4 de maio de 2012

CRISE DE IDENTIDADE


    Por
  Carlos Frederico March
   (ou simplesmente Freddy) 



Não sei se o que vou relatar acontece com todo mundo que foi batizado com nomes múltiplos, mas no meu caso está gerando uma espécie de “crise de identidade”. Meu nome completo é Carlos Frederico Marques Barroso March. Dissecando:

Carlos Lacerda (Wikipedia)           



- Carlos Frederico é meu nome de batismo. Segundo minha mãe me relatou, em homenagem ao jornalista e político Carlos Frederico Werneck de Lacerda, que ela apreciava deveras.

   


Fredric March (Wikipedia) 
Creio que aí esteja também embutida uma homenagem a meu pai José Frederico, tendo ele por sua vez herdado o nome de meu avô: Frederico March. Uma curiosidade complementar, relatada por ela mesma, foi sua “paixão” pelo ator Fredric March, que por coincidência casou-se em 1927 com Florence Eldridge (minha mãe se chamava Florentina). 

  
- Marques vem de meus avós maternos portugueses, e tem uma curiosidade. Eu seria Souto, sobrenome paterno de meu avô Joaquim Marques Souto mas, por problemas de foro íntimo, ele decidiu não perpetuar a genealogia, restringindo-a a Marques.

- Barroso tem raízes em Campos dos Goytacazes - RJ. A Fazenda do Colégio, pano de fundo da história desse ramo da família, foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 1977, sendo seu Solar restaurado por projeto da Universidade Estadual Norte Fluminense em 1995 e atualmente abriga o Arquivo Municipal de Campos dos Goytacazes. Para informações bem recentes (fotos e vídeo), visitar virtualmente http://www.museusdorio.com.br/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=20&Itemid=20”.

Solar da Fazenda do Colégio (www.museusdorio.com.br) 
 - March vem de George March, nascido e criado em Portugal mas inglês “por direito diplomático”. George foi proprietário das terras onde hoje é o município de Teresópolis e os meandros da vida que o fizeram perder tão grande patrimônio estão contados em livro. Seu filho Guilherme March foi um famoso médico homeopata fluminense, benemérito venerado por legiões na sua época e até hoje acessado por seguidores do espiritismo. A Rua Dr. March, que se inicia no Barreto (Niterói) e adentra São Gonçalo, tem esse nome em sua homenagem. Para um resumo dessa parte de minhas origens, consultar “http://www.espirito.org.br/portal/biografias/guilherme-taylor.html”.

Falar sobre minha genealogia não é, entretanto, o assunto central deste texto. É minha crise de identidade. Pois vamos a ela.

Meus pais, irmão, avós, tios e primos me chamavam de Carlos e assim meu inconsciente me marcou. Inevitavelmente na escola (primário e ginásio na época) uns e outros me conheciam como Fred, mas eu tive tantos apelidos por conta de ser gordo que chamar-me pelo nome era bem raro. Não bastasse, era como minha mãe chamava meu pai - e dois Freds na mesma casa, nem pensar!

E como Carlos fui crescendo e amadurecendo. Eventualmente namorei e noivei uma moça que me inseriu numa grande turma de jovens católicos que pertenciam ao movimento Encontro Jovem de Niterói. Aí começaram a me chamar de Charles, ou Charlinho. Muita gente daquela turma jamais soube que meu nome era Carlos.

A vida segue e eu namorei, noivei e me casei com Mary, minha esposa já faz 35 anos. Aí começaram os problemas! Por ter sido apresentado como Frederico por um colega de trabalho (poucos o faziam), passei a ser assim chamado por ela e por todos de sua família e agregados, conhecidos, etc. Escusado dizer que, em sendo essa a minha maior rede de relacionamento hoje em dia, sou 80% Frederico e 20% Carlos...

Eu bem poderia ser conhecido como March, mas raramente o fui. Motivo? Em Niterói, meu pai e meus dois tios já o eram. Cidade pequena, todos se conheciam e... quem era March? Um dos três, não eu. Nem no trabalho (só fui empregado da Embratel, por 32 anos) me chamaram de March. Não, não me cobrem explicações de como os 3 March se distinguiam em Niterói (rs rs).

Resumindo: fui criado Carlos, mas depois de casado passei a ser Frederico para a maior parte das pessoas que se relacionam comigo. Sabemos que nosso inconsciente comanda muitas de nossas ações. Eis que lá dentro de mim, por conta disso, uma disputa ferrenha se trava!

Se vou atender a um telefone, digo Carlos ou Frederico? Depende de quem está do outro lado! Se vou dar meu nome a alguma pessoa a quem estou sendo apresentado, o que faço? Se estou sozinho, a tendência (comando do inconsciente) é me declarar Carlos, mas se estiver na presença de minha esposa, gaguejo e digo Frederico! Tem cabimento? Perdi o controle sobre meu próprio nome! Vai daí, não raro me declaro Carlos Frederico, o que pode parecer pedante, mas depois esclareço que a pessoa pode escolher como vai me chamar => o que contribui para a persistência da crise...

Em seguimento aconteceu de, numa estória fantástica escrita a 4 mãos com meu irmão Paulo, desenvolverem-se 2 personagens baseados em minha pessoa. O mais atuante deles na trama foi Freddy, parceiro de Barrosus (codinome escolhido por Paulo para seu personagem). Havia um outro, secundário, que denominei Freudmarch - “psicólogo de mesa de botequim”. Sabe como é? Aquele cara chato que na roda de bar com os amigos vive procurando explicar o comportamento de todo mundo, tentando achar soluções para a humanidade, tudo regado a bons drinques.

Freudmarch me diria que isso tudo significa que eu perdi o controle sobre mim mesmo, meus atos, desejos, necessidades. Que parte de minha indecisão sobre como prosseguir na vida depois de aposentado advém dessa dificuldade em assumir uma única identidade, forte, marcante.

O apelido Freddy me surge, por conseguinte, como uma boa escolha. Na tal estória ele tem um desempenho interessante, parte do que eu gostaria de ser está ali revelado. Aos poucos venho me assinando como tal nos e-mails genéricos, dando vida a esse personagem tipo consenso de mim comigo mesmo.

Ainda assim, vez por outra me pilho no dia-a-dia tendo de escolher entre Carlos, Frederico, Carlos Frederico ou Freddy. E às vezes gaguejo ao atender telefone! 

15 comentários:

Jorge Carrano disse...

Caro Freddy,
Dr. March é uma Rua que adentra, como você escreveu, a cidade de São Gonçalo, onde, no bairro denominado Paraíso, tem uma Rua José Carrano, em homenagem ao meu avô paterno, congregado mariano e benemérito.
Abraço

Gusmão disse...

Sem contar os apelidos, epítetos, codinomes, alcunhas, apodos, que toda pessoa teve ou recebeu ao longo infância, não é Freddy?
Freddy é simpático, sonoro, forte, simples.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Freddy,
O comentário do Gusmão sobre a sonoridade e simplicidade do nome, faz-me lembrar de uma entrevista do Woody Allen, na qual ele respondeu sobre qual era o critério para escolha dos nomes de seus personagens. Ele respondeu que os nomes deveriam ser curtos e fáceis de escrever, para não perder tempo na hora de datilografar seus roteiros.
Pelo visto o Freddy pegou, pelo menos aqui no blog.
Abraço

Anônimo disse...

Por que não Fred?
:D Fernandez

Ricardo dos Anjos disse...

E o Fred(dy) Flintstone ? E o Freddy Krueger? E o Freddy Allan, do Castelo Ra-tim-bum? E o Fred(dy)Astaire? E o Freddie Mercury? E o Freddy Moore, roqueiro fã dos Beatles que compunha suas próprias canções? E tem mais outros que Freddy mas não cheiram...
Em Teresópolis, onde morei, existe uma escola de bom nível cujo patrono é George March, português de origem inglesa,como assinalou Freddy, cuja gleba situava-se onde hoje é o Alto de Teresópolis.

Anônimo disse...

Isso é crise de identidade ou existencial?

Freddy disse...

Ao Dr. Z: Como comentei num parágrafo, Fred lá em casa era meu pai e nunca me ocorreu ter o mesmo apelido que ele. Freddy cai melhor, explicação dada no próprio texto.
Sim, pode ser crise existencial.

Ao Ricardo: é o mesmo George que iniciou minha família no Brasil. Sobre o tamanho original de sua propriedade, precisaria consultar "os universitários". Há fontes de consulta na família, mas ando com preguiça.

Ao Carrano: poderíamos iniciar uma disputa sobre qual rua é maior, que nem dois adolescentes.
rs rs rs

Abraços
Freddy

Ricardo dos Anjos disse...

Todo anônimo, sim, é que vive em crise de identidade...

Significado de Freddy ou Frederico.
Nome de origem teutônica que quer dizer DIRIGENTE DA PAZ...

Jorge Carrano disse...

Eu perderia em tamanho e importância, caro Freddy.
Não quero brincar disso, não.(rsrs)
Abraço

Anônimo disse...

Então porque não Fred Jr.? (risos)
:D Fernandez

Riva52 disse...

Tamanho original da propriedade do George March era 696 km2 , ou seja, município de Teresópolis inteiro, que tem 770 km2.

Sds TRIcolores !!!

Jorge Carrano disse...

Logo a cidade deveria se chamar Georgetown ou quem sabe Marchlandia.
Abraço

Freddy disse...

A propósito de nomes, ainda acho que a Nissan nos deve royalties pelo uso do nome de nossa família em seu novo carrinho, lançado recentemente no Brasil.
Outras montadoras procuram usar nomes inócuos ou meramente inventados, para não incorrer nessa gafe. Vai que o carro se torna um mico no mercado, a gente pode ter danos morais.

Abraço
Freddy

Unknown disse...

Lembra de Jairo Gavazzoni?? Ele busca contato contigo.

Jorge Carrano disse...


Pede, por favor, que ele faça contato comigo informando como o localizo: e-mail, WhatsApp, um blog, telefone, enfim o veículo que preferir.

Já me desculpando adianto que não lembro dele. Estudou no Liceu? Tinha um apelido?

Grato