28 de maio de 2016

Desapego e descarte de ácaros

Arrumar arquivos, desapegar de papeis velhos, como recortes, anotações e folhas de velhas agendas, é uma tarefa recorrente em minha vida nos últimos anos.

Acumulei, sem pudor, sem parcimônia e sem cuidado (com ácaros e cupins), muito papel velho. Com o tempo amarelam, cheiram mal, e abrigam  fungos.

Desde que iniciei esta empreitada, já lá se vão pelo menos seis anos, pois teve início em 2010, ano em que completei 70 anos de idade e fiz um AVC de pouca monta (felizmente), nunca termino de vez.

Isto porque o desapego a alguns destes papeis é relativamente fácil,  já outros sempre fico a matutar se não poderão, ainda , ser uteis um dia no futuro. Só que se eu não tiver futuro, o destino deles será a incineração: palavra da Wanda e de meus filhos.

Nesta jornada atual estou contando até dez para decidir se descarto as duas pastas com recortes sobre jazz. Como já disse uma vez minha intenção era escrever um livro ou um livreto sobre o assunto. Isto nos anos 1980.

O tempo passou, o livro não saiu e fui atropelado pelo seu Google e pela dona Wikipédia. Os recortes ocupam duas enormes pastas daquelas fechadas com elástico nas extremidades.

Será que encontraria, se precisasse, uma narrativa da Nancy Sinatra sobre o encontro do pai com Tom Jobim quando das gravações dos LPs que fizeram? Sinatra tratava Tom de “Tone”. Você sabia disso?

Aí você me pergunta qual a relevância disto. Eu não respondo.  Ou respondo porque é nos detalhes que a história se conta.

Estou na segunda gaveta do arquivo de quatro gavetões, com pastas suspensas. Alguns recortes e anotações estão mesmo indo para o lixo.

Sabem o por que? Vejam os exemplos abaixo e constatem se é o caso de guardar tanta inutilidade.

No século passado pelo menos 21 países tinham o dólar como moeda. Claro que a palavra dólar é seguida de um complemento. Por exemplo: Dólar de Brunei.

Vocês nem sabiam da existência de Brunei, não é? E de Belize, o lugar e o dólar, ouviram falar?

Quando, na década de 1990 comprei uma casa em São José de Imabassaí, para onde me mudei de mala e cuia, era imperioso ter em casa enxada, pá, ancinho, vassoura de arame e tesourão de poda.

Este item, a tesoura grande de jardinagem, foi-me dado de presente por minha irmã Ana Maria, acompanhada de um versinho. Não tenho coragem de me desfazer do versinho embora a tesoura tenha ficado na casa quando a vendi:


Quem me conhece o bastante sabe que acho que Zico foi um bom jogador de futebol. Só. Tudo que dizia respeito ao seu pé-frio, a sua falta de fairplay, ao seu ciúme do Romário, eu recortava a guardava. Daí que tenho este recorte de uma montagem do Aroeira, feita em 1998, quando o jogador perdeu, pela quarta vez, a oportunidade de se consagrar como campeão mundial. Tinha perdido três como jogador e perdeu como supervisor.

Jogo fora ou não jogo? 


E sobre a famosa, sempre citada e fake Lei de Murphy, que achei numa anotação? Vocês conhecem pelo menos três artigos desta lei que não tem sanção? Vejam abaixo:

- Tudo leva mais tempo do que se espera.
- Tudo é mais difícil do que se pensa.
- Tudo o que pode não dar certo, não dará certo.

E a melhor de todas as cláusulas da Murphy’s Law: Crie um sistema que até mesmo um idiota possa usar e só um idiota o usará.

Como a cláusula quinta da mesma supracitada legislação dispõe que “Tudo deve ser simplificado ao máximo”. Fico por aqui.

Não sem antes ameaçar vocês com um retorno ao tema, reproduzindo recortes ou anotações inúteis que acumulei ao longo dos anos.


Nota do autor: sobre o emprego de porquês sugiro visita ao sitio abaixo, onde pode ser feito um teste com respostas corretas.
http://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-gramatica/exercicios-sobre-uso-dos-porques.htm#questao-495

3 comentários:

Jorge Carrano disse...

Daqui a pouco, em Milão, no San Siro, Real e Atlético, ambos de Madrid, disputarão a Champions League edição 2015/2016.

Estes mesmos clubes, na temporada 2013/2014, disputaram a mesma final em Liboa, no Estádio da Luz, e deu Real Madrid, na prorrogação.

Portanto é um repeteco, com chance (será?) de revanche para o Atlético.

Não acredito, mas há de ser louvado o desempenho do time colchonero por estar em duas finais em três anos.

Não esqueçamos que ficaram no caminho o Bayern, o Manchester United, o Barcelona, a Juventus, o PSG só para citar alguns gigantes europeus.

Ana Maria disse...

Sugestão. Depois que fizer a seleção rigorosa e sobrarem umas dezenas (ou centenas) de raridades, digitase e salve em um pendrive. Desde já me disponho a presenteá-lo com 2. Quanto as quadrinhas, são mesmo raridades. Nem eu as guardei. Rs

Riva a 16º disse...

Eu decidi deixar os ácaros em paz. As poucas vezes que tentei o descarte, só me fez mal, emocionalmente pelo sentimento de perda de uma recordação, e também porque minha esposa é contra o processo. Guarda tudo. Capitulei.

Desisti mesmo, e deixo esse trabalho seletivo para meus filhos, depois que eu partir.

Uma das coisas que mais me incomoda são fitas VHS e CDs, muitos, atravancando ambientes. Não assisto nada em VHS, apesar de ainda ter o aparelho, muito menos CDs.

Mas os discos antigos não estão de volta ? Ainda tenho alguns especiais que guardei, bem como meu pick up Technnics. Então quem garante que daqui a 20 anos os CDs não voltam também ? Estarei eu por aqui ? rsrs

Hoje tudo que ouço está ou numa nuvem (Spotify) ou no meu iPhone. E faço downloads de todas as músicas que quero, do jeito que quiser, na versão que quiser. Um massacre.

Tenho minhas agendas desde 1977. Se um dia fosse escrever uma autobiografia, o material está todo ali, porque sempre as usei como um diário. Meus cadernos de trabalho também ... até hoje uso esse expediente no trabalho ... cadernos onde anoto tudo que é importante. E guardo.

Meus pais eram assim, os da minha esposa também. Lembro que lá em casa guardaram todo nosso material escolar desde o Primáro. Para que eu não sei ...

Então, os ácaros estão sorrindo de orelha a orelha !

PS: pelo jogo de hoje, a vitória do Real foi injusta. Mas futebol é assim mesmo.