Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Uma das coisas mais estranhas é você ver um filme um pouco mais antigo e dar de cara com objetos já fora de moda. Claro que não falo de enredos especificamente localizados no tempo e no espaço. Falo daqueles genéricos, que em tese desenvolvem tramas que poderiam servir até hoje mas cuja realização os torna “datados”.
Citarei alguns exemplos corriqueiros. Telefone sem fio ou aparelhos celulares que mais se parecem com tijolos, com aquela antena horrível esticada. Na verdade, a referência a qualquer celular convencional datará um filme, pois não demora só serão usados smartphones ou pequenos tablets.
Ah, sim, tablets. Filmes onde aparecem computadores desktop com aquele monitor horrível de tubo também datam um filme. TVs? Nem falo, hoje só se usa tela plana e fina, seja LCD ou plasma.
E por aí vai: carros com design típico de uma década, roupas extravagantes que tenham sido moda em apenas um curto período, cenas focando o hábito de fumar... Referências explícitas à Guerra Fria entre EUA e a extinta URSS estragam qualquer enredo. É uma pena, mas rever um filme excelente como Top Gun já não faz mais sentido hoje...
Eu comecei com filmes mas posso falar de livros. Fã que sou de ficção científica, a coleção de “micos” é interminável. Sendo científico, esse gênero de ficção é mais suscetível a erros de avaliação do desenvolvimento tecnológico futuro. Lembro de uma
cena num livro em que um piloto de uma espaçonave sacou do bolso uma “régua de cálculo” para definir uma rota entre galáxias. Alguém ainda sabe o que é uma régua de cálculo?
Régua de cálculo Aristo Multilog |
Fato: nenhum escritor sequer das décadas douradas da ficção científica imaginou um futuro com microcomputador pessoal, muito menos uma rede deles globalizada (internet). Telefonia celular sim, mas restrita a pequena parcela de privilegiados. Um cotidiano de tablets e smartphones trazendo o mundo para a palma da mão de todos os cidadãos (que possam adquiri-los) com convergência digital de mídias, que eu saiba jamais foi imaginado!
O que me estimulou a fazer este post? Foi uma espécie de enquete. Saber o que cada um pensa sobre o que poderá ser considerado um “mico” por nossos descendentes, seja em filmes, livros ou meros registros de cenas do cotidiano atual. Eu próprio vou começar declarando alguns de meus palpites.
1) Microfone visível
Quer coisa mais ridícula que um cantor ou apresentador ter de segurar um objeto quase obsceno à frente de sua boca para se fazer ouvir em auditórios e teatros? Já foi pior, quando tinham de ficar estáticos na frente de um pedestal. Depois a tecnologia os livrou dos fios que os mantinham ancorados aos amplificadores ou mesas de som. Aos poucos já temos a modernização no setor, com os mini-microfones de lapela ou de testa, mas ainda necessitam de um módulo às costas que nem sempre fica invisível.
Opinião contrária: há que considerar que certos artistas se sentem desconfortáveis com suas próprias mãos, de modo que segurar um microfone os ajudam nesse quesito.
2) Veículos movidos a combustível
Os carros e demais veículos elétricos aos poucos começam a ganhar espaço. É uma evolução relutante, travada por enormes interesses comerciais dos grandes conglomerados energéticos. Mesmo assim, daqui a alguns anos nossos netos vão nos encarar e perguntar como é que conseguíamos sobreviver em cidades onde o ar era praticamente irrespirável por conta da emissão em quantidade alarmante de resíduos da combustão dos motores.
Os carros e demais veículos elétricos aos poucos começam a ganhar espaço. É uma evolução relutante, travada por enormes interesses comerciais dos grandes conglomerados energéticos. Mesmo assim, daqui a alguns anos nossos netos vão nos encarar e perguntar como é que conseguíamos sobreviver em cidades onde o ar era praticamente irrespirável por conta da emissão em quantidade alarmante de resíduos da combustão dos motores.
3) Grandes magazines e lojas de departamentos
Aos poucos temos notícias de fechamento de lojas e grandes redes. Vendas on-line vêm ganhando espaço não só pela conveniência e conforto, mas também pela facilidade de pesquisa para comparação de preços, o que nos economiza horas quando não dias de idas e vindas. Aqueles enormes edifícios rapidamente se tornarão coisa do passado.
Aos poucos temos notícias de fechamento de lojas e grandes redes. Vendas on-line vêm ganhando espaço não só pela conveniência e conforto, mas também pela facilidade de pesquisa para comparação de preços, o que nos economiza horas quando não dias de idas e vindas. Aqueles enormes edifícios rapidamente se tornarão coisa do passado.
Quando muito, sobreviverão shoppings concentrando pequenas lojas, para atender à parcela da população que gosta de passear e ver os produtos ao vivo, muitos dos quais serão apresentados apenas como mostruário. Não serão um grande filão de vendas.
4) Operações médicas convencionais
Cortar corpos para realizar operações em órgãos internos chega a ser quase trabalhar num açougue. Já existem micro e nano-robôs que, inseridos na corrente sanguínea ou sistema linfático, atingem o cerne dos problemas, poupando os pacientes de cortes desnecessários e causadores de muitos efeitos colaterais. Não é por estar anestesiado que o cérebro não sabe que seu corpo sofreu uma devastadora agressão. Falta massificar (e tornar acessível a todos) a técnica.
5) Dinheiro em papel ou plástico
Já estamos quase lá. Basta inserir em você um chip e sua simples presença num local vai permiti-lo realizar operações financeiras, compras, vendas. Li um conto de ficção científica muito interessante. O sujeito, assim que atingia a maioridade legal, passava a receber créditos nesse chip interno à medida que trabalhava e produzia. Se um dia ele entrasse em falência financeira, o chip desligava e... ele morria!
Bom, ainda lembro de vários outros exemplos mas deixo aos leitores a chance de contribuir com suas sugestões do que acham que existe hoje (produtos, comportamento, atividades) mas que amanhã ou depois será considerado jurássico ou ridículo por nossos filhos e netos.
Crédito das fotos:
Régua AristoMultilog: produto.mercadolivre.com.br
Simone Simons, da banda Epica : www.studiomystica.nl
Mangueira de combustível: www.pelhn.blogspot.com
19 comentários:
Só de minha antiga firma e escritório de meu pai, que frequentei, lembro de:
Mata-borrão
Papel carbono
Máquina de escrever Olivetti (ou Remington)
Mimeógrafo (stencil)
Papel almaço pautado
Caneta tinteiro
E isso somente em escritório. Quantas mudanças em 50/60 anos...
Abraços
Vocês lembram da máquina Thermofax?
Precursora da Xerox teve pouco tempo de prestígio e utilização. Sucedeu a fotocópia.
Acho que não tem filme, livro ou crônica que fale do sistema e mostre a máquina: THERMOFAX.
Bonde conta como datado? Em Niterói sim, mas em Lisboa, por exemplo, não.
Abraços
Esqueceram de mulher virgem com + de 16 anos.
Sim, conheço a famigerada Thermofax. Seu papel não podia receber calor de jeito algum ou tudo sumia!!
Vou dar umas pistas... Esse blog! Ou Facebook, Whatsapp, MSN, Orkut, e-mails... Quem imagina que daqui a 10 anos alguém vai precisar escrever/digitar para se comunicar? Quer coisa mais atrasada e jurássica? Os aplicativos serão todos multimidia: imagem e voz!
Ih... me adiantei... Continuo aguardando, a das virgens merecerá comentário à parte.
<:o) Freddy
O Freddy acaba de decretar a morte deste blog num prazo de 10 anos. Portanto aproveitem enquanto é tempo.
E o ábaco, Gusmão. Você conheceu ou usou? Mas precisa ter cuidado porque se aqui poderia ser "datado" no oriente (China e Japão) ainda está em uso, embora restrito.
Virgens aos 16 anos. Se não haverá mais virgens aos 16 anos, elas terão perdido a pele aos 15, ou antes. Quem terá feito isso? A lei preconiza que tem de ser alguém com até 17 anos e 364 dias de vida, senão vai ser enquadrado no estatuto de proteção ao menor e adolescente.
Isso abre uma discussão do tamanho do planeta! Se o avanço dos costumes aceita que meninas iniciem sua vida sexual ainda adolescentes, porque enquadrar como criminosos homens com 18 ou mais anos que tenham tido relações com elas? O que tem um jovem de 17 anos de diferente de um de 19 - aspectos jurídicos deixados de lado?
E mais. Com essa evolução (dirão evangélicos que é involução) de costumes, as adolescentes já sabem o que estão fazendo, o que aliás não é nada demais. Sexo é taxado como tabu apenas para ser um limitante, uma maneira de cercear as pessoas em sua felicidade (isso dá um livro inteiro!).
A partir do momento em que você desconecta o ato sexual da possibilidade de geração de bebês através do uso de métodos anticoncepcionais seguros, cessa todo o perigo de desdobramentos e responsabilidades. Praticá-lo poderia ser tão natural quanto namorar, comer, escovar dentes...
Tudo o mais são tabus, costumes, imposições religiosas ou sociais - da época analisada, é bom que se frise. O que é tabu hoje não foi ontem e poderá não ser amanhã. A própria virgindade está aí para não me deixar mentir, e podem acrescentar também os movimentos gay.
Qual o tamanho da briga que comprei??
<:o)
Freddy
Manuais .... a atual geração não só os odeia como não os lê .... e pior, conseguem operar qualquer geringonça sem manual de instruções.
Sexo : com a web, a humanidade caminha para o isolamento social, e retornará à origem, como os animais, como a natureza : sexo somente para reprodução (talvez).
Que desperdício Riva.
Espero que este "retorno" não se dê tão cedo.
Pegando o gancho de Riva, existe uma série de romances de ficção científica de Isaac Asimov com dois personagens: um desastrado detetive e seu robô de aparência humana, que o tira das enrascadas.
Um dos planetas desse "universo" onde as estórias se desenrolam tem apenas 20.000 habitantes, todos solitários em suas propriedades. Têm ojeriza mortal ao contato com outros humanos. Só se comunicam por imagens e se reproduzem por inseminação. Obviamente seus empregados são robôs.
É mais ou menos o caminho apontado por Riva...
=8-)
Freddy
No meu armário não tem mais meia de nylon, cinta-liga e anáguas.
Helga
Vamos combinar que as meias de nylon citadas, embora compusessem a elegância, eram um martírio para as mulheres. pois a costura tinha que ficar certinha, reta, e os fios puxavam facilmente acabando com a elegância.
Meias esgarçadas, com os fios puxados eram muito feio, não é mesmo?
E a pergunta que não quer calar é a seguinte. Por que as mulheres deixaram de usa-las?Pirraça com as Casas Olga?
Ou porque as Casas Olga desapareceram?
Caraca, CASAS OLGA ..... esse veio lá de longe !
Quando ficávamos hospedados no Quitandinha, década de 50/60, um dos nossos amigos de brincadeiras por aquele mundo mágico era o Ricardo, filho da Dona Olga, que também se hospedava por lá.
Bons tempos .... para mim.
Ué! As Casas Olga desapareceram pelos mesmos motivos que faliu a Ducal. Não se adaptaram as mudanças.
Como tenho meu ascendente no signo de Aquário, lembro perfeitamente dessas coisas obsoletas que foram citadas, mas, tento me adaptar às geringonças trazidas pela tecnologia. De antigo, só o vocabulário.
Mas as meias de nylon são ou não um produto datado?
Assistindo a um filme ou seriado com a atriz usando meias significa que é antigo?
Acho que as meias de nylon e cinta-liga sobrevivem como objeto de fetiche sexual. Como objeto de valor intrínseco no vestuário feminino, acho que apenas as meias sobreviverão, num ir e vir da moda.
<:o)
Freddy
Já que o assunto está esfriando e parece que ninguém mais vai se manifestar com exemplos, posso confessar que minha vida profissional se iniciou com a inauguração no Brasil da Rede Nacional de Telex (alguém ainda lembra disso?). Fui chefe da estação do Rio de Janeiro, um dos nós principais da mesma, um dos orgulhos da Embratel.
Tive o desprazer de ver a morte desse serviço, substituído inicialmente pelo fax depois pelos e-mails e tudo o mais. Isso me deu a estranha sensação de que tudo em que eu me empenhei, aquilo que fui aprender na Alemanha em 1977, simplesmente não valia mais nada.
Tive de evoluir, claro, mas a constatação da inutilidade do meu saber foi horrível na ocasião.
Estou revivendo isso agora, não mais numa profissão mas num hobby, a fotografia. É estranho olhar meu museuzinho particular e relembrar o quanto aquilo tudo um dia foi tão importante - e caro! Hoje empunhar uma DSLR com um "canhão" na frente já é atitude de dinossauro!
Abraços
Freddy
Este tipo de medicação também tem efeitos colaterais, o que inclui fadiga, dor de cabeça leve,
sensibilidade à luz e tonturas. Esta é a memória suficiente, as reivindicações site Kno, para armazenar oito semestres .
A desvantagem de um PC tablet sem teclado é que a sua habilidade de
digitação é limitada .
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