14 de dezembro de 2014

Business is business

Fico impressionado como algumas pessoas são criativas para ganhar dinheiro. Por vezes são atividades estranhas, inusitadas, mas não podem ser rotuladas de ilegais, se partirmos da norma aceita de que toda atividade não defesa (proibida) em lei é permitida.

Chamemos de pilantragem, no bom sentido.

Já estava fechando o laptop caseiro, para dar-me um período do descanso, até a virada do ano, quando vejo entre as mensagens classificadas como spam, pelo gmail, a que abaixo reproduzo:

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Caramba, já criamos a figura do flanelinha, que vem a ser o sujeito que assumindo a posse do espaço urbano, uma via pública, cobra para "tomar conta" de seu veículo estacionado naquele área comum.

Faz propaganda enganosa pois promete uma segurança que não dá, e praticamente deixa o motorista numa sinuca de bico: se recusa pagar o preço pedido está arriscado a encontrar o carro com pneus arriados, sem o retrovisor lateral e, quem sabe, todo riscado. O motorista se sente compelido a pagar, menos para garantir a segurança de seu patrimônio, e mais com receio das represálias.

Outro personagem que criamos há muito tempo foi a do despachante. A burocracia do país favoreceu o aparecimento desta figura que entra na fila por você, perde nas repartições correndo atrás de carimbos e reconhecimentos de firmas, o tempo que você não tem.

Em torno dele - despachante - criou-se uma enorme cadeia de espertalhões, corruptos de meia pataca, funcionários públicos de baixo escalão (nada comparáveis com os marajás da Petrobrás), que criam dificuldades e vendem facilidades.

Pode observar que o despachante consegue, em curto espaço de tempo, o que você não consegue em meses de perambulações, idas e vindas.

Isto porque ele criou links, vínculos, pontes com os tais barnabés que por um trocado para a cerveja agilizam o andamento de seu processo.

Flanelinhas e despachantes são, assim como a jaboticaba, coisas que só encontramos no Brasil.

Criamos também a figura do Fiador profissional. Alguém que à soldo assina seu contrato de locação, pois tem boa ficha cadastral. O preço que você irá pagar é salgado, mas pior é não ter quem assuma o risco de oferecer a garantia locatícia de praxe.

Como em muitos condomínios ninguém se oferecia  ou aceitava ser Síndico, foi criado o sindico profissional, este com carteira assinada e tudo.

E não demora a cadeira administração de condomínios será incluída nos curricula dos cursos de administração (FGV e PUC), juntamente com finanças, marketing e recursos humanos.

Agora esta de maquiar visitas aos sites e blogs, seria interessante se nós aqui do GE estivéssemos preocupados com a visibilidade, com a repercussão das bobagens que perpetramos. Preferimos que fique mesmo entre nós. E um ou outro anônimo pentelho.

Fico me perguntando se alguém paga para ter visitas ao seu site. Que prazer pode haver sabendo que os acessos são "mentirosos", programados por computador? Engana aos outros mas não consegue enganar a si mesmo. Ou consegue?

Nota do editor: todas as piadas de anônimos, neste post, serão deletadas.

10 comentários:

Freddy disse...

Pergunta de ignorante no assunto: não tem site patrocinado, com propagandas laterais ou nos cabeçalhos e rodapés, cuja verba mensal só é garantida se o site tiver certo número de visitantes?

Ana Maria disse...

Sucesso do site pode render dividendos. Esta é a explicação para o surgimento desse tipo de prestação de serviços.
Uma vertente desta atividade é muito comum em reality shows na TV, onde o candidato mais votado leva o prêmios. Empresas são contratadas para votar milhares de vezes. Ganha portanto, quem investe mais.
Até no The Voice Brasil essa artimanha deve acontecer.
Não me espanto porém com isso, afinal há algum tempo atrás havia o costume de se contratar carpideiras (para prantear os mortos) e claque ( indivíduos contratados para aplaudir espetáculos de teatro ou programas de TV ao vivo)

Jorge Carrano disse...

Nada disso invalida a esperteza de quem identificou este nicho.
Este é o foco: o empreendedorismo genérico, sem prescrição, liberado.
Observem o escárnio do oferecimento público, via internet, de um serviço que é 171.

Ana Maria disse...

Escárnio? Tipo "certas pessoas" declararem na mídia que pretendem combater a corrupção?

Jorge Carrano disse...

Essas pessoas têm nome e CPF. Aliás, temos aqui presente um exemplo de plural majestático.Num pais com congressistas decentes, imbuídos de espírito público e preocupados com os destinos da nação, já teriam votado um impeachment.
A coisa é tão vergonhosa que situação e oposição deveriam convergir e decidir pelo bem do país.
Mas estou sonhando. Deve ser o espírito natalino.

Paulo Bouhid disse...

"E um ou outro anônimo pentelho"...

kkkkkkkkkkkkkk

Jorge Carrano disse...

Carpideiras e claque, Ana Maria?
Você está entregando a idade provecta.

Riva disse...

Caramba .... carpideiras ! Não ouço isso desde 1956 mais ou menos !! kkkkkkkkkkk

Brincadeira .... amigo, amigo ! rsrsrs

Além dos "claques", têm os "puxas". O mais famoso era o Russo, do Chacrinha, recentemente demitido da GLOBO com 80 tantos anos de idade ....

Acho que já contei pra vcs de um camelô na Travessa dos Poetas na Cinelândia, que vendia lâmpadas incandescentes .... queimadas !!

Quem comprava ? Office boys ! "Trocavam" a lâmpada boa no escritório por uma queimada, e levavam a boa para .... casa.

Não sei se já tem site dele na web. Se tiver, já deve estar andando de BMW.

(pano rápido)

Jorge Carrano disse...

Não tem mais office-boy, meu amigo. Os hipócritas de plantão com a lenga-lenga de trabalho escravo e restrições ao trabalho infantil, extinguiram a função. Agora os meninos, que não podem trabalhar, com carteira assinada, e outros benefícios sociais, estão nas ruas fumando craque, praticando assaltos e "trabalhando" para traficantes como vigias e mulas.
Lembram dos "empacotadores" que havia nos supermercados e ajudavam não só a colocar as mercadorias nas sacolas como levavam até os veículos no estacionamento?
Por obra e graça dos mesmos hipócritas também foram privados de ganhos que ajudavam e muito na economia familiar.
E é mentira, é falácia que a atividade os tirava dos bancos escolares.
O que tira dos bancos escolares a gente sabe muito bem o que é.
São muitas as causas e uma delas, entre várias, é o fato de um apedeuta que presidiu o país se vangloriar de nunca haver lido um livro e não ter concluído curso nenhum.
Minha vingança, e gostaria de estar vivo para presenciar, é que se um dia for indiciado, denunciado e condenado, irá para a prisão comum, porque não tem curso superior, ou qualquer outro curso, senão o da tapeação do povo.
Nem vendendo suas propriedades, inclusive o triplex, conseguirá escapar.
Quem sabe uma operação pente-fino confisca tudo?

Jorge Carrano disse...

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