8 de março de 2012

OBSOLESCÊNCIA PLANEJADA

Por
Paulo Ricardo M B March


Quando você compra um alimento, arroz, feijão, biscoito… na embalagem vem impresso a data de validade, essa é a data limite para o consumo do alimento, se passar a validade o alimento é considerado inadequado para o consumo.

Já ouviu falar de obsolescência programada? 


É mais ou menos o que descrevi acima, mas a obsolescência programada não acontece com os produtos perecíveis e sim com qualquer produto. Pense na seguinte situação: Você compra uma impressora jato de tinta, imprime, imprime, imprime... De uma hora para outra ela para de imprimir, você pensa que a tinta do cartucho acabou, vai na loja e compra um cartucho novo (sim, um novo, porque sua impressora não aceita um recarregável). Chegando em casa você instala o cartucho novo na impressora, mas mesmo assim não funciona. EUREKA! QUEBROU!

Não, não quebrou, a impressora tem um chip dentro dela que faz a mesma parar de funcionar quando atinge um número máximo de impressões.

A história acima é uma das contadas no documentário espanhol The Light Bulb Conspiracy (A Conspiração da Lâmpada). A obsolescência programada é simples: o produto tem uma “data de validade”, é feito para durar x anos. Quando ele quebra compramos outro e ponto. Quem nunca passou pela situação de um produto quebrar, você leva para concertar, e a autorizada fala que não vale a pena, que é melhor comprar um novo? Para indústria isso é ótimo, pois gera venda e consequentemente lucro para a empresa.

Essa história de obsolescência programada não é recente. O documentário mostra a indústria de lâmpadas, que na década de 1920 elas duravam 2500 horas, e hoje ela dura em média 1000 horas. Porque isso? Não temos tecnologia para fazer uma lâmpada durar mais? ERRADO! Isso ocorre porque em 1920 os fabricantes fizeram um acordo para as lâmpadas durar no máximo 1000 horas, para que nós, consumidores, precisassem comprar mais.


Existe hoje nos EUA, uma lâmpada que está acesa há 110 anos! Não é à toa que temos a impressão que os produtos antigos duravam mais…

Clique no link:

Além da história das lâmpadas, o documentário conta a história de impressoras, meias-calças e até mesmo do iPod, o player de música mais desejado do mundo. Veja abaixo esse sensacional documentário, acho que todos nós deveríamos assistir, tenho certeza que você não irá se arrepender.

 
Além da história das lâmpadas, o documentário conta a história de impressoras, meias-calças e até mesmo do iPod, o player de música mais desejado do mundo. Veja abaixo esse sensacional documentário, acho que todos nós deveríamos assistir, tenho certeza que você não irá se arrepender.


Vídeo do post: YouTube

10 comentários:

Gusmão disse...

Mas os produtos chineses são ordinários mesmo pela própria natureza.
Exploração do homem pelo homem, lembra deste discurso? Utilizam mão-de-obra escrava. Se fosse no Brasil, o patrulhamento dos pseudo-comunas estaria fazendo gritaria.
Quanto ao planejamento da obsolescência, originariamente coisa dos americanos, também é imoral.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Aqui se trata de uma obsolescência premeditada. A vida útil dos bens é abreviada por projeto.
Como você mesmo acentuou, Gusmão, o caso da China é diferente. Seus produtos são de baixa qualidade, em função da qualidade das matérias primas e, também, falta de qualificação da mão-de-obra, que por ser abundante é mal remunerada.
Este quadro, na China, está mudando. Contam-se aos milhares os jovens chineses nas melhores universidades do mundo, fazendo mestrado e doutorado.
Isto terá efeito multiplicador porque na volta, considerando o alto grau de disciplina do povo, o que aprenderam, viram e ouviram, será propagado.
Acho que a China veio para ficar.
No segundo estágio, resolvidas as questões da qualificação da mão-de-obra e melhor seleção de matérias primas, a China entrará neste mundo da obsolescência programada.
Os camelos terão que buscar novas fontes de suprimento. As traquitanas vendidas nas esquinas, "made in China" deixarão de ter preços competitivos.
Abraço

Ricardo dos Anjos disse...

Um tanto quanto extenso, mas repasso este oportuno artigo sobre a obsolescência do ser humano,
publicado por Marcelo Dutra em seu blog tb generalista.

Obsolescência não é exatamente velhice. O dicionário Houaiss conceitua-a como “diminuição da vida útil e do valor de um bem, devido não a desgaste causado pelo uso, mas ao progresso técnico ou ao surgimento de produtos novos”. Você pode comprar um computador hoje. Mesmo sem usá-lo, em pouco tempo estará obsoleto, devido ao progresso técnico ou ao surgimento de computadores mais modernos. Ficar obsoleto significa mais ou menos não dar conta do recado. Uma máquina foi projetada para atender determinadas necessidades e demandas. Quando estas demandas e necessidades são universalmente ampliadas a máquina já não atende. Por exemplo, são demandas universais e atuais que as máquinas sejam eficientes, econômicas, consumam pouca energia e não agridam o meio ambiente, além obviamente de atender ao objetivo principal para para qual foi construída. Uma geladeira com 10 anos de idade consegue resfriar os alimentos à mesma temperatura que uma fabricada hoje, mas não atende aos requisitos de eficiência, economia, baixo consumo energético e não agressão ao meio ambiente.

A vida moderna impõe ao homem um ritmo frenético e um estilo de vida altamente competitivo. Percebe-se claramente que as pessoas têm cada vez mais tarefas a cumprir. O tempo torna-se escasso. As fábricas precisam funcionar dois ou três turnos ininterruptos para atender às crescentes demandas do consumismo. Precisamos fazer mais coisas e mais rapidamente. Nos esportes, quebram-se recordes continuamente, e a vitória de uns sobre outros se dá por frações de segundos. Meios de transporte super rápidos como aviões e trens-bala exigem que seus pilotos tomem decisões rápidas, sob pena de poderem causar grandes desastres. Não há tempo para reflexão. As decisões são fruto de muito treinamento e até mesmo por instinto.

O processo evolutivo dos seres vivos é muito lento. Passam-se centenas ou milhares de anos para um ser perder um órgão que não mais necessita ou adquirir um outro que precisa. O homem é um dos seres mais novos na escala evolutiva dos animais. Sua estrutura corporal e psicológica não está preparada para atender às necessidades modernas. Sua resistência física chegou ao limite. O esqueleto não mais suporta as pressões dos esportes e das competições. Vemos atletas machucados e operados todos os dias. A necessidade de dormir e de lazer não permite que trabalhe muitas horas seguidas.

A ciência busca e apresenta soluções. Roupas especiais, calçados especiais, próteses, implantes, dietas exclusivas com transgênicos, órgãos artificiais já fazem parte do nosso dia-a-dia. Máquinas fazem o trabalho que o homem fazia, com maior produtividade, sem erros, sem sono, sem fazer greve, sem benefícios sociais. Softwares fazem o trabalho que o cérebro não pode fazer. A cibernética toma conta de nossas vidas. O “Cyborg”, antes ficção científica, virou realidade. A biotecnologia é um dos ramos da ciência que mais se expande. Enquanto o corpo humano tenta seguir seu ciclo de vida natural, a ciência busca formas de combater o envelhecimento e o desgaste provocado pelo tempo. É preciso viver mais, para produzir mais, para consumir mais, para ganhar mais dinheiro, para obter mais vitórias, para produzir mais ciência…para viver mais….

Os conflitos éticos são inevitáveis. Aborto para organismos com “defeito”? Pesquisas com embriôes e células-tronco? Vencer a qualquer custo? Trabalhar 14, 15 horas por dia, afastado da família, para atingir o sucesso empresarial?

Não sei qual será o futuro. Qualquer prognóstico tende a ser conservador. Mas o homem em sua essência, como Homo Sapiens, já está em pleno processo de extinção. Não mais dá conta do recado. Ficou obsoleto.

Repasso tb efusivas
SAUDAÇÕES TRICOLORES!

Jorge Carrano disse...

Boa análise comportamental e/ou crônica de costumes do Marcelo Dutra, não é Ricardo? Claro que você também acha, senão porque a teria transrito?
Acho que ele foi muito feliz na abordagem.
Obrigado por repassar para compartilharmos.
Parabéns pela vitória do Flu. Cumprimentos que estendo ao Riva52 e a Ana Maria, sabidamente tricolores.
Abraços

Freddy disse...

Gostei muito do comentário do Marcelo Dutra, repassado pelo Ricardo dos Anjos. Eu também partilho da teoria que não temos mais condições de seguir a velocidade do cotidiano. Nem fisicamente (até dá pra quebrar um galho com medicina de última geração) nem socialmente (prevejo um caos, já externado no meu recente texto "Profetizando o Apocalipse").

Gostei também do comentário do Gusmão - imoralidade americana na criação da obsolescência programada. Somo a isso outra imoralidade, essa absorvida imediatamente pela indústria e comércio tupiniquim: prazos de validade bem menores que os reais dos produtos, estimulando o descarte de itens ainda servíveis.

Tenho um exemplo (polêmico, admito): uso até hoje com sucesso um talco para os pés do Dr Scholl adquirido na Alemanha em 1977. O similar brasileiro tem validade declarada de 3 anos.

Quanto ao YouTube, vou abrir uma cerveja e me preparar para os 52 minutos de vídeo.

Abraço
Carlos

Ricardo dos Anjos disse...

Uma pergunta, Carrano: esquecemo-nos das mulheres em seu dia internacional? A crônica, o comentário de hoje do Arnaldo Jabor na CBN deve ser escutável por todos nós. E este blog tem o dever de tocar no assunto que, certamente, se tornará inesgotável, tal a diversidade da própria mulher. Vamos encarar e postar algo sobre, com seriedade ou
chiste.

Jorge Carrano disse...

Caro Ricardo,
Você acaba de ser aclamado relator de nossas homenagens as mulhtres.
Mente e mão a obra.
PS: esse negócio de homenagear mulher, no meu tempo de guri (já que você está no sul)tinha outra conotação. Alguma coisa relacionada a se possuir (no dizer maravilhoso do Martinho da VIla)com uma musa na mente.
Aguardo o texto.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Ricardo,
Esse menta (e mão) a obra, no duplo sentido, por favor.
Mente (verbo) faltando com a verdade; e mente, intelecto, espirio, alma (rs).
Abraço

Ricardo dos Anjos disse...

Captei a vossa mensagem, claríficativo mestre!
Vou obrar (nos dois sentidos rsrs).

Jorge Carrano disse...

Estou meio atarefado hoje, dai ter empastelado tudo.
Laia-se "mente" e não menta, e leia-se espirito.