23 de junho de 2011

Reflexões sobre o Universo - 70 voltas

Por
Carlos Frederico Marques Barroso March
Friburgo - RJ - BR

Como astrônomo amador de poltrona (chamado nas revistas especializadas de ”armchair astronomer” em contrapartida àqueles que observam através de instrumentos ópticos) eu venho há longo tempo meditando sobre nosso lugar no Universo. Como muita gente, suponho. 

NASA - Hubble Space Telescope: Região da constelação Carina
Há de existir alguma razão para estarmos aqui, nesse fim de mundo, sofrendo as agruras de uma existência pra lá de irregular e sofrível (analisado de um ponto de vista amplo, global). Um vale de lágrimas, como dizem alguns pessimistas. Tentando crescer e evoluir como sociedade, talvez seja a opinião dos otimistas.
A existência média de um ser humano gira em torno de 70 anos. Que sejam 65, 75, 80... Usei 70 como uma base para avaliação. Reflitamos sobre esse número: o que são 70 voltas do planeta Terra ao entorno de sua estrela, o Sol, sabendo-se que ela já deu mais de 4,6 BILHÕES de voltas ao longo de sua existência? Numa conta de aritmética simples, chegamos à conclusão de que nosso tempo de vida é um infinitésimo de 0,0000015 % em relação ao tempo de existência do Sistema Solar.

E mesmo assim o homem pretende ter sido feito à imagem e semelhança do Criador, durante muitos séculos permaneceu o arrogante dono de tudo que nos cerca, com poder de vida e morte sobre todos os seres ditos inferiores. Intelectualmente, ainda hoje muitos pensam ser os portadores do saber universal, outros ainda procuram uma razão para tudo - como eu.

Parte do interesse que a ciência da Astronomia fomenta nos aficcionados é isso: a grande procura, tentar saber o que fazemos aqui, moradores infinitesimais no subúrbio de uma galáxia com bilhões de outros sóis, compartilhando um Universo com outros trilhões de galáxias. O que significa um grão de areia em relação a todas as praias da Terra?

NASA - Hubble Space Telescope Deep Field
Milhares de galáxias estão registradas no original dessa foto.

A insignificância do tempo em que nos é permitido existir é muito, mas muito pequena mesmo, perto do todo! Mesmo estendendo esse conceito temporal não à nossa vida em particular, mas à existência do ser humano consciente sobre a Terra, continua sendo um infinitésimo percentual.

O que então significam nossas vidas? Que influência temos no todo? Qual o nosso lugar na incomensurável engrenagem que rege sóis e galáxias?

Com isso tudo, não deixa de ser interessante que, apesar de nossa insignificante existência, teçamos teorias acerca de toda essa problemática universal e reflitamos sobre ela. Não é infinitesimal o fato de conseguirmos ter a consciência, mesmo que tosca, da nossa pequenez.

5 comentários:

Gusmão disse...

Que imagens bonitas, Carrano. São tiradas pelo autor do texto?
Abraços para ambos.
Gusmão

Carlos Frederico disse...

São da NASA, ambas tiradas pelas câmearas do Telescópio Espacial Hubble.
A Deep Field é a mais famosa das fotos tiradas pelo Hubble, pois mostra (na imagem original) milhares de galáxias amontoadas nos confins do Universo, isso num campo visual menor que o ocupado por uma Lua Cheia.
A de Carina é visualmente bonita, mas cientificamente mais interessante ainda, mostra um verdadeiro berçário de estrelas e planetas, em plena "gestação".

Jorge Carrano disse...

Que vacilo caro amigo Gusmão. Veja que as legendas das fotos são absoltamente claras.
De qualquer forma, valeu.
Abraço

Gusmão disse...

Foi mal. Mas li o texto. Embora digam que a imagem vale mais do que mil palavras.
Legal, Carlos Fraderico.
Parabéns.
Gusmão

Paulo March disse...

Apenas para registrar que esse assunto me incomoda, é perturbador. Não iria tão longe para perceber a nossa pequenez diante disso tudo. Lembro-me perfeitamente, como se fosse hoje, quando me deparei com a impressionante beleza e perfeição de Emerald Bay, no Lake Tahoe, numa tarde qualquer de um dia qualquer ... não sei porque, mas ali, naquele momento estranhamente especial, percebi que a minha existência não significava nada perante aquilo tudo. Em nada afeta eu existir, não ter existido, ou deixar de existir.
Apenas façamos bem a nossa parte, apesar do infinito e da dízima periódica.