21 de junho de 2011

Woody Allen imperdível


Woody Allen

 Se bem entendi – nunca se sabe – a mensagem de fundo de “Meia–noite em Paris” (Midnight in Paris – 2011), filme de Woody Allen, ora em cartaz, é a de que ninguém está satisfeito em seu tempo e acha sempre que o que passou era bem melhor; e perdeu.

Na belle époque, anos 20, alguns personagens reais e imaginários não se sentem felizes, achando que época boa mesmo fora a do renascimento; e assim vai-se regredindo enxergando no passado tempos melhores.
 
Tela de Henry de Toulouse-Lautrec

Hemingway

O filme ilustrará este conceito, este pensamento, fazendo o personagem retornar, num truque de realismo mágico, utilizado em “A Rosa Púrpura do Cairo” e “Neblina e Sombras”, à belle époque, era do impressionismo e da art nouveau, onde irá conviver com gente do mundo das artes – escritores, compositores, pintores, e até o cineasta Luis Buñuel, - daquela época de ouro, tais como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Salvador Dalí, Pablo Picasso, Modigliani, Braque e Cole Porter (o festejado compositor de vários clássicos do cancioneiro americano), cujo tema Paris — "Let's Do It, Let's Fall in Love", pontua a formidável trilha sonora do filme.

Há uma cena hilariante, deliciosamente cômica, na qual Gil (personagem central) encontra Dalí e Buñuel, e acusando-os de serem surrealistas, sugere a Buñuel um enredo para um filme.

Há quem gargalhe, mas não é a idéia. Embora admita o riso mais escancarado, pela supresa e inusitado da situação, acho a comicidade de Allen uma coisa mais sutil, a exigir um sorriso que se abrirá de orelha a orelha, mas comedido.

O filme tem início com um passeio da câmera pelos pontos mais conhecidos e charmosos da capital francesa. O olhar do diretor consegue tornar mais atraentes e deslumbrantes locais que emocionaram a tantos quantos tiveram o privilégio de conhecer Paris.

Durante este tour, com uma música de fundo adequadamente escolhida, ressalta a dúvida que o diretor irá incorporar nos diálogos: Paris é mais bonita à noite ou durante o dia? E a chuva, ao contrário de ser um transtorno, empresta um charme a mais.

O personagem central da trama – Gil - bem sucedido roteirista, mas romancista frustrado, vai à Paris com a noiva e os pais desta, aproveitando a viagem do futuro sogro àquela cidade.

Gil está infeliz convivendo com os sogros e ainda um casal de amigos de sua noiva que também estão na cidade. São pessoas fúteis e, no caso do tal amigo da noiva, um pseudointelectual (chato de galocha), que está lá a convite da Sorbonne para uma conferência.

O desenvolvimento da trama eu antecipei, no início do post.

Com a graça e a espirituosidade, geralmente presentes em seus trabalhos, Allen realiza o melhor de seus filmes, a meu juízo, desde “Match Point”.

Corram para assistir, pois os filmes de Woody Allen não costumam ficar no circuito durante muito tempo.


Imagens: Google

6 comentários:

Anônimo disse...

Também assisti e gostei, embora não seja muito fã do Woody Allen.

Jorge Carrano disse...

O filme agrada a vários gostos, porque tem bons ingredintes.
A fotografia é bela (as imagens de Paris ajudam), a trilha musical é gostosa e no enredo tem romantismo e humor. As interpretações são boas e os personagens reais estão bem caracterizados.
Falar em romantismo, confesso que a cena final me emocionou enormemente.
Obrigado pela visita e comentário.

Carlos Frederico disse...

Grande Carrano!
"A sutileza contida de um sorriso que se abrirá de orelha a orelha" foi o melhor momento do post !

Eu adoro Woody, apesar de não ser adepto de cinema e de ter visto pouquíssimos filmes dele, incluindo A Rosa Púrpura do Cairo.

Vou esperar esse aparecer em DVD, porque não entro num cinema há décadas.

Jorge Carrano disse...

Prezado Carlos,
O filme mais recente dele já disponível nas locadoras é o (bom)
"Você vai conhecer o homem de seus sonhos"
Abraço
Carrano

Ana Maria disse...

Brother. Vc sabe que não sou fã do Woody, portanto hesito e acabo não assistindo seus filmes. Mesmo assim, já vi uns 5...
Mas, pelo que entendi pelo seu post, ele aborda a dificuldade que têm algumas pessoas de adaptação ao presente. No meu caso, concordo com Belchior na ontológica "Como nossos pais" ... o novo sempre vem. E olha que superando o passado em alguns aspectos.Como pude viver sem Internet e celulares???

Jorge Carrano disse...

Leiam a matéria no endereço abaixo:
http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2015/06/milhares-de-cadeados-do-amor-sao-retirados-de-ponte-de-paris.html