3 de junho de 2013

Algumas lembranças do passado

Por
Carlos Frederico March
(Freddy)



Parece-me que virou mania entre os amigos da 3ª idade que frequentam esse blog, sejam articulistas ou comentaristas, reviver o passado.  Meu irmão (Riva, aqui no G.E.) é um dos que adora isso, inclusive musicalmente. Sua paixão pelo rock dos anos 60 que o diga, apesar de que música é atemporal e mesmo hoje se faça coisa boa. 

O meu passado foi meio insípido. Eu fui muito cerebral, minha vida se desenvolveu no terreno das ideias e eu pouco me expus ao mundo. Era gordo, CDF, usava óculos (quatruolho) e isso me rendeu muito bullying (palavra que não existia na época mas explica muita coisa que sofri).   

Eu não tenho grande saudade de minha infância. Apesar de ter recebido todo respaldo financeiro de meus pais para me desenvolver intelectualmente, minha vida emocional até conhecer minha esposa (aos 24 anos) foi um poço de angústia. Não vou entrar em detalhes, vamos à parte boa.

Tive, claro, minha turma de rua e de escola, tive minhas experiências... Tive amigos, sempre quis companhia para compartilhar minhas ideias e projetos. No entanto esses amigos se foram, um a um. Enquanto a amizade durou ela foi intensa e verdadeira, mas depois que eles se foram não deixaram rastros. Pior, falta-me vontade de revê-los... O motivo disso talvez me custe dezenas de sessões de psicanálise.

Fui criado no Pé Pequeno, um cantinho do bairro de Santa Rosa junto ao Largo do Marrão (em Niterói-RJ, pra quem não é daqui). Com os colegas de rua jogava bola, sendo invariavelmente o último a ser escolhido na formação dos times. Vez por outra participava de jogos coletivos como bandeirinha e pique. Não jogava pião porque minha mãe achava perigoso, e se jogava bola de gude era sempre “à brinca”, nunca “à vera”.

Abrindo um parêntesis, isso me lembra que fui criado num cenário familiar com total aversão ao jogo. Fui pegar num baralho já bem grandinho, pois era mal visto jogar cartas, que meus pais associavam a vício. Sim, aprendi poker, 7 e meio, 21, mas jamais joguei a dinheiro.

Jamais nesse caso é uma palavra definitiva em minha vida, exceção de uns volantes de loteria - rs rs. Já visitei cassinos, mas nunca joguei nem caça-níquel. Uma vez, saindo com minha turminha de pós-adolescentes, fui parar num apartamento que tinha nada mais nada menos que uma roleta profissional! Éramos 14. 13 jogaram e eu olhei.

Voltando à infância, no Largo do Marrão tinha um cinema, o Mandaro. Como raramente fui ao cinema em minha vida, talvez metade das vezes tenha sido lá. O que mais me interessava era um armarinho que ficava anexo ao mesmo: vendia fogos!

Sim, apesar de minha vida introspectiva na maior parte do tempo, eu tive duas grandes paixões em minha infância: soltar cafifa (ou pipa, como se chama hoje) e atividades juninas, que invariavelmente incluiu fazer e soltar balões. Com todas as proibições que me foram impostas por meus pais, tive liberdade total com essas duas atividades que são, no frigir dos ovos, minhas mais indeléveis lembranças do passado.

Quanto a cafifas, não era um ás na arte de cruzar, mas dava pro gasto. Sabia fazer morcegos e piões de excelente qualidade (modalidades sem rabiola), que eventualmente vendia a colegas. Não fazia disso um comércio, mas não me negava a vender os que tinha prontos se me fosse solicitado. Fazia um bom cerol e nunca me faltou grana pra comprar linha nem papel de seda. O difícil era (e ainda é) conseguir um bom bambu. A vareta tem de ser flexível e retornar à forma anterior depois de vergado, não pode ser do tipo “que acostuma”.

Obviamente, livrei-me do vício de soltar balões pela conscientização ecológica que veio com meu amadurecimento como pessoa - não bastasse ser crime. Mesmo assim ainda lembro com carinho deles todos.  Sabem quem foi o culpado? Meu pai, que me ensinou a fazê-los quando eu tinha apenas 9 anos...

Tenham em mente que a associação da soltura de balões imensos com contravenção e tráfico é coisa recente. Muito antigamente era uma atividade, digamos, mais romântica e relativamente tolerada desde que não houvesse exageros. Havia até um cunho religioso envolvido. Na Polônia o hábito ainda persiste.

Para fechar, percebam que ambos os hobbies implicavam olhar o céu. Acrescentem, portanto, o terceiro deles: astronomia. Fui introduzido às maravilhas celestes por minha mãe quando tinha 12 anos. Mas isso é outra história!

Festa das lanternas luminosas (balões) na Polônia


Carretel de linha 10 enrolado à moda antiga

Morcego, tipo de pipa sem rabiola

Fotos do Google, sendo que:
Balões na Polônia - disponível em várias fontes
Carretel - www flogao.com.br/ricardopipas/138812295
Morcego - www.fotosdepipa.blogspot.com.br/2011/09/pipa-ou-morcegao-nao-importa-o-que.html


11 comentários:

Gusmão disse...

Meu despretensioso post, acabou rendendo três sobre coisas do passado.
Abraços

Jorge Carrano disse...

E rendeu também para o Xexéo, que neste domingo passado (ontem), voltou a falar de "no meu tempo".
Até repetitivo em algumas coisas.

Riva disse...

Só posso acrescentar que o mês de junho me traz maravilhosas recordações ....
- o friozinho que pintava, e os balões pintando o céu de Niterói
- não esqueço o primeiro balão do meu irmão Freddy, porque ficamos torcendo para ele ter força para atravessar o morro Boa Vista, atrás de nossa casa no Pé Pequeno. E foi uma festa, pq ele conseguiu.
- de balões...muita coisa ...a "butuca" nos balões dos concorrentes, para que pegassem fogo .... tinha umas maldades, tipo, balões com gatos com/sem pára-quedas, etc ....
- de balões, tb não esquço um balão do meu irmão que lambeu na decolagem, e a mega bucha caiu no telhado da Dna. Aninha, nossa vizinha ... papai quase foi à loucura
- junho me traz maravilhosas recordações das quermesses do ABEL, tradicional colégio de Niterói .... as meninas, o salsichão grelhado, o caldo verde .... demais !!!
- e junho me traz até hoje a admiração pelos céus azuis mais lindos do ano .... não sei porque, mas são ! ...e é meu aniversário, dia 2 hehehehe

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Gostei da estratégia de só revelar a data do aniversário passados dois dias. assim ninguém cobra o chopinho comemorativo.
De qualquer sorte, com ou sem o chopinho, parabéns. Como diria Shakespeare: tudo de bom para você!

Freddy disse...

É mais esperto do que você pensa, Carrano! Ele recebeu os parabéns só por celular, e-mail ou facebook, pois estava em Gramado!
<:O)
Freddy

Riva disse...

hehehe ...obrigado, meu amigo. Tim Tim !

PS : crise no Ninho dos Urubus !!

Jorge Carrano disse...

Que pena, não é? "Perdemos" a Patricia Amorim e o Jorginho.
Com os dois os urubus passariam a voar de costas, como dizia no passado o saudoso Sergio Porto.

Freddy disse...

"Perdemos" o René Simões.
Que peninha...
Não fez nada, pelo que me consta, a não ser permitir a venda do Dedé.

Quem vem lá? Seria Eurico?
<:o)
Freddy

Jorge Carrano disse...

O Rene é um falastrão. Já vai um pouco tarde.

Jorge Carrano disse...

Notícia de última hora. Sempre é possível piorar: Brasil cai para 22ª posição no ranking da FIFA.
Que coisa, hein?!

Jorge Carrano disse...

Leiam em
http://www.espn.com.br/noticia/334523_brasil-cai-para-22-no-ranking-fifa-pior-posicao-da-historia-espanha-segue-lider