29 de julho de 2011

Viúvas da Soletur

Primeiro a explicação. Soletur era uma (boa) operadora de turismo, com vasta experiência no exterior.


Tinha uma boa carteira de clientes, alguns cativos, que viajavam com razoável frequência. Eram viúvas, pensionistas e aposentadas, e casais também aposentados, que aproveitavam a infraestrutura que a Soletur oferecia. Bem, não eram só pensionistas e velhos que eram clientes da firma citada, também jovens casais em lua de mel, e grupo de amigos de uma mesma cidade. E preguiçosos como eu.


Com a inexplicável e surpreendente falência da Soletur, aquelas senhoras, viúvas, aposentadas e pensionistas, passaram a ser apelidadas de “viúvas da Soletur”. Foram elas as pessoas que mais lamentaram. Com efeito elas eram alvo de atenção e cuidados dos diligentes guias da Soletur.

De certo modo, sou um viúvo.


Viajei através deles em não mais do que duas oportunidades, e também lamentei seu fechamento.


Há quem torça o nariz para excursões e quem faça restrições. OK, estes têm lá suas razões. Mas existem algumas vantagens, principalmente para idosos e pessoas que não dominam outros idiomas. E comodistas. Que é o meu caso.


Ora, a operadora oferecia um serviço de apoio muito eficiente. Só não ter necessidade de se preocupar com check-in, traslados, reservas e compras de tickets para shows e museus já vale a pena.


Saber que na hora de ir embora do hotel ou da cidade, basta colocar as malas na porta do apartamento e esquecer o assunto porque alguém irá recolhe-las e embarcar no veículo que fará o traslado para o aeroporto é muito cômodo. E, estando lá, já  receber  em mão a passagem, com assento marcado, é muito bom.


A Soletur não oferecia excursões, na acepção da palavra. Compravam-se pacotes, que incluíam as passagens aéreas, hotéis (sempre de bom padrão), traslados de aeroporto para hotel e vice-versa e, ainda, alguns programas nas diferentes cidades do roteiro, como apresentações folclóricas e refeições em restaurantes com comida típica. E os clássicos citytour.


Louvre
Moulin Rouge
Você poder assistir show no Moulin Rouge recebendo o ingresso em mãos, para o mesmo dia, ou visitar o Louvre, sem ter que enfrentar fila para comprar o ingresso, vamos combinar que é uma comodidade.

Vaticano
Museu do Vaticano
Conhecer o Vaticano com um guia para acompanhar a visita ao museu e à basílica de São Pedro, com todas as explicações básicas, também facilitava sua vida.


Eles tinham guias próprios para recepcionar os viajantes já nos aeroportos e providenciar o traslado pra o hotel, que já estava reservado e, em geral, o check-in era facilitado, sem necessidade de depósitos ou cartão de crédito.


Além disso, sempre contratavam um guia profissional local, falando português ou portunhol, para o indefectível citytour e visitas a castelos e igrejas.

Budapeste,um das pontes,
 que ligam Buda a Peste
Vamos admitir que em Budapeste, por exemplo, sem um guia local que arranhasse o português era dificílimo conhecer bem a cidade (hoje muita gente já fala inglês nas cidades do chamado leste europeu).

Tinha inconveniente? Claro que tinha alguns. Mas nada que não pudesse ser administrado.


Em primeiro lugar a rigidez dos horários. Se o guia marcava um certo passeio às 8 horas da manhã, era bom estar às 8 no saguão, sob pena de perder o programa.

Porcela de Meissen
Outro inconveniente é que alguns passeios oferecidos e incluídos no preço do pacote podiam até ser interessantes, mas tinham um caráter comercial de interesse do guia que ganhava comissão. Por exemplo, a visita a fábrica de porcelana, em Meissen, na Alemanha, era um programa interessante, mas durava pouco a visita e em seguida as pessoas eram levadas para o showroom e área de vendas. É assim em toda parte, inclusive no Brasil. Se você programa passeios pela Serra Gaúcha e contrata agência, mesmo local, para passeios, inevitavelmente irá parar na Tramontina, em Carlos Barbosa, para compras. Não que a Tamontina não mereça uma visita até porque é uma empresa que nos enche de orgulho pelo tamanho de seu parque industrial, número de itens fabricados e qualidade dos produtos, mas a nossa curiosidade tem a contrapartida do interesse deles nas vendas. E do guia também.


Mas voltando às viagens internacionais e aos inconvenientes, comento que sob o ponto de vista de cumprimento de horário tal fato nunca foi problema para mim. Antes pelo contrário, sou apologista de pontualidade. Quanto a programas talvez menos interessantes a solução era não fazer o passeio, e fazer outra coisa a sua absoluta escolha. Usar da operadora apenas o que interessava.


Bem, meu agente de viagens, há alguns anos, me apresentou a outra operadora que trabalha nos moldes da Soletur, tendo inclusive contratado os ex-guias desta, que se constituíram em cooperativa. São profissionais educados, prestativos e que conhecem razoavelmente  bem a região onde atuam.

Relógio astronômico,
em Praga
 Em Praga, acomanhei a dedicação e atenção do guia, quando um dos membros do grupo de turistas, advogado conceituado em Porto Alegre, se acidentou, escorregando na banheira do hotel, e foi o guia que o socorreu, levou ao hospital acionou o seguro–saúde e resolveu toda a burocracia no hospital. Houve fratura no braço.

Você há de dizer que o hotel faria a mesma coisa. Será? Em primeiro lugar tem a questão do idioma, e depois o acidentado se sentiria mais confiante com a retaguarda da operadora para eventualidades.


A operadora que, para mim, substituiu a Soletur, é a Queensberry, que edita revista com os roteiros semelhantes aos da Soletur, ficou com os guias  e mesma filosofia de trabalho.

Fotos: Google imagens

18 comentários:

Carlos Frederico disse...

Carrano, para comentar seu post eu poderia fazer um novo post inteiro!
Vou tentar resumir.

SOLETUR - fiz excursões nacionais com ela antes de falir. No fim eu já estava de saco cheio => ela estava nos colocando em hotéis ótimos, mas longe das cidades.

HOTEL SERRA AZUL em Gramado tomou uma atitude horrorosa, que diminuiu ainda mais sua cotação: a turma que estava lá quando da falência teria sido obrigada a pagar a estadia! Todos os outros hotéis do país absorveram o prejuízo de quem já estava hospedado.

Depois da Soletur usei a CVC. Hoje em dia não gosto muito, já usei Marsans, Shangri-Lá. Em termos de exterior só tenho frequentado a América do Sul, mas ouço falar muito bem da Queensberry.

O receptivo conveniado com a CVC na França deixou minha filha e namorado no porto e foi embora com as malas deles. Mas isso é outra estória.

Carlos Frederico disse...

Carrano, tenho de complementar o comentário anterior falando da Tramontina em Carlos Barbosa. Quem leu minha viagem ao Vale dos Vinhedos deve ter observado que é um dos meus destinos prediletos quando vou ao Sul!
Gozado que essa coisa de guia pega. Desta feita, aluguei um carro com motorista e a moça no caixa queria saber quem era o guia. Eu respondi que eu é que havia pedido o passeio e pedi o brinde de guia! Ganhei, e depois o motorista ganhou igual! Sem ter feito nada pra isso!

Jorge Carrano disse...

Puxa, Carlos Frederico, eu sempre dei sorte então com a Soletur. Como mencionei foram apenas duas viagens com eles. Mas na primeira, à Itália, fui inclusive beneficiado com um up grade, eis que o hotel previsto não tinha vaga para a data de minha viagem.Fiquei no Gran Plaza, numa suite com 4 cômodos: ante-sala, quarto, closet e banheiro com linha telefônica externa. Se eu e Wanda tivessemos levado todo o nosso guarda-roupa, assim assim não encheriamos o closet.
Já viagei pela Queensberry e não me arrependi.
Abraço
Carrano

Gusmão disse...

Já viajei pela Queensberry e endosso a opinião do Carrano.
Eles têm um programa chamado Grupos Brasileiros, no qual o guia está o tempo todo com o grupo e muitos percursos são feitos pela via rodoviária, o que na Europa é facílimo porque existem boas estradas e as distâncias não são muito longas.
Boa viagem!
Gusmão

Anônimo disse...

Viajei diversas vezes pela Soletur para Nova York. Foram super profissionais, tudo que prometiam cumpriam. Foi uma pena o que aconteceu, até hoje sinto falta da empresa, principalemente se seu guias que eram profissionais muito atenciosos e competentes. Pena que acabou, até hoje procuro uma empresa igual e não econtro.

Jorge Carrano disse...

Você já experimentou, Anônimo, viajar pela Queensberry? Fiz viagem internacional com eles, e até o guia era oriubdo da Soletur. Sem contar que a revista que editam com o roteiros é idêntica.
Conta se já testou e não foi feliz.
Abraço

Ione Kegler disse...

Eu trabalhei na Soletur em New York.Moradora ha anos lá,e conhecendo a cidade como a palma de minha mão, fui responsável pelo serviço 1800Soletur,que atendia todas as dúvidas, informações, dicas,resolver todos os problemas do passageiro etc.. e nunca me conformei com a falência desta...hoje,dpois de 30 anos morando lá,voltei ao Brasil e por curiosidade fui procurar matérias sobre a falência da Soletur e encontrei este Blog..foi bom saber que meus ex-colegas, tdos competentes estão trabalhando em outra Empresa,Queensberry,que pelo que leio é tão boa quanto foi a Soletur..até eu vou procurar usá-la em futuras viagens..não conhecia,Abraço.

Jorge Carrano disse...

Bem, Ione, nas minhas duas experiências de viagens com a Queensberry, fiquei satisfeito com a operadora. A logística foi boa e os guias, muitos dos quais egressos da Soletur, bastante competentes e atenciosos.
Obrigado pela visita virtual. Bem-vinda ao Brasil, de volta.
Abraço

Unknown disse...

meus parabéns para todos os proficionais que trabalharam na soletur que deus continuem ajudando á todos...

Jorge Carrano disse...

Amém!
Era uma boa equipe, sem dúvida.

Unknown disse...

adorei a história da dessa empresa e seus funcionários vou continuar pesquisando sobre ela.

Jorge Carrano disse...

Como informado no post, Rodrigo, há uma operadora que trabalha da mesma forma, e que inclusive absorveu alguns guias da Soletur.
Trata-se da Queensberry.
Obrigado pela visita ao blog.

Unknown disse...

obrigado Sr.Jorge Carraro,nos falamos em breve,fica com Deus...

anna laura disse...

pretendo viajar com a queensberry final do ano, e pelo jeito parece ser boa! então voce ficou satisfeito com o serviço deles? espero a resposta! e se puderes me indicar outra para pesquisar do mesmo nivel! Obrigado desde já!

Jorge Carrano disse...

Cara Anna Laura,
As únicas operadoras que contratei, para viagens ao exterior, foram a Soletur (extinta) e a Queensberry.
Portanto não tenho outras para indicar.
Dizem que, para viagens nacionais, a CVC atende bem, mas não conheço.
Obrigado pela visita virtual.
Boa viagem e aproveite bem.

Picasso disse...

Eu viajei pela queensberry e detestei!Cheguei de la dia 16 desse mes, foi decepcionante.Fui pra Malta, cicilia, porto cervo, taormina e Roma.O melhor hotel foi o de Roma.Os outros hoteis deixaram a desejar.O cinco estrelas parecia 3...eu nao recomendo pra ninguem!O nosso grupo ficou decepcionado, ouve muito choro e lagrimas!!!

Jorge Carrano disse...

As opiniões aqui são livres, desde que respeitosas.
Minha experiência com esta operadora é antiga, pois já faz um bom tempo que não viajo com eles.
Portanto as coisas podem ter mudado.

Anônimo disse...

SEM DÚVIDA A SOLETUR ERA UMA EXCELENTE EMPRESA, FUI UM DOS 29 GUIAS DE BORDO DOS VÔOS FRETADOS NACIONAIS,MINHA BASE ERA CURITIBA, FORAM MAIS DE 6 ANOS (1995 A 2001)DE VÔOS LEVANDO E TRAZENDO GRUPOS DO NORDESTE. AOS ORIUNDOS DA EQUIPE DE GUIAS DE BORDO GRANDE ABRAÇO E SAUDADES (ATÉ DA SUPERVISORA NACIONAL LURDINHA)!
SERGIO / CURITIBA.