27 de maio de 2011

A caminho dos grunhidos

Se necessário, para defender o direito de me expressar livremente, irei à via judicial invocando “preconceito linguístico”, porque o que julgo ”adequado” a minha situação de fala (e escrita) neste momento é:

Senhora professora Heloisa Ramos, vai à merda! Perdoe-me se este à não deveria ser craseado.

Assim nós num guenta, presidente Dilma. Primeiro o seu MinC reprova e proíbe Monteiro Lobato nas escolas, acusando-o de preconceituoso.

cuidado sérios efeitos colaterais

Agora gênios da didática moderna, autores do livro “Por uma vida melhor’, aprovado pelo MEC, criam o delito do preconceito linguístico, e advogam a tese de que se pode falar “os livro” e “nós pega o peixe”, desde que, em determinada situação de fala, esta variedade seja adequada.

Não me estenderei nos comentários sobre esta idiotice, este crime contra a educação e instrução, este atentado contra o idioma, principalmente porque outras vozes mais qualificadas do que a minha já o fizeram à exaustão.

Não demora, com mestres deste jaez, somados a linguagem utilizada no twitter, chagaremos, logo, logo, aos grunhidos.







Trecho do mencionado livro “Por uma vida melhor”:
[Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar “os livro?”
Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico.]


Outro trecho: “Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala”


Resta explicar o titulo ”por uma vida melhor”. Para quem, cara pálida?

7 comentários:

Ana Maria disse...

Não vou comentar a orientação do MEC. Seria cômico se não fosse no Brasil. Vou apenas tentar explicar ao meu caro irmão a lógica desta determinação e, talvez, o título do livro.Sem esta medida drástica, com poderá o governo garantir a futura clientela do bolsa família? Como consiguirá candidatos pras diversas cotas ? E o que fará com as verbas para os créditos universitários?
Essa decisão permitirá aos acomodados, vagabundos e preguiçosos uma vaga nas tetas do poder.Mas,se eles pode, eu tb vô caprichar na nova lingua brasileira.

Jorge Carrano disse...

Querida mana,
Adorei a lógica identificada por você.
Não me ocorreu, mas faz sentido.
Obrigado, volte sempre.
Beijo

Carlos Frederico disse...

Meu receio é que vamos, nós os esclarecidos e que estudamos duro para conseguir emprego, montar nossos suados negócios e ganhar o nosso sustento, ver gente com esse "gabarito" aos poucos ascender a cargos de mando e adquirir poder para governar nossas vidas justo quando não tivermos mais forças para reagir, por conta da inexorável velhice.
É esse o futuro que vejo pra nós...

Jorge Carrano disse...

Carlos Frederico,
Como diria o Collor, não podemos nos dispersar (quem diria, um dia cito o Collor). Vamos continuar combatendo o bom combate.
Abraço e grato por endossar minha opinião sobre este estado de coisas nas áreas de educação cultura.
Abraço forte.

RC disse...

Sempre digo e repito: O brasileiro não gosta de estudar. E essa é a nossa maldição.

Paulo March disse...

Caros, trabalhei 23 anos na construção civil, 20 deles em canteiros de obras, convivendo com tudo que vcs (olha a abreviação twitteira)possam imaginar em termos de erros na escrita e no falar da "peãozada", que muito me ensinou em termos de resiliência e de relacionamento humano.
Mas nada disso me incomodava. O que mexeu comigo (e acredito em sismos de 7.4 na escala Richter na tumba do Aurélio)foi quando "mixaram" as palavras câmara e câmera .... me senti estuprado !
E de lá para cá, brinco com meus amigos sobre como será a Edição 9.896 do Aurélio ....
Quem frequenta o Twitter como eu, sabe perfeitamente o que nos aguarda, em termos de escrita da nossa língua portuguesa : o KAOS, com K mesmo !
Abraços e Sds TRIcolores
Paulo March

Anônimo disse...

Adorei a saudação tricolor.