19 de agosto de 2015

Paulo Francis e a Petrobrás

Reproduzo abaixo, e espero que a ilustríssima autora não se oponha, um texto (recebido por e-mail) que trata de ação judicial movida, nos USA, contra o jornalista Paulo Francis, por haver mencionado em programa televisivo, que havia corrupção na Petrobrás.

Ele foi julgado e condenado a pagar elevada indenização. Alguns atribuem sua morte ao fato. O tempo passou e com ele a verdade veio a tona. 


"Paulo Francis morreu em fevereiro de 1997, em Nova Iorque, de um enfarto fulminante do miocárdio, causado em boa parte, pelo desgosto e sentimento de injustiça que corroeu sua alma e seu coração, e nos privou do cara mais chato e irremediavelmente brilhante e encantador que o Brasil já teve.



Paulo Francis estava sob a enorme pressão resultante de um processo judicial ardilosamente proposto contra ele nos Estados Unidos por suposta calúnia contra a Petrobras.



Pouco antes, no Programa de TV a cabo do qual participava, o Manhattan Connection, transmitido pela GNT, à época, Paulo Francis sugeriu a privatização da Petrobras e chamou atenção para o fato de que seus diretores desviavam dinheiro para contas na Suíça, e era preciso investigar. Contudo, Francis não tinha provas. 



Jornalistas geralmente não as têm. Suas fontes são, em geral, secretas. Elas dizem o que sabem, vivem e veem, e por temerem por suas vidas preferem ficar no anonimato. Nesses casos estamos diante das chamadas “provas diabólicas”: excessivamente difíceis de serem produzidas.



A credibilidade de Francis e a solidez do Programa deveriam ser suficientes para dar sustentação à denúncia e justificar a investigação no Brasil. O que não ocorreu, e tivemos que esperar até muito recentemente para que os mandos e desmandos da Petrobras começassem a ser investigados.





Após a denúncia de Paulo Francis, os sete diretores da Petrobras, liderados pelo então Presidente, JOEL RENNÓ, decidiram cobrar reparação judicial pelo suposto dano moral resultante da calúnia que alegaram ter sofrido e, para tanto, buscaram o Poder Judiciário dos Estados Unidos, conhecido pela receptividade desse tipo de ação e por fixar indenizações milionárias.



Os diretores da estatal fizeram o que em Direito se chama de “forum shopping”, isto é, recorrer ao judiciário de um país, cuja legislação é mais favorável e as decisões dos tribunais mais palatáveis ao caso que se pretende ver julgado.



E assim foi. A Justiça americana mandou Paulo Francis indenizar os diretores em 100 milhões de dólares, mais custas e honorários.


Muitos brasileiros ilustres, em vão, bateram na porta do Presidente JOEL RENNÓ para que desistisse de cobrar de Francis – que não tinha os meios necessários. Francis, em seu calvário melancólico pós-sentença, começou por transferir sua dor moral para uma simples bursite e desta migrou, definitivamente, para uma bomba no seu coração. Lá se foi a figura agridoce mais extraordinária de todos os tempos e um “gentleman” como não se viu mais.



E como seguir agora sabendo que era tudo verdade? E, o pior: a roubalheira era muito maior e que não tão poucos por tanto tempo roubaram tudo que podiam.



Paulo Francis merece ter sua memória recomposta. Sem lhe fazer justiça estamos fadados e nos igualar aos seus algozes. É o mínimo que podemos fazer por ele. Para tanto, é preciso que seus herdeiros e sucessores voltem ao Poder Judiciário americano com uma ação de recuperação da imagem e erro judicial – frente às provas de que dispomos agora.


É preciso responsabilizar a Justiça americana da morte de Francis, haja vista que nenhuma sentença pode ser proferida sabendo-se que o condenado não teria os meios de pagar – e que seu cumprimento o levaria à ruína. É preciso que a Justiça americana reconheça que foi usada como “forum shopping” por litigantes de má-fé que deveriam ter ingressado com a ação na Justiça da cidade do Rio de Janeiro, sede da Rede Globo de Televisão, responsável pelo programa “Manhattan Connection”, e local onde os diretores da Petrobras viram e sentiram os efeitos e prejuízos (se houve) do que foi dito por Francis.

A Rede Globo também pode tomar essa iniciativa, afinal de contas o Programa era e é dela.



Errou a Justiça americana. Deixou-se usar à época. Mas os tempos mudaram lá e cá. Não há que se preocupar com a prescrição.


Esta não atinge a nova demanda nos EUA por justiça a Francis. Fatos novos apareceram e com eles um mar de provas. Sem falar que crimes contra os direitos humanos não prescrevem e aqueles do colarinho branco abrem um corredor direto para a prisão nos Estados Unidos.



Entretanto, até que isso aconteça, fica a sugestão de buscarmos consolo em uma discreta risada (mesmo sem ninguém ver) em homenagem a Paulo Francis, pois ele tinha razão."



* Maristela Basso é Professora de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo São Francisco). E advogada militante. 



Nota do blogueiro/editor: Esperar da Rede Globo a iniciativa de buscar na via judicial o resgate da verdade, para limpar a honra do Francis, é um pouco de inocência da nobre advogada e professora ilustre. A Globo não faz nada contra o governo, qualquer governo instalado. Ele mama nas tetas com financiamentos públicos e veiculção de anúncios de estatais e órgãos públicos.

14 comentários:

Jorge Carrano disse...

O vídeo que pode ser assistido utilizando o link a seguir é esclarecedor. Foi este comentário feito pelo Francis que originou o processo.
Agradeço ao Paulo Bouhid o envio do link.

Selecione e cole na barra do seu navegador:
https://www.youtube.com/watch?v=7Dyh6-YSXBs

Riva disse...

Lá mesmo na America existem vários casos de pessoas que ficaram enjauladas por décadas, e libertadas após descobrirem sua inocência.

Quanto deve ser a indenização de uma pessoa enjaulada injustamente por 30 anos de sua vida ?

Vcs viram algum tipo de indenização ?
E são americanos.Imaginem um brasileiro .......

Quanto à Rede Globo, a acrescentar talvez uma eternamente comentada dívida fiscal. Sempre vem à tona.

Riva disse...

Aproveito este espaço para perguntar se alguém sabe porque muitos ônibus no Rio circulam com um cartaz enorme da OAB no vidro traseiro, com os dizeres ... Sem Advogada não há justiça, ou algo assim.

Por que a palavra está no feminino, negritada em vermelho no texto ?
Qual a intenção da OAB com esse detalhe ?

Jorge Carrano disse...

Acho que é para valorizar (prestigiar) o trabalho da mulher advogada. Foi publicada uma edição da revista da OAB com chamada de capa e matéria sobre a campanha.
As mulheres por vezes se sentem diminuídas.

Paulo Bouhid disse...

Começou...

Em breve, cotas, leis, punições, etc...

Não é essa OAB que quer acabar com o exame da ordem pq a imensa maioria não passa nele?

Ana Maria disse...

Estranho. A OAB lançou este ano a campanha "Sem advogado não há justiça"
É uma adaptação da frase : "sem advocacia não há democracia, justiça nem liberdade", usada desde 2013.
Vai ver o corretor do Google trocou. rs

Jorge Carrano disse...

Pois pé, num pais sério, civilizado, desenvolvido ou que outro qualificativo se queira dar aos países que valorizam a educação, o saber, as entidades de advogados estariam postulando pela melhoria do ensino, pelo monitoramento das faculdades de direito, que brotam como cogumelos pelo país, sem avaliação da qualidade do ensino. Ter menos e melhores faculdades seria o caminho a trilhar.
Em Niterói são 6 faculdades formando advogados com qualificação duvidosa todos os anos. O critério básico de ingresso e formatura é manter em dia o carnê das mensalidades.
O falecido e bom frasista Joelmir Betting diria que já que não controlam o nível do rio, elevam a altura da ponte.
E os concursos para a magistratura? São uma vergonha os resultados.

Jorge Carrano disse...

A OAB, para minha decepção, não exerce as atribuições que justificariam a sua existência. Não defendem os interesses dos advogados preferindo os holofotes da mídia em assuntos de política oficial.
Eu escreveria cem laudas de ações que competiriam a OAB e eles silenciam. Interesse da classe e, de tabela, da sociedade. Exemplo? As escorchante custas judiciais.

Jorge Carrano disse...

No penúltimo comentário ficou empastelado "pois é". "Pois pé" é problema de incompatibilidade entre os dedos do comentarista e o teclado do notebook.

Riva disse...

Ana, seria o correto usar a palavra advocacia, mas o que está escrito é advogada mesmo. Pode ter sido um erro, grotesco. Ou quem sabe, proposital ?

Nada a ver com o post, mas um registro. Hoje fui fazer uma vistoria técnica no shopping Village Mall na Barra.

Impressionante o luxo e a categoria das lojas e restaurantes. Literalmente VAZIO !! às môscas !!

Como conseguem pagar as contas ? Um mistério.

Jorge Carrano disse...

Como já expliquei trata-se de valorização da advogada/mulher.
É "Sem advogada...."

Jorge Carrano disse...

Por causa deste Vasco que eu torço pelo clube. Esta atitude é digna do Gigante da Colina.
Se ganha ou empata o próximo e avança na competição é outra história. Hoje foi o Vasco pelo qual me apaixonei aos 9 anos.
VASCO 1 x 0 Flamengo

Jorge Carrano disse...

De um confrade, via e-mail:

EU TERIA
UM DESGOSTO PROFUNDO
SE FALTASSE
O FLAMENGO NO MUNDO
VENCER, VENCER, VENCER
MAIS UMA VEZ O FLAMENGO
VENCER ATÉ MORRER!!


Titio Eurico já oficiou à CBF pra verificar a possibilidade de jogar o restante do Brasileirão somente contra o Framengo...

Riva disse...

Realmente impressionante a determinação desse mesmo time contra adversários como o FLU e Aquele Time do Mal. Os caras iam na bola como famintos atrás de um prato de comida !

Não sei qual é a mágica ali .....

E Cristóvão dançou .... aposto que vão dizer que é racismo na mídia, assim como é homofobia criticar o babaca do Jean Willys e criticar a DisGraça só porque é mulher.

Bem, só posso torcer agora para o CELSO ROTH assumir Aquele Time do Mal.

#VemRoth
#VaiDilma