2 de junho de 2011

Sai o jazz e entra o jaz (verbo jazer)

Em outras palavras, este seria o título da última seção/coluna que assinaria no blog Primeira Fonte, seção esta que resistiu a seis edições, graças à tolerância e generosidade das Editoras.


bandinha de resina
 Como seria o post de sepultamento, fiquei hesitante entre este título ou um simples  "JAZZ RIP"*, à guisa de epitáfio.

Amigo me escreve simpático email dizendo haver lido um post no qual eu informava que estaria escrevendo sobre jazz no blog do jornal Primeira Fonte e que foi lá, rastreou e não viu mais minhas entradas.

Com efeito, não estou mais lá, senão como assíduo leitor porque a equipe do blog é muito boa, os assuntos são diversificados, as abordagens são inteligentes, bem humoradas e ricas culturalmente. No geral.

Afastei-me porque me sentia rejeitado pelos experts, provavelmente porque minhas entradas não tinham substância crítica; também não fui aceito pelos não iniciados, por me faltar, imagino, cabedal para lhes dar algum conhecimento.

Aventurei-me, lá como aqui, a falar do vasto e complexo mundo do jazz, menos porque me considere “doutor” na matéria, mas senão porque gosto muito do gênero e queria compartilhar emoções e sentimentos.

 Minha expectativa era de poder, nos dois blogs, trocar opiniões com eventuais leitores.

Aprender alguma coisa básica, para aumentar minha percepção, que é inteiramente baseada na emoção. Se me emociona, gosto; se não, não ouço mais.

Cada qual tem suas preferências e devem ser respeitadas. Até porque não existem parâmetros para medir arte. Ou existem? 

Coleman Hawkins

Charlie Parker

Quem é melhor, Billie Holiday ou Ella Fitzgerald? Charlie Parker ou Colemam Hawkins?


Ella Ftzgerald

Billie Holiday
Eu penso assim: numa determinada música, a interpretação da Ella foi melhor do que a da Billie. Em compensação, num outro tema agrada mais o estilo interpretativo da Billie porque transmite mais emoção.

Peguemos os trompetistas, por exemplo. Quem é melhor? Louis Armstrong, Chet Baker ou Miles Davis?

Louis Armstrong

                                                                                                        

Miles Davis

Ora, os estilos são inteiramente diferentes, a começar pelo nome, já que o Armstrong dizia que o instrumento dele era corneta.




No tal texto de despedida que não chegou a ser publicado, eu lamentava exatamente a falta de troca de figurinhas. Sentia-me como aquele pregador do deserto. Falava sozinho.

Não que não houvesse, vez ou outra, comentários. Até que ocorreram. Mas sempre festivos, de aplausos e louvores, que me pareciam mais nobless oblige.

E brincava, no derradeiro texto, que daquele momento para frente, tentaria escrever sobre apicultura hindu no século XIII. Talvez tivesse melhor sorte.

Eis aí, amigo, o porquê de não estar mais escrevendo sobre jazz. Se é para falar sozinho de minhas preferências, melhor utilizar o tempo para ouvir.



N.do A: RIP significa rest in peace, ou, em latim, requiescat in pace.


 Imagens: Google, exceto a bandinha que é uma foto de meus bonecos de resina.







5 comentários:

Carlos Frederico disse...

Carrano
Escrever sobre temas musicais especializados, sejam os mais elitizados como até sobre heavy metal, é difícil no Brasil. Há estereótipos, a massa segue outra linha, a mídia segue a massa por conta de retorno financeiro, de modo que os nichos acabam perdidos no meio do restante.
Não fique triste por "pregar no deserto", acontece com todos aqueles que têm preferências tidas como "exóticas" na nossa terrinha.

Carrano disse...

Sabe, Carlos, as pessoas que participavam, no blog em questão, fazendo comentários, limitavam-se a elogiar o texto.
Ninguém, nunca, dizia conhecer e acrescentava algo ao que eu escrevera.
Ninguém dizia que desconhecia mas que iria tentar escutar o tema com o intérprete sugerido pra opinar.
Ninguém escrevia dizendo ter assistido o filme que mencionara (sobre ou com jazz na trilha), nem que para discordar ou chamar atenção para um ponto não ventilado por mim.
Enfim, era disso que eu sentia falta: intercâmbio. Era só ôba,ôba.
Abraço e obrigado pela opinião exposta.

Carrano disse...

Ah!, Sim, minhas opiniões eram, como são, sobre o assunto, baseadas em minha emoção.
Não tenho cultura musical para doutrinar sobre jazz que era minha seção no dito blog, que se chama Primeira Fonte, editado por um seleto grupo de jornalistas, e onde são publicados relatos de viagens, receitas culnárias, críticas literarias, crônicas e assuntos aleatórios, num esquema muito parecido com este meu espaço que chamo de Generalidades Especializadas.

Ana Maria disse...

Vc lembra que nosso pai nos obrigava a ouvir óperas nas manhãs de domingo?Isso talvez tenha colaborado para seu gosto musical, um tanto elitista.Releio a primeira frase do comentarista e acrescento : escrever sobre assunto especializado é limitar a interação. Uns pq não se sentem capacitados a opinar e outros por, smplesmente,não ter nenhum interesse pelo tema.
Vc curte o sertenejo unversitário ? rs

Jorge Carrano disse...

Tanto o Carlos quanto a Ana Maria, estão corretos quando falamm da circunscrição do tema, por sinal não muito atraente para a maioria das pessoas.
Obrigado pelos comentários. Voltem sempre.