27 de novembro de 2011

É suficiente?

Por
Paulo Ricardo M B March


Cada um deve ter suas referências, seus marcos, para se lembrar da infância, da juventude, de todas as fases da sua vida. Acredito que seja assim com a maioria das pessoas.

Se eu quiser saber mais ou menos o que fazia, como eram as coisas em determinada época da minha vida, minha linha de tempo tem alguns marcos fundamentais para a minha “localização” nessa régua de curto comprimento, infelizmente.......... aqui um “stop” para reflexão sobre o “infelizmente” que escrevi, principalmente para os leitores do livro AMOR SEM LIMITES, que foca profundamente a questão do nosso tempo de vida no lindo Planeta Azul.
Gostaria de compartilhar com vocês (vcs, na linguagem Twitter) um pouco dessa minha linha de tempo, desses meus marcos .... talvez motivado pela estranha aproximação dos meus 60 anos de idade.

Nasci em 1952, e não me lembro de absolutamente nada até 1958. Não sei se isso é normal.

Se me perguntarem qual a mais remota lembrança que tenho da minha existência no Planeta Azul, minha resposta será : a final da Copa do Mundo de 1958. Lembro como se fosse hoje, dos gols e da comemoração final, na calçada da minha casa no Pé Pequeno, em Niterói.

Existe uma imagem possivelmente anterior a 1958 que tenho na memória : meus pais tentando me fantasiar de pierrô para algum evento carnavalesco, e eu me recusando veementemente a sair de casa com aquela “vestimenta” .... acho que a minha puta rebeldia pode ter surgido daí ...rsrsrsrs.

Voltando aos meus marcos, aqueles pontos que tenho como referência para lembrar-me de muitas coisas em cada ano da minha existência.....sem dúvida, cada um dos anos escolares no primário, ginásio e científico. Essa é a minha referência principal : escola, turma, amigos e colegas, professores, matérias, e consequentemente, como que por mágica, todo o restante de acontecimentos importantes ou que me marcaram profundamente.

Um pequeno resumo, até 1969 (meus 17 anos), fora de ordem cronológica :

- todos os campeonatos cariocas de futebol, copas do mundo, alguns campeonatos da Europa
- minha 1ª bicicleta aro 18 e o dia em que consegui andar (sem cair) sem o auxílio daquelas 2 humilhantes rodinhas extras
- meu 1º par de patins, pesadíssimos
- o assassinato de Kennedy
- o início da ditadura militar
- 22 de maio de 59 – revolta nas barcas
- meu atropelamento por um jipe, quando eu estudava no Marília Mattoso, dirigido pelo filho do governador Celso Peçanha

- a Jovem Guarda, Beatles e Rolling Stones
- o asfaltamento da minha rua
- meu primeiro violão
- estudando acordeão (até hoje não entendi isso rsrsrs)

- colocando aparelho nos dentes ( eu era dentuço, e meu apelido era Dentinho)
- bailes e mais bailes, as namoradas (até conhecer Isa)
- aprendendo a dirigir no Simca Chambord do meu pai
- a 1ª batida de carro com 15 anos
- o upgrade para uma bicicleta aro 24, e depois aro 28
- alguns odiosos professores nas escolas rsrsrs
- os festivais da canção no Maracanãzinho
- os rachas de futebol na rua, com balizas de sandália havaiana ou pedrinhas

- as quermesses do Abel e as festas de S. João – os balões do meu irmão Carlos
- a épocas das tanajuras caindo no quintal no início de dezembro ( as estações do ano eram precisas )
- mortes : do meu avô, que morava conosco, e dos meus vizinhos num desastre de carro

Imagem Google

  - os meus cachorros e de todos os vizinhos : Bingo, Titino, Nero, Toby, Neri, Dunga, Fúria, Boy, King, etc
- as temíveis carrocinhas de cachorros
- os guardas noturnos
- minhas coleções de adesivos de vidro de carro, de maços de cigarros importados
- aí vem pera-uva-maçã ...rsrsrsrrs, etc


Todos esses eventos estão “localizados” em minha memória graças a essas referências mencionadas.

De 69 em diante, é outra história ...as referências mudam para faculdade, empresas onde trabalhei, casamento, nascimento dos meus preciosos filhos, morte dos meus pais, vgs ao exterior, etc.

Para TENTAR terminar esse post, volto ao livro AMOR SEM LIMITES ........

Valeu ?

Vale até quando ?

Quero mais ?

Preciso de mais ?

É melhor partir e descansar ?

Registro que não me sinto com 59 anos.

Há muitos anos atrás, a imagem que tinha de um cara com 60 anos era a de um velho, caidaço.

Não me sinto assim, e NÃO É ASSIM !

Tenho (temos) MUITO o que curtir ainda.

Vc, gostaria que isso fosse por mais quanto tempo ?

ME RESPONDE !

Gostaria de saber o que vc sente hoje sobre isso tudo .....

QUANDO/QUANTO É SUFICIENTE ?

3 comentários:

Gusmão disse...

Ãaaaaaa...
Isto seria um bocejo. Manhã de domino chuvoso...
Bem que o Carrano avisou que as inquietudes do espírito iriam continuar.
Isso passa, Paulo.
Abraços e bom domingo para todos.
Botafogo na Libertadores!
Gusmão

Jorge Carrano disse...

Caríssimo Paulo,
No dizer do poeta Fernando Pessoa, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
De minha parte, não peço para viver mais, meu desejo é ter saúde. Com saúde, física e mental, vale a pena viver.
Para relaxar, informo a seguinte. Em 1946 você provavelmente não era nem projeto (nasceu só em 1952). Logo, não viveu o supercampeonato de 1946, conquistado pelo Fluminense, que seria um marco em sua vida. O campeomato foi tão disputado que 4 equipes chegaram empatadas.Foi o ano da célebre frase do Gentil Cardoso (técnico do Flu) "“Dêem-me Ademir e eu lhes darei o campeonato”. E cumpriu. O Flu contratou o Queixada (que era do Vasco) e foi campeão.
Abraço

Ana Maria disse...

Ah! Angústias existenciais... são as minhas prediletas. Elas me visitam periodicamente para ajudar no "balanço" da vida. A conclusão é sempre a mesma. Quero sempre mais. Mais manhãs ensolaradas, mais barulho de chuva no telhado, mais sorrisos de crianças, mais amor, mais vida.
Parar porque, porque parar, como dizem por aí.