Ricardo Augusto dos Anjos
DIA INTENCIONAL DA MULHER
O homem tem intenções. Primeiras, segundas, terceiras. Sobretudo quando se trata de mulher. Ou mulheres. E estas, idem. Daí, minha intenção maior é homenageá-las condignamente neste dia convencionado à lembrança delas, como se fosse possível esquecê-las.
Responsáveis que são pela geração e exageração da família humana, procuro abraçá-las, beijá-las e literalmente cantá-las (não necessariamente nessa ordem).
Como faço agora, pedindo vênia e paciência aos meus colegas de blog e leitorado genérico.
Eis aí, de minha lavra e exclusiva responsabilidade:
DENSA SOLIDÃO
Nunca vejo aquela linda mulher acompanhada. Sei que ela tem casa e família. Mas também uma solidão colada no corpo e na alma. E essa solidão é nítida em seus maravilhosos olhos – piscina de água clara que inundam a paisagem de azul. O sorriso, tímido, de sol de pondo.
Quem vê essa mulher, não ousa questioná-la, nem animá-la para a vida que se tem por normal. Porque ela (a mulher) é um mistério, para ser vista de longe, apreciada com grande respeito. E sua solidão é sólida, densa, mas não incomoda. Só é intrigante, e passa tédio. Ela (a mulher) chega a ser atraente, pois é frugal, comedida, mas não mendiga amor nem companhia.
Sente-se. Essa mulher é para ser sentida com antenas de fina sensibilidade. Musa ideal de poetas que insistem em cantar o amor platônico neste tempo de tecnologia de ponta que não aponta absolutamente para o íntimo, para os abismos do ser humano. Nem para o céu.
AGROLÍRICA
por uma questão de pele e de odor
é que me lanço à beira do teu corpo
e olho longamente o campo a cultivar.
são todas as razões do frio à primavera
que fazem de mim um camponês ansioso
com gestos de sol e chuva na seara
de um amor que canto ao fim dos dias.
os contornos das palavras semeadas
incham a terra num latejo de origem
prelúdio do trigo ao sonho dos ventos
vivos cabelos na angústia dos meus dedos
até que sature de raízes a madrugada
dos sentidos e durma no rio consciente
do espanto ou das delícias da colheita.
9 comentários:
Mulheres da minha vida, no passado, no presente e, quiça, no futuro.
Não teria feito homenagem por absoluta falta de talento. Temos discutido aqui no blog, nos últimos posts, o uso e manejo das palavras, manuscritas ou digitadas, com abreviações tuiteiras ou não. Mas tudo em tese.
Na prática tive que recorrer ao amigo poeta, até porque foi quem nos alertou sobre a data. Ficou responsável ad hoc.
Ele pede vênia aos homens que estejam passando por aqui agora, e eu aproveito para pedir vênia a ele para subscrever sua (his) prosa poética.
Abraços e beijos às mulheres e agradecimentos efusivos ao Ricardo dos Anjos.
Posso assinar também?
Licença poeta!
Viva as mulheres, ser mais parecido com o homem de que se tem notícia. Apenas alguns poucos neurônios a menos.
Ainda bem que Bernice, viajando, não deve estar acessando o blog (rs).
Abraços
Gusmão, te cuida.
Ocorrem-me, agora, os versos do Chico, sobrinho do Aurélio, que cantarei para Wanda:
"Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas"
PARA MEU AMIGO RICARDO
Cante a humanidade, caro poeta
Pois dela somos o sumo o húmus
Porque para a mulher há um dia
Não temos o que comemorar...
Um dia para ganhar rosa, versos e
Talvez não ir ao fogão requentar
A ira da família ou ao tanque
Secar a água da torneira? Poeta,
A vida para todos nós é salobra
De parco trato. Repare a cada gesto
Como as palavras desaparecem da boca
E cai uma chuva tosca no deserto faminto.
E o som, ah, poeta, ficou no abismo
Enlaçado com frases corriqueiras
E palavras em mal uso.
Portanto, a cava voz fez-se surda.
Para sempre . Não por falta de vogal
Mas excesso de ruído e ausência
De conteúdo.
Tão bom se o mundo mudo!
(hábito de pontear com você)
Bravo, Ester!!!
por favor, quem é o anônimo, Ricardo?
Querida Esther,
Vou te responder por e-mail, posto que não tenho certeza absoluta. Desconfio de quem seja, em razão do comentário feito pelo mesmo anônimo no post seguinte.
Uma coisa é certa: não é o Ricardo.
Beijo
Não, Esther, não sou eu. Vc sabe que não a deixarei sem réplica poética, como dantes no face book, pois eu tb gosto de pontear com você sempre em concretos versos.
Gente, tô achando difícil seguir o nível do blog! Não sou bom em poesia. Consigo apreciar, mas não replicar.
OK, mandem brasa! A gente vai curtir!
Abraços
Carlos
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