30 de maio de 2016

Danke ou bitte?

Ia fazer viagem a Alemanha, depois da unificação, e queria algumas dicas sobre usos e costumes. Não queria aquelas coisas que constavam do Frommer’s, ou do Guia Quatro Rodas. Hoje haveria o Google que permite a qualquer um, sem passaporte, sem gastar um mísero euro ou dólar, sem falar outro idioma senão o português vulgar, dissertar sobre cidades mundo afora.

Eu queria dicas do dia-a-dia, coisas tradicionais, o que se podia e o que não se podia fazer. Curiosidades.

Li muita coisa, e cada notinha, cada crônica, serviu para mim. Por isso não me espantei quando encontrei cachorros refestelados sob as mesas em restaurantes de bom nível, enquanto seus donos almoçavam.

Já tinha visto em Paris, mas não imaginei tal costume em Berlim. A surpresa foi quando soube que os cachorros tinham direito ao uso de transporte público. E pagavam impostos!!!

Os de pequeno porte deveriam ser levados no colo e estavam isentos de pagar passagem. Já os maiores, mesmo sem poderem ocupar assentos, deveriam pagar meia e usar focinheira.

Se tivesse lido mais a respeito, antes da viagem, não teria cometido a mancada já relatada em post, de desrespeitar ( duas vezes) a faixa de ciclovia. Caramba! Como iria acreditar que  haveria faixa privativa para ciclistas sobre a calçada?

Muito antes dos fatídicos 7x1, já me senti humilhado por poder utilizar ônibus sem trocador e sem roleta. É verdade que de um tempo a esta parte, aqui em Niterói, os motoristas já cobram e recebem pela passagem. Mas isto é outra história porque o sistema não está calcado no fator confiança.

Lá a gente podia comprar o bilhete com antecedência, embarcar no veículo e pronto. Aquele que fosse abordado pela fiscalização, eventual e aleatória, e não tivesse o bilhete além da vergonha pagava pesada multa. Não tendo o bilhete, pagava diretamente ao motorista.

Parte da crônica
Outra dica que seria útil, se o caso se apresentasse, e que tomei conhecimento numa crônica da Cristina Ruiz-Kellersmann  antes da viagem, é que pequenas corridas de taxi, de até dois quilômetros, tinham a tarifa fixa de 4 (quatro euros).

As condições eram duas: a primeira, ao embarcar no taxi, já avisar ao motorista que era Kurzstrecke. Este era o nome do serviço especial; a outra condição é que o passageiro tinha que estar na rua e na direção de seu destino.

Claro que não usei esta opção e por várias razões. Uma delas é que dois quilômetros faço a pé. Em especial em cidades que não conheço direito porque é uma formar (a melhor) de conhecê-la. Outra razão é que talvez errasse na pronúncia de “Kurzstrecke".

Uma palavra com “z” e “s” coladinhos exige um contorcionismo de língua que não tenho. Alias que o idioma é um caso especial. Algumas palavras são enormes, quase uma dissertação. Precisa fôlego para pronunciar de carreirinha. Por exemplo o nome de uma estação onde ficava o teatro que iria à noite: Friedrichstrasse





Claro que esta palavra fica longe daquela maior no idioma, que tem 63 letras, e é impronunciável pelo comum dos mortais: rindfleischetikettierugsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz.


Acho improvável que um turista, na Alemanha (ou qualquer parte do mundo), tenha necessidade de pronunciar esta palavra, a julgar pelo seu significado. Quer saber qual é? Vá à Wikipédia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rindfleischetikettierungs%C3%BCberwachungsaufgaben%C3%BCbertragungsgesetz


Algumas frases são tão longas, como já tinha sido alertado pela crônica da Cristina, que pareciam não ter fim.

Outra coisa que não sabia antes é que se você responde a um oferecimento com a palavra danke (obrigado), o interlocutor entenderá como não, você não quer. Melhor responder bitte que seria o equivalente a “por favor”.

Já imaginou a Romy Schneider, em 1973, perguntar se você gostaria de jantar e depois dar uma esticada até a casa dela para ouvir Bach e tomar um digestivo e você responde danke?

Sei que ela era austríaca, mas falava alemão.

Berlim, e sei que me repito, surpreendeu-me; não é a cidade inóspita, sem calor humano e cinza que imaginava, por conta do cinema americano. Alias que toda a Alemanha é muito simpática. Conheci belas, limpas e arborizadas cidades pequenas, inclusive a de nascimento do citado Bach.


Eisenach, terra natal de Bach
Outras cidades que gostei de visitar.


Mainz

Dresden

11 comentários:

Freddy disse...

O macete para pronunciar (ou traduzir) essas enormes palavras alemãs é saber que é usual naquela língua juntar palavras quando se trata de um mesmo assunto. É como se em português você escrevesse Casadossolnascente ou Juizadodepequenascausas. Entende?
Não conheço alemão, apenas uma ou outra palavra, mas creio que a imensa palavra poderia ser dividida em:

Rindfleische tikettierugs überwachungs aufgaben übertragungs gesetz

que por sua vez vem de:

Rind fleische ticket tierugs über wachungs auf gaben über tragungs ge setz

Minha informação se refere apenas a como decodificar a construção da palavra e não entrarei no mérito de sua tradução, que pode ser encontrada no Google.

No caso de outras palavras citadas, fica mais fácil:
Kurzstrecke = Kurz strecke
(curts streque = curto trajeto)

Bahnhof Friedrichstrasse = Bahn hof Friedrich strasse
(Banróf Frídrich strasse = Estação de Trem Rua Frederico)
Se bem que o ch final não é exatamente ch...

Aproveitando:
Johann Sebastian Bach = João Sebastião Ribeiro (!)
<:o)

Jorge Carrano disse...

Amanhã deixaremos Berlim, em direção a München, para revisitarmos a Marienplatz, conduzidos pelo Freddy.

Riva disse...

Não é crítica, por favor. É uma observação apenas.

Está um tsunami de posts, e isso faz com que não se desenvolva um debate sobre certo tema. Essa a minha percepção, ainda mais que devido ao trabalho tenho tempo reduzido de acesso ao Pub.

Quando entro pensando em responder/comentar, já temos outro assunto, e isso faz com que os assuntos não se estendam com mais profundidade. Além de reduzir o número de comentários.

Não seria o ideal 1 post a cada 3 dias ?

FLUi ...

Jorge Carrano disse...

Você não é o primeiro a fazer esta observação, caro Riva.

A Alessandra, há mais tempo, fez o mesmo comentário e sugestão. Também Ana Maria se manifestou por telefone, como fizera a Alessandra, sugerindo um espaçamento maior estre as postagens.

Sugestões anotadas.

Mas, em princípio, pondero. Há um número que se não expressivo, pelo menos impostante, de pessoas que acessam diariamente e, visitando dois, três dias e encontrando o mesmo tema poderiam desistir, perder o hábito.

Alguns assuntos, pontuais, têm data de validade. Tipo quem está ministro e quem não está. A área de cultura tem ou não tem ministério? Alguns assuntos políticos e esportivos, se não comentados no momento exato perdem interesse, ficam defasados. Por exemplo, o Vasco é bicampeão estadual, lembra? (rsrsrs).

Mas vamos estudar o caso e buscar, quem sabe, um meio termo?

Freddy disse...

Não raro comento posts de 3 ou 4 dias passados. Peguei o hábito de ver como estão os debates e com frequência eles persistem por vários dias. Sem problema...
Não me prendo ao post mais recente.

Jorge Carrano disse...

Freddy e Riva,
Vejam estes dois casos. Os comentários são desta semana em posts muito antigos.


http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/06/regressao-de-memoria-como-nostalgia-nao.html

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2010/06/mais-tipos-inesqueciveis.html

Ana Maria disse...

Como já lhe falei, concordo com o Riva. Costumo acessar diariamente, mas hesito em comentar post já passados. As minhas visitas diárias têm como objetivo ler também os comentários. Estes, muitas das vezes, sugerem replicas que suscitam tréplicas e por aí seguindo.

Jorge Carrano disse...

Já falei, o assunto etá sub judice. Estou ponderando.
Obrigado pelas sugestões.

Calfilho disse...

Carrano, com alegria voltei a ler seu blog, pois no exterior, principalmente no navio em que viajei de Santos a Hamburgo, não consegui acessá-lo. A conexão nos hotéis também é complicada. Como já te disse em publicações anteriores, meus países preferidos na Europa são França e Itália. Já visitei outros, como Inglaterra, Holanda, Bélgica, Áustria, Espanha, Portugal e, de passagem Suécia, Dinamarca, Noruega, Rússia, Polônia, Hungria, Grécia, Marrocos, Tunísia... e Alemanha... Já tinha estado há uns cinco anos atrás em Stutgart, Augsburg e Munique, sempre viajando de trem, iniciando a viagem a partir de Paris.Como vc. afirma acima, con receio de não entender e não ser compreendido no idioma alemão, ainda mais em viagem por conta própria, como gosto de fazer. Mas, meu precário inglês deu para me virar e não passei fome, porque, até as cidades alemãs têm sempre um restaurante italiano e com os paisanos nós nos viramos. Sinceramente, nenhuma das três cidades me empolgou. Não pensei em voltar à Alemanha. Mas, este ano, 2017, fechei um cruzeiro com a MSC cujo destino final era a cidade de Hamburgo e decidi arriscar. Tentei contar no meu blog a impressão que tive dessas outras três cidades que visitei: Hamburgo, Berlim e Colônia. Desculpe-me os erros de digitação e, principalmente, de formatação, pois escrever no smartphone, decididamente, não é da minha geração.

Jorge Carrano disse...

Carlinhos,
De trás para diante:
Tenho enorme dificuldade com estas parafernálias modernosas. Falta-me habilidade digital para usar teclado de smartphone e tablet.
Sim, com inglês, por mais pobre que seja nosso vocabulário, conseguimos nos comunicar na Alemanha.
Fato curioso ocorreu comigo em Viena. Pedi informação a um elegante senhor sobre como chegaria ao meu hotel de modo mais rápido. Em inglês ele também respondeu.
Agradeci e me desculpei pelo meu "poor english", ao que ele retrucou sorrindo: tudo bem, este também não é meu idioma.
Alias Viena me encantou. Aqueles elegantes cafés, o teatro da ópera, a atmosfera cultural.
Não pretendo voltar a Alemanha e tampouco à Áustria. Além de ter perdido a condição física para longas viagens em classe econômica, não gosto de voltar aos locais visitados.
Nos meus projetos, deixei para trás um roteiro que me fascina: Escócia, Irlanda e Gales. Se voltar a viajar será este meu itinerário.
Obrigado por vir ao blog.
Bom retorno.

Calfilho disse...

Gosto muito da Áustria, onde estive umas cinco ou seis vezes, levando em cada uma delas um dos filhos, irmão e cunhada. Estive em Viena, Salzburg e Innsbruck. Nas três, a população fala inglês. Já na Alemanha (principalmente Munique, onde o povo é muito frio e até um pouco hostil com estrangeiros), só nos hotéis e restaurantes onde os garçons são jovens é que falam um pouco de inglês. Mas, nesta viagem de 2017, cinco anos após a anterior, em todos os restaurantes em que estive (Hamburgo, Berlim e Colônia), eles tinham sempre um cardápio em inglês e foi mais fácil o relacionamento.