29 de maio de 2011

I love NY

Por Paulo Ricardo Marques Barroso March

Tudo começou mais intensamente em 1969, quando fiz minha 1ª viagem aos EUA, com 16 anos, participando de um programa de intercâmbio cultural do RJ, chamado Partners of Alliance. Até então, o fascínio por NY se resumia às imagens do Empire State e da Estátua da Liberdade em filmes, na revista O CRUZEIRO, e lendo a coleção de revistas Reader´s Digest do meu pai.

Na verdade, a atração pelos EUA começou muito cedo - início da década de 60. Fascinado por aviação, minhas correspondências para a Boeing e outros fabricantes eram semanais, e me faziam ficar no muro da minha casa no Pé Pequeno, esperando a passagem do correio, ávido pelas respostas e fotografias das empresas.

Beatles, Rolling Stones, Hendrix, Doors, Joplin, Mamas & the Pappas, Bee Gees, e tantos outros .... pronto ! Shows e lançamentos em NY, Los Angeles e San Francisco, notícias diretas via Big Boy na rádio AM. NY fervilhava.

E veio a viagem aos EUA, um sonho que se realizava, numa época em que para fazer uma ligação para o Brasil, ligávamos para a "operator" e aguardávamos 1 hora e meia para ouvirmos a voz dos nossos pais do outro lado da linha. 
Mick Jagger


Keith Richards


Já no voo de ida (agora sem acento) pela falecida Braniff entre Campinas e Lima, as presenças de Mick Jagger, Keith Richards e respectivas senhoras ...sacaram seus violões e tocaram horas dentro do avião ... Rolling Stones ao vivo em 69 ! Como vou explicar isso aos meus amigos ?
Chegamos. A cidade era Baltimore, hospedado em uma casa de família, a família Hall.

Tudo era novidade ... TV a cores, os Mustangs e Camaros nas ruas, as máquinas com cigarros de todas as marcas que comprávamos somente em um bar em Copacabana por uma fortuna (rs), a arquitetura vitoriana das casas, a ausência de muros e portões, a famosa caixa de correios que víamos em filmes e desenhos animados, as lanchonetes .... tanta coisa para contar quando voltar.

Veio a visita a Washington, uma bela cidade, onde o momento mais emocionante foi no cemitério Arlington, no túmulo de JFK. A chama eterna, da qual tanto ouvi falar .... e eu estava ao lado dela. Visita à Casa Branca, com direito a apertar a mão de Spiro Agnew, vice de Nixon - afastado posteriormente da vice-presidência, sob acusação de extorsão e fraudes, quando ainda era governador de Maryland.

A tão esperada visita de 2 dias a NY aconteceu num fim de semana de muito frio e neve, em fevereiro de 69. 
Empire State
 
 Jamais esquecerei a minha 1ª visada da calçada para o topo do Empire States, e a subida ao observatório. O passeio à Estátua da Liberdade, a filial NY da Tower Records (que ainda era pequena e ficava na Broadway), o edifício PAN AM, o Chrysler, a 5ª Avenida, as máquinas de música dos bares (na verdade com discos vinil compactos de 45 rpm). Eu estava sendo massacrado ... rs.


Meu companheiro de viagem , Jorge Roberto Silveira ( nessa época guitarrista dos Corsários, banda famosa de Nikity, que tocava muito no Regatas, no Central e no clube Pioneiros, no Vital Brazil ) precisava comprar um pedal de Wah-Wah para sua guitarra, inexistente no Brasil na época.

Nos desligamos do grupo, e lá fomos nós dois por NY em busca do objeto cobiçado ( no Twitter se escreve cobissado). Onde o encontramos ? Numa espelunca em Greenwich Village, bairro underground da NY dos anos 60, de onde só saímos de volta para o hotel às 2 horas da manhã. Realizados, levando o pedal Wah-Wah e algumas dezenas de pesadíssimos LPs de vinil, farejados nos subsolos de Greenwich Village.

Voltei para o Brasil, apaixonado pela Big Apple e fascinado pela infraestrutura das cidades americanas que conheci na época : Baltimore, Washington, NY, Anapolis, Atlantic City, Ocean City, Gettysburg, Salisbury, Miami, Daytona e Melbourne.

Com a mudança em 1971 para New Rochelle de 2 primos da minha esposa, tudo ficou muito mais fácil. New Rochelle fica a apenas 25 minutos de trem da Grand Central Station, na 42th St, no coração de Manhattan.

Foram então várias idas a trabalho e a passeio, algumas muito especiais como a de janeiro de 2002 - comemorávamos 25 anos de casados, e visitamos o Ground Zero, onde estavam localizadas as torres gêmeas do WTC. Foi muito emocionante estar ali naquele momento. Era um dos cartões postais da Big Apple.

Vivenciei NY em diferentes meses do ano.

verão no Central Park
 No verão o calor é impressionante. Isso dito por uma pessoa que vive em Niterói/Rio de Janeiro ! Já tive que antecipar um retorno ao Brasil devido ao excesso de calor, quando minha esposa estava grávida do nosso 2º filho.


O inverno em NY também é muito rigoroso, mas compensa em 2 sentidos : a incrível beleza da cidade em dezembro, enfeitada para o Natal e o Ano Novo, e as vendas dos saldos de estoque após o fim de ano ...rsrs.







Eu adoro o outono em NY, quando as árvores ficam amareladas, as folhas caem, paisagens lindíssimas e uma temperatura muito agradável.





Restaurantes ? Só perde para São Paulo. Se puder indicar um, apenas um, em termos de qualidade e de preço, indico tranquilamente o italiano Carmine´s ( 200 West 44th St - http://www.carminesnyc.com ).

Footing ? Não deixe de caminhar/explorar fora do retângulo tradicional dos turistas. Pegue o Subway (metrô) ou um ônibus, e deixe-se levar pelo Village, pelo SoHo. Tem lojas excelentes, bares, bistrôs, restaurantes, ruas bonitas, gente bonita, cães bonitos, tudo é bacana por lá.

Passeios ? Central Park imperdível, a pé, de charrete, de qualquer jeito. Estátua da Liberdade. Pier 17. Atravesse a Brooklyn Bridge a pé. NY é uma cidade para ser percorrida a pé. Leve sapatos super confortáveis.

Shows ? Veja a agenda do Madison Square Garden (http://www.thegarden.com/) , ou do Blue Note (http://www.bluenote.net/newyork/index.shtml), ou dos teatros da Broadway !!!

Museus ? O de História Natural é simplesmente arrebatador ! http://www.amnh.org/

Ou simplesmente, sente-se numa mesinha na calçada de um barzinho no Village, peça um cálice de vinho do Porto, e :

O autor na 5ª Avenida

Sentado curtindo um fucking drink bar
Em Nova Iorque a assistir o tempo passar
Peças desnorteadas
Peças descacetadas
Sentado vivendo um fucking drink bar
Em Nova Iorque entornando um Old Parr
Era uma tarde de outono e o sol, avermelhando
Em cores profundas, não sei de onde
Não quero sonhar que não estou mais aqui
Em Nova Iorque a assistir a vida florir
Não quero sonhar que não estou mais aqui
Só quero existir em Nova Iorque a sorrir
Deixa eu ficar por aqui
Deixa eu .... por aí !

(Música e letra de Paulo March, um veterano apaixonado por NY)

4 comentários:

Jorge Carrano disse...

Estava certo quando o convidei para fazer texto sobre NY. Acertei na mosca.
Tinha pensado em convidar o Woody Allen, mas ele estava em Cannes lançando seu novo filme (rsrsrs)
Obrigado
Abraço

Carrano disse...

Paulo,
Um passarinho me contou que você esteve em Nova Iorque 24 vezes.
Se eu soubesse disso antes, nem iria considerar a hipótese de convidar o Allen.(rsrsrs)
Abraço

Paulo March disse...

Amigo Carrano,
Eu é que te agradeço a oportunidade de poder expressar minha paixão por NY. Valeu !

Paulo

PS : vamos em setembro a Las Vegas, conhecer finalmente o Grand Canyon, e na volta, passaremos por Orlando, pela 8ª vez !!! Êta cidadezinha boa para tudo - passeios, compras, restaurantes, alegria total !

Jorge Carrano disse...

Anônimo,

Se você é o autor do comentário abaixo, volte identificando-se. O blog não publica comentários de anônimos.
Ademais o Paulo Ricardo, autor do post, provavelmente gostaria de saber quem são as pessoas que apreciaram tanto NY quanto ele aprecia.

"Acho que chegamos nessa matéria pela pesquisa do google sobre os anos sessenta. Muito legal o texto sobre Nova Iorque, numa época fascinante. Adoramos a cidade e gostaríamos de ter ido lá nessa época e ter os registros que o autor teve."