8 de março de 2012

CARTA DA SERRA GAÚCHA - RS



Por
Ricardo Augusto dos Anjos




DIA INTENCIONAL DA MULHER

O homem tem intenções. Primeiras, segundas, terceiras. Sobretudo quando se trata de mulher. Ou mulheres. E estas, idem. Daí, minha intenção maior é homenageá-las condignamente neste dia convencionado à lembrança delas, como se fosse possível esquecê-las.

Responsáveis que são pela geração e exageração da família humana, procuro abraçá-las, beijá-las e literalmente cantá-las (não necessariamente nessa ordem).

Como faço agora, pedindo vênia e paciência aos meus colegas de blog e leitorado genérico.
Eis aí, de minha lavra e exclusiva responsabilidade:

DENSA SOLIDÃO

         Nunca vejo aquela linda mulher acompanhada. Sei que ela tem casa e família. Mas também uma solidão colada no corpo e na alma. E essa solidão é nítida em seus maravilhosos olhos – piscina de água clara que inundam a paisagem de azul. O sorriso, tímido, de sol de pondo.

         Quem vê essa mulher, não ousa questioná-la, nem animá-la para a vida que se tem por normal. Porque ela (a mulher) é um mistério, para ser vista de longe, apreciada com grande respeito. E sua solidão é sólida, densa, mas não incomoda. Só é intrigante, e passa tédio. Ela (a mulher) chega a ser atraente, pois é frugal, comedida, mas não mendiga amor nem companhia.

         Sente-se. Essa mulher é para ser sentida com antenas de fina sensibilidade. Musa ideal de poetas que insistem em cantar o amor platônico neste tempo de tecnologia de ponta que não aponta absolutamente para o íntimo, para os abismos do ser humano. Nem para o céu.


AGROLÍRICA
por uma questão de pele e de odor
é que me lanço à beira do teu corpo
e olho longamente o campo a cultivar.
são todas as razões do frio à primavera
que fazem de mim um camponês ansioso
com gestos de sol e chuva na seara
de um amor que canto ao fim dos dias.


os contornos das palavras semeadas
incham a terra num latejo de origem
prelúdio do trigo ao sonho dos ventos
vivos cabelos na angústia dos meus dedos
até que sature de raízes a madrugada
dos sentidos e durma no rio consciente
do espanto ou das delícias da colheita.
  

9 comentários:

Jorge Carrano disse...

Mulheres da minha vida, no passado, no presente e, quiça, no futuro.
Não teria feito homenagem por absoluta falta de talento. Temos discutido aqui no blog, nos últimos posts, o uso e manejo das palavras, manuscritas ou digitadas, com abreviações tuiteiras ou não. Mas tudo em tese.
Na prática tive que recorrer ao amigo poeta, até porque foi quem nos alertou sobre a data. Ficou responsável ad hoc.
Ele pede vênia aos homens que estejam passando por aqui agora, e eu aproveito para pedir vênia a ele para subscrever sua (his) prosa poética.
Abraços e beijos às mulheres e agradecimentos efusivos ao Ricardo dos Anjos.

Gusmão disse...

Posso assinar também?
Licença poeta!
Viva as mulheres, ser mais parecido com o homem de que se tem notícia. Apenas alguns poucos neurônios a menos.
Ainda bem que Bernice, viajando, não deve estar acessando o blog (rs).
Abraços

Jorge Carrano disse...

Gusmão, te cuida.

Ocorrem-me, agora, os versos do Chico, sobrinho do Aurélio, que cantarei para Wanda:

"Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas"

esther disse...

PARA MEU AMIGO RICARDO

Cante a humanidade, caro poeta
Pois dela somos o sumo o húmus
Porque para a mulher há um dia
Não temos o que comemorar...

Um dia para ganhar rosa, versos e
Talvez não ir ao fogão requentar
A ira da família ou ao tanque
Secar a água da torneira? Poeta,

A vida para todos nós é salobra
De parco trato. Repare a cada gesto
Como as palavras desaparecem da boca
E cai uma chuva tosca no deserto faminto.

E o som, ah, poeta, ficou no abismo
Enlaçado com frases corriqueiras
E palavras em mal uso.
Portanto, a cava voz fez-se surda.

Para sempre . Não por falta de vogal
Mas excesso de ruído e ausência
De conteúdo.
Tão bom se o mundo mudo!
(hábito de pontear com você)

Anônimo disse...

Bravo, Ester!!!

esther disse...

por favor, quem é o anônimo, Ricardo?

Jorge Carrano disse...

Querida Esther,
Vou te responder por e-mail, posto que não tenho certeza absoluta. Desconfio de quem seja, em razão do comentário feito pelo mesmo anônimo no post seguinte.
Uma coisa é certa: não é o Ricardo.
Beijo

Ricardo dos Anjos disse...

Não, Esther, não sou eu. Vc sabe que não a deixarei sem réplica poética, como dantes no face book, pois eu tb gosto de pontear com você sempre em concretos versos.

Freddy disse...

Gente, tô achando difícil seguir o nível do blog! Não sou bom em poesia. Consigo apreciar, mas não replicar.
OK, mandem brasa! A gente vai curtir!
Abraços
Carlos