A palavra palavra nunca esteve tão em moda, no singular ou plura, desde quando Hamlet*, o príncipe da Dinamarca, respodeu à inquirição de Polônio, sobre o que estaria lendo: words, words, words.
Meu amigo Castelar, em seu blog (http://www.pontoparagrapho.com.br/detlahes/11-09-30/mais_palavras.aspx), nas últimas entradas, tem abordado o emprego das palavras na sua área de atuação, que é a de comunicação social, ilustrando com exemplos de palavras que caíram em desuso, e hoje soam estranhas, nas conversas coloquiais e nas letras das músicas. Cita algumas, como: neurastênico, langor, meditabundo, sorumbático.
Xexeo |
Em sua coluna dominical, na Revista O Globo, o Artur Xexeo, abordou a estréia internacional da presidente Dilma, com discurso de abertura da assembléia anual da ONU, quando empregou uma palavra que vem utilizando repetidamente, mas com significado equivocado. A palavra é malfeito, no sentido de corrupção. Ou seja, fala em malfeito, para não admitir, publicamente, a existência de corrupção em seu governo. O articulista/colunista, dá em seu texto os significados de um e outro vocáculo, para demonstrar que o sentido de malfeito, não tem nada a ver com o de corrupção.
Martha |
Na mesma citada revista dominical, mas em outra edição, Martha Medeiros publicou matéria sobre o título “A palavra”. A escritora, em sua crônica, foi extremamente feliz ao afirmar que “A palavra exata é um pequeno diamante”.
Profissionalmente dependo muito do uso da palavra adequada, para externar razões de recurso, fundamentos de petições e, em especial, contestações. Porque a palavra empregada tem que ter o peso e a mediada exatos, sem ser ofensiva, agressiva ou injuriosa, deve explicitar com clareza o que pensamos das insinuações levianas, das mentiras, das falsas alegações da parte contrária. Só para dar um exemplo fácil de entender, não se deve escrever que esta ou aquela alegação é mentirosa, fica mais elegante dizer que não expressa a realidade, ou é inverdade. Inverdade tem peso menor do que mentira, e significa a mesma coisa.
Voltando a Martha Medeiros, diz ela no artigo em questão, que “Falar e escrever sem necessidade de tradução ou legenda: eis um dom que é preciso desenvolver todos os dias por aqueles que apreciam viver num mundo com menos obstáculos”.
A palavra é uma ferramenta importante em meu ofício, digo eu, e escrever com clareza e objetividade é fundamental para que o texto fique inteligível (êpa!).
No outro dia também abordei o emprego de uma palavra que minha sogra utilizava para me adjetivar e que, confesso, não sei em que sentido ela utilizava. A palavra era sistemático. Se ela dissesse metódico não me deixaria tão encucado (ainda se usa?).
Já me arvorei a escrever (e publicar) um arremedo de crônica, na qual contei a história de um sujeito, moribundo, que não queria ser enterrado de paleto e gravata, como era usual. Sua última vontade foi manifestada num murmúrio de uma única palavra: esgargalado. Como nenhum de seus parentes sabia o que significava, e achando que ele estava delirando, enterraram-no engravatado. Esta palavra, que utilizei na croniqueta, foi pinçada de livro do Saramago.
A pronúncia errada e o emprego fora do sentido consagrado na chamada lingua culta, não ocorre apenas entre pessoas mais humildes. Tem gente graúda, até estadistas, que se enganam. E por falar em estadista, aproveito para fazer justiça ao ex-presidente Lula, é "menas" verdade, que ele não gosta de ler. Ele é tão amante das letras, que não faz diferença que o livro esteja de cabeça para baixo, ou, como preferem os paulistas, de ponta cabeça.
Já me arvorei a escrever (e publicar) um arremedo de crônica, na qual contei a história de um sujeito, moribundo, que não queria ser enterrado de paleto e gravata, como era usual. Sua última vontade foi manifestada num murmúrio de uma única palavra: esgargalado. Como nenhum de seus parentes sabia o que significava, e achando que ele estava delirando, enterraram-no engravatado. Esta palavra, que utilizei na croniqueta, foi pinçada de livro do Saramago.
Notem a pose e a posição do livro** |
Bem, se no princípio era o verbo (joão:1:1,2,3,14), digo que ainda é e será.
* To Polonius's inquisitive question "What do you read, my lord?" (Hamlet, 2.2.191) Hamlet nonchalantly and intriguingly aptly replies: "Words, words, words" (2.2.192).
** No dia 5 de outubro, em comentário, foi esclarecido que se trata de montagem. Esta foto circulou na internet nos últimos dias.
6 comentários:
“Falar e escrever sem necessidade de tradução ou legenda: eis um dom que é preciso desenvolver todos os dias por aqueles que apreciam viver num mundo com menos obstáculos”.
Não acrescentaria mais nada !
Sds Paulo
É fantasia minha ou o Bush (USA) já não foi flagrado na mesma situação?
Pode ser manipulação de imagem com Photoshop...
Outra hipótese: uma "pegadinha" maldosa. Alguém, câmera em punho, lhe apresenta um livro com uma dedicatória escrita de cabeça pra baixo - observem que ele está lendo o verso da capa.
É, hoje estou impossível...
Abraço
Carlos
O Carlos está, nas spróprias palavras, impossível.
Será que o Lula foi vítima ? Segundo o Carlos, pode ter sido vitima de montagem (photoshop) ou de pegadinha.
Se foi uma pegadinha foi bem bolada a coisa da dedicatória de cabeça para baixo.
Valeu, Carlos.
Bem, quanto ao Bush não lembro se viveu sitaução idêntica, com ou sem armação.
Se armaram com nosso ex-presidente, de um modo ou de outro, registro que é "menas" verdade qu ele leia livros de ponta cabeça.
Não foi armação não com o Bush. 11 de setembro 2001 : ele em uma escola de crianças na Florida, e recebe ao pé do ouvido a informação do 1º avião batendo no WTC.
Bate o 2º avião.
Quando o mesmo cara vai na orelha dele falar que eles têm que cair fora dali e levantar vôo, o livro nas mãos dele já está de cabeça para baixo !
A expressão no rosto dele então ..... imagina a cabeça do cara naquele momento .....
E ele não tinha, provavelmente, visto na TV as imagens do impacto dos aviões nas torres.
Eu jamais esquecerei.
Valeu, Paulo.
Abraço
Acabo de receber um e-mail de minha irmã, com o seguinte teor:
"Analisei bem o livro nas mãos do Lula. Deve ser montagem. Verifique que um livro de cabeça para baixo não ficaria com a capa à esquerda. Experimente. Ao ser colocado de ponta cabeça a capa frontal fica do lado direito."
Acho que ela tem razão. Encerrada a discussão.
Ex-presidente, perdão! Todavia, veja que há algum problema com sua reputação, pois houve dúvidas quanto à autenticidade.
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