6 de abril de 2014

Modismo, temporada, tempo...


Meu amigo Mario Castelar, em seu  blog, fez uma postagem recente sobre “tempos”, no sentido de época, de temporada. Aludiu às brincadeiras infantis, tais como pião e cafifas (ele mencionou pipas).O post está em http://www.pontoparagrapho.com.br/detlahes/14-04-03/tempos.aspx

Com feito tudo tem um tempo certo. Já o disse o poeta popular Luis Antonio, da mesma forma que já consagrado na Biblia.

Vejamos os versos de Luis Antonio, na canção “Menina Moça”, que fez muito sucesso nas vozes de Miltinho e Tito Madi:

“Você menina moça

mais menina que mulher

confissões não ouça

abra os olhos se puder.


Tudo tem o seu tempo

certo, tempo para amar

coração aberto faz chorar”


E em Eclesiastes: “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou...”

Pois é, quantas vezes tenho vontade de comer certas frutas e ouço de minha mulher a informação: “Ainda não é época de caqui. Os que estão à venda estão verdes e muito ácidos”. 

Tem tempo de jaboticaba, tem tempo de abacaxi, figo, pêssego.  

Mas tem as frutas que desmentem a assertiva, né? Que dizer da banana, que encontramos durante todo o ano? Exceções são exceções, digo eu mesmo. 

Agora vou esclarecer porque resolvi escrever sobre “tempo”, como temporada, modismo, época disso ou daquilo. O post do Castelar foi uma motivação, mas houve uma outra que ressaltou na caminhada matinal no calçadão. 

Há um mês era impossível encontrar pranchas de aluguel para a prática do stand up paddle, um dos modismos marítimos do verão que insiste em não terminar. 

Ali defronte ao finado IPC há um empreendedor que sacou uma possibilidade de lucro alugando as pranchas e dando as “aulas” iniciais.
E o que se via era que todas as pranchas estavam no mar.
Pois bem, ontem, sábado, estavam todas alinhadas na areia à espera de interessados.

Muitas são as hipóteses: fim do verão (o tempo ainda está bom, quente); fim das férias (hoje é sábado); o horário (ontem fui até um pouquinho mais tarde 9:00h).
A explicação que encontro é uma só: fim da temporada. Do modismo.
Devem se lembrar de alguns modismos (que chamávamos de coqueluche da época), tais como o bambolê, o ioiô, o boliche, o tobogã.
Tinha fila de espera no boliche e as pessoas se atropelavam no tobogã.
Assim como as bananas são as exceções quanto a temporada de frutas, os jogos eletrônicos virtuais são a exceção no tocante aos divertimentos.

Agora, pode-se jogar boliche diante da tela da TV, interagindo. São os games virtuais a grande novidade do momento. Até golfe joguei no outro dia, na casa de meu filho Ricardo. Assim como basquete. Estes jogos reproduzem, com detalhes impressionantes, as situações reais, como por exemplo no golfe a paisagem características dos campos e até a escolha do taco certo, para o swing, etc.
Voltando ao tempo certo, acho que é sempre tempo para viver. Quando se morre, então termina o tempo.
Mas há quem discorde da morte do espírito, da alma (eu tenho dúvidas), e acredita em outras vidas, mas aí já outra discussão, outro post. E para outro post tem um tempo certo.

Nota do autor/editor: Caso alguma foto (imagem) aqui inserida esteja em desacordo  com os direitos de propriedade intelectual, sem a fonte ou legenda correta, por favor avise que  faremos a correção devida de imediato,  ou retiraremos do ar, como preferir.

10 comentários:

Helga Maria disse...

Poderia ter mencionado a época do twist, do cha-cha-chá, do mambo, ou do calypso.
Helga

Jorge Carrano disse...

Cara Helga,
Sua observação comporta uma constatação relacionada.
O jazz das décadas de 1930 até 1950; as sonatas, os noturnos, as sinfonias, assinadas por Beethoven, Mozart, Bach e Chopin, que encantavam os salões imperiais e reais; as operas de Puccini e de Verdi entre outros, compostas em priscas eras com propósitos de críticas de costumes, crônicas de época, eram populares e sucessos característicos de um momento social; a bossa nova, nos anos 1950/1960 era nosso prato de resistência e fenômeno mundial. Seriam obras de gêneros e estilos datados. Entretanto, por sua qualidade, entraram para a galeria dos clássicos, eternos, imortais.
Já os twists e outros fenômenos momentâneos sumiram na poeira. Os rocks de Elvis Presley e dos Beatles são uma história a parte: as novas gerações que não foram contemporâneas, conhecem seus repertórios, compram seus discos e não perdem os shows dos clones.

Freddy disse...

Lembro-me perfeitamente dos tempos em minha infância. O de pipa (cafifa para os niteroienses) dependia de um fator muito simples: apenas em janeiro/fevereiro e depois em agosto/setembro é que há ventos numa direção constante à tarde e numa base diária. Esse fator permite a prática regular (e não esporádica) de se soltar cafifa. Quando os ventos começam a se tornar fracos ou inconstantes, a temporada cessa.

Se não me falha, pião se seguia mais ou menos em março/abril, antecedendo outra temporada que era a junina. Balões apenas do dia de Santo Antônio (13/06) até o de São Pedro (29/06), com algum prolongamento se o tempo se mantivesse estável. A proximidade da 2ª temporada de cafifas do ano era motivada pelo aumento dos ventos ao longo de julho, o que inviabilizava soltar balões.

O término da 2ª temporada de cafifas (final de setembro) tinha um fator complicador para as crianças em geral: a proximidade do fim de ano e a necessidade de estudar dobrado para passar, o que mantinha boa parte da criançada presa em casa! Aí tinha jogo de bola, conversas em esquina, jogos de salão, mas nenhuma “temporada”.

Em tempo: a temporada de balões, que recentemente havia perdido a sazonalidade e se estendido por todo o ano, se tornou definitivamente proibida (sempre o foi, mas era mais ou menos tolerada).

O mundo dos negócios ainda tem umas motivações sazonais, que são os feriados e festas devidamente armados para manter as vendas em alta. O ano começa com o Reveillon (festas e viagens), depois vêm Carnaval (fantasias, viagens e festas), Páscoa (gastronomia típica, presentes e chocolates), dia das Mães (presentes), dos Namorados (presentes), dos Pais (alguém se lembra deles?), das Crianças (mais presentes), e finalmente, mas não menos importante, o Natal... É quando a maioria da população faz grandes compras. Um Natal ruim joga no ralo a programação de um ano inteiro de determinadas firmas. Portanto, há tempos aí também.

Acho que parte da perda dessa noção de temporadas recorrentes se baseia na globalização da informação, via redes, internet. É inverno aqui, mas é verão no norte, e a gente tá ligado nisso! Aqui torramos, lá longe neva. Férias de verão no Brasil é temporada de inverno na Europa, quando esfria um pouco aqui o pessoal vai passear na Flórida, Paris, Londres...

Lembra-me uma ou duas lojas especializadas em roupas de inverno rigoroso onde a alta temporada de vendas é em plena canícula, gente suando pelas ruas. É que elas vivem da venda de itens para quem vai passear na neve...

O tempo de futebol no Brasil é defasado das temporadas europeias, que são seguidas cotidianamente pelos aficcionados pelo esporte. Aqui a coisa anda morna, lá fora estão bombando grandes finais nacionais e continentais. E vice-versa.

E o tempo de Copa, que deveria ter uma periodicidade de 4 anos? Era para ser uma festa, mas o Brasil está chafurdado num lamaçal que impacta qualquer ação mais concreta visando o evento, pois ao mesmo tempo em que algo é lançado, vozes se levantam e contestam, destruindo o apelo mercadológico. Vai ser um momento de surpresas, boas ou ruins. Aguardemos...

Abraço
Carlos Frederico

Riva disse...

Êta papo gostoso desse post do Carrano.

O Stand Up Paddle está "mixando" (é com ch ?), como também muitos começam a abandonar a natação nos horários bem cedo.
Nas Charitas, onde uns alucinados saem para remar bem cedo, também começam a minguar.
É o verão nos abandonando aos poucos, junto com suas manias. Diga-se de passagem, ainda bem ! Vou ter que comprar um ar condicionado para minha sala, se quiser sobreviver ao próximo.
E que manias virão a seguir ?

Lendo os comentários, fiquei surpreso do Freddy dizer que "jogar pião" tinha temporada ! Essa é novidade pra mim ... rsrsrs. Pião era vendido o ano inteiro, na loja de ferragens, e na verdade, nunca teve muitos adeptos no Pé Pequeno, onde o que a galera curtia mesmo eram as cafifas, as bolas de gude, a pelada na rua (calma, futebol gente !), balões na chegada do inverno, briga de tanajuras em dezembro, taco (uma febre),e as fantásticas brincadeiras de escambida noturnas.
E gostoso mesmo eram aquelas brincadeiras de pera, uva ou maça, com as meninas, num gostoso início de noite .....saudades !

Carrano, estou impressionado com seu post. Explico.

Hoje, infelizmente, fui a mais um enterro no Parque da Colina, ao meio dia. A fila não pára de andar ,,,,
E no rito final, da despedida, o cara mencionou exatamente o mesmo texto de Eclesiastes que vc menciona no post !! Impressionante coincidência.

Ontem fomos a um jantar japonês em Camboinhas, na bonita residência de parentes da Isa. É muito legal rever como é morar numa casa, para todos nós que estamos em apartamento há tantos anos, tendo sido criados em casas com quintais. E fui mordido por um dos cães da casa !!!!
Eles têm um doberman (que mais parece um boi, e brabo), um dócil labrador e um projeto de cão, Yorkshire.
O babaca aqui, que não tem medo de cachorros, de qqer espécie e tamanho, foi brincar com o labrador, que me olhava brincalhão com uma bola de futebol na boca, sob os olhares atentos do grande doberman.
Mal sabia eu que ele estava com ciúmes e iria marcar seu território !
Mas o sacana nada fez enquanto eu estava de frente para ele. Mas bastou eu virar de costas, e ágil como um gato, pulou em cima de mim e mordeu minha coxa atrás. E voltou para sua posição ! Território marcado, e bem marcado !! rsrsrs
Constrangimento total pelos donos da casa, mas nada grave ufa !!! E relembranças, de quando morava em casa e convivia com muitos cães dos vizinhos, de várias raças.

E para terminar, usando a tecnologia atual, ficamos monitorando pelo celular um intenso tiroteio na Estrada da Cachoeira, para saber a que horas poderíamos voltar para Icaraí, a salvo ..... valeu Cabral, valeu Rodrigo Neves, valeu Dilma !!

Bom domingo a todos, e "last but not least", que vença o Vasco da Gama, pq o Mengaumm já tem muitos títulos.

Jorge Carrano disse...

E tem a Isa que, salvo engano, é vascaína, não é?

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Sua experiência com o doberman (brabo), remeteu-me a um post aqui publicado quando da morte do Shaolin (cachorro de estimação de minha nora e meu filho).
Eis um trecho:

Em duas oportunidades pegou-me distraído, como um vietcong das emboscadas, de surpresa. Quando, ele ainda jovem e exibido, abaixei-me para ligar uma tomada atrás do sofá, no apartamento onde moravam, ele me mordeu por debaixo do braço, no sovaco, rasgando o blusão e arranhando um pouco minha pele.

Quanto ao blusão sem problema já que o casal me presenteou com outro parecido, como sói acontecer com gente chic; por noblesse oblige. Mas os arranhões levaram algum tempo para cicatrizar e passar a ardência.

De outra feita, quando ajudava a aparar a grama do jardim pois a esta altura Erika e Rick viviam em Piratininga, quando me abaixei para ajustar o fio de nylon do cortador, foi tempo suficiente para que ele me mordesse, de novo, no mesmo lugar, ou seja, no sovaco. Tara por sovaco ou coincidência?

Nossa relação nada teve de afetuosa. Apenas respeito mútuo. É bem verdade que respeito calcado no temor recíproco. Eu só ousava um breve cafuné em sua cabeça estando presentes seus possuidores, ou pelo menos um deles.

O post está em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/shaolin.html

Riva disse...

KKkkkkk .... mas ele que espere por mim, na próxima visita, quando pretendo marcar o meu território também ..... rsrsrs

Vc não comentou a coincidência do Eclesiastes !!
Vc é católico, amigo ?

Pergunto isso, porque o cara que falou sobre Eclesiastes mencionou que esse era o trecho que seria falado em todas as missas desse domingo ... daí pensei que vc pudesse ter ouvido e comentado ... mas não daria tempo ....

Sim, a Isa é vascaína, mas tem um viés tricolor fortíssimo, em função de marido, 2/3 filhos, nora e neto tricolores ! E torce mesmo, precisa ver kkkkk !!





Jorge Carrano disse...

Não, Riva, não sou católico, como de resto, com honestidade, não tenho uma religião.
Fui, na infância, criado e encaminhado para a igreja católica, tendo sido, inclusive, coroinha.
Mas a medida que fui crescendo e amadurecendo, lendo e prendendo com a vida, fui me afastando e abandonando qualquer profecia religiosa.
A citação bíblica nada tem a ver com religião.
Vasco 1X0 até agora, no intervalo do jogo.

Jorge Carrano disse...

No outro dia publiquei um post sob o titulo "burrice deveria doer".
Pois é, Adilson Batista, vacilou, hein?!

Freddy disse...

Tudo igual.
O jogo pra valer é o próximo.
=8-)