2 de julho de 2020

Viúva Porcina no Ministério da Educação


Carlos Alberto Decotelli da Silva, fez-nos lembrar da célebre personagem de novela. Também ele foi, como a Porcina, sem nunca ter sido.

Foi ministro sem tomar posse  o que o transformou num quase futuro ministro, pois chegou a ser nomeado.

Juro que lamentei quando vieram a público as notícias sobre as inconsistências em seu curriculum divulgado.

E que inconsistências. Em seu trabalho de mestrado vários trechos plagiados de diferentes autores pinçados de diferentes obras/trabalhos. Cometeu, portanto, crime contra a propriedade intelectual.

Apresentou-se,  na Alemanha, como professor da Fundação Getúlio Vargas, o que foi contestado pela direção da instituição de ensino que afirma que ele jamais foi professor efetivo. Cometeu, portanto, o crime de falsidade ideológica.

Como não teve tese sustentada e aprovada, não tem direito ao título de doutor, que se atribuiu, como tendo conquistado na Universidade de Rosário, na Argentina. E faltou com a verdade dizendo não haver apenas apresentado tese, quando na verdade apresentou, mas foi rejeitada.

Como não é doutor não teria sentido, validade, atribuir-se um pós-doutorado, que teria feito na  Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Pós-doutorado pressupõe a existência de um doutorado. Só que, para agravar a situação, ele teria feito apenas um trabalho de pesquisa, que sequer foi aceito, e que não corresponde a um pós-doutorado.

Em suma o currículo é uma fraude só. Já se comenta, a guisa de blague,  que o único curso que ele teria feito sem contestação seria o MOBRAL.

Os curricula acadêmicos podem ser registrados na plataforma Lattes, em:


Recorro a Millôr e Caetano para definir o papel representado por Decotelli.



Nota: verdade que simpatizei com a cara dele, gostei da postura, da elegância, da maneira serena  de falar, e porque não dizer de ser um negro vencedor, que teria ascendido, por méritos pessoais, social, profissional e politicamente ao alto escalão.

8 comentários:

Jorge Carrano disse...


Essa história é o retrato do governo do Bozonaro: uma farsa.

Quatro ministros da educação em ano e meio de governo é de um absurdo estarrecedor e demonstra a pouca relevância que ele dá aquela que deveria ser nossa pasta ministerial mais importante.

Preocupado com ideologia não tem programa educacional.

E pelo noticiário o Bozo é pai de uma quadrilha de malfeitores. Quem sabe o chefe?

Jorge Carrano disse...


Isso entre parêntesis (`) é a crase que teria faltado em "aquela" no comentário acima.

Carlos Lopes Filho disse...

Lamentável, Carrano. Realmente, não se sabe mais onde tudo isso vai dar: o ministro anterior não escrevia português corretamente, o atual inventa títulos que não tem e é demitido antes de tomar posse... Sobre o assunto, lembro que, no meu tempo de faculdade, após terminar o bacharelado, tentei fazer Doutorado, que não havia então na nossa faculdade. Em 1967. abriram precariamente um de Direito Penal, e só tinham três alunos matriculados, eu e mais dois outros, que depois também foram aprovados em concurso para Promotor de Justiça do RJ. O professor era o então Desembargador Ferreira Pinto. Só que o curso não passou do primeiro semestre, tendo encerrado suas atividades no segundo, por falta de interessados. Por isso, nunca usei o título de "doutor", pois não o era e, sim, apenas, um simples bacharel. Engraçado que, em sites de hotel da Europa, me chamam de "doutor", e pensam que eu sou médico, pois, para eles, "doutor" só é utilizado para profissional da medicina. Acho que nos EEUU. também Não esquecendo que o nobre governador do RJ atual também se disse "doutor" por Harvard, o que não é verdade. Sinal dos tempos...

Jorge Carrano disse...


Carlinhos, há uma tradição, desde Dom Pedro I, de se atribuir aos bacharéis em Direito, devidamente inscritos na entidade representativa, no caso a OAB, o título de doutor.

Isso em função de norma legal baixada pelo citado imperador, conforme abaixo:

Lei de 11 de Agosto de 1827
Crêa dous Cursos de sciencias Juridicas e Sociaes, um na cidade de S. Paulo e outro na de Olinda.
Dom Pedro Primeiro, por Graça de Deus e unanime acclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil: Fazemos saber a todos os nossos subditos que a Assembléia Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1.º - Crear-se-ão dous Cursos de sciencias jurídicas e sociais, um na cidade de S. Paulo, e outro na de Olinda, e nelles no espaço de cinco annos, e em nove cadeiras, se ensinarão as matérias seguintes:.........

O dispositivo da lei que assegura este direito, é o art. 9º , com a seguinte dicção: Haverá tambem o grào de Doutor, que será conferido áquelles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e sò os que o obtiverem, poderão ser escolhidos para Lentes.

Publiquei postagem sobre o tema em 2013, em:
https://jorgecarrano.blogspot.com/2013/04/advogado-e-doutor-nos-termos-da-lei.html

(precisa selecionar e colar o link na barra de seu navegador)



Carlos Lopes Filho disse...

Carrano, li a sua matéria anterior. Isso pode ter valido antigamente, mas, hoje, acho que está ultrapassado. Inclusive, sem nenhuma análise mais profunda sobre a matéria (que até nem é tão relevante assim), parece-me que, atualmente, para você cursar o doutorado, tem, antes que ter o título no mestrado. Essa exigência também acho que não existia no nosso tempo de faculdade. No fim das contas, é tudo uma tremenda "frescura"... Para você fazer grande parte dos concursos públicos basta ser bacharel... Divirto-me quando alguns médicos enchem a boca e se autodenominam "Professor Doutor...". Entretanto, são incapazes de descobrir a vacina para o COVID-19...

Ana Maria disse...

Fevereiro de 2017: Por que Alexandre de Moraes mentiu no currículo? https://exame.com/blog/sergio-praca/por-que-alexandre-de-moraes-mentiu-no-curriculo/?utm_source=whatsapp

Jorge Carrano disse...


Meu filho caçula fez mestrado e doutorado. Hoje é professos concursado na UFF, na área de engenharia.

Ele se apresenta como "Professor Doutor", mas pode porque tem os títulos acadêmicos e o exercício efetivo do magistério de nível superior.

Tem direito, não é Carlinhos?

Jorge Carrano disse...


Inacreditável! O cara é reincidente específico.

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/decotelli-inclui-cargo-de-ministro-da-educacao-em-curriculo,ad3d8cb178589041ffc782dc55bbecb487ipu9pf.html