25 de março de 2013

DRONES - parte 1








Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Palavra nova no jargão das guerras. Apelido dos VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou no original inglês UAV (Unmanned Aerial Vehicle), os drones são aviões sem piloto controlados remotamente para fins militares.

Drone em voo rádio-controlado
Muitos de nós tivemos contato com aeromodelos, que no passado ainda eram controlados a cabo (U-Control), com seu “pilotos” rodando como doidos no meio da área circular a eles destinados. Mais tarde, com o advento do rádio-controle, as miniaturas passaram a ser mais parecidas com os modelos reais. É um hobby dos mais apreciados no mundo, com modalidades especiais como jatos, helicópteros ou os mais difíceis de todos (pra mim), os planadores.

Reunião de aeromodelistas
Saímos do mundo do lazer e entramos no terreno dos conflitos. Para chegarmos aos drones, devemos regressar um pouco no tempo e rever alguns conceitos bélicos.

Na 2ª Guerra Mundial, os alemães inventaram uma arma para retaliar os inúmeros bombardeios que vinham sofrendo dos aliados em suas principais cidades. Denominadas “Vergeltungswaffe” (arma de vingança), foram usadas por Hitler para bombardear Londres sem a necessidade de perda de pilotos. Conhecidas como “bombas voadoras” pelos Aliados, foram construídas em 2 modelos: V-1 e V-2.

As V-1 se pareciam com um pequeno avião. Usavam um modelo de motor chamado estratojato (extraordinária invenção alemã cuja teoria vem sendo objeto de intenso estudo hoje em dia para motores de altíssima performance) e tinham um pequeno raio de ação (300km). Como atingiam na época apenas 500km/h, podiam eventualmente ser perseguidas e abatidas por experientes pilotos ingleses em seus ágeis Spitfire e Hurricane.

Bomba Voadora alemã V-1

Pouco antes da guerra terminar, Hitler fez uso das V-2. Essencialmente foguetes, foram precursoras dos mísseis teleguiados intercontinentais em uso até hoje, tendo atingido seu auge no noticiário internacional na crise dos mísseis entre Cuba e EUA, que deu início à Guerra Fria entre EUA e URSS, a extinta União Soviética.

Bomba Voadora alemã V-2

No entanto, apesar de velozes (atingiam mais de 5.500km/h) e de seu grande alcance, as V-2 eram mísseis balísticos e não teleguiados. Como as V-1, após lançadas numa pré-determinada direção, nada se poderia fazer para alterar sua rota.

Mudemos nosso foco dentro da 2ª Guerra Mundial, indo agora para o Pacífico. Em 1944 o Japão já se encontrava em situação desesperadora. Diferente dos alemães, que miravam à distância e lançavam suas V-1 e V-2 contra um alvo de dimensões extensas que era a cidade de Londres, os japoneses necessitavam de eficácia: suas poucas bombas disponíveis deveriam atingir o máximo possível de navios inimigos. A saída era guiá-las com homens, que se dispunham a morrer nessa missão. Nasceram os “kamikazes”.

Porta-aviões Essex atingido por um kamikaze

Temos então os dois conceitos criados. Bombas lançadas contra alvos distantes, sendo as alemãs balísticas e as japonesas guiadas. Os alemães poupavam homens mas não tinham precisão quando ao alvo, enquanto que os japoneses perdiam seus homens na tarefa de guiar até o derradeiro instante sua bomba.

Os artefatos alemães era obras de engenharia de ponta. Os japoneses usavam aviões depauperados numa derradeira missão suicida, usando para isso o concurso de militares fanatizados que se dispunham a morrer pelo Imperador na tarefa de afundar, com uma
única aeronave e sua bomba, um navio inimigo.

A 2ª Grande Guerra terminou, o tempo passou. A eletrônica se desenvolveu, a química e a engenharia bélica idem. Aos poucos a precisão dos mísseis intercontinentais aumentou, mas ainda eram balísticos. Depois, com o advento dos primeiros satélites de posicionamento global (GPS), os mísseis puderam ser teleguiados com mais precisão a seus alvos. Durante o voo seus sistemas de direção recebiam ordens toscas de correção de rumo, de modo que podiam ser direcionados a alvos bem determinados, mas ainda havia uma margem de erro.

Pulo então para o momento presente, era dos microprocessadores embarcados. Já na Guerra do Iraque, tivemos notícias de mísseis que foram teleguiados até o último instante, atingindo alvos com precisão de metros. Operados por equipes especializadas, podiam receber correções de rota de modo a atingir um apartamento num prédio milhares de quilômetros à frente.

Mesmo sofisticados, a realidade é que uma vez lançados, esses mísseis continuam a ser bombas a caminho como outrora. Pode acontecer de, no meio da missão, descobrirem que o alvo não é mais alvo, por erro de informação! Ou então os inimigos perceberam o ataque e se evadiram! Perderiam o míssil, explodindo-o no meio do caminho? Ou os deixariam seguir seu rumo e atingir os objetivos iniciais mesmo com expectativa de morte de inocentes?

No próximo post apresentaremos a solução desse dilema: os drones!

Drone sendo preparado para uma missão



Crédito de fotos:
Drone em voo rádio-controlado (csmonitor.com)
Reunião de aeromodelistas (gpavese.blogspot.com.br)
Bomba Voadora alemã V-1 (batalhaodeguerra.blogspot.com.br)
Bomba Voadora alemã V-2 (LuftArchiv.de)
Porta-aviões Essex atingido por um kamikaze (U.S. Navy)
Drone sendo preparado para uma missão (prometheanpost.com)

13 comentários:

Jorge Carrano disse...

Jamais ouvi falar ou li algo sobre drones.
Dos leitores habituais do blog talvez só mesmo o primo Rick Carrano saiba a respeito.

Riva disse...

Estou no trabalho, horário de almoço, e ia fazer um comentário sobre o post, mas caiu a ficha de que iam pensar que eu era o Anônimo II, na por hora ausência do Anônimo I ... rsrs

Aguardemos Drones II ...

Riva, e não mais Riv4

Ricardo disse...

Este e' um tema moderno e interessante, vou apenas no momento, comentar a parte introdutoria pois os Drones em si serao como entendi objeto do proximo post. Assim: As V-1 eram sim um pequeno aviao, e a referencia foi bem postada com precursor dos atuais Drones. Outro fato interssante e' que era lancada tanto de plataformas estaticas onde um pequeno motor foguete levava o artefato ate' uma altitude de onde seu estato jato se acionava. Eram tambem lancadas por bomardeiros Junkers 111 em voo sobre a os paises europeus ocupados pelos nazi ou sobre o canal da mancha. Este artefato ou seu projeto, e' tb precursor do ponto de vista de lancamento do projeto space shuttle (onibus espaciais) onde a mesma tecnica inicial era usada ou a espaconave alcancava a sua altitude de cruzeiro impulsionada por um estagio foguete abandonado apos se alcancar esta altitude a semelhnaca e' que as primeiras V-1 tb foram pensadas e testadas como recuperaveis, e seu uso para reconhecimento fotografico foi pensado, onde esta versao possuia paraquedas acionado quando o combustivel terminava.

Ricardo disse...

As V-2 sao precursoras de todo o proama espacial americano e russo. Ao fim da Segunda Guerra, parte dos engenheiros alemaes ficaram com os americanos e parte com os russos, dentre eles o Werner Von Braun considerado nao so' o "pai" da V2- mas de todo o programa espacial como os famosos Atlas, Saturno e Soyuz, e tb os ICMBS (Misseis Balisticos Intercontinentais) Titan, Minuteman e MIRV (rissos) mas esses utlimos niguem quer ver voando !. Abracao.

Ricardo disse...

Os kamikazes, usavam tb um aviao especialemnete desenvolvido para os ataques suiciddas, os famosos Yokosuka Ohka, erem lancados tb por bombardeiros "Betty" (nao sei o nome japa) em voo. Outro fato interssante e'q eu existiu uma versao com motor foquete, tb apos a guerra usada para desenvolvimento de misseis, e uma versao com motor a jato, desenvolvido (e mutio semelahnte) a partir de um motor Messerchmitt alemao, neste caso, alguns que sobreviveram a guerra foram usados como base tb para projetos de futuros cacas tal como o prorio messerchmeiit alemao.

Ricardo disse...

Os primeiros misseis inteligentes surgiram ja a partir do fim dos anos 50 e foram largamente usados na Guerra do Vietna e conflitos do Oriente_medio nos anos 60 ate 80por exemplo, onde as plataformas SAM (Surface Air Missile) e os AAM (Air to Air Missile) ja tinham a capacidade de seguir o rastro de calor dos motores de um aviao ou mesmo uma fequencia de radio. Na guerra do Golfo em 1990-91 a tecnologia dos missies Patriot, que sao ainda algo top de linha em defesa aerea assobrou o mundo ao abater a maioria dos misseis iraquianos Skud ainda no ar. Mais rencentemenete a IAF (Israeli Air Force) apresentou ao mundo seu mair moderno sistema inteligente de defesa aerea ou "Iron Dome" que e' uma especie de escudo ou "dome " em ingles, computadorizado, que detecta num tempo recorde, misseis lancados normalmente de Gaza pelo Hamas e os abate ainda no ar. Ainda nao se tem muito conhecimento sobre este sistema, que foi desenvolvido junto com a USAF mas a imprensa especializada (inclusiva a russa e chinesa) estima uma eficiencia de 85 a 90% do sistema ou apenas 1 ou dois a cada 10 lancados atingue o territorio de Israel. Abracao, Rick.

Jorge Carrano disse...

Como eu previa, o Rick Carrano poderia dar alguns pitacos, por ser "do ramo".

Ricardo disse...

Obrigado ao Jorge e ao Freddy. Minha intencao foi adicionar pontos interessantes ao post, que por sinal ficou muito bom. Obrigado e um Abracao.

Freddy disse...

Sobre o 1º comentário do Carrano.
Eu falei por alto com meu genro, que além de formado em educação física e trabalhar no TRE é músico e fotógrafo (temos muita coisa em comum, não bastasse ele também ser vascaíno), que havia feito um texto sobre drones. Ele me comentou entre uma piscada e outra: "- oh, aqueles aviões militares sem piloto que atuam no Oriente Médio..."
OK, parece que mais gente sabe o que são drones...
<:o) Freddy

Freddy disse...

Ricardo, já que você parece bem informado sobre o assunto, eu tenho uma dúvida, quem sabe você não poderia fazer até um post a respeito.
Como você disse, as bombas V-1 usavam um tipo de motor chamado estatojato, que precisa ser acelerado até certa velocidade para começar a funcionar. Por limitações da época, ele foi arquivado.
No entanto, com o avanço da tecnologia parece que levantaram restrições quanto à resistência de materiais para fazê-lo funcionar em altíssima performance. Tenho recebido aqui e ali notícias de que motores estatojato vêm sendo usados em aeronaves hipersônicas, com alguns protótipos alcançando velocidades alarmantes, da ordem de mais de 16.000 km/h. Eles também são lançados de plataformas voadoras e deixam um rastro no espaço formado por bolinhas de fumaça, o que os denuncia aos observadores curiosos (estrangeiros, inclusive).
Poderia desenvolver essa matéria?
Abraço e obrigado pela contribuição que deu ao post.
Freddy

Jorge Carrano disse...

Freddy,
Estou abismado com tanta gente sabendo o que é um drone. Você, seu cunhado professor de educação física, o Rick Carrano e...
Pelo visto o único ignorante na matéria aqui sou eu.

Gusmão disse...

ô Carrano, foi um analfabeto que batizou isto. Ele queria dizer clone, pronunciou crone e entenderam drone.
Também não conhecia e meu cunhado, para quem telefonei, também não.
Abraços.

Jorge Carrano disse...

O que pretendi dizer é que o assunto é interessante para aficionados do tema aeronáutico, como parece ser o caso do Freddy.
O blog é repositório de úteis informações inclusive para o blogueiro.