17 de junho de 2011

Será que o sonho acabou mesmo?

Por
Ricardo W Carrano
Carolina do Sul - EUA


imigrantes

A crise econômica dos últimos 4 anos está redesenhando este país sobre vários aspectos. Assim sendo, com respeito aos imigrantes a situação também vem se modificando, inevitavelmente.

Empregos que anteriormente eram ocupados por imigrantes, estão sendo em muitos casos aceitos por cidadãos americanos que perderam os seus. Outra consequência deste momento é que há uma combinação desfavorável de fatores sócio-econômicos, tais como: menos tolerância com a imigração ilegal; com desconhecimento da lingua inglesa; ou pouca ou nenhuma qualificação, quando a pessoa se candidata a um emprego. Portanto, temos o efeito dos fatores acima como também do fato de que setores que costumavam empregar muitos imigrantes, foram os muito atingidos pela recessão (construção, varejo, transporte, hotéis/restaurantes).

É justo que alguém não seja masoquista o suficiente para passar privações num outro país, quando pode arrumar emprego em seu próprio e com menos concorrência.

Mas, não é que tudo aqui esteja ruim ou que seja um caso perdido. Existem muitas pessoas, uma minoria é fato, que vieram do Brasil e de outros países, que foram suficientemente objetivas durante os "bons tempos" de modo que a crise não lhes atingiu de forma radical como aos demais.

São pessoas que firmaram posição porque estudaram alguma coisa, conseguiram crescer em seus trabalhos, abriram negócios e/ou progrediram de alguma forma, qualificando se ao mercado de trabalho, em muitos casos em situação melhor que um americano nato, pelo fato ser bilingue, trilingue, etc, e por algo que toda empresa neste pais bem e sabe: se você corresponde às expectativas da empresa ou excede, eles não querem saber de onde você vem, se você é bicha, sapatão, muçulmano, judeu, amarelo, preto..etc, querem ficar com seu profissionalismo. A segunda coisa que todo mundo sabe é que em 90% dos casos, em uma mesma função, o imigrante sempre trabalha mais que o americano, e como se dizia por aqui nos anos 60 : "Se você não é parte da solução, você é parte do problema".
imigrantes

Este pais não vai deixar de ser atraente para imigrantes, mas está passando por um profundo processo de readaptação das relações sócio-econômicas, por mais uma vez em sua história. Aguardem, porque muito está por vir.

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

Caro primo Ricardo,
Muito oportuna esta sua análise, eis que no momento, aqui no Brasil, o Jornal Nacional, da Rede Globo, está exibindo uma série de reportagens sobre a crise da economia americana vis a vis o crescimento da brasileira, o que estaria provocando um retorno de brasileiros que foram tentar a vida na meca das oportunidades.
A reportagem de hoje, inclusive, deu êmfase ao crescente interesse dos americanos por nosso país, buscando informações e eté querendo aprender nosso idioma.

Jorge Carrano disse...

Caro primo,
O que sempre adimirei na política americana, é que as portas do país estão sempre abertas para os talentos. Isto ocorre em todos os campos, seja nos esportes, seja nas artes e seja até mesmo na política. No Brasil não seria admissível um Henry Kissinger, alemão de nascimento, se transfomar num Ministro de Estado.
Também acho, mesmo estando à distância, e não tendo as informações das quais você dispõe vivendo aí, que a economia se recupera e volta a crescer. Pode até demorar um pouco mais do que o desejado, mas não se pode duvidar da capacidade do povo americano

Carlos Frederico disse...

Prezado Carrano
Não se esqueceu de Shigeaki Ueki que, enquanto Ministro das Minas e Energia, fez um acordo de venda de minério de ferro ao Japão por 20 anos em condições privilegiadas?

Carlos Frederico disse...

Sobre controle de imigrantes depois de crise, tive testemunho de colega de trabalho de ascendência alemã que já tinha uma filha na Alemanha ainda Ocidental (benesse por ter vínculos familiares lá). Quando da queda do muro e subsequente problema de inserção da mão de obra oriental no mercado interno, bloquearam imediatamente todos os programas de aceitação de imigrantes. Não entrou mais ninguém ! E quase expulsaram de lá a filha que já morava e trabalhava.
Nos EUA a coisa ainda não chegou a esse nível...

Jorge Carrano disse...

Prezado Carlos Frederico,
Esqueci mesmo do Shigeaki, e não era para esquecer não?
O caso do Kissinger é emblemático porque ele foi Secretário de Estado, representando os EUA em organismos internacionais, e negociações envolvendo interesses superiores de uma nação que não era a de berço (ele se naturalizou).
Abraço
Carrano