10 de maio de 2011

William Longhall, uma biografia

Se você é chinês ou, mesmo não sendo, também é adepto de cachorro assado, com molho shoyo, mude de post, pois o personagem central é um cão que merece respeito.

Sim, Bill é um cão manto negro, de berço bom, em Niterói, e criado em São José de Imabassaí.

aos 2 meses
Chegou lá em casa, quando o comprei (seria melhor dizer adotei?) pesando cerca de 6,200Kg, e na idade adulta chegou aos quase 40 Kg, medindo, da cernelha ao chão, 62 cm.

Já contei sobre nosso relacionamento inicial. Tivemos um atrito. Nada de muita importância. Depois fomos de um companheirismo a toda prova.


aos 7 meses
 Bill teve toda a assistência necessária, com acompanhamento veterinário periódico, boa alimentação e exercícios físicos que permitiram um crescimento saudável. Ficou grande, forte e resistente.

Acostumei-o à ração seca, que aceitava bem, mas vez ou outra ele comia ovo cozido e fígado bovino cozido com pouquinho sal.

Um domingo ou outro, principalmente quando nós saíamos e ele ficava só em casa, servíamos um bom osso, também cozido, no qual sempre existia um resquício de carne. Digamos que era mal desossado.

Sobrava um canudo ressacado e polido. Somente a parte externa do osso, bem lambida e ruída sobrava para contar a história.

Nunca foi adestrado profissionalmente. Até pensei nisso e cheguei a chamar um dono de canil, com reputação de bom treinador. Ele atendeu meu chamado, esteve lá em casa, examinou o Bill, postura, atitude, nível de atenção e foi só elogios. Mas não disse nada que eu já não soubesse. Tratava-se de um animal especial.

Não o contratei porque o preço pedido foi muito alto. Com o valor que ele queria cobrar, eu poderia mandar o Bill para Oxford, onde se graduaria e, mais tarde, poderia  fazer um doutorado em Yale ou Harvard (teria que pesquisar a mais indicada para um doutorado canino).

Também não me dispus a ensinar-lhe, eu mesmo, gracinhas. Coisas como deita, finge de morto, fica em pé nas patas traseiras e finge ser bailarina, nem pensar.

Mas eu o exercitava quase todos os dias. Desenvolveu massa muscular (tinha pouquíssima gordura corporal) e reflexos impressionantes. Além de velocidade.

O exercício era simples e sempre com auxílio de uma bolinha tipo de tênis.

Eu arremessava a bolinha, rasteira, com alguma força o que fazia com que ela atingisse uma razoável velocidade, pra que o Bill a perseguisse e tentasse alcançá-la antes que ela batesse no muro que ficava distante. Quando ele não conseguia pega-la, obviamente a bola batia no muro e voltava contra ele que ia em disparada no objetivo de alcançá-la. E neste retorno da bola, ele sempre era ágil e a pegava com a bocarra.

Algumas vezes eu jogava a bola com menos força e, com menos velocidade, ele a pegava antes de bater no muro. Quando isso ocorria, chegava a deslizar no chão de terra com a bola na boca, tal o ímpeto com que atirava à tarefa.

Abro parêntese para contar que, este desgaste das unhas, nas corridas, seja na terra seja no cimento, evitava que eu precisasse cortar-lhe as unhas periodicamente.

Alternava estes arremessos com a bola rente ao chão, jogando-a para o alto. Bem alto, de sorte que era muito difícil para ele pega-la com a boca na queda. Então, quando a bola chegava ao chão, quicava e voltava a subir. Neste momento ou ele a pegava no alto, saltando, quando ela ainda subia, ou na segunda queda fatalmente a pegava na boca.

Ele adorava estas brincadeiras. Quando eu pegava a bola, que guardava sobre o teto do canil, ele já ficava de olhos vivos, fixos na bolinha, aguardando o início do exercício. O rabo balançando e caminhando, com o pescoço virado para trás, acompanhando meus passos, até o local onde brincávamos.

Nunca consegui que me devolvesse, entregando em minhas mãos.

O que fazia era caminhar em minha direção e, a certa distância, cerca de um metro, a soltava no chão e ficava me olhando, até que eu me adiantasse e pegasse para novamente arremessar.

Aprendeu a andar junto ao meu corpo, quando conduzido pela guia e com coleira. E obedecia ao comando de sentar. Coisas que aprendeu naturalmente, sem aulas a isso destinadas. Era observador atento e extremamente inteligente.

Uma curiosidade, notada até por amigo que me visitou certa feita, e que depois passei a observar, é que se havia alguém estranho lá em casa, ele não representava nenhuma ameaça se eu estivesse por perto. Ele ficava era olhando para mim o tempo todo, acho que para ver minhas reações. Imagino que ao menor sinal de desagrado meu, ele reagiria agressivamente de imediato.

Ciumento como ele só, era um perigo me abraçar.

O instinto de cão de guarda, aquela coisa que é genética, atávica, se manifestou logo e de maneira surpreendente. Acho que contei sobre o caseiro que mantive por algum tempo. Pois muito bem, quando o Bill chegou lá em casa era pequenino, estava com dois meses e meio, e o Souza (caseiro) já estava lá. Logo, acompanhou a crescimento do Bill, que por sua vez acostumou-se com a presença do Souza no terreno.

Ocorre que, depois de mais crescido um pouco, o Bill não permitia que o Souza pegasse ferramentas ou seus instrumentos de trabalho, tipo enxada, ancinho, etc. sem que eu estivesse perto.

Isto foi inesperado para mim, e acho que para o Souza mais ainda.

O certo é que um dia o Bill começou a latir incessantemente e o Souza a pedir calma. O caseiro tinha em mãos a enxada que pegara no fundo da garagem onde eram guardados estes apetrechos rurais. E não conseguia sair da garagem pois o Bill latia e o cercava.

E foi assim que o Souza aprendeu que não deveria se arriscar a pegar qualquer coisa lá em casa sem pedir autorização.

Como uma imagem vale mais do que mil palavras, vejam abaixo fotos do Bill, aos sete meses.

William Longhall

Olha a pose "casual"


Somente os íntimos podiam chama-lo de Bill. Os demais deveriam chama-lo de Sir William.

2 comentários:

Unknown disse...

L - nUNCA SOUBE DA EXISTÊNCIA DO bILL EM SUA VIDA.... iSSO ME DEIXA MAIS À VONTADE COM MINHAS CACHORRICES.

2 - fIQUEI EMOCIONADA AO LER E CHOREI. (MAS ISTO NÃO É NOVIDADE),

BEEIJOS,
BETH
(AS ANIMAIS NÃO DEVERIAM MORRER NUNCA).

Jorge Carrano disse...

Beth,
Embora "brigando" com o teclado você conseguiu manifestar sua emoção.
Valeu! Obrigado.
Beijo