10 de junho de 2013

Vencedores e perdedores em conflito ideológico? Em cenário emocional?

Publico este texto porque reflete, à perfeição, o que penso a respeito desta página da história recente do Brasil. Quem me alegra participando do blog, comentando ou não, sabe que já externei a mesma avaliação, apenas com outras palavras, certamente menos eloquentes e mais pobres em forma e conteúdo.

Por Alexandre Paz Garcia
"Gostaria de dizer algumas coisas sobre o que aconteceu no dia 31/03/1964 e nos anos que se seguiram. Porque concluo, diante do que ouço de pessoas em quem confio intelectualmente, que há algo muito errado na forma como a história é contada. Nada tão absurdo, considerando as balelas que ouvimos sobre o "descobrimento" do Brasil ou a forma como as pessoas fazem vistas grossas para as mortes e as torturas perpetradas pela Igreja Católica durante séculos. Mas, ainda assim, simplesmente não entendo como é possível que esse assunto seja tão parcial e levianamente abordado pelos que viveram aqueles tempos e, o que é pior, pelos que não viveram.
Nenhuma pessoa dotada de mediano senso crítico vai negar que houve excessos por parte do Governo Militar. Nesta seara, os fatos falam por si e por mais que se tente vislumbrar certos aspectos sob um prisma eufemístico, tortura e morte são realidades que emergem de maneira inegável.
Ocorre que é preciso contextualizar as coisas. Porque analisar fatos extirpados do substrato histórico-cultural em meio ao qual eles foram forjados é um equívoco dialético (para os ignorantes) e uma desonestidade intelectual (para os que conhecem os ditames do raciocínio lógico). E o que se faz com relação aos Governos Militares do Brasil é justamente ignorar o contexto histórico e analisar seus atos conforme o contexto que melhor serve ao propósito de denegri-los.
Poucos lembram da Guerra Fria, por exemplo. De como o mundo era polarizado e de quão real era a possibilidade de uma investida comunista em território nacional. Basta lembrar de Jango e Janio; da visita à China; da condecoração de Guevara, este, um assassino cuja empatia pessoal abafa sua natureza implacável diante dos inimigos.
Nada contra o Comunismo, diga-se de passagem, como filosofia. Mas creio que seja desnecessário tecer maiores comentários sobre o grau de autoritarismo e repressão vivido por aqueles que vivem sob este sistema. Porque algumas pessoas adoram Cuba, idolatram Guevara e celebram Chavez, até. Mas esquecem do rastro de sangue deixado por todos eles; esquecem as mazelas que afligem a todos os que ousam insurgir-se contra esse sistema tão "justo e igualitário". Tão belo e perfeito que milhares de retirantes aventuram-se todos os anos em balsas em meio a tempestades e tubarões na tentativa de conseguirem uma vida melhor.
A grande verdade é que o golpe ou revolução de 1964, chame como queira, talvez tenha livrado seus pais, avós, tios e até você mesmo e sua família de viver essa realidade. E digo talvez, porque jamais saberemos se isso, de fato, iria acontecer. Porém, na dúvida, respeito a todos os que não esperaram sentados para ver o Brasil virar uma Cuba.
Respeito, da mesma forma, quem pegou em armas para lutar contra o Governo Militar. Tendo a ver nobreza nos que renunciam ao conforto pessoal em nome de um ideal. Respeito, honestamente.
Mas não respeito a forma como esses "guerreiros" tratam o conflito. E respeito menos ainda quem os trata como heróis e os militares como vilões. É uma simplificação que as pessoas costumam fazer. Fruto da forma dual como somos educados a raciocinar desde pequenos. Ainda assim, equivocada e preconceituosa.
Numa guerra não há heróis. Menos ainda quando ela é travada entre irmãos. E uma coisa que se aprende na caserna é respeitar o inimigo. Respeitar o inimigo não é deixar, por vezes, de puxar o gatilho. Respeitar o inimigo é separar o guerreiro do homem. É tratar com nobreza e fidalguia os que tentam te matar, tão logo a luta esteja acabada. É saber que as ações tomadas em um contexto de guerra não obedecem à ética do dia-a-dia. Elas obedecem a uma lógica excepcional; do estado de necessidade, da missão acima do indivíduo, do evitar o mal maior.
Os grandes chefes militares não permanecem inimigos a vida inteira. Mesmo os que se enfrentam em sangrentas batalhas. E normalmente se encontram após o conflito, trocando suas espadas como sinal de respeito. São vários os exemplos nesse sentido ao longo da história. Aconteceu na Guerra de Secessão, na Segunda Guerra Mundial, no Vietnã, para pegar exemplos mais conhecidos. A verdade é que existe entre os grandes Generais uma relação de admiração.
A esquerda brasileira, por outro lado, adora tratar os seus guerrilheiros como heróis. Guerreiros que pegaram em armas contra a opressão; que sequestraram, explodiram e mataram em nome do seu ideal. 
E aí eu pergunto: os crimes deles são menos importantes que os praticados pelos militares? O sangue dos soldados que tombaram é menos vermelho do que o dos guerrilheiros? Ações equivocadas de um lado desnaturam o caráter nebuloso das ações praticadas pelo outro? Penso que não. E vou além.
A lei de Anistia é um perfeito exemplo da nobreza que me referi anteriormente. Porque o lado vencedor (sim, quem fica 20 anos no poder e sai porque quer, definitivamente é o lado vencedor) concedeu perdão amplo e irrestrito a todos os que participaram da luta armada. De lado a lado. Sem restrições. Como deve ser entre cavalheiros. E por pressão de Figueiredo, ressalto, desde já. Porque havia correntes pressionando por uma anistia mitigada.
Esse respeito, entretanto. Só existiu de um lado. Porque a esquerda, amargurada pela derrota e pela pequenez moral de seus líderes nada mais fez nos anos que se seguiram, do que pisar na memória de suas Forças Armadas. E assim seguem fazendo. Jogando na lama a honra dos que tombaram por este país nos campos de batalha. E contaminando a maneira de pensar daqueles que cresceram ouvindo as tolices ditas pelos nossos comunistas. Comunistas que amam Cuba e Fidel, mas que moram nas suas coberturas e dirigem seus carrões. Bem diferente dos nossos militares, diga-se de passagem.
Graças a eles, nossa juventude sente repulsa pela autoridade. Acha bonito jogar pedras na Polícia e acha que qualquer ato de disciplina encerra um viés repressivo e antilibertário. É uma total inversão de valores. O que explica, de qualquer forma, a maneira como tratamos os professores e os idosos no Brasil.
Então, neste 31 de março, celebrarei aqueles que se levantaram contra o mal iminente. Celebrarei os que serviram à Pátria com honra e abnegação. Celebrarei os que honraram suas estrelas e divisas e não deixaram nosso país cair nas mãos da escória moral que, anos depois, o povo brasileiro resolveu por bem colocar no Poder.
Bem feito. Cada povo tem os políticos que merece. 
Se você não gosta das Forças Armadas porque elas torturaram e mataram, então, seja, pelo menos, coerente. E passe a nutrir o mesmo dissabor pela corja que explodiu sequestrou e justiçou, do outro lado. Mas tenha certeza que, se um dia for necessário sacrificar a vida para defender nosso território e nossas instituições, você só verá um desses lados ter honradez para fazê-lo.

Este texto, segundo consta, foi publicado no Facebook. Como não frequento esta rede social, não sei se procede. Mas procura daqui, procura dali, descobri o seguinte alerta ao final em  http://lojanavegantesdooriente.blogspot.com.br/2013/05/31-de-marco-de-64-por-alexandre-garcia.html . Entrei no sitio e efetivamente lá está o texto.

O texto acima foi postado no facebook por seu autor, Alexandre PAZ Garcia, Analista Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, no endereço a seguir: https://www.facebook.com/alexandre.p.garcia.5/posts/439856962764355.
Assim, para que se evite confusão, o autor não foi o jornalista Alexandre Garcia, apresentador, comentarista de telejornais, colunista político e conferencista brasileiro, cujo nome completo é Alexandre EGGERS Garcia (confira http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Garcia).
Antonio Lopes

6 comentários:

Gusmão disse...

Não tem uma "Comissão da Verdade"? O papel principal da malsinada comissão não é apurar e registrar e divulgar a verdade sobre os acontecimentos relacionados a revolução de 1964, ou ditadura militar como preferem os esquerdistas?
Abraços

Jorge Carrano disse...

Não me faça rir, meu caro Gusmão.
Esta comissão tem por finalidade apurar a verdade deles. Você deve ter lido um pouco de Nietzsche. Nós temos a nossa verdade.
O objetivo é claro, e se chama revanchismo e/ou obtenção de vantagens, pois como disse o Millôr, a esquerda festiva não atuava por idealismo, mas por fisiologismo.
Aliás que a VEJA que está nas bancas tem uma matéria de capa sobre um dos líderes dos perdedores, que foca exatamente neste aspecto da personalidade do Zé Dirceu, ou que nome tenha neste momento.

Riva disse...

Texto fortíssimo, e cruel para muitos ....

Vou guardá-lo.

Freddy disse...

Texto bem equilibrado, recheado de verdades.
A parte que mais me incomoda no momento é a "pequenez moral dos líderes da esquerda", porque por mero acaso histórico é quem está no poder, mandando e desmandando, lastreados democraticamente por votos de gente também pequena e ignorante, manipulável.
=8-/
Freddy

Riva disse...

Olha, estou de cabelos em pé com nosso futuro.

Pelo andar da carruagem, com o povo votando da forma como tem votado (somos minoria), com a desordem social e urbana que vejo por todos os cantos por onde ando, com os valores que vejo valorizados nas mídias .... vem aí um Brasil que não desejo para meus filhos, netos e bisnetos. Vem o kaos com K !

Não estarei por aqui, infelizmente, porque gostaria de estar junto aos meus para tentar ajudar, orientar. Estarei torcendo por eles esteja eu onde estiver !

E o texto ...já guardei. Uma pérola. 100% alinhado comigo também, amigo Carrano.

Ana Maria disse...

Texto muito bem escrito. Nenhum dos fatos expostos pode ser refutado.Também estou assustada como o Riva, mas creio que o "Kaos" está mais próximo do que ele imagina.
Quanto a "Comissão da Verdade" servirá para dar aval a gordas indenizações aos guerrilheiros.