5 de outubro de 2011

Sistemático

Sistemático. “O Jorge é sistemático”. Assim me adjetivou minha sogra, em mais de uma oportunidade, desde os primeiros dias em que passei a frequentar sua casa, em Cachoeiro de Itapemirim, no início de meu namoro com Wanda. Já lá se vão 51 anos.

Ela faleceu e jamais consegui descobrir que faceta de meu comportamento, em especial, a teria levado a me rotular de “sistemático”.

Mulher de poucas letras, mas muito conhecimento adquirido na vida*, deveria ter uma razão em especial para achar que eu era (ou sou) sistemático. Mas a palavra mais adequada seria mesmo sistemático? Vai saber. Que significado ela emprestava ao vocábulo?

Teriam sido minhas maneiras educadas, e pouco à vontade, à mesa, comendo pouco e calado? Seria o fato de sentar-me sempre, desde o primeiro dia, no mesmo lugar para as refeições? Ou porque nunca aceitava repetir?

Poderiam ser minhas ideais conservadoras, respeitosas, que a teriam levado a tal adjetivação?

Recorro ao Aurélio e encontro: "Ordenado, metódico; Coerente com determinada linha de pensamento e/ou de ação".

É, pode ser que fosse e ainda seja sistemático.

Brigitte Bardot
(naturais)
Na família, mãe, irmãs, filhos e sobrinhas, era (sou) tido e havido como “quadrado”. Pouco aberto a mudanças comportamentais. Refratário às liberdades excessivas, que tangenciam a liberalidade. Sou um conservador.


Siliconado

Aceito mais facilmente a natural celulite, do que o botox; um seio pequeno, mesmo não mais tão rijo, mas com sua conformação natural, como uma pêra, me atrai mais do que o farto siliconado e com formas que fogem ao natural, discrepam no conjunto.

                                                                                         
Tatuagem, para mim, ainda é coisa de marinheiro. A âncora do Popeye é o meu limite de aceitação. O resto é coisa para índios, com suas pinturas de urucum.

Sou careta porque não aceitava partilhar despesas com as mulheres. Sou ortodoxo porque não falo palavrões em público e ainda ruborizo quando escuto da boca de mulheres, algumas meninas, cheirando a cueiro, palavrões impublicáveis.

É bem verdade que muitas destas palavras obcenas dão nome a coisas que elas realmente aceitam na boca. Mas não em público.

Fernando Pessoa

Entre as chamadas quatro paredes, tudo é válido ou "tudo vale a pena quando a alma não é pequena", como eternizou o poeta ai ao lado.
Mas se sou sistemático o que dizer do “C”, casado com “M”, que segundo a própria “M” relatou para Wanda e outras amigas, numa festa em sua casa, marcava dia e hora para relação sexual.

“C” e “M” formavam um casal improvável. Ele quadrado, careta, conservador a este extremo relatado. Ela liberal, alegre, espontânea, de bem com a vida.

Preservo seus nomes por discrição, mas temo que os próprios (que não vejo há anos), ou amigos comuns lendo este post, identifiquem de pronto de quem falo.

Entretanto, se isto ocorrer, imagino que não despertará neles (principalmente nele), nenhum descontentamento ou sentimento de contrariedade, senão vontade incontida de rir da própria postura.

Já virou folclore.

*"O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes". Cora Coralina

11 comentários:

Gusmão disse...

Caro Carrano,
Estou enganado ou houve uma inversão na ordem de publicação dos dois últimos posts?
No post de ontem, você mencionou costume de sua sogra, que somente hoje está narrado. Ou você já havia contado esta coisa do "sistemático" ha mais tempo e eu não li?
Abraço
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Caro perspicaz Gusmão,
Vai ser observador assim no mato. Fico feliz em saber que alguém lê, com atenção, as bobagens que perpetro neste espaço.
Copm efeito os dois estavam rascunhados e inadvertidamente, ontem, comandei a publicação fora de ordem lógica, face a referência de uma passagem de um no outro.
Obrigado
Abraço

Freddy disse...

Putz, tive de reler o post anterior para identificar a frase onde você teria feito referência à sua sogra.

Cá entre nós, sem tentar polemizar, o leitor poderia ter imaginado que no dia 4 você tivesse feito a tal alusão à sua sogra em algum tempo passado - posts antigos.

Ao ler esse hoje, lembrar-se-ia de já tê-lo lido antes e daí a correlação. Bom... Devo ter já menos meandros no cérebro devido à idade, porque realmente por mim passou batido (e teria passado quantas vezes eu o relesse).
Abraço
Carlos

Jorge Carrano disse...

Prezado Carlos,
Vamos dar o devido crédito a acuidade do Gusmão.
Veja que ele aventou a hipótese de eu já ter contado ha mais tempo a mesma história.
Você tem razão. Ia passar batido por mim, imagine por um leitor, mesmo que habitual.
Acho que a proximidade da publicação fez com que o fato estivesse ainda fresco na memória.
Ou, quem sabe, o Gusmão leu os dois posts hoje?
Foi isso Gusmão?
Abraços para ambos. E obrigado.

Paulo disse...

Na verdade tb (abreviação twitteira de também) não percebi o lance.
Quanto a C e M, ele que ficasse esperto com a agenda rigorosa dele ... rsrsrs. Tenho um amigo em SP que dizia :
- Ih ! hoje é 5ª feira, tenho que ir embora logo pra casa.
- Por que, R ? Vamos tomar um chopinho.
- Não, hoje é dia de sexo lá em casa, eu estando ou não em casa.
(pano rápido)

Abraços ....

Obs1: Carrano, tenho 9 tattoos !!! rsrsrs

Obs2: muita semelhança em comentário há dias do Gusmão, e a fantástica frase da Martha Medeiros sobre a simplicidade de se expressar. (pano rápido também ... rs)

Jorge Carrano disse...

Shiiii!
Paulo, pelo visto você "preenche" dois requisitos para ser alvo de minhas iras: tatuagem e motoqueiro (motoneta conta). Talves três, se usa mochila, e é provável que use.
Mas vou tranquiliza-lo informando que amigos a agente não julga.
Minha irmã estrilou quando escrevi a primeira vez (já reclamei ad nauseam) falando mal dos mochileiros.
Tive que explicar que alguns, como ela, são educados e têm o uso liberdo (rsrsrs)
Abraço

Jorge Carrano disse...

A propósito, Paulo, a piada (?) do sujeito em São Paulo, que dizia ter sexo em casa toda quinta, com ou sem a presença dele, poderia ser aplicada ao caso de C e M. Só o local (do rala e rola) é que iria variar.
Não vou falar mais para não me comprometer (já estou, MAS PODE PIORAR) em casa e entre leitores.
Abraço
Carrano

Gusmão disse...

Foi isso. Li os dois posts hoje cedo. Dai fiz a associação.
Gusmão

Paulo disse...

Amigo Carrano,
Hahaha sim, uso mochila também, mas não sou mochileiro. Pelo menos aqui no linguajar das "crianças", mochileiro é viajante com mochila. Quando viajo, geralmente levo 2 malas e volto com 28 ( a Isa pode confirmar) ...rsrsrsrs ...acho que sou "maleiro".
Quanto às tattoos, a décima está sendo planejada - isso é uma cachaça.
E para findar, não sou motoqueiro ..sou motociclista hehehe ..... espero não abrir aqui uma MEGA discussão no blog a respeito de preconceitos, mas existe uma diferença quântica entre as 2 categorias.
Aguardemos ..... grande abraço a todos.

Riva52 disse...

A 10ª Tattoo seria "implementada" no Grand Canyon, no ano passado. Mas o deslumbramento com a vg (de 5h) foi tão grande, que esqueci totalmente do lance, bem como de recolhar uma preciosa "amostra" do terreno do Deserto de Mojave, quando pousamos lá. Estou chateado até hoje !

Quanto à diferença ciclista x queiro, ela é clássica. Desde o advento dos motoboys, que só fazem merda no trânsito, incentivados pela "produtividade" das suas empresas, que nós os consideramos motoqueiros, bem diferente de ser um responsável piloto de motocicletas, os motociclistas.

É isso .... e o menguinho começou de forma medíocre o campeonato brasileiro, com direito a "debate" entre papai Joel e o Dentuço.

FLUi

Abrs e bom domingo a todos ! com SOL !!!

Jorge Carrano disse...

É verdade, temos um belo domingo outonal, com um sol mentiroso, mas aquecedor.
Bela manhã.
Bom domingo para você também.
Abraço