21 de maio de 2011

Mosquitos, carrapatos e sapos

Convivência desagradável, mas inevitável, em São José de Imabassaí.

Os mosquitos invadem seu espaço e atacam com fome de retirantes. Eram hordas de muriçocas, pernilongos, ou seja lá que nome tenham na sua região. Isto se não há diferença entre uns e outros.

Tive que colocar telas especiais, bem finas, capazes de obstar a entrada destes insetos indesejáveis. Porque senão estaríamos condenados a manter permanentemente fechados, portas, janelas e até basculantes. O mínimo descuido era suficiente para invasão deles e certeza de sono perturbado.

É verdade que até as 16 horas, mais ou menos, o risco deles aparecerem era menor, mas depois deste horário todo cuidado era pouco.

Não fossem as telas que nos permitiam manter abertas as janelas, e morreríamos de calor, eis que não havia ventilador que desse jeito.

Falo de ventilador, então tenho que ressalvar que era possível quando não havia queda de energia. E isto era coisa comum. O mais das vezes, de uma fase só. Como, todavia, a instalação era bifásica, uma fase só permitia mal e mal uma tênue luz que deixava o ambiente como uma boate.

E não funcionava a TV e não giravam as pás dos ventiladores.

Então imaginem a situação: sem poder ler pois a iluminação era insuficiente, sem TV e sem vento para refrescar o ambiente. Pois é, isto é vida no campo. Sair de casa para, por exemplo, sentar na varanda, seria suicídio. Repelente, para aqueles mosquitos era lança-perfume.

Os lampiões eram usados, mas tinham seus inconvenientes. Tanto a gás quanto a querosene.

Como decorrência da grande quantidade de insetos os mais variados, além dos citados muriçocas, tais como joaninhas, percevejos, grilos e outros que não recordo, os sapos tinham farta alimentação garantida.

Por isso, eram freqüentes as visitas deles ao meu terreno.

Sapo caruru
 Lembro de uma noite em especial. Chovia a cântaros (ainda se usa dizer?), e em plena madrugada o Bill deu de latir sem parar e de maneira particularmente irritada.

Botei a capa e saí para ver do que se tratava. Bill, parado e olhando fixamente e adiantando uma das patas que pousava sobre a coisa que eu, pela falta de iluminação, não conseguia distinguir o que poderia ser. Quando me aproximei o suficiente, vi que se tratava de uma enorme sapo, grande mesmo, e com um papo tão avantajado e inflado, que poderia servir perfeitamente para transplante em um pelicano. Um papo tão gigantesco que deveria conter algumas centenas de dúzias de mosquitos, grilos e vagalumes, que apareceriam numa autópsia.

Vassoura de arame

Fui pegar a vassoura que é feita de finas tiras de metal (ou arame), apropriada para varrer folhas na terra, ou o resto da capina, em lugar do ancinho. Se você não sabe do que estou falando veja a ilustração ao lado.
Bem, peguei a tal vassoura, enfiei por baixo do sapo e fazendo - dela vassoura - uma catapulta, arremessei o sapo para fora de meus domínios, ou seja, a rua.

Para o Bill, devo ter sido seu herói naquele dia. Ou melhor, noite.

Confesso que só enfrentei o sapo para não passar vergonha na frente do cachorro. Tenho medo de bicho que pode saltar em cima de você. Aliás, segundo recolhido em Sagarana (João Guimarães Rosa), "o sapo não pula por boniteza, mas porém por precisão" ...

Não falei dos carrapatos, mas serei breve. No tal terreno desocupado existente nos fundos do meu, que por abandonado tinha muito mato e algum capim, vira e mexe apareciam bois e cavalos para pastar.

E estes animais citados são infestados de carrapatos. Ou o mato onde pastam é. Pois não é que estes bichinhos perniciosos escalam até muros e descem dentro de seu terreno onde se espalham no capim e no gramado. Se for uma cerca então, é barbada para a invasão de várias legiões carrapistas.

William Longhall  (Bill)
Bem, o Bill, coitado, tinha todo o direito – mais que isso, o dever - de percorre o terreno todo. Era sua missão policiar a área. E os carrapatos não perdoavam aquele animal bem alimentado de sangue bom. É claro que eu comprava o produto adequado para combater e eliminar os carrapatos incrustados na pele do Bill. Mas isto tinha que ser, e era, uma rotina.

Tem um produto que se coloca sobre o pescoço e parte do costado do cachorro, que o protege do ataque de carrapatos e pulgas, mas tem efeito limitado a alguns poucos dias.

No próximo capítulo, a venda da casa e o retorno à cidade abençoada, com seu trânsito caótico, sua poluição e tudo o mais, inclusive a violência.

Imagens : Google, exceto Bill.

3 comentários:

Valmir disse...

Os anuros (sapos, rãs e pererecas) são os maiores amigos do homem para reduzir pragas como insetos, pois todos se alimentam basicamente de insetos que tanto nos atormentam e podem transmitir doenças como dengue, malária etc. Então Sr.Jorge tirar o sapo-cururu (Rhinella icterica)do seu quintal não foi a melhor ideia para quem tem tantos insetos na residência. E ao contrario do que todos pensam os sapos são inofensivos ao homem, exceto se alguém quiser come-los!

valmir.biologo@gmail.com

Jorge Carrano disse...

Caro Sr. Valmir,
Antes de mais nada muito grato, pela visita e pelo aconselhamento orientativo.
Ressalto que, não fora pela impaciência de meu cão, no meio da madrugada, teria deixado o sapo em paz.
Fiquei contente com sua intervenção.
Atenciosas saudações.

Freddy disse...

Eu concordo com você, Carrano. Eu já tive sapos enormes na porta de meu quarto num chalé de hotel e não os espantei, já que não me fariam mal algum. Para entrar, até pulei por cima deles.
No entanto, pelo que entendi de seu post, seu irritado cão estava com uma das patas sobre o referido anuro. Portanto, ao delicadamente catapultá-lo para a rua na verdade estava salvando-lhe a vida.
<:o)
Grande abraço
Carlos