Bandidos togados, fardados e eleitos

Os magistrados não querem ser investigados e punidos pelo Conselho Nacional de Justiça. E foram ao Supremo Tribunal Federal, instância maior do Judiciário, a qual caberá a decisão. No fundo prefeririam não estar sujeitos a qualquer controle ou fiscalização. Alguns se acham acima do bem e do mal. Dão carteiradas e  usam a surrada frase "você sabe com quem está falando" por tudo e por nada. Houve um caso em que o Juiz, de Niterói,  chegou ao ridiculo de impor ao porteiro do prédio onde reside que o tratasse de Vossa Excelência.

Bandidos togados precisam ser extirpados, como ervas daninhas, mesmo que isto implique em abrir muitas vagas na magistratura.

Segundo a Dra. Eliana Calmon, que é a Corregedora Nacional de Justiça, em palvras textuais: "É o primeiro caminho pra a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás de toga".

Não somos eu e você, leitor, que estamos dizendo que tem bandidos no Judiciário. É a corregedora geral. São de todos os matizes, são graúdos e miúdos e estão disseminados nos diferentes graus da  magistratura, federal e estadual.

Mas pasmem! Sabem qual é a punição mais comum aplicada ao magistrado apanhado com a boca na botija, ou faltando com seus deveres jurisdicionais? São aposentados com VENCIMENTOS INTEGRAIS.

Vejam o tratamento privilegiado do bandido de toga, é afastado mas continuamos sustentando o patife, safado, ordinário.

Bandidos fardados também são encontráveis em toda a hierarquia da polícia militar, em todos os estados. Vejam o caso do assassinato da Juiza em Niterói. O mentor intelectual era o tenente-coronel comandante do um batalhão; e os executores um tenente e um cabo. Estes foram um pouco longe demais e pela repercussão do caso, a investigação foi levada mais a sério e com isso identificados os autores e o mandante.

Mas diariamente a polícia mata impunemente e comete mais uma série de outros delitos tais como extorsão, cárcere privado e assaltos.

E fardados considerados heróis, como os bombeiros, também têm em seu meio bandidos, muitos envolvidos em grupos de extermínio e milícias que controlam atividades ilegais em favelas.
Sabem qual é o rigor adotado quando marginias travestidos de policiais, de patente,  são apanhados? São transferidos para a reserva REMUNERADA. A diferença em relação a magistrados está só no nome dado à punição: a dos togados é aposentadoria e a dos fardados é reserva.
Quem coloca na reserva coisas imprestáveis? Na reserva devemos colocar coisas aproveitáveis.

Quanto aos bandidos eleitos, também existentes em nível municipal, estadual e federal, são inúmeros e notórios os casos, mas enumero dois deles para ilustrar. O primeiro é do chamado escândalo do "mensalão", cujo julgamento, no STF, deverá ocorrer no próximo ano. Este caso  incriminou medalhões do governo, além de parlamentares eleitos para representar nossos interesses (deputados federias) e os dos nossos estados (senadores). O outro caso rumoroso, e mais antigo,  ficou conhecido como o dos ´"anões do orçamento".

Mas não nos iludamos, vereadores, deputadps estaduais e federais, e senadores, com muita frequência são apanhados em casos de grilagem de terras, fraudes, sonegação de impostos, desvios de verbas e até coisas mais graves como assassinatos de adversários politicos ou desafetos. Em suma, os parlamentares constituem uma enorme quadrilha, com várias facções espalhadas nos câmaras de vereadores, assembléia legislativas e no congresso nacional. Todos são bandidos, corruptos, sonegadores, safados e ordinários? Não, mas são a maioria. Por culpa sua e minha, que votamos neles, por razões inconfessáveis.

Devemos por nas nosssas cabeças o seguinte: pessoas de bem, que trabalham e têm boa formação moral e intelectual, não se metem em política, sindicatos ou entidades profissionais de qualquer espécie. Os bons profisionais, além de suas ocupações diárias, precisam estudar e pesquisar permanentemente, precisam comparecer a congressos, precisam se manter atualizados. Estes, honestos e competentes, não se metem em políticagem, porque não teriam sequer tempo para dedicar a estas entidades. Imagine um bom médico, conceituado, com uma clínica muito procurada, se ele teria tempo para integrar o Conselho Nacional de Medicina? Ou quem sabe, largar tudo, prestígio profissional, dignidade, para se candidatar a vereador. Você acredita em abnegação, espírito público, altruismo? Então você acredita em mula-sem-cabeça.

Você acha que sou um cético, mas eu sou é realista. Já vi e ouvi coisas do arco da velha. Nas associações, ordens e conselhos profissionais há muita politicagem, uso de função em proveito próprio, apropriação indébita. O mundo politíco profissional é de deixar desidratado de tanto vômito. O Gastão, personagem do cartunista Jaguar, que vomitava ao saber ou presenciar casos de escândalos de corrupção, de fraudes, de falcatruas, de imoralidades, já teria posto as tripas para fora por falta de resíduos estomacais.

Falei de médicos apenas exemplificando. Mas  entre advogados a coisa não é menos chocante. Instruem clientes a disfarçar assinatura assinando com a mão esquerda (as imagens da TV deixaram claro som e imagem); bancam pombo correio levando para clientes encarcerados telefones celulares e outras coisas mais, e trazendo para fora dos presídios, mensagens e instruções de chefes de tráfico para seus asseclas; recebem valores em nome de clientes e não prestam contas corretamente e tudo o mais que você já ouviu a respeito. Nem todas as piadas sobre advogados são realmente piadas.

Se me perguntarem se estou generalizando reponderei que sim, pois são tão poucas as exceções que não são suficientes para amenizar o quadro de triteza. É como pingar uma gota de tinta branca num balde de tinta preta. Não altera o resultado da mistura, a olho nú.

Rui Barbosa já sentenciou há muito tempo em famoso discurso: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."