17 de março de 2012

Manjubinhas


A manjuba, para quem não conhece, é um peixe pequenino, atingindo no máximo 12 centímetros, que vive em grandes cardumes, em água salgada, na faixa mais superficial dos oceanos de águas temperadas ou mais quentes.


Ainda que se reproduzam muito, são poucas as que atingem a idade de reprodução, pois estão na cadeia alimentar de outros seres marinhos.

Estação da Cantareira vista do mar
Há anos, quando ainda existia o antigo cais das barcas da Cantareira, enquanto aguardávamos a chegada e atracação da barca, de cima do cais flutuante atirávamos moedas de pequeno valor (10 e 20 centavos de cruzeiro) para que alguns molecotes mergulhassem e indo ao fundo do mar pudessem pega-las.

Era divertido para nós observar a habilidade, ligeireza e fôlego dos meninos. Alguns conseguiam pegar a moedinha antes que ela atingisse o fundo arenoso. E para eles um meio idôneo de defender uns trocados.


Mas uma outra coisa chamava a atenção quando do cais se olhava o mar, quando não estava muito agitado: enormes cardumes de manjubinha. A baia da Guanabara não era tão poluída, ainda.

E foi esta imagem que me veio à mente no outro dia, quando caminhava à beira do mar, em Icaraí. Excepcionalmente limpa, pelo menos aparentemente, a água tranquila como um lago, permitia ver bem no raso um cardume de manjubas que se estendia desde o Clube de Regatas Icaraí  até quase a altura da Belisário Augusto (fato raríssimo atualmente).

Barca Gragoatá
Continuei minha caminhada habitual, neste dia pela areia junto ao mar (em geral caminho no calçadão, mas vez ou outra é bom “fazer terra” e descarregar caminhando descalço na areia), e lembrando dos velhos tempos da travessia diária da Baia da Guanabara, primeiro nas velhas  barcas, algumas das quais eram mistas, transportando no piso inferior os veículos e na parte superior os passageiros.

Estação da Cantareira
 vista da Praça Martim Afonso
O velho prédio da estação das barcas da Cia. Cantareira e Viação Fluminense, que ficava na Praça Martim Afonso (agora Arariboia) foi depredado e incendiou parcialmente, numa revolta popular em face dos frequentes  atrasos nos horários de travessia da empresa de lanchas (mais modernas e velozes do que as barcas) conhecida como Frota Barreto, cujo cais era próximo a estação da Cantareira.

Os bondes, como o que se vê na foto e já foram objeto de post neste blog, deram lugar aos trolleybus que tiveram vida relativamente curta, até sumirem de circulação. Os bondes, não obstante os transtornos que causariam no trânsito hoje em dia, deixaram saudade.

Manjubinhas bem fritas
Já que falei das manjubinhas, vou invadir o terreno da Stella Cavalcanti (Telinha, como assina no Primeira Fonte), e dar uma receita de como se deve frita-las, até que fiquem bastante crocantes, que é a meneira de melhor aprecia-las. Principalmente com sua cerveja preferida, a um (1) grau de temperatura.





Ingredientes:

1 kg de manjubinhas
2 colheres (de sopa) de coentro picado
Suco de 2 limões
1 cebola média ralada
Farinha de mandioca
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto
Óleo para fritura


Modo de preparo:
Limpe os peixinhos deixando-os com as cabeças. Lave em água corrente e escorra bem. Misture o suco de limão com o coentro e a cebola ralada. Tempere com sal e pimenta.
Coloque as manjubinhas no tempero, misture bem e deixe tomar gosto por 15 minutos. Escorra-as bem, passe-as na farinha de mandioca e frite em uma panela com bastante óleo quente, até que estejam tostadas e crocantes.
Escorra em papel-toalha.


Dicas:
Sirva com limão cortado em 4 gomos e molho de pimenta à parte.
Serve 6 pessoas





Sobre peixes de minha infância, ver em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/04/carapicus-e-canhanhas.html

12 comentários:

Gusmão disse...

Depois de carapicus, canhanhas e manjubinhas, aguardamos pelos maiores, como badejos, robalos, chernes e garoupas (rs).
Bom final de semana.

Jorge Carrano disse...

Você não perde por esperar, Gusmão.
Escreverei sobre o Mercado São Pedro e certamente todos estes peixes serão citados.
Bom final de semana para você também.
Obrigado pela presença constante no blog.

Aproveito para fazer COMUNICADOS:
As fotos da Cantareira foram pinçadas do website
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=843784
E a receita também está disponível via Google, mas é a clássica, utilizada aqui em casa.

Gusmão disse...

Falando sério, estivemos na eminência de outra quebradeira nas estação das barcas, por causa de abusivo aumento no preço das passagens: 65% de uma vez.
Como ouve gritaria quando anunciado, resolveram adiar para entrar em vigor num final de semana quando o número
de passageiros é muito reduzido.
Ainda assim colocaram um enorme aparato policial.
Faltou pouco para vermos repetidas as cenas de pouco mais de 50 anos.
Abraços

Ricardo dos Anjos disse...

Ah, tirante o coentro, receita aceita!
Bem, depois dessa apologia às manjubinhas, que também desgustava num barzinho localizado numa viela da Praça Quinze, depois da Passarela, próximo à ALERJ, do lado direito da São José (se me não falha a memória locativa), gostaria de lembrar do Beco das Sardinhas, no final da Miguel Couto, entre o Largo de Santa Rita e a Rua do Acre, atravessando a Av.Pres.Vargas. Ali, como o próprio nome alude, a vedete é a sardinha. O melhor happy hour de funcionários públicos e profissionais liberais, suburbanos, intelectuais e artistas e demais vagabundos se dá ali, tradicionalmente, até hoje.
E aqui, pela gaúcha RBS TV, acabo de assistir ao programa "Anonymus Gourmet",apresentado pelo advogado, jornalista e escritor, José Antonio Pinheiro Machado, que mistura gastronomia e música e cultura geral. Prato de hoje, ao som de Ornella Vanoni: pedaços de Peixe Anjo com Camarão, Cebola e Tomate na manteiga e azeite, temperado com limão e sal. Tudo na frigideira.
Mais detalhes encontram-se no google em Anonymus Gourmet.
Deveras sensacional!

SAUDAÇÕES TRICOLORES AÍ NO RJ.
E COLORADAS AQUI NO RS.

Jorge Carrano disse...

Caro Ricardo,
Minhas papilas gustativas e meu palato, atiçados por seu cometário e recorrendo aos arquivos memoriais enviaram ao meu cérebro (ainda tenho resquícios) mensagens irresistiveis. Conclusão: boca cheia d'água.
A melhor sardinha na minha opinião é a maromba. A lage, dizem, é mais saborosa, mas em compensação tem mais espinhas. Embora assadas na brasa deixem de fazer diferança.
Agora me explica como depois de percorrer e frequentar este roteiro gastronômico luzitano, você convive com a culinária do chucrute na Serra Gaúcha.
Abraço
PS: participei de um misto de jantar com café colonial, aí em Nova Petrópolis, com direito a show folclórico. Empolguei-me e dancei bastante. Depois de comer e beber à larga.
Abraço

Ricardo dos Anjos disse...

Restaurantes não típicos também abundam por aqui. Trivial variado. Almoço diariamente num deles, o OPA'S e eu e minha cara-metade não gastamos mais de 20 reais os dois. E com direito a suquinho e sobremesa "de grátis" rsrs Quarta-feira é dia de peixe, puré e outros quitutes, na base do self-service. O atendimento ultragentil, de uma rara cordialidade.

Jorge Carrano disse...

Gentileza e cordialidade são traços marcantes do sulista da serra.
No Brasil a cidade de Gramado é disparado a que melhor atende ao turista, de tantas quanto conheci.
Se e quando tiver programado novo passeio pela Serra Gaúcha, pegarei dicas com você, pelo visto um bom gourmet.
Abraço

Riva52 disse...

Acabei de ler o post (sábado 11:15h) e não tem jeito : dar um pulo no Mercado de Peixe e trazer alguma coisa pra Isa fazer à moda dela .... rsrsrs. Provavelmnte lulas ... com nirá ! Schlept !!

Uma das imagens que carrego comigo é a das travessias Niterói-Rio na barcaça de automóveis. Peixes Voadores ! Às vezes a barcaça parava para deixar o casal de peixes-boto passarem. Era deslumbrante. Caramba, sinto até o cheiro da maresia mais limpa daqueles tempos ...

O fatídico 22 de maio de 1957 foi meio aterrorizante para mim, pois estudava no Marília Matoso, e começou um zumzumzum entre as crianças que NIterói estava pegando fogo. Lembro do meu pai encostar o Ford 41 na frente da escola e nos levar para casa.

Bons tempos .... rsrsrs

Sds TRI

Gusmão disse...

É difícil encontrar manjubinha, mesmo no São Pedro.
Amanhã vou tentar comprar, pois fiquei estimulado.
Como o Ricardo, não colocaremos coentro. Berenice também não gosta.
A cerveja já está na geladeira. Dez minutos antes de começar a beber, colocarei no congelador. Ficarão no ponto.
Bem, aqui em casa não tiramos a cabeça do peixinho. Só limpamos e lavamos bem, e frigideira com azeite fervente.

Jorge Carrano disse...

Isso aqui está quase virando um chat, uma sala de bate-papo.
Veleu!
Bom apetite pessoal.

Freddy disse...

Gramado aqui, Orlando nos EUA e Brasiloche, quero dizer, Bariloche na Argentina são exemplos de cidades que nos tratam muito bem. E decerto Gramado tem uma culinária bem variada, mas não tem peixinho frito.
Desculpem minha ausência desse simpático debate, por conta de não atender a meu paladar.
Uma pequena correção, que não invalida o comentário: a revolta das Barcas foi em 1959.
E me faz lembrar também de angustiante noite em 1958, quando o chão tremeu no Pé Pequeno: foi a explosão do paiol de Deodoro, no Rio...
Abraços
Carlos

Freddy disse...

Adendo sobre Deodoro: longe de mim querer comparar minha angústia infantil constatando o tremor nos vidrinhos de remédio andando sobre o criado mudo, ou os copos passeando na cristaleira, com o horror que a população vizinha ao paiol sofreu. Meu sogro, militar, já cansou de me relatar com detalhes o ocorrido.
Abraço
Carlos