2 de fevereiro de 2012

Sabará

Sabará - MG
Tem a cidade mineira, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte*.

Mas o Sabará que dá nome ao post, é um antigo ponta direita do Vasco da Gama, que formou um quinteto ofensivo muito poderoso: Sabará, Walter, Vavá, Pinga e Parodi.

Nesta época eu era um aficcionado, e frequentava, sempre que possível, os Estádios do Rio de Janeiro. Inclusive os chamados alçapões, apelido dado aos estádios dos times pequenos, que se agigantavam em seus modestos e apertadíssimos campos de futebol e as vezes aprontavam pra cima dos grandes arrancando vitórias ou empates contrariando a lógica.

Assim, conheci o da Rua Bariri, do Olaria, o da Rua Teixeira de Castro, do Bonsucesso, o da Rua Figueira de Melo, do São Cristovão, o da Rua Conselheiro Galvão, do Madureira, e até o de Moça Bonita (bairro) que pertence ao Bangu (era uma viagem até lá).

Voltando ao Vasco, dos anos 1950, e ao Sabará, um ponta direita que aliava força e velocidade, da época em que as equipes jogavam com dois ponteiros, um pela direita e outro pela esquerda, quero informar a quem nasceu depois do Brasil haver conquistado pela primeira vez uma Copa do Mundo (1958), que todo crioulo, bom ou não de bola, era chamado de Sabará. Virou apelido de muitos negros. Depois do advento Pelé, aos poucos o apodo do rei do futebol foi substituindo o “sabará” até que o apelido caiu em desuso.

O ponta esquerda, que citei acima, era o Silvio Parodi, um paraguaio que chutava muito forte e foi quem, pela primeira vez, vi furar a rede com um chute potente (dizem as más línguas que a rede estava podre, de tanto sol e chuva). O meia armador era o Walter, na verdade Walter Marciano de Queiroz, que acabou a carreira na Espanha, e que rivalizava, em habilidade, com o Rubens, jogador do Flamengo, da mesma posição. Este Rubens, chamado pela torcida rubro-negra de Doutor Rubis, jogava mais do que o Zico jogou. Azar de quem não o viu jogar. Inclusive era um mestre na cobrança de faltas, dando efeito na bola.

O centroavante do ataque que mencionei era o Vavá, que muita gente conhece de nome, porque grande artilheiro e campeão mundial em 1958.

O meia esquerda, que na época chamávamos de meia ponta-de-lança, pois jogava adiantado, mais próximo da área adversária, era o Pinga, que veio da Portuguesa de São Paulo, e acabara de se tornar campeão panamericano.

Em 1952, depois do fiasco da Copa de 1950, precisávamos reabilitar o futebol brasileiro e melhorar nosso astral, que ficou muito ruim.

Foi formada uma seleção bastante diferente da que disputou a copa, embora muitos dos jogadores de 1950 ainda estivessem em atividade. Mas estavam estigmatizados.

Assim, o Zezé Moreira, novo técnico, em substituição ao Flavio Costa, escalou um ataque absolutamente novo, formado por Julinho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues.

E o Brasil atropelou as Bolivias, Perus e Equadores, com placares de mais de 6 goals e sagrou-se campeão invicto. Os grandes adversários foram os mesmo históricos Uruguai e Argentina.

Acabei divagando, e devo voltar ao Sabará, meu homenageado. Depois da carreira vitoriosa, de virar adjetivo qualificativo, apelido de quase todos os negros, envelheceu e terminou seus dias como vendedor de parafusos.

Foi nesta tividade que o vi pela última vez, na Siderúrgica Hime, em Neves, São Gonçalo, em 1982.

Tempos românticos quando os jogadores se identificavam com os clubes e ficavam indissoluvelmente ligados aos corações dos torcedores.







Wikipedia: Sabará é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Cidade histórica, pertence à Região Metropolitana de Belo Horizonte.

3 comentários:

Gusmão disse...

Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha, ataque mais antigo do Bota, que me lembre.
Abraço

Anônimo disse...

Enquanto isso, Neymar fatura 36 milhões anuais, em patrocínios e propagandas.
Só acabará vendendo parafusos se for muito burro.
O futebol hoje paga salários extratosféricos. Pelé se jogasse atualmente seria tão rico quanto o Eike, nosso milionário de referência.
Alvarez:D (que já foi Fernandez e Martinez)(risos)

Paulo disse...

Nem sei o que dizer .... apenas tentar me conformar com essa transformação imensa que vivenciamos. Será que meus avós e pais sentiram o mesmo que estou sentindo, em termos de transformação tecnológica, de valores, de mercado, de comportamento urbano ?
Nunca conversei com eles sobre isso.