5 de junho de 2012

De que te queixas...




Não sabes se compras a TV  com a opção de 3D? Existe grande diferença entre televisores de LCD e as que utilizam sistema de iluminação com LED? Qual a melhor? E a interatividade? É uma função importante? Faz diferença para você?


Pois saiba que no passado, quando aqui desembarcaram os primeiros televisores importados, não tínhamos estas dúvidas. As imagens eram mesmo em preto e branco, as telas não passavam de 21 polegadas e os aparelhos eram embutidos em móveis. Ah! a tela não era plana e era ovalada, quase arredondada.
                                                                 

Neide Aparecida - 1958**
Por circunstâncias que não vem agora ao caso, lá em casa tivemos televisores  desde o início praticamente. Foram, na ordem, aparelhos Emerson, Admiral e o já nacional (ou quase) Invictus. Depois destes foi uma sucessão de tentativas e experiências com marcas, com ou sem console, e as passagens das válvulas para os condensadores até o circuito integrado.


O tubo de imagem queimava. E o seletor de canais estava sempre desregulado o que dificultava a sintonização, isto muito tempo depois, quando passamos a ter opção com  mais de um canal.

Isto porque nos primórdios, a programação tinha início as 18 horas e acabava por volta da meia-noite. No resto do dia tínhamos a imagem fixa do indiozinho simpático, com o prefixo da emissora: TV Tupi.


Quando as transmissões passaram a ser a cores, novas angústias. A qualidade de imagem era péssima, com derrame de cores. Levou tempo até que as emissoras aprendessem a fazer transmissões a cores e os aparelhos, por sua vez, fossem desenvolvidos e atingissem a tecnologia ideal.

Mas se a dúvida hoje é LED ou LCD, antes isso do que teres a imagem rolando na tela. E justo no momento mais culminante do que assistíamos. Havia sim, botões para ajuste de imagem “vertical” e “horizontal”, mas se o problema era de válvula cansada ou condensador queimado, não havia solução. Só chamando o “técnico”, espécime raro então, que ficava na base da tentativa e erro, mesmo tendo em mãos  o famigerado “esquema” (espécie de mapa ininteligível, que mostrava as interligações entre os diversos componentes)*.

Os botões de ajuste, por vezes, corrigiam o vertical. Lógico! Mas aí acontecia, normalmente, que a imagem parava de rolar, mas estreitava  na tela, ficava achatada,  formando duas tarjas negras, embaixo e encima.

Se o problema era no ajuste horizontal, a imagem ficava distorcida, toda enviesada e o botão para corrigir provocava o achatamento horizontal, ou seja, as faixas pretas se criavam nas leterais. Os personagens ficavam alongados. Um horror!

Viste como já foi muito pior ter televisão? Hoje te queixas da programação tendo mais de 100 canais a disposição, se tens assinatura de TV por satélite ou cabo ou fibra ótica. Antes não tínhamos esta opção, e, além da programação ruim, convivíamos com a emissora fora do ar, as vezes por horas.

De que te queixas? És feliz.


* Chamar o técnico era outro drama. Não havia celulares e mesmo os convencionais eram privilégio de poucos. Em geral para “chamar o técnico” ligávamos para o bar da esquina onde ele morava ou para o vizinho e pedíamos para dar o recado.

** Neide Aparecida foi a mais famosa "Garota Propaganda" da TV, na fase dos comerciais ao vivo. Bonita, simpática, glamorosa.

5 comentários:

Gusmão disse...

Mais um pouco e o Carrano pegava a televisão à lenha(rs).
Lembro dos comerciais ao vivo. Como lembro das peças teatrais ao vivo. Ao invés de novelas, tínhamos o Grande Teatro Tupi.
Abraços

Jorge Carrano disse...

Fomos os primeiros da família, entre os amigos e os vizinhos próximos a ter televisão.
Nesta fase havia a figura do "televizinho".
Mas o ponto que eu queria fixar é o seguinte: na década de 1950, havia um só canal que funcionava parcialmente; hoje temos mais de 100 canais (incluindo os pagos) e continuamos reféns de uma programação de poucas alternativas.

Gusmão disse...

Opções até que temos. Como alguém já disse no blog, temos National Geographic, Discovery Channel, Animal Planet e Travel and Living.
E para quem gosta de esportes temos os ESPN e Globosports. E filmes nos canais Telecine (embora a exaustiva repetição).
Dificil é conciliar seu gosto com o da esposa, para assistir a dois.
Terríveis mesmo são os canais abertos. Falta inclusive imaginação porque um copia a programação do outro. Games, realities, novelas, culinária.
Abraços

Helga Maria disse...

No mundo todo é assim praticamente.
Só os noticiários e os esportes são bem cuidados.
Um ou outro documentário bem feito.
A programação para o povo em geral é muito ruim. A nossa é até razoável se comparada.
Helga

Freddy disse...

Aos poucos a programação via Internet vai tomar o lugar da atual maneira de se ver TV. A gente vai escolher o que quer no horário que quer e, dependendo do programa, trilhar as diversas opções que serão apresentadas ou até interagir com o conteúdo.

O motivo principal para que eu não veja TV regularmente é que, ao ligá-la, ficamos reféns do que está passando naquele instante. Gravar para ver depois não resolve, pois tira a espontaneidade do momento.
Abraço
Freddy