31 de dezembro de 2014

DESAPEGO




Por
Alessandra Tappes











Acho que é esse o significado de mais um ano na vida da gente.

Mais do que fazer uma retrospectiva do ano que passou, fazer o balanço anual das contas, lançar os lucros e perdas, devemos (antes de seguir em frente) olhar atentamente para o que ficou atrás. Fazer uma análise bem detalhada do que passou.

Olhar todos os poros, todos os pontos, todos os planos. Reler cartas antigas, ver velhas fotos. Rir da calça boca de sino, ficar surpresa com as meias soquetes conservada como se fossem peças de museus, guardadas pra primeira filha que nascesse... 

Escutar o primeiro Vinil de Led Zeppelin com algumas faixas arranhadas. Sentir o gosto de café passado pela mãe... Saudosismo sempre presente em qualquer momento passado nosso.

Sinto na pele que pior que contratar uma boa secretária do lar, é fazer a faxina pessoal e descartar numa boa da velha coleção de chaveiros conquistada com muito esmero.

Como fazer? E, a pior pergunta: porque fazer? Será que vai dar mais espaço no roupeiro? Ou descartar vai fazer com que o dia termine bem? Não tenho dúvidas alguma que desapegar no primeiro instante dói sim e muito. Mas dizem por aí que é necessário.

Precisamos de alguns passos para exercitar o desapego. O primeiro passo é CORAGEM. Ter coragem para encarar todas as sombras do passado, abrir um livro e sentir a brisa do mar sem se emocionar, os sons do passado ecoando em todos os cantos da casa, não é nada mole não! Imagina se deparar com a carteirinha de vacinação do filho que já lhe deu netos nos dias de hoje, é emoção ao cubo... Nitroglicerina pura caindo em forma de lágrimas pela face.

“Coragem, às vezes é desapego. É parar de se esticar em vão, para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo. Já ouviram isso antes, tenho certeza que sim. E Caio Fernando Abreu não estava errado quando conseguiu descrever realmente o que é o desapego. Essa luta interior constante de se livrar do que passou, do que magoou e também do que um dia foi bom, mas hoje não serve mais, exige muita coragem mesmo.

O segundo passo é a EMOÇÃO. Não existe possibilidade alguma de desapegar sem se emocionar. A emoção talvez seja a ponte que liga o coração e a razão. Vamos do choro ao grito aqui. Para se livrar vale tudo, até xingar em japonês!

Crie seu próprio closet, abra suas portas, liberte suas asas sem se preocupar com o que vão pensar, é o terceiro e não menos importante passo: AMOR PRÓPRIO.

Arriscar mesmo sabe como é? Simplesmente faça a sua vontade prevalecer e que se dane o resto. Parece grosseiro, mas não é! A educação nos diz até como sentar na beira do sofá na casa vizinha, mas porque simplesmente não ficar na porta? Porque não podemos  fazer um café instantâneo ao invés de passar um café fresco e desperdiçar tempo, pó, água, gás? Claro que tudo isso com um belo sorriso no rosto (ou não...)

Que 2015 seja tão importante como foi 1985. Que seja tão surpreendente como foi no ano do ingresso na faculdade. Não melhor que a alegria do ano em que a família se oficializou, o filho nasceu, o cometa Halley cruzou nossos céus. Olhar para o que ficou também é a forma de se desejar que muitas felicidades se repitam. Que sintamos o gosto da gelatina colorida da tia, a lentilha da mãe e a energia da casa cheia de parentes.

Feliz desapego!
Feliz passado sempre presente!!
Feliz futuro tão próximo!!!


10 comentários:

Jorge Carrano disse...

Espero que o novo ano traga para você e seu filho João, muitas alegrias.

FELIZ e PRÓSPERO 2015!!!

Freddy disse...

Grande post, ainda vou relê-lo com calma.
Não, não é Alzheimer (ainda). É que tenho por hábito fazer uma primeira leitura rápida para ver o jeitão da coisa, para só depois relê-la para degustar os detalhes.

Nesse meio tempo, aproveito para parabenizar o nosso blog-manager e sua esposa Wanda, pelas Bodas de Ouro! Parabéns aos dois!

Feliz 2015 a todos, manager, sua esposa, autores de posts, leitores, comentaristas, amigos e parentes.
<:o)
Freddy

Jorge Carrano disse...

Acabo de receber a esperada ligação telefônica de meu filho, dando conta de que a Erika foi finalmente liberada e eles deixarão o hospital daqui a pouco.
Desde o dia 12 de dezembro, data da internação, na emergência, passando pelos quatro dia no CTI, esperávamos ansiosos pela recuperação e pela alta hospitalar.
Os cuidados e monitoramento serão feitos em casa.
Ótimo presente para mim e para Wanda.
Obrigado a todos que carinhosamente enviaram mensagens de pronto restabelecimento.
Feliz 2015!

Jorge Carrano disse...

Obrigado, Freddy, também em nome da Wanda.
Você e Mary estão a caminho desta comemoração, não é?

Jorge Carrano disse...

Gente, estou indo passar o réveillon na casa de minha nora Erika.
Até o próximo ano!
TIM TIM!!!

Riva disse...

Renovo aqui nossos votos de um super 2015 para todos, e aquele beijo nos corações do Carrano e da Wanda por data tão especial !
Saindo pra farra também !

Tim Tim !!

Alessandra Tappes disse...

Feliz 2015 a todos que passaram e passam de forma indireta e direta no blog.

Muitas conquistas novas, renovadas, alegrias vividas e mais adquiridas.
Mais alegrias divididas e compartilhadas. Mais beijos conquistados e "roubados".

Ao casal Carrano, Wanda e Jorge que se repita a mesma receita de 50 anos atrás por muitos e muitos anos, com as mesmas medidas que deram certo até o momento.

Jorge Carrano disse...

Gostei do "até o momento", Alessandra. Com efeito, as medidas que deram certo nos primeiros anos, não são as mesmas que deram nos primeiros anos subsequentes aos dez primeiros. A vida muda, os costumes sociais mudam, os filhos nos mudam, a primeira casa própria, o primeiro automóvel, a casa de campo, a formatura de um filho, e do outro, as mudanças de cidade e de emprego, enfim uma infinidade de acontecimentos vão moldando o relacionamento.
A base, entretanto, é sempre a mesma, e simples (de falar): respeito, tolerância, compreensão, concessão, afeto.

Riva disse...

Adorei o post da Alessandra, como sempre, e um comentário acaba se transformando num post ... rs.

Sim, aqui em casa tem-se a cultura enraizada há décadas de guardar tudo. Só que chega um momento, ou alguns momentos, em que se para para analisar o porque de tanta coisa em casa :
- por falta de espaço
- por falta de uso

Não tenho dúvidas de que poderia reduzir a carga de trabalho (termo de engenharia civil) do meu apartamento de uns 300 Kg/m2 para 150 Kg/m2. E como se desfazer de coisas que têm significado em nossas vidas ?

Tenho certeza de que quando morrermos, eu e minha esposa, a carga será reduzida a uns 50 Kg/m2 pelos meu filhos rsrsrs .... estou escrevendo e vendo o Tottenham massacrar o Chelsea ...4º gol.

Mas aqui as coisas são guardadas e mantidas de diferentes formas, por diferentes classificações por mim e por minha esposa.

Ela é tipo guardar um parafuso ou uma perna de óculos quebrado porque pode ser útil mais à frente. Fora as coisas de afinidade mesmo, por valores intangíveis.

E eu, sempre guardei tudo referente aos meus trabalhos profissionais, apontamentos ultrapassados tecnicamente, etc.

Não sei julgar isso, porque estamos falando de emoções pessoais.

Mas em resumo eu diria que não consigo me desapegar de muita coisa, sou muito ligado mesmo ao meu passado, enho realmente saudade daqueles tempos, de coisas banais, das minhas coisas pessoais, das amizades, do clima da época, dos bailes, do meu cachorro, dos cheiros das comidas, do cheiro do meu jardim, das minhas canetas e estojo, das minhas pastas da escola, das tanajuras caindo no quintal no verão, dos balões nos céus de junho, do som da "macumba" que rolava no morro perto de casa toda semana, das brincadeiras na chuva forte, do Simca Chambord do meu pai ....

Vou parar pra não chorar !

Bom desapego pra vcs ! Eu continuo apegado .... rsrsrs

Alessandra Tappes disse...

Bom dia a todos!

Essa é a ideia de desapego Riva, continuar ligado as coisas, lembranças que nos fazem bem sem pudor algum, sem medo de ser feliz!
Vale tudo mesmo, até chorar ao relembrar dos acervos que tanto nos fizeram felizes.

Estamos no caminho certo!!!

Um bom ano a você e sua família!