1 de agosto de 2015

Encíclica papal

Com certo exagero, que me é peculiar, diria que as encíclicas papais eram citadas por todo mundo medianamente letrado, tendo ou não lido o inteiro teor. A maioria não lia. Assim como se discutia Ulisses, de Joyce, mesmo sem ter aguentado ler até a página 8.

Nos anos 1950 e 1960, estudante secundarista e depois universitário, tanto quanto outros alunos eu comentava as encíclicas papais. Era demonstração de cultura, erudição. E os católicos eram maioria no país. Ainda são?

Bem, é verdade que na maioria das vezes eu palpitava sem ter conhecimento do texto integral, senão de uma sinopse que a imprensa divulgava. Mas a maioria dos outros também.

Hoje, num simples dedilhar de teclas conseguimos acesso aos textos, inclusive já nas versões em português.

Das encíclicas mais badaladas, mais citadas em discursos e palestras em seminários, e nos bares também (rsrsrs), por católicos ou não, lembro da “Rerum Novarum”, de Leão XIII por causa de sua influência no direito trabalhista. Leiam em:

Houve uma época, que a sumida Elizabeth Paiva lembra muito bem, em que eu era “especializado” em Direito do Trabalho. Conhecia bem a doutrina, estava sempre atualizado com a jurisprudência e tinha quase de cor a CLT.

Seu texto – da Rerum Novarum - tangenciava a questão operária e pregava melhorias nas condições sociais com dignificação dos trabalhadores e suas famílias.

A “Pacem in Terris”, de João XXIII, editada pouco antes de seu falecimento, pregava a paz entre os povos, com fundamentos na justiça, na verdade, no amor e na liberdade, quando o mundo vivia tenso, havia muita hostilidade no período da “guerra fria”.

Depois de muitos anos sem ouvir tanto zumzumzum em torno de encíclicas papais, surpreendo-me com as polêmicas criadas em torno da “Laudato Si” , do Papa Francisco.

Aplaudida pela chamada igreja progressista de Leonardo Boff, que sobre ela se manifestou em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo (http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,o-grito-da-terra,1710059),  e pelos ecologistas da esquerda caviar, é em contrapartida rechaçada pelos conservadores e defensores do desenvolvimento responsável.


Esta encíclica polêmica envereda pela questão do uso da terra e pelas questões climáticas, tratando da degradação ambiental. E critica o consumismo.

Aproveitem o  final de semana e tirem suas próprias conclusões. Ao invés de assistirem pela terceira vez a novela que está passando no “vale a pena ver de novo” ou o VT do jogo do Itumbiara contra o XV de Piracicaba, que foi 0X0,  e nada acrescentarão as suas vidas, leiam a carta pontifícia do Papa Francisco, que está a uma clicada em:

15 comentários:

Riva disse...

De papas nada quero. Minto, sim, duas coisas :

- uma explicação sobre a Inquisição

- por que não abrem a biblioteca do Vaticano à população mundial ?

Jorge Carrano disse...

Pensei que você ia dizer que papa só a de milho (rsrsrs)

Ana Maria disse...

Na minha opinião a análise de grandes eventos deve ser entendida à luz do momento histórico. Estou certa que, se fora Jesus vivo, estaria pregando pelo Twitter usaria jeans mas manteria o cerne de sua ideologia.O amor continuaria a ser o espírito de seus ensinamentos.
Cumprir as leis, tratar com respeito todo ser vivente, respeitando as diferenças entre eles, amar os genitores,nada mais é do que amar. Por decorrência vêm os demais mandamentos.
Os Papas são homens e sofrem também a influência do momento político. O atual, que ora me encanta e ora me causa estranheza, é franciscano e como tal entende que menos é mais.
Simples assim.

Jorge Carrano disse...

Muito boa apreciação, Ana Maria, que honra as nossas (da família) tradições culturais. Sorry periferia! Rsrsrs

Colhi trecho de um e-mail sobre a encíclica:
"Trata da Economia, numa crítica ácida ao capitalismo, tomando por face os abusos e não o uso, parecendo-me insinuar um modelo só possível nas sociedades primitivas do tipo tribal."

O texto é assinado por Ralph Solimeo (ralphsolimeo@terra.com.br), que segundo o remetente da mensagem (eniotoniolo@sercomtel.com.br), é coronel reformado da PM paulista.

Ana Maria disse...

Pode uma pessoa ser contra e a favor do capitalismo? Eu sou assim bipolar neste assunto.
Se considerar o capitalismo como oposição ao comunismo, sou à favor.
Mas, se o encararmos apenas como acumulação de bens, cartéis, monopólios e especulação com papéis, então sou contra.
Sou a favor da livre iniciativa e da propriedade privada, mas tal modelo econômico só é justo em uma sociedade democrática.
Difícil entender minha bipolaridade? Resumindo. As ideias até são boas, mas o homem esculhamba com tudo.

Riva disse...

Mas as idéias vêm dos ..... homens !

Ana Maria disse...

Justamente Riva. O homem possui a inteligência e o livre arbítrio. Com a inteligência inventa e descobre itens que poderão dar à sociedade uma vida melhor, mais saudável ou mais confortável.
O livre arbítrio permite que outros homens utilizem essas invenções a serviço do mal.
Aposto que todos que porventura lessem este comentário poderiam citar vários exemplos de mal uso de descobertas e invenções.

Freddy disse...

Acho que algumas atividades tinham de ser estatais, ou ao menos ter uma grande empresa estatal para barrar a ganância privada. Por exemplo: bancos, hospitais (saúde em geral), educação, transportes (aéreo, marítimo, terrestre), telecomunicações, geração e distribuição de energia...

Não vale exemplificar com Brasil, aqui o estado é bandido. Não há pelo que se saiba uma empresa estatal que não esteja participando do aparelhamento petista.

A iniciativa privada seria para o varejo, quem sabe algumas parcerias.

Ah, sim, não me venham com argumento de que a iniciativa privada é que promove o progresso. Dane-se o progresso, ele não traz necessariamente a felicidade da humanidade. Acho até que pelo contrário...

<:o) Freddy

Ana Maria disse...

Estatal, Freddy? Assim como a Petrobrás, os Correios, os Hospitais e Universidades Federais?
Não temos retribuição por parte do governo nas suas principais obrigações. Não temos saúde, educação formal, segurança, energia elétrica e por aí vai. Tudo que fica nas mãos do governo é mal feito.

Riva disse...

O modelo estatal funciona sim, mas não no Brasil, um país bandido.

Freddy disse...

Por que será que as pessoas não leem o que escrevo?

Com todo respeito eu repito:
"Não vale exemplificar com Brasil, aqui o estado é bandido. "
"Não vale exemplificar com Brasil, aqui o estado é bandido. "
"Não vale exemplificar com Brasil, aqui o estado é bandido."

Pronto.

Freddy disse...

Na Alemanha, país de 1º mundo, testemunhei o seguinte:

Visão 1977:

O sistema de transportes de Munique era da Prefeitura (MVV). Integração total entre metrô (U-Bahn), trem rápido de superfície (S-Bahn), bondes e ônibus. Em cada poste tinha o horário de bonde ou ônibus (de todo o trajeto) e nas estações de S e U-Bahn idem. Você ia daqui a Caixa Prego sabendo exatamente que baldeações faria e em que horário chegaria.

O sistema de telecomunicações e correios era integrado e federal: Deutsches Bundespost. Englobava:
Deutsche Bundespost Postdienst - serviço postal
Deutsche Bundespost Telekom - comunicações em geral
Deutsche Bundespost Postbank - banco postal
Sem comentários quanto à excelente qualidade de correios e serviços de comunicações, que foi o que utilizei amiúde.

O sistema de trens era federal: Deutches Bundesbahn - DB. Ótima qualidade, pontualidade, limpeza e serviços agregados.

Visão 2015:

Pois bem. Mesmo tudo funcionando às mil maravilhas, o governo alemão aos poucos foi cedendo espaço à iniciativa privada.

VEJAM BEM: não porque o serviço fosse ruim ou houvesse falcatruas. Não, mera modernização de conceitos de orçamento federal. Seguindo uma tendência mundial, resolveram ir repassando os excelentes serviços aos poucos.

O MVV (sistema de Munique) hoje funciona em parceira público-privada, mantendo o estado parte do capital, mais o controle de qualidade de todo o sistema.

As 3 áreas do Bundespost foram abertas à iniciativa privada em 1989. Para atender a questões legais, foi mantida uma área em separado para atender a antigos funcionários públicos (questões financeiras, médicas e serviços postais).

Com a fusão das redes ferroviárias das duas Alemanhas em 1994, o DB passou a se chamar DBAG, sendo uma sociedade anônima com participação exclusiva do estado. Um processo de privatização está em andamento, mas ainda não tenho notícias de que tenha sido formalizado.


Riva disse...

Público ou privada, tudo se resume a uma boa gestão, uma boa governança. O que inexiste no Brasil, tendo em vista que a competência (que não participa de estratégia, gestão, governança, nem sequer reuniões) só começa no 3º ou 4º escalão de uma organização.

Breno, um dos meus filhos, já morou na Inglaterra, Suécia, Eslovênia, Alemanha (muito pouco tempo) e atualmente está residindo na Bélgica, onde os impostos somam 50% do seu salário mensal. E não tem reclamações !

Deve ser uma m......, hein ?

Ana Maria disse...

Mas vivemos aqui.

Riva disse...

Acabei de ver o filme ELIZABETH - não tive trabalho hoje. Problemas "técnicos" na empresa.

E nesse filme tem a cena em que o papa manda assassinar Elizabeth, por querer uma igreja única na Inglaterra, dissociada do Vaticano.