30 de outubro de 2019

NOTRE DAME DE PARIS...





Por
Carlos Augusto Lopes Filho


(Carioca, niteroiense de coração,escritor, botafoguense, amante de Paris (quem não é?), amigo do blogueiro há sessenta anos, desde o Liceu Nilo Peçanha, em Niterói.






       NOTRE DAME DE PARIS...

                                                 Calfilho


     Em setembro do ano passado, 2018, escrevi uma matéria aqui neste blog, com o título de "Memória Nacional", onde externei minha indignação com o incêndio que praticamente destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

       Minha indignação era dirigida, principalmente, ao descaso com que nossos governantes tratam nossa memória, nossa história, nossos monumentos e tudo aquilo que se relaciona ao nosso passado. Não se importam em preservar nada, colocam abaixo tudo que é antigo, colocando em seu lugar monstrengos que dizem ser modernos, que alegam representar uma mudança para os tempos atuais. Assim fizeram com o centro do Rio de Janeiro, onde edifícios gigantescos substituíram prédios do Brasil Colônia e do Império e onde pouca coisa restou da história da cidade para conhecimento das novas gerações. Em relação aos poucos museus e monumentos que possuímos, a falta de cuidado na preservação e manutenção, com verbas escassas a eles destinadas, acabam produzindo a tragédia que consumiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista...        

     Aliás, este ano de 2019, mostrou bem claramente como o descaso e a negligência foram responsáveis por duas outras tragédias que marcaram profundamente o povo brasileiro: os deslizamentos de Brumadinho e o incêndio da concentração dos jogadores da base do Flamengo... Quantas vidas perdidas, quantas famílias destruídas...

        Sempre admirei e elogiei a Europa pelo cuidado que seus países têm em preservar sua história, com muitos mais séculos de vida que o nosso país. Quem anda pelas ruas de Paris, Roma, Madri ou Lisboa tropeça em ruínas da época antes de Cristo, do período medieval e dos séculos XVI, XVII, XVIII ou XIX. Isso, em pleno centro dessas cidades, em áreas super valorizadas. Vislumbra-se em qualquer caminhada pelas ruas dessas capitais, as ruínas do Coliseu, do Forum Romano, das Termas de Trajano. Ou as Termas de Cluny, em pleno Boulevard de Saint Michel, assim como a Sorbonne; ou as Arenas de Lutèce, ali perto, na rue du Monge. Em Lisboa, a Torre de Belém ou o Monumento aos Navegantes, bem como o Mosteiro de São Jerônimo e o Castelo de São Jorge. Isso sem falar nos museus do Louvre, do Vaticano, da Galeria Uffizi (em Florença), do Prado e tantos outros espalhados pelas várias cidades europeias. Todos cuidados, preservados com muito carinho e vigiados bem de perto com muito rigor para que nada lhes aconteça. E, isso, apesar de muitas dessas cidades terem sofrido a devastação de várias guerras que praticamente as arrasaram nos últimos séculos...

          A maior preocupação atual dos governos europeus é com o terrorismo. Depois de ataques sofridos principalmente por Paris e Londres, a vigilância em monumentos passou a ser extremamente rigorosa. Na entrada de quase todos eles o turista tem que passar por detectores de metal, bolsas são revistadas, casacos, cintos e até sapatos são minuciosamente examinados. Mesmo em algumas lojas comerciais (como Lafayette e Printemps, em Paris), essa revista é feita. Justifica-se: a irracionalidade e a estupidez de um atentado com bomba já matou muitos inocentes que estavam em locais apenas procurando diversão ou fazendo compras... Nada mais correto que essas revistas, apesar de incômodas e demoradas. A prevenção sempre foi melhor que o remédio, que, muitas vezes, não consegue mais a cura...

         No dia 14 deste mês, abril de 2019, eu e minha mulher passamos em frente à Catedral de Notre Dame, em Paris. Ela pretendia comprar um presente para nossa filha numa loja da rua de Rivoli, na margem direita do Sena. Como nosso hotel fica na margem esquerda do rio, fomos caminhando e revendo as paisagens já nossas conhecidas de viagens anteriores e que não nos cansamos de admirar. Atravessamos o Boulevard de Saint Germain des Près, pegamos uma pequena rua em direção à Cité, a ilha que fica no meio do rio Sena e onde está plantada a Catedral de Notre Dame desde 1.163, quando começou sua construção, sendo concluída somente dois séculos depois...

           Passamos em frente a ela e a costumeira fila de turistas já se estendia por sobre toda a praça à sua frente, o Parvis da Notre Dame... A revista à entrada da catedral fazia o acesso ser mais demorado que há 20 anos atrás, quando as ameaças terroristas ainda não aconteciam... Pedimos licença, passamos pelo meio da fila e seguimos caminho até o Hotel de Ville, depois a rua de Rivoli...

          Na segunda-feira seguinte, dia 15 de abril, voltávamos ao hotel por volta das dezoito horas e quarenta minutos. Tínhamos que arrumar as malas, pois no dia seguinte iríamos pegar o trem para Annecy, cidade situada junto aos Alpes franceses.

        Minha mulher, enquanto colocava as roupas nas malas, olhando pela janela, chamou minha atenção:

             -- Olha, tem alguma coisa pegando fogo aqui perto, olha quanta fumaça.

             Levantei da cama e vi os grossos rolos de fumaça bem à frente. Por parecerem estar muito perto, pensei que fosse em algum prédio do Boulevard de Saint Germain, que fica a um quarteirão do hotel.

            Como já nos adaptamos à modernidade do século XXI, pegamos nossos celulares e batemos algumas fotos do início do incêndio.






Fotos tiradas da janela do hotel Home Latin, às 18 hs. e 45 minutos do dia 15/04/2019.

       A televisão francesa só anunciou o fato uns dez minutos depois. No início, também não sabiam ao certo onde era localizado, informando, apenas, que era "nas proximidades da Notre Dame'.


       Só passado mais algum tempo é que constataram que o incêndio, de gravíssimas proporções, era realmente na histórica catedral...


        As reportagens ao vivo se sucederam, mostrando para o mundo inteiro o estrago que o fogo causava a um dos maiores ícones da França...


            A catedral que serviu de inspiração ao famoso romance de Victor Hugo, local onde Napoleão I foi coroado imperador dos franceses, ardia em chamas...







Fotos tiradas da tela da TV, durante o incêndio, em reportagens da TV francesa, canal 15

          Acontecimento que parecia impossível de acontecer, por ser ela um dos principais símbolos da França, com quase novecentos anos de história... Local super vigiado, onde todas (ou quase todas) medidas de segurança preventivas foram tomadas...


         A França inteira chorou. E, acredito, o mundo inteiro também a acompanhou nesse lamento...  A Notre Dame de Paris não é um monumento apenas da França... Há muito tempo pertence à toda humanidade...


        Às vezes, nem todas as cautelas possíveis que foram tomadas conseguem impedir o desastre, a tragédia... Parece que algo superior a nós, à nossa insignificante existência terrena, mexe os cordões lá de cima e, mesmo aquilo que nos parece evitável, transforma-se em inevitável...



Notre Dame, uma semana após o incêndio.


29 de outubro de 2019

Prisão em segunda instância


Esta, documentada abaixo com matérias jornalísticas,  é apenas uma das razões pelas quais a sociedade quer e exige prisão após condenação em segunda instância. Se a Constituição veda, pior para a Constituição. 

Até porque ela é fruto de estupro praticado por ex-ministro daquela corte. Nome do autor/confesso?Nelson Jobim.

Esta "Constituição Cidadã", é um arremedo de Carta Magna. É aquela gerada ao som do bolero "Besame Mucho",  romanticamente dançado pelo relator original na constituinte, Bernardo Cabral; é aquela que tabelava juros; que fixou a relevância do advogado para a administração da justiça (claro corporativismo), sem considerar a importância de médicos na área da saúde; dos engenheiros para construção civil, etc.

Pior, é aquela que foi adulterada, na calada da noite, por inclusão espúria, pelo relator da revisão do texto, Nelson Jobim (alguns artigos não foram votados em plenário).

Jobim, que foi ministro do STF, guardião da Constituição, admitiu que incluiu dois artigos no texto.

Que moral tem o STF para colocar acima da vontade de povo, uma constituição violentada por um ex-membro da corte suprema?

Será que o dispositivo que determina o trânsito em julgado, antes do cumprimento da pena,  foi discutido e votado no plenário do Congresso?

Os beneficiados pela prescrição de seus delitos, são de todos os matizes ideológicos, partidos políticos e regiões geográficas, sem distinção.




















NOTAS:

As imagens recebi por e-mail, penso que colhidas na rede (Facebook e Google). Acatarei incontinenti pedidos de retirada de imagens e/ou mensagens utilizadas no texto.

Desculpo-me por interromper a sequência de postagens de convidados, comemorativas dos 10 anos de existência do blog, porque o STF deverá decidir, de novo, a matéria em questão, a partir de 7 de novembro. Segurança jurídica? KKKKKKKK Desde 1988 a compreensão já mudou algumas vezes, ao sabor casuístico dos ministros do momento no STF. A última guinada ocorreu em 2016, logo, há míseros três anos. Pode isso???

https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u54227.shtml

http://memoria.oglobo.globo.com/jornalismo/edicoes-especiais/sem-votaccedilatildeo-9938719

https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/o-segredo-constitucional-de-nelson-jobim-e-gastone-righi/

https://www.passeidireto.com/arquivo/6184194/george-marmelstein-o-caso-jobim-artigos-nao-votados-da-cf-88

27 de outubro de 2019

APPLE ROSE






Por
Erika France*






É com imenso orgulho que participo da comemoração dos 10 anos do Generalidades Especialidades, blog que ajudei a criar e que já há tempos caminha com as próprias pernas.

A minha admiração pela capacidade do Jorge de gerar conteúdo e pelo seu comprometimento vão além do que os laços familiares exigiriam que eu dissesse.

Entretanto, não estou aqui para escrever – isso cabe ao dono -, mas para contribuir da melhor maneira que sei, com uma receitinha fácil, mas vistosa, que pode ser servida tanto como sobremesa ou no lanche da tarde, preferencialmente acompanhada de crème anglaise ou sorvete.











ROSAS DE MAÇÃ

INGREDIENTES
1 embalagem de massa folhada
cerca de 5 maçãs gala ou fuji
suco de 1 limão
geleia de damasco
açúcar e canela para polvilhar

MODO DE FAZER
Preparar uma tigela grande com água gelada e o suco de limão para colocar as fatias de maçã enquanto são cortadas.
Fatiar as maçãs em meia-lua o mais finamente que conseguir, preferencialmente com o auxílio de um mandolin. Caso use uma faca, será necessário levá-las ao micro-ondas por alguns segundos até que as fatias fiquem maleáveis o suficiente para não quebrarem.
Desenrolar a massa folhada ainda gelada e cortar tiras de aproximadamente 5cm.
Passar geleia de damasco nas tiras de massa, arrumar fatias de maçã sobre a metade superior da massa, dobrar a outra metade sobre as maçãs e enrolar delicadamente.
Colocar as rosas em formas de cupcake untadas, polvilhar com açúcar e canela e levar ao forno pré-aquecido a 180C por cerca de 20 minutos ou até que a massa esteja dourada.
Retirar do forno e pincelar com a geleia para dar brilho.

Imagens abaixo inseridas pelo blog manager. Os seguidores, poucos mas fieis deste blog, não foram convidados.


Preparando-se para saborear
Comendo com os olhos















NOTAS DO BLOGUEIRO:
* Sobre a autora da postagem.
1) Erika está na Inglaterra, pela enésima vez, desta afeita nos arredores de Londres.
2) Queria fazer um perfil da autora, sintético, mas nem sei por onde começar. Então, sem obedecer necessariamente uma ordem de relevância, e ao sabor da memória, diria que sua formação universitária é em Comunicação Social, mas conhece, gosta e exerce, a pâtisserie, fez curso de decoração de interiores, é web designer, fala, lê e escreve em inglês e francês, sendo tradutora e interprete nestes idiomas.
3) A receita aqui veicula, comprova sua paixão pela arte culinária sofisticada, gourmet.
4) No início do post ela menciona que ajudou a criar o blog. É menos verdade, ela construiu o blog e me passou pronto e acabado, com instruções para uso.
5) And last but not least, é minha nora. Sorry!!!! 

25 de outubro de 2019

Minha tia Valentina

Por
Esther Lúcio Bittencourt


Esther Maria Duarte Lucio Bittencourt, poeta, jornalista, violinista, membro da Academia Caxambuense de Letras, vários livros publicados.


Não conheço em meus quase 78 anos uma pessoa tão erudita como tia Valente. Pequena, magra, rosto redondo de pouca fala. Contam que após a gripe espanhola ficou surda. Por conveniência, afirmo eu. Nossas conversas se davam em voz baixa.

Tia Valente ficou solteira, morava na casa de minha avó materna. Tinha no quarto sua máquina de costura. Já que não ouvia, para falar com ela precisava ser aos berros. Não sei o que costurava, mas o fazia.

Minha avó Martha e tia Hulda eu sabíamos que seus colarinhos de camisa masculina eram famosos. Mas não era na casa delas que tia Valente morava. Era na casa da vovó América. Ao lado do quarto dela morava tia Beatriz, que também ficou solteira.

Eram almas puras, delicadas. Quando passava pelo quarto de tia Valente, pelo corredor de fora onde havia muitas plantas, sempre encontrava uma romã para mim. Uma pintura sobre o parapeito da janela, vermelha, madura, com a casca entreaberta. Hoje me pergunto como ela me abastecia do que mais gostava, mesmo fora do tempo?

Gostava de conversar com ela e muito aprendi. Quando vovó morreu ela e tia Beatriz, que chamávamos Beata, tentaram substituir vovó. Cantavam, liam, me davam comida na boca contando histórias arrepiantes. Tia Beata falava sempre do menino Jesus. Já tia Valente, contava a história de Clarinha cuja madrasta colocara no porão da casa para apodrecer. Tinha outra, a de uma menina que foi enterrada viva no quintal da casa pela madrasta. O pai dela chegava de viagem e sempre ouvia a música que a menina, quando viva, cantava e uma touceira de capim amarelado estava enorme. Ele mandava limpar e o capim crescia. Até que mandou cavar no local e encontrou sua filha viva. Separou da madrasta, claro. Com Tia Valente aprendi a apreciar poesia e canto. Ela tocava violino, piano e porfiava em me alfabetizar nas partituras. Mas tia Débora, sempre atenta, proibiu. Precisava estudar coisas do colégio.

Bem, o tempo passou. Cresci, casei, descasei. Tia Valente morava então com minha mãe. Entre a Reitoria e o JB meu carro corria até lá. Perdia o almoço mas tia Valente me ensinava japonês, contava histórias que hoje leio nas Sendas de Oku, de Matsuo Bashô, me ensinou a gostar de haicais, das gravuras japonesas...

Um dia amanheceu morta. A mulher que rompeu todas as convenções de seu tempo, século dezenove, se bastava e só ouvia o que desejava.

Um detalhe: não gostava de Venina Pantoja, agregada da minha avó porque a considerava namoradeira demais. Eu, de minha parte, amava Venina e sua coleção de réstias de cebola e alho que enfeitavam seu quarto. Ela acreditava em vampiros.


Nota do blogueiro:
Como contraponto, nesta comovente e rica história, a autora escolheu a estória da figueira, encontrável em (clicar na imagem)



22 de outubro de 2019

A NOVA MONA LISA





"Jovem Dama": obra autenticada por quatro das maiores autoridades em Da Vinci pode ser chave para "código" da vida real.


A NOVA MONA LISA 


Prof. Átila Soares da Costa Filho
Uma conferência em Roma no início deste janeiro - no mesmo ano que marca o 500º aniversário da morte de Leonardo da Vinci - deve marcar a história da arte com mais polêmica sobre o maior gênio de todos os tempos. Sob a condução de Silvano Vinceti, presidente do "Comitato per la Valorizzazione dei Beni Storici, Culturali e Ambientali" da Itália, o evento propõe acrescentar, aos clássicos retratos executados pelo mestre, uma graciosa pintura medindo 61,5 × 54,5 cm. Estamos falando da "Jovem dama com casaco de pele", um curioso óleo sobre madeira de álamo executado entre 1495 e 1499.

Sua origem nos leva a Milão, enquanto Da Vinci estava a serviço de Ludovico, o Mouro, (1495-1499). Da coleção do cardeal Luigi d'Aragona (1500), segue à do Papa Inocêncio XII e a do Bispo de Otranto (Domenico Morelli) em 1700. Já em 1850, vai para Milão, a integrar a coleção do Marqués Moramarco. No início do século XX, chega à Alemanha através de uma família industrial e em 1975 é vendida para outra família do mesmo ramo da qual pertence seu atual proprietário. A obra já teve sua chancela declarada por quatro das maiores autoridades reconhecidas em Da Vinci: o historiador Adolfo Venturi (já em 1921), os professores Ernst Ullman e Carlo Pedretti - provavelmente o maior especialista em Da Vinci de todos os tempos -, e o próprio historiador Silvano Vinceti, mais recentemente em 2018. Embora em muito boas condições de preservação, a "Jovem dama com casaco de pele" chegou a se submeter a uma leve restauração em 1977 pelas mãos dos especialistas Henning Strube e Beate Strube-Bischof. Atualmente, o óleo está alojado em um cofre suíço. Notar que a pintura se faz explicitamente relacionada a duas das obras mais conhecidas de Leonardo, "Dama com um arminho” e a "Mona Lisa" - ou "Gioconda".

O significado. Mais do que uma bela imagem feminina, a pintura nos chama a refletir sobre um dos maiores interesses temáticos de Leonardo: a busca de um ideal de beleza maior que residisse no princípio dual - ou "dos opostos" - nas coisas. Esta questão do dualismo nos remete a Heráclito de Éfeso (535-475 aC) e seus pensamentos sobre o cosmo e o Uno, o devir e a harmonia. Também os estudos sobre Fibonacci e a proporção áurea, a força do equilíbrio simétrico, viriam a ser de singular importância nas composições do gênio. Em particular, na iconografia Da Vinci que aborda o tema da maturidade versus a juventude, vemos alguns exemplos de como tais implicações filosóficas o seduziam.

Assim, de acordo com análises comparativas entre a desgastada "Mona Lisa" e várias de suas jovens e idealizadas mulheres - tão presentes também nas obras de discípulos -, “Jovem Dama” seria apenas um contraponto para seu maior ícone. Aqui, este efeito é claro, onde é evidente a representação de um rejuvenescimento da "La Gioconda". Notar também que o tipo de cabelo é o mesmo em ambas, assim como há um forte elemento circunstancial: a presença de cosmético labial na jovem Lisa (Gherardini), o que só vem corroborar a relação direta entre as duas versões e o confronto de suas idades. Em plenos séculos 15 e 16, o uso desses materiais de tons avermelhados em mulheres maduras - portanto, reservadas - era extremamente inadequado. Inclusive, vários estudos para restaurar as cores originais da "Gioconda" mostraram que seus lábios não seriam muito mais rubros do que parecem atualmente. A "Mona Lisa", enfim, para Leonardo, só deverá existir se houver uma contraposição que a equilibre: uma “Jovem Dama”. Com ela o mestre poderá melhor exercer suas reflexões sobre uma realidade invisível, maior, onde os opostos orquestram o movimento da História e de toda a Criação.
O Prof.Atila Soares da Costa Filho é designer, especialista em História, Antropologia e Filosofia e autor de “A jovem Mona Lisa”, “Leonardo e o Sudário” e co-autor de “Leonardo da Vinci's Mona Lisa: New Perspectives”.

20 de outubro de 2019

Parabéns pra você e pra nós




Por
Ana Maria Carrano






Fica parecendo nepotismo isso de parabenizar e elogiar o blog do nosso irmão, mas eu nego veementemente.

A constatação inicial é que “Generalidades Especializadas” está completando aniversário. Sim há dez anos foi postado o primeiro texto, que, segundo explicação do autor, buscava conservar memórias, principalmente relativas às raízes da família.

Por amizade, laços sanguíneos ou por medo, alguns poucos começaram a ler e comentar os assuntos em foco.

Pra alguns se tornou um hábito, chegando o espaço a congregar um bom número de cérebros pensantes que abrilhantavam os temas com pareceres inteligentes.

Destes muitos se propuseram a fornecer seus próprios textos, o que fez do blog um lugar de múltiplos estilos e posições.

Num dado momento um dos leitores assíduos citou que se sentia bebericando com amigos num bar. Este foi o mote necessário para o surgimento do Pub da Berê, um espaço dentro do espaço. Uma nova dimensão a ser frequentada.

Como na vida, o Blog assistiu chegadas e partidas, mas se manteve firme na mesma linha editorial.

Periodicamente somos ameaçados com a extinção do blog e precisamos lustrar cuidadosamente o Ego do Manager, para mantê-lo em atividade.

Sob suspeição pelo parentesco eu confesso que gosto de ler os textos publicados e acredito que além do criador, nós, leitores/colaboradores também estamos de parabéns.

Vida longa ao Blog Generalidades Especializadas, e sucesso para o Pub da Berê.

17 de outubro de 2019

O mundo da publicidade/propaganda

Confesso que tive certa atração pelo mundo da publicidade. Dois amigos, colegas da faculdade de Direito, acabaram por migrar para esta área de atividade profissional.

Um levado pelo outro, ambos pegando o atalho da pesquisa de mercado.

Também eu quase fui parar numa agência, na matriz de uma. Um destes amigos estava na Norton Publicidade, em São Paulo, e intermediou uma entrevista minha com a Dr. Geraldo Alonso, fundador e presidente da prestigiada agência, naquela época.

Claro está que minha atividade seria restrita a área administrativa, onde já atuava. Ocorre que na Norton a gerencia administrativa abrangia, também, a financeira.

Além de pouca experiência em finanças – geria as minhas parcas e só – tive receio de assumir a gestão financeira de firma de publicidade, porque até onde eu sabia, eram praxes transações não muito ortodoxas, e talvez a firma citada não fugisse da regra.

Para não deixar à livre imaginação do caro leitor, exemplifico: com muitos almoços com prospects (estágio anterior ao de cliente), presentes para diretores e gerentes de clientes (com custos incluídos na fatura das pessoas jurídicas), entradas e saídas em caixa 2, para veículos,  e coisas do gênero, que para alguém como eu, fruto de administração inglesa, onde o Controller tem poder quase absoluto, eram assustadoras.

Enfim quando no meio da entrevista com o Dr. Geraldo informei sobre minha inexperiência e falta de interesse em assumir a área financeira, ele como que esfriou e nos despedimos.

O Mario Castelar, amigo que me indicou e marcou a entrevista, depois me disse que ele – Geraldo Alonso - ficou frustrado porque tivera boa impressão a meu respeito.

Mas enfim, esta passagem de minha vida profissional aqui registrada, serve apenas para emoldurar meu quase fascínio pela propaganda. Via charme e glamour naquela área. Coisa que deu e passou, juntamente com a idade.

Dito isto fica explicado porque assisti a todos os episódio das sete temporadas de “Mad Men: inventando a verdade", série disponível no Netflix.

Nesta série, os personagens fumam e bebem o tempo todo. Não, vocês não entenderam, eles bebem e fumam sem parar.

E fazem sexo. Em casa, com as esposas, noivas e namoradas. Nos automóveis, com esposas, namoradas e desconhecidas. Nos banheiros de bares e restaurantes. No local de trabalho com muita frequência. Com colegas de trabalho e clientes.

As mulheres dão adoidadas, são oferecidas e suscetíveis às cantadas. 

Aí você indaga, então é uma série erótica? Respondo que não! Mad Men não é filme de sacanagem. Mas tem.

Ao final de cada episódio você acaba sufocado pela fumaça dos cigarros, zonzo de tanto beber e extenuado de tanto trepar.

Por outro lado fica conhecendo como é a cozinha das campanhas publicitárias. Como surgem as ideias, como trabalham em equipe.

15 de outubro de 2019

Bananeira que já deu cacho




Este era para mim, como tantos outros, um provérbio popular ininteligível, anfigúrico ou, indo além, de sentido impenetrável, incompreensível.

Até que morei, por dois anos ininterruptos, numa zona, que se não considerada rural, tem característica campestres: São José do Imbassaí.

A casa tinha um bom quintal, no qual encontrei e conservei algumas árvores frutíferas. Comprei o imóvel e o vendi em curto espaço de tempo em razão da enorme decepção do que seria morar na "roça".

Em meio a outras frutíferas, uma touceira de bananeiras. O pé cresce, se desenvolve, frutifica e ao seu redor vão florescendo outros pés de banana, três ou quatro pequenas mudas.


Colhido o único cacho, aquela bananeira passa a ser um estorvo, porque as mudas ao redor vão crescendo e aos poucos vão tomando um espaço grande no quintal. Aquela matriz, bananeira matriarca, por assim dizer, perde sua finalidade. Não dará mais fruta.

Minha mulher colhendo bananas

E a menos que você tenha planos para aproveitar as enormes folhas, é melhor corta logo o pé.

Assim fiquei sabendo que nada há de filosófico, profundo, impenetrável, no ditado de origem portuguesa: bananeira que já deu cacho.

Trata-se de mera constatação de fato natural. É como ver o óbvio. Cabe a ressalva que segundo nosso maior dramaturgo - Nelson Rodrigues - só o gênio enxerga o óbvio. Mas é só isso.

Bem, o titulo da postagem foi escolhido porque me permite falar de mim mesmo. Já dei cacho, lato sensu (em sentido amplo). Já caminho para o estágio de nada dar e muito necessitar.

E por que escolhi este assunto que tangencia a morbidez? Estou me sentindo inútil, parasita? Não, já explico.

Tenho um concunhado em vida vegetativa há muito tempo. Passa temporadas hospitalizado e outras em casa porque os médicos sabem que nada têm a acrescentar aos cuidados que mulher e filhas poderão dar a ele.

Precisa ser alimentado, na boca, e ter as fraldas trocadas em intervalos regulares. Não raro, é claro que ele não sabe onde está e nem porque ali está.

Esta constatação, perversa, cruel, mas real e verdadeira, serve como alerta para meus filhos: preparem-se porque  se e quando eu alcançar este estágio não estarei sofrendo, mas vocês sim.

É ilegal, é imoral, cortar a bananeira? E desligar aparelhos?

Às favas sentimentos; ou eles já foram manifestados quando eram perceptíveis, quando tocavam o coração, fustigavam as emoções, ou já não servem à finalidade. 

12 de outubro de 2019

O nome




- Nome?
- Jorge Carrano
- Só? Mais nada?
- Só isso mesmo.

Este diálogo, que coloco aqui em livre versão, mantive quando de matrícula escolar, quando de preenchimento de ficha de crediário, internação hospitalar, entrevista de emprego, e sempre que precisei declinar dados de qualificação pessoal.

A mim nunca incomodou carregar um nome tão reduzido, tão simples. Tem suas vantagens.

Verifico, neste passo, início deste escrito - e por isso abro este parêntesis - que alguns amigos que têm nomes pomposos, charmosos, elegantes, que impressionam e causam impacto, acabam por simplifica-los.

Vejam o caso do Paulo Ricardo Marques Barroso March, primeiro cliente e depois amigo, que para minha alegria frequenta este blog. Ele prefere utilizar um  nickname, em suas intervenções.

Aqui, e parece que também no Twitter, ele é o Riva, apelido que ganhou nas quadras esportivas.

E  Esther Maria Duarte Lúcio Bittencourt? Jornalista, escritora, assina e se apresenta, sinteticamente, como Esther Bittencout. Suficiente para que seja identificada e reconhecida como autora laureada, pertencente à Academia de Letras de Caxambu - MG.

Trabalhei numa empresa multinacional que era presidida por Jules Michel Leon Ponsinet. Sabem o que acontecia? Nas escrituras públicas, procurações e outros documentos oficiais, ao ser qualificado, logo após seu nome por extenso, era preciso acrescentar "que também se assina Jules Ponsinet".

Era assim que se apresentava e ara tratado. Com um nome e um sobrenome. Eu era do departamento jurídico, por isso lembro do fato.

Dei ao meu primogênito meu nome, suprimindo o nome de família da mãe dele e acrescentando o Junior. Se fosse registrado com o sobrenome da mãe não precisaria ser Junior, que é o diferencial.

Ele, meu filho, não assina o Junior ou Jr, sob alegação de que não se trata de nome e sim "patente".

E por causa disto, ou não, vivi e ele também, situações se não embaraçosas, pelo menos bizarras.

Estava insatisfeito na empresa onde trabalhava. Por isso me coloquei no mercado. Procurei um headhunter e respondi a um par de anúncios classificados.

Meu filho, ainda solteiro e recém-formado morava comigo.

Numa terça-feira ao chegar em casa minha mulher me passa o recado, fruto de ligação telefônica, de que deveria comparecer no dia seguinte, em determinado endereço, munido de um currilum vitae.

Claro que logo associei a minha carta resposta a um anúncio fechado (sem identificação do anunciante), veiculado no Jornal do Brasil.

No dia seguinte, curriculum na mão, fui ao endereço recomendado. Era da Companhia Vale do Rio Doce, antes de sua privatização. Fiquei todo pimpão, a imagem da empresa era muito boa no mercado.

Nem demorei na espera pois fui logo chamado. Ao entrar na sala percebi o ar de desapontamento, de surpresa, da jovem psicóloga que faria a entrevista.

Ela indagou, você é Jorge Carrano? Sim, respondi. E ela emendou: tem certeza que está se candidatando? Penso que sim, por que?

Já vou ao ponto crucial: ela explicou que a vaga era de estagiário e eu parecia um pouco idoso para tal atividade.

Rarrarra! Sorri contrafeito e ainda sem entender o que havia acontecido, pois estava seguro de que o  anúncio que respondi era de posição de nível gerencial.

Desculpas de parte a parte, pelo mal entendido, voltei para casa. 

À noite, durante o jantar , o assunto veio à tona e meu filho, já aflito com o fato, informou que provavelmente era atras dele que estavam pois se candidatara atendendo convocação para estagiários.

Final feliz, pois no dia seguinte ele foi ao local e esclareceu o engano. Foi selecionado e cumpriu o estágio ao cabo do qual foi contratado e efetivado.

Para encerrar, outro engano, confusão de nome. 

Certo dia Jorge Carrano, meu filho, recebe a ligação de uma amiga que demonstra surpresa dizendo ignorar que ele era expert em Leste Europeu.

Queria umas dicas pois estava planejando viajar para aquela região europeia.

Quando ela declinou que lera na coluna do Artur Xexeo comentário sobre sorvete húngaro, degustado por Jorge Carrano em  Budapeste, logo associou à recente viagem que eu fizera ao pais dos magiares.

KKKKKKK, contou-me depois que gargalhou, e disse à amiga que a citação na coluna do Xexeo só poderia ser coisa de seu (his) pai. Eu é que tinha o hábito de escrever para os articulistas, cronistas e  fórum de leitores de jornais e revistas.


Do Facebook

10 de outubro de 2019

Maratona de textos - não percam!

A partir do próximo dia 20, e até 20 de novembro, estarei publicando postagens de autoria de parentes e amigos generosos que aceitaram abrilhantar este espaço virtual, com seus textos inspirados e inspiradores.

Inicio, por nepotismo assumido, com minha irmã, que se não é escritora profissional, escreve bem, de forma articulada, coerente e sem heresias gramaticais. Linguagem escorreita, como se dizia antes do Twitter.

De sua lavra, lembro de um texto para teatro, de viés humorístico, em coautoria com um amigo cujo nome me foge, e que foi encenada no Municipal de Niterói. Década de 1960?

Deu palestras sobre sua atividade profissional, até a aposentadoria como Assistente Social.

Espero que sobretudo os que têm se mantido fieis a este espaço virtual apreciem os posts que serão publicados na sequência.

Abraços.


Buscando a palavra certa

9 de outubro de 2019

SÉRIES TELEVISIVAS 2



Esta aí abaixo é recente; a quarta temporada está começando agora, podendo ser assistida no Netflix. Depois da morte pareciam haver despertado num outro lugar, aparentemente maravilhoso, mas as aparências enganam.


Se fosse selecionar pelo nome, jamais teria assistido a esta série. Um compositor de jingles, bem-sucedido, morando na Califórnia, é uma inveterado conquistador e vive as voltas com o irmão e o sobrinho.


O mundo da publicidade, nos anos 1950/1960, nos USA. Personagens de agência têm seus dramas pessoais, campanhas publicitárias são desenvolvida e apresentadas, e novos produtos são lançados no mercado. Glamour, sofisticação, falsidade, inveja, lealdade, etc são ingredientes presentes (7 temporadas).


Nesta a seguir, um grupo de nerds. E alienados. Boa para aficionados.



Outras, na sequência, que não assisti.




Esta abaixo é uma das mais prestigiadas, mais cultuadas.



E por fim, estas outras duas a seguir, estão estreando no Brasil neste mês de outubro.

















Claro que não esgotei, e nem era essa a intenção. Seria interessante que cada uma delas fosse melhor desenvolvida por seguidores, fãs e apaixonados.