13 de agosto de 2011

Press & News

Assunto que preocupou o mundo inteiro, o risco de calote americano* foi objeto de excelente crônica do Veríssimo. O estilo inconfundível (irônico, sutil, ácido, mordaz, ou tudo isso junto) está afinadíssimo. A primeira frase já é um primor: “Fora os falsários, só americanos podem imprimir dólar”. E porque o dólar, apesar dos pesares, ainda é a moeda padrão de troca e reserva, ele narra uma situação hipotética, a partir do crédito enorme que os chineses têm decorrente de letras do tesouro americano que possuem.

O comitê central teria convocado uma reunião de emergência para analisar a crise econômica americana. Alguém disse: “Mas que capitalismo de araque é este?” E outro: “Em que mundo vivemos, se não se pode mais confiar nem no tesouro americano?!”

Bem, não vou continuar transcrevendo a crônica (quem quiser leia em O Globo, edição de 07.08.11), mas vou contar a conclusão, que é impagável, no sentido de hilariante, engraçado. Impagável mesmo é a dívida americana pelo visto.

Mas vamos ver como arremata o Veríssimo. A hipotética reunião do comitê central chega a conclusão que devem executar a divida americana e como eles não têm como pagar, a China compra os Estados Unidos, pelo valor do crédito que possuem. A primeira medida seria substituir o “moreno” por um presidente vitalício e um comitê central para controlá-lo. E alguém arremata: “Vamos mostrar a estes americanos como se faz capitalismo de verdade’. A este comentário outro membro presente a reunião teria dito: ” “Grande! E teremos outra vantagem, comprando os Estados Unidos”. O interlocutor completa: “Sei o que você vai dizer. A Julia Roberts será nossa”. “Melhor do que isso” - diz o proponente da compra - “Vamos poder imprimir dólar”.

Humor é isto, o resto é Zorra Total, na Globo.

Ainda no terreno do humor, este se não negro, pelo menos cinza chumbo, está na coluna do Ancelmo Góis, que pinçou no Facebook: “No céu estão Amy Winehouse, Jimmy Hendrix, Jim Morrinson, metade dos Beatles, Fred Mercury, Janis Joplin, Elvis Presley, Michael Jackson...Está vendo, mais vale morrer do que ir ao Rock in Rio”. Como dia o próprio Ancelmo – Faz sentido.

Sob o titulo e analisando o “espírito de solidariedade”, Martha Medeiros, nos conta a historio de um grupo de aposentados japoneses, na maioria engenheiros, que está se oferecendo para substituir trabalhadores mais jovens no perigoso (envolve altos níveis de radioatividade) trabalho de manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi afetada pelo terremoto recente.

Um deles, são cerca 200 (o que denota que não é um caso isolado), tem procurado convencer o governo sobre as vantagens, argumentando que em média,poderá viver mais 15 anos; já o cancervindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para se manifestar. Logo, porque são mais velhos, eles teriam menos riscos de desenvolver a doença. E conta a articulista/cronista: “Cidadãos que estão na faixe entre 60 e 70 anos, muitos inativos, querem dar sua última contribuição à sociedade, liberando os jovens de um trabalho que poderá subtrair muitos anos de suas vidas. Os japoneses estão acostumados a transformar intempéries em oportunidades. O gesto destes aposentados nada tem de coração mole. E conclui Martha: “É essa visão macroscópica da funcionalidade que faz evoluir um país”. Não é que é mesmo!


Muito comentada a titude do jogador Kleber, do Palmeiras, que ignorando o “fair play”** (comportamento criado pelo nosso querido Garrincha, de forma pura e espontânea em jogo de copa do mundo), ao receber a bola  - ele Kleber, repito - partiu em direção à meta do adversário na intenção de fazer o goal. Evidentemente que surpreendeu a equipe contrária, que esperava o gesto de retribuição, com a devolução da posse de bola. Quase sai o goal.

Na Inglaterra. Não faz muito tempo, um gesto deste, praticado por jogador de uma equipe que não lembro, levou à revolta os próprios companheiros, que como forma de lavar a honra e reconquistar a dignidade perdida, permitiu que o adversário fizesse um goal, para igualar a situação criada pela esperteza/oportunismo daquele que ignorou a regra tacitamente estabelecida. A torcida aplaudiu o gesto dos jogadores.

 A cantora americana de jazz Stacey Kent, da-nos a alguns de nós, uma lição. Kent graduou-se em literatura comparada no Sarah Lawrence College em Nova Iorque, e mudou-se para Inglaterra após sua graduação para estudar na Guildhall School of Music and Drama, em Londres. Nesta cidade conheceu o saxofonista, Jim Tomlinson, com quem casou em 1991.  No último verão, o terceiro consecutivo, ela e o marido passaram 7 semanas em curso  de idiomas no Estados Unidos, estudando português. Além disso, o casal tem como professor um poeta português. Em entrevista a Veja Rio, respondeu a uma pergunta sobre que músicas brasileiras pretendia gravar:  dizendo-se apaixonada pela literatura brasileira e que esta é a razão maior do seu interesse pelo idioma, declarou estar lendo Machado de Assis, citando nominalmente os contos A Chinela Turca e  O Alienista. Já leu Lima Bareto e Erico Veríssimo.
E você cara pálida, o que já leu do pai do Luis Fernando, citado no primeiro bloco acima, e de Lima Barreto autor de O Homem que Sabia Javanês e  Triste Fim de Policarpo Quaresma ?



Fotos: Google imagens

* Vejam este tema tratado a sério em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/08/notas-de-credito-credit-rating-e-sua.html

** Significado: Expressão inglesa que significa estar de conformidade com a regra estabelecida; aceitação serena, elegante , de uma situação que lhe é adversa.

4 comentários:

Carlos Frederico disse...

Carrano,sobre a crise:

Continuo achando que tem truta por trás da crise americana. Não faz sentido a maior potência militar e econômica do planeta abaixar as calças e ficar de quatro, ainda mais em atitude espontânea, própria. Não conheço nem política nem economia o suficiente para aquilatar, mas meu bom senso se recusa a aceitar. Só isso.

<;o) Carlos

Carlos Frederico disse...

Carrano, sobre Rock in Rio

Como fã de rock em algumas de suas vertentes e espectador de sua 1. edição em 85, acho que o Medina deveria mudar o nome do evento. Sabemos que na Europa a marca deixou de ser atrelada apenas ao rock, e os vários festivais que têm lá ocorrido são bem ecléticos. Medina afirma que usa a palavra rock metaforicamente, como uma atitude aberta em relação à música, etc etc etc.

Bom, ele tem o direito de fazer o que quiser, mas o bom senso pede ao menos jamais misturar no mesmo dia estilos radicalmente diferentes. Mais: dar aos compradores de ingressos pleno conhecimento do line-up de cada dia/noite, para evitar frustrações e revolta.

Não sei se isso aconteceu, até porque os ingressos já foram vendidos antes de se conhecer as atrações... Será que cada um conseguiu reservar a posteriori a noite desejada?

>:o( Carlos

Carlos Frederico disse...

Carrano, sobre fair play

Antigamente, bola ao chão era um recurso decorrente da necessidade de se dar andamento ao jogo depois de uma interrupção pelo árbitro, com a bola sendo jogada entre os adversários que se mantinham a certa distância regulamentar da bola e a atacavam a seguir. Uma atitude de continuidade da disputa.

Por conta de muitas vezes o jogo ter sido interrompido com a posse de bola claramente definida por um dos times, inventaram esse recurso da regra ser "obedecida na forma, mas não no conteúdo": tocaria na bola o time que estivesse com ela no momento da interrupção.

Ora, é uma atitude, não uma obrigatoriedade. Kleber, de discutível índole, não transgrediu regra alguma, apenas não foi gentil. Que se escolham jogadores éticos (existe isso?) para executar a nova versão do "bola ao chão".

<;o) Carlos

Carlos Frederico disse...

Carrano, sobre cultura

Não, eu não li - depois da escola fundamental - nenhum livro importante da literatura brasileira. Nem da estrangeira. Minha praia sempre foi outra: música, artes, ciências (destaque para astronomia), de modo que não me sobrou muito tempo para literatura.

No entanto percebo o exemplo dado. O brasileiro não tem o hábito de se empenhar em aumentar seu nível cultural lateralmente. No máximo estuda o que for necessário para sua profissão, nem um desvio da rota.

Na cola do exemplo dado, conheci em NY um vendedor da imensa loja de equipamentos audio visuais B&H, o Moses. Judeu ortodoxo, daqueles com barba, trancinhas e indumentária característica (como todos na loja), ele conhecia 10 (eu falei dez) línguas. Atendeu-nos em bom português e ainda fez questão de debater comigo o que eu estava a comprar, pois tinha dúvidas quanto a um dos itens escolhidos, um caríssimo flash. Achava que eu deveria levar um mais modesto tendo em vista o padrão da compra que eu estava fazendo(!).

É... Nós ainda temos um longo caminho a percorrer até chegarmos ao Primeiro Mundo...

8-) Carlos