4 de setembro de 2015

O poder econômico

Todos os casos e episódios aqui relatados ocorreram há muitos anos. Têm um ponto em comum: o poder econômico.

Abilio Pereira de Almeida, autor e ator teatral, escreveu a peça “O Bezerro de Ouro”. O texto ridicularizava os Matarazzo. Naquela época o Conde ainda era proprietário de um vasto império, que se diluiu e esfacelou por gestão incompetente (mas isto é para outra história).

O fato é que além das  indústrias em diferentes ramos, o grupo econômico tinha banco, hospital e ampla atividade agrária. Mais tarde também comércio, com rede de supermercados.

Na supracitada peça o ator Raul Cortez vivia um engenheiro injustamente demitido pelo Grupo Matarazzo, e por isso revoltado. 

Bem, a peça virou reportagem da revista Status, que deu cores ainda mais fortes aos procedimentos das indústrias do conde italiano.

Ermelino, um dos filhos do conde, apoiado pelos irmãos, determinou a quem de direito na alta administração do grupo que fizesse contato com a editoria da revista ameaçando cortar veiculação de anúncios e ainda insuflar outras empresas industriais a que fizessem o mesmo. Pretendia primeiro impedir a reportagem, depois que fossem recolhidos das bancas  os exemplares postos a venda.

Clara manifestação de poder econômico.

No ano de 1966 a Cia. Fiat Lux, de Fósforos, patrocinou a CBD (antecessora da CBF) durante a Copa do Mundo que seria realizada na Inglaterra. Tinha tudo a ver pois parte do capital da companhia era inglês.

Pois bem, além disso a empresa patrocinava um programa esportivo na Rádio Tupi, no qual o comentarista Rui Porto analisava os preparativos da seleção (convocação, amistosos, etc).

Num dado programa o Rui Porto resolveu fazer severas críticas a CBD e em especial ao presidente João Havelange. Ora, Havelange estava mantendo negociações (patrocínio) com a Fiat Lux e não caia bem o Porto ficar criticando o presidente da entidade num programa patrocinado pela empresa de fósforos.

Bem, o contato com a direção da emissora de rádio foi no sentido de ou afastar o Rui Porto ou amordaça-lo em termos de criticas ao Havelange, sob pena de retirada do patrocínio do programa esportivo e outras inserções de anúncios na programação da emissora de rádio.

Para os saudosistas, no link um dos comerciais televisivos da Fiat Lux:
https://www.youtube.com/watch?v=KKZXnVZaTjI&index=19&list=PL8218F6CF963339DE

Clara  manifestação de poder econômico.

Chico Anysio, imortal por sua obra, criou entre muitos outros, um personagem que sabia que tinha e usava seu poderio financeiro: chamava-se Coronel Limoeiro.

Este coronel – o personagem - a par de ser casado com Maria Tereza (bonita atriz cujo nome não recordo), usava e abusava do  seu poder econômico.

Bem, num dos episódios o coronel se vê cercado por jagunços que portavam aquelas espingardas antigas, e que queriam assalta-lo. O coronel morre de rir e virando-se para a assustada Maria Tereza, comenta: “viste Maria Tereza, eles querem enfrentar o poder econômico”. E já agora dirigindo-se aos jagunços pergunta: "quanto vocês querem nas espingardas? Compro todas agora".

Assistam, no YouTube, um dos quadros do personagem: https://www.youtube.com/watch?v=sJWkTCqbx5Q

Clara manifestação de poder econômico.

Estes fatos me ocorreram agora por causa da Rede Globo. Não interessa ao empresariado privado a orientação ideológica de governo petista. Então porque este mesmo empresariado não  se reúne e decide peitar a Rede Globo, tipo assim: ou para de colaborar com este governo corrupto, incompetente e de tendência esquerdista, ou adeus patrocínios.

Simples assim.


Nota do editor: 
1) se preferirem uma ação menos agressiva, façam migrar para outros canais suas verbas publicitárias. Fortaleçam SBT, Record, Rede TV e Bandeirantes.
2) Nesta entrevista cujo link vai a seguir, o ator Raul Cortez fala da peça na qual atuou:

2 comentários:

Jorge Carrano disse...

CORONEL LIMOEIRO – João Pessoa do Limoeiro era um rico fazendeiro nordestino que não largava o charuto e morria de ciúmes da mulher Maria Tereza (Monique Evans), uma vedete que passou a acompanhá-lo por interesse. Ele se gabava: “Isso me ama!”.

Informação enviada pelo Paulo Bouhid via e-mail.

Riva disse...

Não dá para migrar para outras emissoras, nem fortalece-las.
O que manda é o IBOPE. E a GLOBO tem melhor índice nos horários mais nobres.
E as empresa querem visibilidade.

Não sei quanto a vcs, mas eu me sinto mal só em ouvir a voz do Faustão e da Regina Casé .... e infelizmente é o que a maioria vê.

E eu, não vejo reversão nesse quadro trágico.