), o americano e o japonês, vou contar como vi começar, mas acho que a coisa já era embrionária quando entrei no roteiro e terminou quando eu já não estava em cena.
Soldado de Exército

Eu prestava o serviço militar obrigatório, como soldado burocrata, na 2ª Circunscrição de Recrutamento, em Niterói.

Lá conheci o soldado, colega de farda (risos), Alódio Moledo Santos, de passagem transitória pelo Exercito, como a minha seria e foi, e conheci também, entre outros, o cabo engajado Oswaldo Czertok.


Liceu Nilo Peçanha
Um belo dia, o Alódio me pergunta se eu toparia participar da feitura de um programa de rádio. Na época, sem ser um proeminente líder estudantil, eu participara de algumas atividades, seja porque fora presidente do Grêmio do Liceu Nilo Peçanha, seja porque fui diretor da Federação dos Estudantes Secundários de Niterói.

Topei sem saber do que se tratava. Alódio convidou, também, o cabo Oswaldo, que ara o datilógrafo da seção onde estávamos lotados. E precisaríamos de um.

Bem, fiquei sabendo, vagamente, que o programa seria na Rádio Federal de Niterói, emissora recém inaugurada pelo casal Léa e Antenógenes Silva. Abro parêntese para informar que havia um padre envolvido de algum modo, assim como o produto de beleza chamado Leite de Rosas (ainda no mercado?). Fica aqui meu primeiro pedido de ajuda, a quem possa me esclarecer (Esther?).


O horário conseguido, e outra vez tenho falha de memória, afinal são passados 50 anos, acho que pela mãe do Alódio, era aos domingos, no horário do almoço. Quando me refiro à falta de certeza, não é quanto ao dia e horário de veiculação, mas sim se o conhecimento com a administração da rádio era da mãe do Alódio.

O programa seria voltado para os estudantes. E se chamaria, adiante foi decidido, “O Estudante em Foco”. Esta escolha, assim como o prefixo musical (uma faixa do disco Metais em Brasa), foram escolhidos no primeiro encontro do grupo de produção e apresentação.

Como precisaríamos de redatores e eu tinha um amigo, colega liceísta de bom texto, chamado Eugênio Lamy, devidamente autorizado o convidei para  integrar a equipe.

Na aludida primeira reunião, fui apresentado a uma jovem, viva, de raciocínio rápido, bem articulada, chamada Esther Maria Duarte Lucio Bittencourt. Não, naquela época ela era simplesmente Esther Bittencourt.


Vejam nota de rodapé
Embora tivesse me causado boa impressão, afastei de meu pensamento qualquer chispa, centelha, que me induzisse a insinuar uma conquista, um namorico. Afinal, na época, eu era "boa pinta", quem sabe teria chance?


Mas tinha duas razões para não ousar uma aproximação, digamos, romântica: a primeira foi a postura da própria Esther, que jamais me lançou aquele olhar, que era um código conhecido, de que havia um alvará liberatório para um aprouch, uma paquera. A segunda foi respeito ao Alódio.

Isto porque era, para meu olhos, visível que o Alódio sentia alguma coisa pela Esther e me parecia que isto era endossado pela mãe dele. Ela faria gosto, acho.

Devo acrescentar que o Alódio era um menino mimado, e não vejam nisso qualquer desdouro. Ter a mãe protetora ao lado é privilégio de poucos.


Aquele programa radiofônico teve repercussão nacional, quiça também no exterior, por conta de uma proeza da Esther, que conseguiu convencer o famoso astro americano Neil Sedaka, então campeão das paradas de sucesso, a vir até Niterói, sem custo (até porque não tínhamos verba alguma) e se apresentar em nosso programa na modesta Rádio Federal. 


Esther foi procurá-lo no hotel em Copacabana e conseguiu que ele aceitasse vir até aqui a terra de Araribóia.

Rebuliço na cidade, porta do prédio tomada pelos admiradores, trânsito congestionado na Rua da Conceição. Uma loucura.

Gina
Assim como conseguiu, a danadinha*, outras grandes façanhas. Estiveram no programa a Miss Brasil, Gina Macpherson, diretores de colégios importantes na cidade, como o Figueiredo Costa e o Bittencourt Silva, e outros convidados, como por exemplo: o presidente da UFE, Claudio Moacyr de Azevedo, mais tarde eleito deputado estadual e mais adiante prefeito de Macaé; e a bonita Angela Maria Carrapatoso, rainha dos estudantes de Niterói.

Conseguíamos, no comércio local, algumas prendas de pequeno valor, para sorteio entre os ouvintes.

Bem, no que me diz respeito, a aventura levada a sério e com respeito, terminou antes do programa sair do ar.

Deu-se que já não me sentia confortável apenas estudando e meu sustento dependendo do pai. Embora o discurso dele fosse de que o estudo era a herança que me deixaria, dada a inexistência de bens materiais, o fato é eu precisava dar um rumo a minha vida, eis que as atividades estudantis paralelas (grêmio e federação), programa de rádio, e, ainda, bailes e peladas (futebol de salão) acabaram por me tirar um pouco do foco principal que era me formar. Ganhei experiência de vida, amadurecimento, mas perdi tempo na caminhada em busca de um diploma.

Assim, para mim, terminou o programa, abruptamente, sem despedidas formais dos amigos, companheiros de façanhas, alguns dos quais só voltei a encontrar passados anos**: Oswaldo, como dentista, com consultório no Fonseca; Esther, festejada poeta e jornalista com sólida carreira na imprensa do Rio de Janeiro, via internet, há pouco mais de um ano; Lamy, médico psiquiatra, recentemente, na praia, caminhando como eu. Finalmente Alódio, de cujo paradeiro não tenho notícias. Mas que era o dono da bola, pois como mencionei acima, se me não falha a desgastada memória, era a mãe dele tinha ligação com os donos da rádio.

Sei, apenas, que não se casou com a Esther, se é que tinha esta intenção, pois posso ter me equivocado no julgamento de que ele nutria um certo “quê”, pela lourinha culta e engraçadinha (não a do Nelson Rodrigues, mas a nossa musa).

Em minha memória auditiva, tenho ainda registrada a apresentação feita pelo locutor oficial da rádio, antes de nosso programa. Acho que se chamava Gercy Sueth (é esse o nome ?): “Das margens da Guanabara, para os céus do Brasil, fala a ZYP40, Rádio Federal de Niterói”.

O que ara uma balela, pois a emissora, de ondas dirigidas, não alcançava além de Itaboraí, onde  eram refletidas de volta.

A música de maior sucesso do Neil Sedaka, era “Carol”, cuja letra vai a seguir:

Oh! Carol

Neil Sedaka

Oh Carol!
Oh! Carol, I am not a fool,
Darling I love you tho' you treat me cruel,
You heart me and you made me cry
But if you leave me I will surely die
[instrumental]
Oh! Carol, I am not a fool,
Darling I love you tho' you treat me cruel,
You heart me and you made me cry
But if you leave me I will surely die
Darling there will never be another
Cause I love you so, don't ever leave me,
Say you'll never go
I will always want you for my sweetheart
No matter what you do
Oh! Carol, I'm so in love with you
[brake]
Darling there will never be another
Cause I love you so, don't ever leave me,
say you'll never go
I will always want you for my sweetheart
No matter what you do
Oh! Carol, I'm so in love with you

* Aurélio: 16.Bras. Indivíduo hábil, vivo, esperto, inteligente, capaz de coisas extraordinárias.
** Nos casos de Lamy e Esther, mais de 50 anos.

Legenda da foto: notem que eu fumava, tinha cabelo, não tinha bigode, usava cinto e relógio. Hoje, a maior parte dos cabelos caiu, uso suspensório, não fumo há anos e deixei de usar relógio também faz tempo.

Imagens Google (as demais)

NOTAS:
Primeira: A Esther localizou Alódio Moledo Santos, no Facebook. Ele já esclareceu para ela e eu acrescento aqui: 1) com efeito havia o padre Laurindo, que seria sócio na emissora; 2) como a Esther já havia corrigido, o produto de beleza era o Creme Marsília; os locutores da rádio, eram Gersy Suett e  Ivan Borghi;  o Alódio é Defensor Público.

Segunda: Leiam, no post que se segue, em comentários, a narrativa feita pela Esther de como foi a deliciosa aventura de trazer o Neil Sedaka para Niterói (travessia da Guanabara, almoço, camisa rasgada, etc)