7 de junho de 2013

Há 50 anos ...

Por 
Ana Maria Carrano


Há 50 anos, para ser mais precisa, no dia 07 de junho de 1963 faleceu, em Niterói, aos 57 anos um homem incrível que, por sorte minha , era meu pai.

Fernando da Motta Carrano era um sujeito  decente . Oriundo de família de classe média , filho de um tipógrafo e uma dona de casa, foi uma menino suficientemente rebelde para merecer matrícula no Colégio Salesiano de Niterói em regime de internato.

Assustado com a morte de colegas de quarto, atingidos pela  Gripe Espanhola, pediu ao pai para ir para casa. Com a recusa deste, não hesitou em fugir do Colégio para se refugiar na residência de tios. Pouco tempo depois, notando que sua presença interferia na relação dos tios com seu pai, arranjou emprego e colocou o pé na estrada.

A partir daí, fez da vida sua escola . Creio que foi bem sucedido, pois conheci um pai honrado, batalhador e admirado por seus pares.

Na minha infância, não foi um pai presente. Seria difícil para um homem que trabalhava em dois empregos durante a semana além de, durante bom período, empenhar-se em garantir uns trocados, nos fins de semana, como baterista em uma Gafieira no centro de Niterói.

Quando entrei na adolescência e estando ele com menor carga de trabalho, pude usufruir de sua companhia e com ele aprender boa parte do que me tornei.

Fernando da Motta Carrano
Mantínhamos longas conversas e imensos silêncios nas noites que varava na saleta que fazia de escritório. Era ele também que me levava a Cultura Inglesa  duas vezes por semana, assim como havia levado meu irmão para as aulas na Av. Ari Parreiras.

Era carismático e vivia cercado de amigos . Gostava de festas e reuniões familiares. Ficava feliz ao proporcionar aos filhos, passeios em locais sofisticados.

Foi autodidata . Tinha excelente redação e o dom da oratória.

Sua morte, ainda novo, deixou uma enorme lacuna no núcleo familiar.

Eu perdi mais que o pai. Perdi o amigo e o herói.

O mundo perdeu um homem de valor.

4 comentários:

Gusmão disse...

Estimo que o espírito dele continue seguindo o seu caminho com muita luz.
Abraços

Jorge Carrano disse...

AMEM!!!
Obrigado Gusmão.
Ele foi um homem íntegro, com virtudes e defeitos humanos.
Foi bom pai, bom marido e um cidadão de bem.
Seu espírito, esteja onde estiver, há de ter a luz que você mencionou.

RC disse...

Bacana. Lamento mesmo não tê-lo conhecido.

Ana Maria disse...

Obrigada, Gusmão. Espero firmemente que ele continue seu caminho de evolução, cada vez mais iluminado.