25 de junho de 2011

O nacionalismo visto com olhos de imigrante

Por
Ricardo W Carrano
Greenville - Carolina do Sul - EUA


O que escrevo abaixo, é m apanhado ou compilação de ideias, conversas e opiniões não somente minhas mas de pessoas que experimentam situações semelhantes a minha, depois de passar 12 anos morando nos EUA, trabalhando e conhecendo gente de diversos paises (EUA, França, Canadá, India, Mexico, Alemanha, Brasil...dentre outros).  Lembro que ficava em conflito comigo mesmo preocupado quanto ao fato de achar que por eu viver nos EUA, por opção própria (motivos profissionais e principios pessoais) , alguns não me considerarem um patriota brasileiro. Assim descobri até certo ponto sem espanto, que pessoas que conheci, viveram e vivem situação semelhante dentro de suas nacionalidades e origens, que assim descrevo:

Nacionalista irracional ou ufanista eu deixei de ser, porque todos os povos têm coisas boas e ruins. Se um pais não tem uma visão do que é e do que foi e do quer ser, o discurso nacionalista torna-se demagógico, e dá margem para que existam governantes ruins até mesmo que ditadores assumam o poder. Exemplos atuais: Brasil, EUA, Italia, Venezuela, Espanha, Coreia do Norte, Grecia, dentre outros. Portanto isso é que nem o lema do Salgueiro : “Nem melhor, nem pior, apenas diferente”.


Tornei-me, a meu ver, mais cidadão brasileiro quando pude observar por uma ótica externa o que o Brasil é, a imagem que transmite e a postura perante os problemas. Felizmente nos dias de hoje essa imagem melhorou um pouco, mas ainda não é a melhor possível. O brasileiro ainda acha que quase tudo que acontece no mundo tem que se resolver como no Brasil. Ainda está aparentemente mais preocupado com o que acontece por exemplo no Iraque do que com o assaltante que rouba diariamente na sua vizinhança. A maioria da população não tem a visão que citei, por isso, não possuindo uma memória cívica não tem como projetar o que espera do pais, tem apenas como repetir que nem um papagaio o que a mídia paga por interesses “especiais”  lhe mostra diariamente na TV.

Debates pré-eleitorais no Brasil
Tornei-me, a meu ver,  um bom cidadão americano quando pude entender uma espécie de reverso da moeda quanto aos EUA, por exemplo: no dia 11 de setembro de 2001, o mundo ficou ao lado do pais, mas bastou que os governantes, usassem um ataque terrorista criminoso, e o sofrimento real de centenas de pessoas, como pretexto para uma agenda de interesses “especiais”, sem levar em conta o interesse principal da nação, para que um processo desmedido de desgaste econômico e político se instalasse por aqui, o que ocorreu inicialmente com o aval do próprio povo que julgou estar o governo imbuído dos principios formadores da nação, de modo a defende-la de uma ameaça. Assim o povo deu um cheque em branco ao governo que em troca lhe deu crédito bancário facil e barato, enquanto sacrificava a imagem e os filhos da nação, perante a ela própria e o mundo.

Convenção democrática nos EUA
Por esses e outros motivos,é até mesmo irônico, talvez até patético o fato de eu que posso votar para Presidente em ambos os paises, pois tenho dupla nacionalidade, e me recuso a ir tanto ao consulado brasileiro para faze-lo, mesmo que morasse perto, como também, recuso-me a comparecer as urnas nas eleições americanas. Sou adepto do voto livre, vota quem quer, e não considerava nenhum dos candidatos sinceros, preparados e capazes de governar, equacionar e priorizar os problemas de ambos os paises. Considero os politicos das democracias ocidentais meros agentes servidores dos interesses especiais aos quais me referi, assim sendo, como diria o Capitão Nascimento: “Virei estatística”.

Hoje acredito que esta experiência me transmitiu uma visão crítica e uma capacidade diferente para comparar. Portanto a visão crítica de ambos os países que se desenvolve diariamente não me torna menos patriota, muito pelo contrário. Apenas traz uma legitimidade para meus atos e comentários; assim sendo digo:

Interesses Nacionais: No Brasil o que assistimos são os interesses de um partido e sua ideologia, se sobrepujarem aos interesses de uma nação. E vejam, não é uma multinacional americana que esta indo contra os interesses do Brasil. Aqueles que se compactuam com os interesses desse partido devem achar isso normal. Nos EUA, vemos a crise e recessão dos ultimos 4 anos que não é resolvida ou ao menos equacionada pela incompetência e inépcia dos governantes, em adotar uma política de austeridade com gastos publicos, como também de criar ou melhorar incentivos a inicitiva privada. Simplesmente colocaram o pais num impasse e num momento de estagnação que infelizemente deve durar vários anos porque sua propria agenda é’ mais importante que isso tudo.

Com base numa máxima de Getulio Vargas, digo que o governo sempre vai nos dar a sua versão e nunca os fatos, portanto não tem a minha autorização de cidadão pagador de impostos para me pedir nada em nome da Pátria. O que somos como pessoa, profissional, e cidadão idealista é vai atender aos interesses Pátria de seu desenvolvimento e progresso, e esses quase nunca estarão em comum com os interesses reais do governo.

Para terminar: Gostria citar Sun Tzu, estrategista militar chines que viveu aproximadamente uns 500 anos antes de Cristo, autor de “A Arte da Guerra” : “Aquele que conhece seu inimigo e se conhece a si mesmo poderá entrar em qualquer batalha sem medo”. É por isso que acredito que o principal inimigo de uma nação, pode não estar fora da nação, e sim dentro dela. Assim temos que nos perguntar : O que nós brasileiros e americanos queremos ? Que legado vamos deixar as gerações futuras? Como é que queremos ser vistos pela historia?

4 comentários:

Jorge Carrano disse...

Ricardo Wagner,
Comungo de sua opinião em alguns aspectos.
Por exemplo, voto obrigatório. Agora, aos 71 anos, estou desobrigado pela legislação brasileira. Sendo facultativo, só me darei ao trabalho se aparecer um candidato que realmente me inspire um mínimo de confiança.
Também acho que pátria é o país que acolhe, oferece oportunidades e assistência básica (saúde, educação).
É como mais ou menos o adotado que não tem pelos pais biológicos mais carinho e respeio do que pelos adotivos.
Mas sua visão é polêmica.
Abraço forte.

Gusmão disse...

Bem, de certo modo o autor da matéria tem razão.
Chico Burque, por exemplo, gosta mais de Cuba do que do Brasil.
Mas viver lá, ele não quer.
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Caro Gusmão,
O Chico foi um bom versista na música popular.
Mas sua produção literária e sua posição política, de alinhamento com ditadores, serão manchas que ficarão na sua biografia.
Fugimos um pouco do foco do post do Ricardo, mas tangenciamos.
Valeu pela visita e comentário.

Carlos Frederico disse...

Gostei do parágrafo: Interesses Nacinais. Pura vedade.
Para sair dessa, os EUA contam com um povo relativamente educado,cultural e politicamente.
O Brasil conta com uma massa ignorante politica, cultural e academicamente (e assim mantida pelo partido no poder) e, por sermos uma democracia (a maioria ganha e o voto é obrigatório), não vejo como sair dessa no século XXI.