Vejam só, Horacio* sentia saudades da vida agreste. Uma livre tradução do titulo seria: Ó campo, quando tornarei a ver-te!
Mas eu não guardo boas receordações, como se verá na continuação da narrativa que venho fazendo e que começou em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/05/vida-na-roca.html
Acreditava que receberia amigos e parentes, para animar nosso isolamento e mansidão. Para os filhos e noras, imaginei até que passassem conosco alguns finais de semana, razão pela qual uma suíte foi preparada para tal fim, com relativo conforto. Colchão e cômoda novos, além de armário embutido. A janela dava para um jardim de inverno pequeno. Até uma pequena TV estava instalada.
Mas eu não guardo boas receordações, como se verá na continuação da narrativa que venho fazendo e que começou em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/05/vida-na-roca.html
Acreditava que receberia amigos e parentes, para animar nosso isolamento e mansidão. Para os filhos e noras, imaginei até que passassem conosco alguns finais de semana, razão pela qual uma suíte foi preparada para tal fim, com relativo conforto. Colchão e cômoda novos, além de armário embutido. A janela dava para um jardim de inverno pequeno. Até uma pequena TV estava instalada.
Alguém aí esteve lá e pernoitou? Pois é, nem os filhos. Minto, acho que uma vez.
As visitas limitaram-se aos dias festivos, para almoço. A vizinhança, para convívio social, não existia.
Eram pessoas humildes, o que por si só não as descredenciaria, mas eram, acima de tudo , incultas e rudes. Não sei se o caro leitor é assim, mas se ouço um tema de jazz bem executado tenho vontade de compartilhar com alguém que também aprecie e trocar opinião. Se vejo um bom filme, gosto de comentar com quem tenha também assistido ou conheça o diretor ou atores e possamos elogiar fotografia ou o figurino. Bem, eu acho que compartilhar prazer é tudo de bom.
E lá era impossível. Tal fato teve um peso na decisão de vender a casa e retornar para Niterói.
Lá em cima mencionei televisão na suíte de hospedes. Então devo narrar uma curiosidade. Mandei instalar uma parabólica, sem o que não teria imagem decente e opções de canais.
antena parabólica |
Funcionava tudo dentro do esperado, até que passados uns dois meses, diariamente, por volta ds 17:30 ou 18:00 horas, a imagem, desaparecia. O som ficava chiado e a imagem com aquelas linhas sinuosas e embaralhadas. A partir do terceiro dia pensei com meus botões que alguma coisa relacionada à energia estava interferindo. Seria algum compressor ou gerador ligado nas redondezas a partir daquele horário? Será que outros moradores nas cercanias estão com o mesmo problema?
Resolvi ligar para a concessionária de energia elétrica e falar sobre o fato. Haveria sobrecarga no transformador? Pediram-me que anotasse o número do transformador mais próximo de minha casa e voltasse a telefonar. A dificuldade seria imensa pois o tal equipamento estava a uma altura considerável e não é que a numeração fosse bem legível. Um dos itens que tive que comprar, como já contei, foi uma escada. Uma não, duas: uma bem grande e uma pequena. Encostei a escada maior no poste, subi e anotei o número. Voltei a ligar para a CERJ, atual AMPLA, e mencionei o número do transformador. Prometeram-me medir a carga e dar notícia. Aguardo até hoje, mas o problema teve uma solução no mínimo inusitada.
Em Maricá havia uma pequena loja que vendia peças e componentes eletrônicos. Até vendia parabólicas. Resolvi ir até lá, para saber se eles teriam um técnico que pudesse examinar minha instalação. Quem sabe seria um problema de posicionamento da antena? A situação era semelhante aquela vivida por alguém que não consegue se curar de um mal e, em desespero, apela para tudo: pai de santo, homeopatia, chá de carqueja, novena e tudo o mais, mesmo não acreditando em nada disso.
Meu caso já era desesperador. Imaginem a Wanda sem novelas e eu sem o futebol e o noticiário.
bando de andorinhas |
Bem, tão logo entrei na loja e perguntei se eles poderiam mandar alguém lá em casa e relatei o problema, o proprietário se abaixou e pegou debaixo do balcão algo como uma tampa de ralo, daquelas em plástico, pequena e redonda, e disse calmamente e com segurança: - São as andorinhas. Coloque esta tampa naquele conezinho que tem na antena, para que elas não possam entrar. É neste horário que elas se recolhem para dormir e aquela abertura na peça da antena (tem um nome que não me lembro), é utilizada para passarem a noite.
andorinhas |
Final desta odisséia. Deu certo. Eram, mesmo, as andorinhas. Surpreendeu-me a maneira fácil e rápida como o dono da lojinha de Maricá deu a solução. A isto chamamos experiência. Ele já vivera outros casos semelhantes.
Nos próximos capítulos abordarei a rotina diária, o caseiro, o poço artesiano, e mais problemas de uma casa. Último post sobre minha saga no campo em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/05/casa-no-campo.html
* Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga. (Wikipédia)
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