9 de junho de 2012

Ivan Lessa


Queria escrever alguma coisa para definir a importância do Ivan Lessa, para minha geração de ávidos leitores do Pasquim.

O Geneton Moraes Neto já cunhou a frase definitiva: “A taxa de mediocridade acaba de dar um salto: Ivan Lessa saiu de cena.”

Ivan Lessa faleceu sexta-feira, dia 8, em Londres, onde vivia desde 1978. Era filho de dois escritores Orígenes Lessa e Elsie Lessa.

A internet já está cheia de manifestações e comentários de amigos, histórias e casos protagonizados por Ivan Lessa contadas por quem teve o privilégio de conviver com ele.

Para a presidente Dilma Rousseff “o Brasil perde um de seus cronistas mais talentosos”.

E o blog do Planalto adita: “Ivan Lessa foi um escritor indomável. Foi irônico, mordaz, provocador, iconoclasta e surpreendentemente lírico – acima de tudo brilhante no trato com as palavras”.

E Miguel Paiva disse: “Tinha que ter bom humor para viver com Ivan Lessa”

Bem, não privei da intimidade  e sequer da companhia do Lessa. Mas por um destes mistérios inexplicáveis, tinha com ele uma enorme identidade. Nas coisas mais inusitadas, como admiração por Billy Eckstine, que para quem não sabe foi um band leader, trompetista  e cantor americano, fera do jazz. E também por Frank Sinatra, mas aí já éramos ele, eu e milhões de pessoas.

Meu conhecimento de parte da obra do Ivan Lessa não se limita aos escritos do Pasquim. Lá, no citado semanário, ele protagonizou com Paulo Francis, um debate dos mais lúcidos e inteligentes, um de Londres, que amava; o outro de Nova York cidade pela qual era apaixonado.

Os dois, ao lado do Millôr Fernandes,  mestre de Ivan Lessa, como ele se referia ao amigo, formavam um trio de jornalistas do melhor quilate. Os três, dois recentemente, faleceram mas  deixaram obras importantíssimas, por isso não serão esquecidos.

Eu me divertia muito com as respostas aos leitores, dadas por Edelsio  Tavares, pseudônimo criado pelo Ivan, que se passando por jornalista da equipe respondia as cartas reais ou fictícias com muito humor e ironia. E curtia a Horta da Luzia, seção onde rememorava filmes, músicas e artistas antigos da nossa adolescência. Ele era 5 anos mais velho do que eu.

Ultima crônica do Ivan Lessa publicada na BBC Brasil
Não sei o que dizer para homenagear Ivan Lessa, passarei esta tarefa para meu amigo e colaborador bissexto deste blog, Ricardo dos Anjos, também jornalista, escritor e publicitário, como o paulista, de alma carioca, ontem falecido.

Rest in peace!
  

2 comentários:

Gusmão disse...

O Ivan Lessa tinha um estilo meio difícil de ler ou é deficiência minha?
Abraço

Freddy disse...

Minha cultura literária é muito pequena, admito. A única coisa que lembro de ter lido escrita por algum Lessa foi "A Desintegração da Morte" (do Orígenes) e não gostei nem um pouco. Provavelmente, como leitor do Pasquim em priscas eras, devo ter lido algo do Ivan, mas confesso que não consigo ligar homem à obra.
Abraços
Freddy
PS: o uso da expressão "priscas eras" pode dar um bom debate!