11 de outubro de 2011

Psicografando a mim mesmo

A psicografia tem sido um recurso empregado por muita gente para escrever. Estes escritores, que conseguem captar vozes do além, nem precisam de inspiração: somente papel e lápis.
Hoje estou com vontade de escrever um pouco sobre jazz, coisa que não faço há algum tempo. A  vontade tem origem na exposição sobre Miles Davis que fui ver no CCBB.
Mas estou sem inspiração. Por onde começar? Se eu tivesse um link com o sobrenatural,  iria pedir que algum espírito de boa vontade, sendo conhecedor e apreciador de jazz - quem sabe alguém nascido em Nova Orleans, e vítima do Katrina - tendo um pouco de paciência, soprasse em meus ouvidos um bom texto, com boas informações.
A solução é psicografar a  mim mesmo. Na verdade o que vou fazer é me repetir, reeditando o que já escrevi alhures. Vamos lá.

"Jazz & adjacências" foi o titulo do primeiro post, de um total de quatro de minha lavra,  publicados no blog Primeira Fonte, que reproduzo a seguir:

JAZZ & ADJACÊNCIAS

Armstrong

Certa feita o Louis Armstrong comentou com alguém “ se você pergunta o que é jazz, então você nunca vai entender”.

Nunca perguntei o que é jazz, e acho que consegui captar a essência deste gênero musical.


Não tenho explicação, aparente, conhecida, para justificar este meu gosto pelo jazz e adjacências (blues, spirituals, gospel, etc) a menos que tenha, o que é pouco provável mas não impossível, um pé nas plantações de algodão na Geórgia.


Minha mais remota lembrança me alcança com 9 ou 10 anos de idade, ouvindo na rádio Metropolitana, às 17 horas, o programa “Pelas Esquinas de Beverly Hills”. Gente isto era em 1949.

Glenn MIller
orchestra

Dito programa executava música americana, com ênfase nas grandes orquestras, nas famosas Big Bands, lideradas por Artie Shaw, Tommy Dorsey, Glen Miller, Billy Ekstine e outros, muito em moda na época.


Elas desapareceram, como desapareceram no Rio de Janeiro, Waldyr Calmon, Ed Lincoln, Sylvio Viana, Românticos de Cuba e outras. A única que sobrevive, embora sem a expressão do passado e se apresentando de maneira pontual, é a Tabajara, fundada pelo Severino Araújo.


Estas grandes bandas deram guarida e foram a porta de entrada para grandes músicos, alguns dos quais formaram suas próprias bandas ou fizeram sucesso em carreira solo. Deles iremos falando aqui aos pouquinhos, para não ficarmos intoxicados. Nenhuma alusão ao uso exagerado de drogas, mas seria pertinente se houvesse intenção.



A maioria de meus amiguinhos ou não era ligada em música ou ouviam Marlene e Emilinha, no César de Alencar.


Se você está se perguntando por que esta digressão se o tema do post é jazz, já respondo. Porque tenho que me apresentar ao público leitor do Jornal Primeira Fonte, que não vai entender como um sujeito sem formação musical, que não toca qualquer instrumento, nem caixa de fósforos, pode pretender escrever sobre música, e logo sobre jazz que é, sem dúvida, a mais clássica das expressões artísticas populares.

Mas se levarmos em conta que a Telinha* pode apresentar receitas de olho, por que eu não poderia fazer comentários de ouvido?


Pois é, fica difícil saber quem está mais fora de seu juízo perfeito, se eu que aceitei a incumbência ou se a jornalista Ana Laura Diniz, que formulou o convite.


Também tem o seguinte: quando ela falou que não receberia nada pelo que irei escrever, fiz logo uma exigência. – Ou me paga o dobro ou não colaboro no Jornal. Afinal devo me valorizar, não é?


Reclamações, crítica ácidas, vitupérios e eventuais ameaças, por favor, dirijam à direção do Jornal.


E sobre jazz que é bom, por hoje é só. Se você está lendo este post, significa que foi publicado e, consequentemente, terei chance de voltar e comentar um álbum, um intérprete, uma canção, sempre tendo como embasamento minha emoção, meu sentimento e nada mais."




* Nota desta edição: Telinha é como as amigas do Jornal, carinhosamente, se referem a Stella Cavalcanti, uma das editoras do blog Primeira Fonte. Ela criou a ideia das "receitas de olho", ou seja, receitas que não estão escritas especificando peso e volume de cada ingrediente. Tudo é feito na base do olho experiente de quem fez o prato (doce ou salgado) varias vezes.

17 comentários:

Freddy disse...

Carrano, não posso deixar de me lembrar do Gusmão e sua afirmativa de que o nome "heavy metal gótico melódico" era muito grande.

Assim como o heavy metal tem inúmeras vertentes, algumas até palatáveis para o público em geral, jazz também o tem. As vertentes são tão variadas quanto variadas são as formações: podem ser bandas, podem ser solistas, que usam instrumentos de sopro, cordas, teclas, etc. Para cada tipo, um som diferente. E tudo é jazz. Mas qual jazz?

Isso vai dar um caldo...
Abraço
Carlos

Jorge Carrano disse...

Prezado Carlos,
Na série que escsrevi, como informado, para outro blog, a convite de amigas jornalistas, pretendia trocar ideias com os leitores (lá são muitos) e, não, doutrinar a respeito, porque não tenho cabedal para tanto.
Meu parâmetro é a emoção.
Acabou que a série ficou limitada a 4 entradas.
Acho que já contei a história aqui no blog.
Nem cheguei a entrar na parte "hard", ficando em torno de clássicos do cancioneiro americano.
Abraço

Gusmão disse...

Posso me dirigir ao Carlos?
Só para dizer que os estilos ou correntes, no jazz, pelo menos as que conheço, têm nomes simples, como são as pessoas que fizeram o melhor.
Veja só: fusion, be-bop, cool.
Nada contra "heavy metals", apenas não gosto.
Abraços
Gusmão

Freddy disse...

Gusmão, eu não estou comentando gosto, apenas nomenclatura. Eu entendo quase nada de jazz, mas pelo pouco que ouvi, as vertentes são inúmeras. Se é classificado com 4 ou 5 tipos apenas é porque ninguém parou para analisar e nomear as nuances.

Pode ser - pensamento que me ocorre nesse instante - que, como heavy metal é de difícil digestão, separar as diversas categorias seja maneira de facilitar a escolha pelo usuário. Se vou pesquisar uma banda desconhecida e aparece "trash metal", nem continuo. Mas se aparece "symphonic metal" já me interessa. "Death metal" nem pensar, "gothic metal" pode ser, mas só se for melódico. E por aí vai.

Aguardarei as dissertações do Carrano pra continuar.
Abraço
Carlos

Paulo disse...

Carlos, o que o Gusmão escreveu é que deve-se primar pela simplicidade na escrita e na fala, para definir as coisas, de qqer natureza.

Voltando a Martha Medeiros, diz ela que “Falar e escrever sem necessidade de tradução ou legenda: eis um dom que é preciso desenvolver todos os dias por aqueles que apreciam viver num mundo com menos obstáculos”.

PURE and SIMPLE !!! Notável !!!

Como alguém pode entender o significado de uma música de Heavy Metal Gótico Melódico ? Dá distensão cerebral ... rsrsrs

Gusmão disse...

Obrigado Paulo, você captou o espírito da coisa.
Abraço
Saudações da estrela solitária.
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Este post foi publicado originariamente em http://primeirafonte.blogspot.com/2011/01/jazz-adjacencias.html
Mereceu alguns comentários elogiosos.
Fuquei todo emplumado.
Abraços

Gusmão disse...

Fui lá ver, ou ler.
Parabéns!
Gusmão

Freddy disse...

Li o Jornal Primeira Fonte. Interessante. Tem outros posts seus?
Carlos

Jorge Carrano disse...

Carlos,
Conforme escrito no texto, foram 4 os posts publicados lá no Primeira Fonte.
Provavelemente irei reproduzir aqui os outros 3, como fiz com este.
Abraço

Freddy disse...

Sou obrigado a voltar ao tema, Carrrano. Aí vai o rol de vertentes do JAZZ, que me disseram prima pela "simplicidade":

Acid jazz, Asian American jazz, Avant-garde jazz, Bebop, Crossover jazz, Dixieland, Calipso jazz, Chamber jazz, Cool jazz, Free jazz, Gypsy jazz, Hard bop, Jazz blues, Jazz-funk, Jazz fusion, Jazz rap, Jazz rock, Latin jazz, Lounge music, Mainstream jazz, Modal jazz, M-Base, Nu jazz, Smooth jazz, Soul jazz, Ska jazz, Swing, Terceira Corrente, Trad jazz, Vocalese, West Coast Jazz.

Se acharem pouco, eu tento arranjar mais, pois dentro de cada tipo deve haver sub-tipos!
Abraços metaleiros
Carlos

Gusmão disse...

Carlos,
O Carrano deu o recado. Desculpe mas não vou alimentar esta discussão. Combinamos assim, você fica com seu Heavy Metal Gótico Melódico e eu com "jazz e adjacências" como disse o Carrano (blues, gospel, spirituals).
Abraço
Gusmão

Paulo disse...

Prezados, vou postar meu último comentário sobre essas nomenclaturas ... rsrs.
Entendi o significado de todos os nomes sobre JAZZ que Carlos colocou no comentário. Mas continuo sem entender o que é Heavy Metal Gótico Melódico .....

E Viva Martha Medeiros !

FLUi !

Abraços e boa semana a todos.

Freddy disse...

Apesar de tardio, de repente ninguém mais vai ler, achei a classificação que o programa Real Player dá a dois discos da banda Amberian Dawn:
The Clouds of Northland Thunder é "neclassical power metal" e End of Eden é "symphonic gothic power metal".

=8-)) Carlos

Paulo disse...

Tentando encerrar, a cantora SADE fez show no Rio sábado passado (22 out), e a crítica do GLOBO classificou sua música como ... latin-funk-soul baixos teores, com tempero étnico e pitadas de jazz e sinth-pop.

Juro que não é provocação ... rsrs

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/10/23/sade-apresenta-no-rio-sua-atmosfera-chique-kitsch-de-festa-de-debutantes-925637774.asp#ixzz1biTSCkti
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Jorge Carrano disse...

Carlos Frederico,
O Paulo jura que não é provocação. Você que o conhece a mais tempo, acredita?
Ele me mandou um link para que eu assistisse uma aprentação do grupo "Il Divo". Sabe como eles são apresentados? "Quarteto musical multinacional de pop operático".
Quando eu respondi dizendo que você gostaria de saber disso, retrucou às gargalhadas: quáquáquáquá.
E agora vem com essa do "latin-funk-soul baixos teores, com tempero étnico e pitadas de jazz e sinth-pop".
Mas não é provocação, viu Carlos.
Abraço

Freddy disse...

Gostei do "pitadas de jazz", preciso acrescentar o gênero de Sade à minha relação de tipos de jazz (rs rs).

Quanto ao Il Divo, muito bom. No entanto, vale reflexões. Eu também conheço (e tenho CD) um grupo na mesma linha chamado King's Singers, excelente.

Ambos carecem de um ingrediente fundamental: MULHERES !

Abraços
Carlos